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Capa 22 de novembro de 2017

Emprego do transporte aéreo na movimentação de cargas cresce com a retomada econômica

Apesar de ser considerado um modal “caro”, o seu maior emprego, segundo os fornecedores deste serviço, ocorre em razão de oferecer segurança, agilidade e redução no prazo de entrega, além de promover redução de estoques.

Há alguns anos, a utilização do transporte aéreo era restrita às empresas que necessitavam enviar cargas com urgência. Atualmente, a participação do transporte aéreo de cargas vem crescendo constantemente devido aos diversos benefícios que ele proporciona, como aumento no nível de segurança, agilidade em todo o processo logístico, redução no prazo de entrega, entre outros.
A avaliação – tendo como base as vantagens do transporte aéreo em relação aos outros modais no atual momento econômico – é feita por Marcelo Zeferino, gerente comercial nacional da Prestex Cargas Express (Fone: 4007.1457).
O gerente comercial continua: mas como escolher o melhor modal de transporte para a distribuição de cargas? Essa é uma questão comumente levantada por gestores de logística, e isso acontece em razão das diferenças que cada modalidade apresenta, e deve ser avaliado caso a caso.
Várias situações de mercado favorecem o modal aéreo, ainda segundo Zeferino, que elenca dois pontos como os primordiais para a escolha desta operação logística.
O primeiro é o Just in time. “Com o modelo Just in time, a cadeia de suprimentos acaba trabalhando no limite da perfeição – qualquer inconformidade neste processo causa um impacto operacional considerável. Ter um parceiro estratégico capaz de entender essas situações e resolve-las, independente do dia e horário que aconteçam, transmite mais confiança e tranquilidade para as empresas.”
O segundo é a Performance x Custo. “Momentos difíceis como os de hoje têm um fator muito importante, sempre deixam ensinamentos e aprendizados. Talvez a maior lição seja a de que precisamos avaliar melhor ‘como’ e ‘o que’ compramos. Antes de 2016, motivado pelo aceleramento da economia, o brasileiro consumia tudo, sem exceção, e muitas vezes sem distinção do que estava adquirindo. Após essa fase de abundância, com recursos escassos, as empresas e consumidores começaram a avaliar não só financeiramente, mas também tecnicamente suas compras.”
Hoje – continua Zeferino –, a pessoa que adquire determinado produto não o faz sem antes uma extensa pesquisa relacionando custo x benefício. “A grande vantagem do modal aéreo, neste caso, é oferecer uma qualidade em lead time superior aos demais modais de transporte. Atualmente, buscamos efetuar uma compra na hora e recebê-la o mais rápido possível. Portanto, entregar a mercadoria para o cliente final com prazos inferiores aos comumente praticados pelo mercado a um preço similar, ou às vezes um pouco superior, acaba sendo um diferencial decisivo no processo de compra.”
De fato, Jacinto Souza dos Santos Júnior, superintendente da Divisão Aérea da Braspress (Fone: 11 2177.1400), lembra que o modal aéreo tem como principal característica a rapidez com que coloca nos pontos de venda a mercadoria ao alcance dos clientes – isto faz com que a necessidade de estoque seja em muito diminuída, proporcionando um ganho significativo neste que é um custo pesado em tempos de vendas difíceis.
“O transporte aéreo é o modal reconhecido pela velocidade e agilidade que confere à movimentação de cargas e encomendas, recomendado para materiais de maior valor agregado, de maior urgência/prioridade e que exige manuseio mais cauteloso. Mesmo que estas características sejam claras ao mercado corporativo, o transportador deve, para distinguir este modal dos demais, posicionar-se não com foco no cliente, mas com o foco do cliente. Assim, é mais fácil perceber a relação custo-benefício na contratação do modal aéreo, na medida em que ele exige custos reduzidos com estoques, além de racionalizar o processo de compras. Em tese, o posicionamento de aeroportos próximos aos grandes centros produtivos e comerciais permite vencer longas distâncias em prazos reduzidos, garantindo a capilaridade do negócio em prioridade distinta de qualquer outro modal”, completa Michael Smiderle Boff, gerente geral da Cargocenter Agência de Cargas (Fone: 54 3218.5800).
