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Conteúdo 17 de novembro de 2010

Empilhadeiras a combustão: o tipo de combustível faz a diferença

A diesel, GLP ou gasolina. Conforme o combustível, as empilhadeiras apresentam um tipo de desempenho. Mas isto não é tudo: a facilidade de abastecimento e o local de operação também fazem a diferença – neste último caso, a questão do meio ambiente se faz presente.

Como escolher o combustível da empilhadeira? Qual oferece o melhor desempenho? É possível as empilhadeiras operarem com biodiesel, etanol ou outro combustível?
Estas são as perguntas respondidas pelos profissionais do setor de empilhadeiras nesta matéria especial da revista Logweb.

Escolha

Sobre a escolha do combustível – GLP, gasolina ou diesel – José Roberto Roque, gerente de rental da Aesa Empilhadeiras (Fone: 11 3488.1466), diz que deve ser levado em conta, principalmente, o ambiente onde o equipamento será operado. “Em locais cobertos é essencial o uso de máquinas a GLP pela menor emissão de carbono. As máquinas com motor diesel apresentam elevado nível de carbono nos gases de escape e, quando operadas em ambiente coberto, pode ser notada no teto a fuligem acumulada depois de certo período de tempo. Tal quantidade de partículas de carbono suspensas no ar é prejudicial à saúde, o que inviabiliza a utilização deste combustível. Já em operações a céu aberto, longos percursos e máquinas pesadas, o diesel leva vantagem pela maior eficiência, economia e baixa manutenção. Além disso, é um combustível menos volátil que o GLP ou a gasolina, resultando em maior segurança no armazenamento.”

Ainda segundo Roque, da Aesa, equipamentos a gasolina caíram em desuso devido ao alto custo, porém alguns equipamentos utilizam este tipo de combustível como secundário, caso termine a reserva de GLP. “Além destes, está sendo usado nas operações o GNV, pela disponibilidade no mercado e baixo custo.” Resposta semelhante a esta pergunta tem Luiz Henrique Gonçalves Camargo, gerente de suporte ao produto da Dabo – Clark Empilhadeiras (Fone: 19 3856.9095). Segundo ele, a escolha do combustível pode ser determinada pelo tipo de operação, material a ser movimentado e área de movimentação. Outros fatores, como disponibilidade de abastecimento (pit stop) e consumo de combustível por hora trabalhada, podem fazer diferença na escolha do equipamento. Por exemplo, em ambientes com operação confinada (áreas fechadas) ou movimentação de perecíveis não se recomenda o uso de equipamentos movidos a diesel ou gasolina, devido à emissão de gases, também aponta Camargo.

“A escolha de uma empilhadeira de determinado tipo de combustível depende, ainda, de variáveis como potência da máquina, facilidade de acesso (compra) e estocagem do combustível que abastece as máquinas.”

A análise, agora, é de Hugo Niglio, engenheiro de manutenção da Commat Comércio de Máquinas (Fone: 11 2808.3306).

Segundo ele, o diesel, por exemplo, é adequado para equipamentos de maior capacidade, acima de 7 toneladas. Este combustível é mais poluente, mas oferece facilidade de manutenção, requer motor com menor quantidade de peças em relação a outro motor a combustão e, portanto, apresenta vida útil maior.

O GLP é facilmente encontrado em grandes centros urbanos e é o combustível mais usado nessas regiões. É menos poluente e mais barato e não precisa de grandes estoques
“A combinação GLP e gasolina decorre da vulnerabilidade de acesso a um dos combustíveis – na falta de um, o outro pode ser usado imediatamente. Algumas empresas dão maior preferência a esta opção do que apenas ao GLP”, completa Niglio, da Commat.

