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Conteúdo 15 de fevereiro de 2011

Carnaval – Logística também entra na folia

Há quem diga que, no Brasil, o ano só começa efetivamente após o Carnaval, tamanha a importância deste acontecimento para o calendário nacional. Considerando o papel desta festa popular na cultura brasileira e aliando a isto o fato de a logística estar presente em tudo o que se possa imaginar, a Logweb mostra nesta matéria especial como funcionam as operações logísticas para transporte de carros cenográficos, fantasias, pessoas e tudo o que envolve o Carnaval.

Uma das festas de maior repercussão no país é o Carnaval de São Paulo, realizado no Sambódromo do Anhembi, próximo à Marginal Tietê, uma das mais importantes vias da metrópole paulistana. Sendo assim, se faz necessária uma complexa organização logística para não travar o restante da cidade em época de desfiles, antes, durante e depois de as Escolas de Samba passarem pela avenida.

Segundo o engenheiro José Luiz de Oliveira, o Zelão, responsável pela infraestrutura na área técnica da Liga SP – Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, a Prefeitura é uma grande parceira do evento e facilita toda a parte logística para a realização do Carnaval. “São algumas centenas de profissionais envolvidos nessa grande operação, que envolve mais de 50 mil pessoas por noite, desfilando ou assistindo”, destaca. “A eficiência de toda operação logística realizada pela Liga garante o sucesso do evento, pois não há espaço para falhas ou atrasos. É uma operação complexa e exige pessoal altamente especializado”, afirma.

O engenheiro explica que o translado dos carros cenográficos exige uma grande operação de logística que envolve as escolas e a coordenação técnica da Liga, com apoio da CET – Companhia de Engenharia de Tráfego e da Eletropaulo, companhia responsável pelo fornecimento de energia elétrica. O transporte em si é realizado pelas próprias escolas.

Para se ter ideia da complexidade da operação, Zelão explica que, semi-acabados, os carros têm dimensões de 18 metros de comprimento, 8 metros de largura e 4,5 metros de altura, sendo transportados assim e finalizados no Sambódromo, justamente para que durante o percurso não haja contato com fiações, galhos de árvores, viadutos, etc., minimizando a possibilidade de danos. “Essa operação é realizada sempre na madrugada, das 23h30 às 5h, com o acompanhamento da CET, minimizando assim o impacto no trânsito”, revela Zelão.

Já o transporte dos integrantes das agremiações envolve até 65 ônibus, que realizam trajetos de ida e volta de várias partes da cidade. É uma operação contratada pela Liga e supervisionada pela SPTrans. Segundo Zelão, cada escola leva de três a cinco mil pessoas ao desfile. “São 22 agremiações nos grupos Especial e Acesso e quatro dias de desfiles, sendo que sete escolas voltam no quarto dia para o Desfile das Campeãs”, acrescenta.

Outro ponto a se destacar na logística do Carnaval é a utilização de guinchos telescópicos para o acabamento dos carros cenográficos – que podem chegar a ter até 14 metros de altura –, bem como para a colocação e retirada dos destaques nos dias de desfiles, sempre com a supervisão da Liga e operação de brigadistas. Só quem não exige operações especiais de transporte são as fantasias, que são entregues previamente aos componentes das escolas, os quais já chegam fantasiados para o desfile, usando os ônibus cedidos pelas escolas ou seus próprios veículos.

Após os desfiles, os carros cenográficos são guardados – ou, logisticamente falando, armazenados – num terreno em frente ao Sambódromo, já que após a apuração e o conhecimento das escolas vencedoras, sete delas retornarão à avenida para o Desfile das Campeãs. Depois disso, todas as escolas transportam os carros, semidesmontados, de volta aos seus barracões. Toda esta operação é acompanhada, da mesma forma que acontece no trajeto Barracão-Sambódromo. Já os materiais utilizados nos carros cenográficos são de responsabilidade das escolas, e as fantasias ficam na maioria das vezes com os componentes.


Fábrica de Sonhos, a Cidade do Samba Paulistano

Apesar de as operações virem dando certo, Zelão admite que transportar carros cenográficos em grandes distâncias é uma dificuldade. Grande parte das escolas é sediada em locais distantes do Sambódromo, aumentando a complexidade logística. Contudo, a solução para este problema já está a caminho, inspirada na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro: a construção da Fábrica de Sonhos, na Av. Abraão Ribeiro com a Av. Castelo Branco (Marginal Tietê), próximo à Ponte da Casa Verde.

Trata-se de um projeto proposto pela prefeitura da capital paulista não só para facilitar as operações de transporte em época de desfile, mas também para valorizar o Carnaval da cidade, oferecendo instalações de qualidade e melhores condições de trabalho às escolas. Além disso, a prefeitura aposta que a Fábrica de Sonhos será mais um ponto turístico de São Paulo e almeja implantar projetos sócio-educativos e de inclusão social no local.

O terreno ocupa uma área de 77.000 m2 e deverá reunir os 14 barracões das Escolas do Grupo Especial a menos de 1 km do Sambódromo. “Quando este projeto estiver concluído, irá facilitar muito essa operação logística de translado de carros cenográficos. Bastará cruzar a Ponte da Casa Verde”, comemora Zelão. A expectativa é que as escolas já ocupem o novo endereço em 2012, talvez em agosto.

Em contrapartida, uma pendência ainda pode impedir que o projeto saia do papel, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. Em 1976, o terreno foi cedido pela Prefeitura à Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, que utiliza o local como sede esportiva desde então. O Município afirma que a instituição perdeu o direito de uso do terreno em 2004 e moveu uma ação de reintegração de posse no final do ano passado. Apesar de a prefeitura ter aberto diálogo para ceder uma nova área para a Santa Casa, a situação foi parar na Justiça e ainda não foi definida.

Duas Ligas, várias escolas
A Liga SP – Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo representa escolas do Grupo Especial (Rosas de Ouro, Mocidade Alegre, Unidos de Vila Maria, Acadêmicos do Tucuruvi, X9 Paulistana, Águia de Ouro, Tom Maior, Nenê de Vila Matilde e Unidos do Peruche) e do Grupo de Acesso (Imperador do Ipiranga, Leandro de Itaquera, Camisa Verde e Branco, Morro da Casa Verde, Uirapuru da Mooca e Acadêmicos do Tatuapé) – conforme resultado do Carnaval 2010.  A Super Liga das Escolas de Samba da Cidade de São Paulo, fundada em 2008 por escolas dissidentes da Liga SP, também foi procurada pela reportagem, mas não mostrou interesse em participar. A entidade é formada pelas agremiações Mancha Verde, Vai-Vai, Pérola Negra, Gaviões da Fiel, Império de Casa Verde, Dragões da Real e Torcida Jovem.

 

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