Outra avaliação – a de João Paulo Caldana, managing director da Dachser (Fone: 19 3312.6200) – também aponta que, sem dúvida nenhuma, a agilidade no processo é a principal vantagem do modal aéreo, pois, como a economia brasileira está instável, com muitos altos e baixos, o volume de produção também flutua bastante e o frete aéreo é uma forma rápida de suprir uma demanda de curto prazo de uma linha de produção ou mesmo atender de forma ágil um cliente que está com dificuldade com seu estoque. Guilherme Verza Picolli, diretor comercial da CCA Express – Caxias Cargas Aéreas (Fone: 0800 603.0011), também ressalta que o modal aéreo tem como principais vantagens o tempo de trânsito, além da segurança. No momento atual – diz o diretor comercial –, o fator “reduzido tempo de trânsito” possibilita às empresas trabalharem com menor estoque, pois a reposição dos pedidos na última ponta do canal de distribuição é feita mais rapidamente do que no modal rodoviário. Redução de estoque significa mais dinheiro em caixa, menos espaço físico – de estoque – e maior flexibilidade para atender pedidos do cliente final, principalmente pedidos personalizados.
Com relação ao fator “segurança” – continua Picolli –, é público o crescimento de assaltos em rodovias. “O transporte rodoaéreo, apesar de não ser uma solução para este problema, auxilia muito, pois a maior etapa de transporte acaba sendo pelo avião. As etapas em solo, dentro dos aeroportos, são muito bem controladas. O risco maior fica realmente na ‘primeira milha’ e na ‘última milha’, onde as etapas necessitam ser feitas por complemento rodoviário”, completa.
Por este caminho também segue a análise de Cleber Felisbino Barbosa, gerente de operações da IBL Logística (Fone: 11 94744.6253). Primeiro, ele coloca que o Brasil possui grandes problemas logísticos com estradas ruins, sendo apenas 12,3% de sua extensão pavimentada (fonte CNT). Este dado deixa claro que nossa malha viária é de baixa qualidade, o que gera grandes perdas no transporte de carga.
“Com tantas dificuldades no transporte rodoviário, o modal aéreo ganha força e passa a ser a solução para o transporte de produtos frágeis, urgentes ou que necessitam de algum cuidado especial. Primeiro temos a questão da agilidade no transporte: Muitas vezes a velocidade da entrega da carga é um grande diferencial perante a concorrência. Com o modal aéreo há a possibilidade de percorrer grandes distâncias de maneira rápida e segura. Em segundo lugar vem a segurança no transporte: O modal aéreo possui um menor índice de acidentes, além disso conta também com uma baixa ocorrência de furtos e roubos”, completa Barbosa.
Como demonstrado, o modal aéreo para o transporte de encomendas representa maior agilidade, maior segurança e o produto entregue na hora certa. “Independentemente do momento econômico, ele é indicado para embarcadores que necessitam desses benefícios. Normalmente, as cargas expressas são as com maior valor agregado, pois os riscos de furtos e roubos são menores se comparado com o modal rodoviário (que é o mais utilizado), ou ainda as cargas perecíveis, como amostras para exames laboratoriais”, diz Ronan Hudson, diretor comercial da JadLog Logistica (Fone: 11 3563.2000).
No Brasil – ainda de acordo com Hudson – há uma grande quantidade de voos regulares para as capitais e principais cidades operados por diferentes companhias aéreas, dos quais são aproveitados os porões das aeronaves para o transporte das cargas. “Há ainda aviões exclusivamente cargueiros. Tal frequência e disponibilidade de voos favorecem as movimentações de cargas pelo modal aéreo.”
Daniel Souza, gerente de Operações & Desembaraço Aduaneiro da UPS Brasil (Fone: 5694.6600), também aponta algumas características que diferenciam o modal aéreo dos outros, como mais rapidez, melhor tempo de trânsito, flexibilidade – em relação a horários e disponibilidade, já que é possível moldar a necessidade logística de acordo com a malha aérea –, a possibilidade de realizar conexões rápidas e processar cargas até cinco horas antes da saída de um voo. “Além disso, é um transporte sofisticado e seguro, que permite combinar um avião de passageiro com cargas fracionadas ou um cargueiro puro com alto volume.”
Outro ponto importante – ainda segundo Souza – é que o segmento aéreo no Brasil está em crescimento. Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo – Iata, o Brasil teve uma expansão de 12,1% na aviação e no tráfego aéreo mundial no segmento de cargas em agosto de 2017 em comparação com o mesmo período de 2016. Além disso, o país também teve um bom desempenho do frete aéreo, avançando 4,2% nos sete primeiros meses de 2017, devido ao aumento do comércio global.
Diogo Elias, diretor geral de Cargas Domésticas da LATAM Cargo Brasil na América do Sul – unidade do Grupo LATAM Airlines no Brasil (Fone: 0300 115. 9999), também aponta o aspecto econômico em sua análise.
De acordo com ele, apesar de ao longo de 2016 ter havido uma queda significativa na demanda de carga aérea no Brasil causada pelo cenário econômico instável, a LATAM começa a visualizar um cenário de recuperação, fruto do reaquecimento da economia brasileira e da capacidade de ajuste da oferta em aeronaves cargueiras, enquanto são concentrados os esforços em maximizar a utilização da capacidade de frota de aeronaves para passageiros (belly capacity).