Emerson Viveiros, diretor executivo da UN Forklift (Fone: 19 3395.0486), aborda esta questão apontando que os motores a GLP/gasolina são mais populares no mercado, principalmente para capacidades até 3.5 toneladas. Os clientes e usuários veem facilidade no abastecimento (troca do cilindro de gás) e, também, por acharem o modelo menos poluente. “No entanto, modelos a diesel a partir de 5 toneladas ganham mais aceitação do que os modelos GLP, já que essa capacidade ou superior necessita de motores mais robustos e que ofereçam maior durabilidade. A tecnologia de motor a diesel vem evoluindo muito nos últimos anos”, atesta.

Há, ainda, outros pontos a serem considerados na compra de uma empilhadeira, como custos com manutenção e consumo de combustível. “Se a máquina irá operar em ambiente interno é preciso levar em consideração que as empilhadeiras a gasolina ou diesel emitem mais gases poluentes que as a GLP, e para tanto será necessário um ambiente com ótima circulação de ar”, analisa Renan Sanches, analista de marketing da Jungheinrich Lift Truck (Fone: 11 4815.8200).

Por sua vez, Roberto Mazzutti, diretor comercial da Brasil Máquinas (Fone: 11 2137.4200), acredita que a escolha do combustível deve ser de acordo com a facilidade e o custo. Geralmente, em grandes centros urbanos, onde existe a abundância de todos os tipos de combustíveis, o GLP é mais usado pelo fato de ser o mais barato, salienta ele. No caso de cidades afastadas de grandes centros e de frotistas que possuam a maior parte de veículos com motorização a diesel, a escolha passa a ser o diesel, apesar de ser mais caro.

O uso de gasolina em empilhadeiras no Brasil caiu drasticamente devido ao seu maior custo – continua o diretor comercial da Brasil Máquinas. “Existem muitas operações que exigem determinados combustíveis por uma questão de segurança, visto que o GLP é um gás pesado e que pode se acumular em galerias mais baixas e explodir caso tenha algum tipo de ignição”, completa Mazzutti.

Por seu lado, Ítalo Fagá, gerente comercial da Meggalog (Fone: 11 4409.0909), destaca que a escolha do combustível está diretamente atrelada aos custos de aquisição e armazenagem do produto. Empresas com grande quantidade de equipamentos buscam o armazenamento adequado de combustível em seus estabelecimentos. Apesar do custo operacional do equipamento a diesel ser menor que o do a GLP, muitos dão preferência ao equipamento a GLP pela facilidade de aquisição e armazenamento, considera Ítalo.

“A escolha de uma empilhadeira por tipo de combustível está condicionada às condições operacionais, condições de mercado (oferta/procura) e devido à facilidade de aquisição desse combustível. O GLP, por exemplo, tem distribuição nacional, de fácil aquisição para uso. Já o diesel é usado em equipamentos de grande porte (acima de 7 toneladas) empregados em portos, aeroportos, siderúrgicas ou em locais em que o GLP não pode ser usado por perigo de explosão. Existe ainda o híbrido GLP + gasolina, a combinação mais utilizada em operações com empilhadeira em áreas de armazenagem em área externa”, avalia, agora, Fábio Pedrão, diretor executivo da Retrak Empilhadeiras (Fone: 11 2431.6464).

Adolpho Troccoli Filho, gerente comercial da Still Brasil (Fone: 11 4066.8100), também faz sua análise sob este foco. Segundo ele, a escolha do combustível geralmente está relacionada ao tipo de aplicação do equipamento e, também, à disponibilidade do mesmo no local.

“Na região Norte, o combustível mais utilizado nas empilhadeiras é o diesel, devido à  logística de distribuição do combustível. Os equipamentos que utilizam o GLP ainda são os mais vendidos no Brasil. Geralmente, o diesel é utilizado nos equipamentos com grande capacidade de carga e os equipamentos movidos a GLP e também a energia elétrica até 7 toneladas”, completa o gerente comercial da Still.

Sérgio K. Saiki, supervisor comercial da TCIM Empilhadeiras e Peças (Fone: 11 4224.6480), também aponta que tudo tem de ser analisado do ponto de vista prático no reabastecimento em cada local. “O mais usado, pela facilidade em abastecer, é o GLP, devido ao fato de as empresas fornecedoras deste combustível entregarem no local solicitado. Quanto à aplicação, também as máquinas a GLP são mais utilizadas (por ser um combustível mais puro) – elas emitem menos poluentes –, no entanto os motores a diesel têm uma durabilidade mais longa. Alguns exemplos são empresas que já abasteçam frota a diesel internamente (ex: caminhões), porém é utilizada em áreas externas”, ensina Saiki, da TCIM.

Roberto Ueda, gerente de vendas da Toyota BT (Fone: 11 3511.0405), também pensa de modo semelhante. Segundo ele, a escolha do combustível da empilhadeira deve levar em consideração duas importantes variáveis: qual o tipo de operação e qual a facilidade de abastecimento. Máquinas a diesel, segundo Ueda, normalmente são mais usadas em locais onde o abastecimento da gasolina ou GLP é mais difícil. Isto ocorre mais no interior ou em cidades distantes das grandes capitais.

Combustível e desempenho

Quando a questão é sobre qual o combustível que oferece melhor desempenho, Roque, da Aesa, diz que é o diesel. Motores turbodiesel eletrônicos geram alta potência aliada ao baixo consumo, por isso são utilizados em máquinas de grande porte, diz ele.

“O diesel proporciona melhor desempenho, pois o motor tem maior torque em baixa rotação, além de os custos operacionais serem bem menores que os dos equipamentos a GLP”, completa Ítalo, da Meggalog.

Na análise de Niglio, da Commat, empilhadeiras com motores a GLP apresentam, como maior vantagem, a menor agressão ao meio ambiente devido ao baixo nível de emissão de monóxido de carbono, e isso ocorre devido à melhor condição de queima que o gás tem na câmara de combustão.

“Entre os três combustíveis mais utilizados, GLP, gasolina e óleo diesel para empilhadeiras, as diferenças de rendimentos entre os equipamentos de mesma capacidade de carga são muito pequenas, considerando sempre uma mesma área de trabalho das máquinas”, avalia o engenheiro de manutenção da Commat.

Segundo ele, uma vantagem apresentada pelas empilhadeiras a diesel são os motores, que têm uma vida útil maior, por trabalharem com rotações mais baixas, mas esta vantagem está sendo reduzida pois, com as peças eletrônicas sendo instaladas nestes motores para redução da emissão de gases poluentes, os custos de manutenção estão se igualando aos dos motores que usam outros combustíveis, fazendo com que esta vantagem seja reduzida e igualando-se aos motores a GLP e/ou gasolina.

No caso de empilhadeiras de 10 toneladas ou de maior capacidade, quase a totalidade é importada, e seus motores a diesel acabam sendo uma única opção e, com isto, fica impossível fazer qualquer comparativo, completa Niglio, da Commat.

“A principal desvantagem do uso da gasolina como combustível é o alto custo, que inviabiliza a operação, já o diesel apresenta um preço mais atrativo. Uma boa opção pode ser o uso do GLP, que é um combustível mais limpo e econômico que os demais e facilita o funcionamento do motor, proporcionando uma operação mais suave e silenciosa dentro da categoria de motores a combustão”, expõe Sanches, da Jungheinrich.

“Em nosso entendimento, o GLP é o que oferece melhor desempenho, pois temos atestado que evidencia uma performance de 17,5 horas no botijão P20, o que é muitíssimo satisfatório, uma vez que a média do equipamento encontrada no mercado é de 10 h por botijão de GLP”, acrescenta Saiki, da TCIM.

Por seu lado, Ueda, da Toyota BT, diz que no caso das empilhadeiras da sua empresa, como o motor é industrial, ou seja, foi desenvolvido especialmente para o uso em equipamentos industriais, apresentam baixa rotação e alto torque e, neste caso, tanto o GLP como a gasolina permitem um excelente desempenho.

Já para Mazzutti, da Brasil Máquinas, “apesar de o custo-benefício do GLP ser melhor, além de possuir uma octanagem menor que a gasolina e o custo de aquisição ser menor, acredito que o melhor desempenho ainda é da gasolina. No caso do diesel, ele possui uma excelente potência na sua combustão, no entanto, a manutenção de motores a diesel é maior e mais custosa para o cliente final”.

Pelo seu lado, Camargo, da Dabo – Clark, considera que a avaliação de desempenho depende de fatores como qualidade do combustível fornecido, horas trabalhadas, manutenção periódica do sistema de alimentação e operadores treinados. Um equipamento pode desenvolver boa velocidade de movimentação por conta do tipo de combustível, no entanto a falta de manutenção pode aumentar o consumo e inviabilizar o desempenho, destaca o gerente de suporte ao produto.

Combustíveis alternativos

É possível as empilhadeiras operarem com biodiesel, etanol ou outro combustível? Na opinião de Roque, da Aesa Empilhadeiras, sim. De acordo com ele, as empilhadeiras podem operar com, virtualmente, qualquer combustível, desde que sejam feitas as devidas adaptações.

“Sim, é possível, porém é necessário verificar os custos operacionais para não se tornar mais caros que os atuais”, emenda Ítalo, da Meggalog, complementado por Troccoli Filho, da Still, segundo o qual a empilhadeira que utiliza motor a combustão interna (gasolina ou diesel) pode utilizar outros tipos de combustível (biodiesel, etanol, GNV), desde que o fabricante do motor informe as alterações necessárias para tal substituição. “No passado já existiram empilhadeiras que funcionavam a álcool (etanol), entretanto, como tudo que funcionava a álcool na década de 90 caiu em desuso, sua produção foi descontinuada”, informa Mazzutti, da Brasil Máquinas.

Falando pela Dabo – Clark, Camargo revela que a busca por combustíveis que poluam menos e fontes alternativas de energia faz com que as montadoras forneçam equipamentos que rodem com bicombustível, por exemplo GLP-gasolina. Algumas frotas, por exemplo, já utilizam biodiesel em concordância com as normas de emissão de poluentes para determinada operação, salienta o gerente de suporte ao produto da Dabo – Clark.

De outro lado vem a avaliação de Sanches, da Jungheinrich. Segundo ele, ainda não estão disponíveis para o mercado estes tipos de motores para empilhadeiras, no entanto uma alternativa que as empresas encontram é a adaptação dos motores GLP para GNV (gás natural).

“Ainda não temos relatos do uso de biodiesel em empilhadeiras devido ao menor número na venda destes motores. O etanol ainda não se fez uso prático nestes equipamentos no Brasil, agora, o GNV já é uma realidade em algumas empresas, porém é necessário um investimento inicial para a instalação de um pit-stop para reabastecimento”, complementa Saiki, da TCIM.

Nesta linha de visão também está Ueda, da Toyota. De acordo com ele, ainda não foi desenvolvido nenhum projeto para ter uma empilhadeira movida a biodiesel, etanol ou outro combustível. “A Toyota tem, no mercado mundial, uma empilhadeira híbrida – gasolina e elétrica”, completa o gerente de vendas.

Outra visão também tem Pedrão, da Retrak: como os motores das empilhadeiras são importados, o uso de combustíveis como o etanol é quase nulo, devido a seu baixo emprego fora do Brasil. Já o uso de combustíveis alternativos é pontual e específico. A Retrak ainda não recebeu qualquer consulta para essa aplicação, diz o diretor executivo.

Por último, Viveiros, da UN Forklift, diz que a sua empresa está em fase de testes para este tipo de motorização e oferecerá ao mercado em um futuro próximo.

 

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