A companhia também notou um movimento de retomada da indústria brasileira, cujo exemplo é a produção industrial da Zona Franca de Manaus, um polo de cargas de produtos de alto valor agregado, com grande participação de eletrônicos, peças automobilísticas e duas rodas. Essa reação em Manaus antecipa a recuperação da demanda nas demais regiões do país.

Modal “caro”
Diante das vantagens do modal aéreo apresentadas, o que poderia ser feito para que ele deixasse de ser considerado “caro” em relação aos outros modais?
“Isso é um grande desafio, não é uma resposta tão simples, pois há várias situações que concorrem para viabilizar este modal em relação aos demais, ainda mais em tempos de crise, quando as companhias aéreas sentiram sensivelmente o impacto dos custos de combustível, pessoal, manutenção e redução expressiva do volume de carga. O ‘X’ da questão é volume de carga com margens que permitam cobrir os pesados custos envolvidos e ainda ter lucro”, comenta Eliane Marchioro, diretora executiva da Ágile Global Logistics (Fone: 41 3372. 8806).
Santos Júnior, da Braspress, ressalta que uma analise mais aprofundada de custo poderá mostrar que esta percepção de que o frete aéreo é “caro” não se configura real, sobretudo em mercadorias de valor mercantil mais elevado. De acordo com o superintendente da Divisão Aérea da Braspress, é obvio que o modal aéreo não combina com grandes massas ou commodities, mas nas cargas de valor agregado maior a agilidade compensa o algo a mais da tarifa.
“Quando falamos do modal aéreo precisamos considerar a relação custo x benefício para o embarcador. Certamente o aéreo não é uma opção para todo o tipo de carga, mas é o modal mais indicado para as cargas que precisam chegar mais rapidamente ao seu destino e que demandam maior segurança e garantia de pontualidade na entrega. No modal aéreo, o cliente tem tempo de trânsito definido para a entrega, com dia e horário agendados. Esse recurso é fundamental para cargas sensíveis ao tempo de trânsito, como por exemplo, a peça de uma máquina que, se não chegar no tempo previsto, pode parar a linha de produção de uma fábrica, causando prejuízos; ou uma amostra de material biológico para teste, entre vários outros produtos que demandam maior controle no transporte”, comenta Vera Lima, diretora de Customer Experience da FedEx Brasil Logística e Transporte (Fone: 0800 703.3339).
Custo também é o ponto colocado por Maurício Coelho, diretor do Produto Aéreo da DHL Global Forwarding (Fone: 11 5042.5500). Segundo ele, a análise do custo deste modal deve ser feita de forma abrangente, ou seja, considerando as economias e a flexibilidade que ele proporciona dentro da cadeia logística. “Ao embarcar cargas aéreas colocamos os produtos mais rapidamente junto ao consumidor. Os remédios necessários para um tratamento estarão disponíveis no momento certo, as frutas chegarão mais frescas às mesas das famílias ao redor do mundo, linhas de produção sempre serão abastecidas, além de reduzir a necessidade de financiamento de estoques, que tem um custo importante no Brasil”, explica Coelho, complementado pelo diretor presidente da Transportadora Americana (Fone: 19 2108. 9000), Celso Luchiari, o qual afirma que o “caro” deve ser considerado de uma forma relativa, pois a velocidade da entrega está ligada a um serviço altamente especializado.
Zeferino, da Prestex, acredita que o principal ponto é a comunicação, pois existem várias maneiras de analisar a questão custo quando se fala de transporte aéreo.
“O primeiro grande ponto que deve ser levado em conta, quando falamos dessa modalidade de transporte, é a emergencialidade da carga. Quando o contratante opta por essa modalidade logística, automaticamente o prazo de entrega deverá ser menor do que o praticado pelos outros modais. Sendo assim, o custo não pode ser apenas o do transporte, deve ser considerado o impacto que esse entrega mais ágil gerará ao tomador, expedidor e/ou destinatário da carga.”
Ainda segundo o gerente comercial nacional da Prestex, é fácil enxergar o verdadeiro valor do transporte aéreo quando refletimos sobre algumas questões, como o custo de uma linha parada para uma indústria de bebidas pela demora na entrega de algum insumo, ou o preço pago pelos fornecedores às montadoras automotivas pelo atraso de matéria prima, entre outras situações. “Se analisarmos por esse ângulo, o valor do transporte acaba sendo secundário diante do desafio de atender em menor tempo essa demanda.”
O segundo ponto é que não necessariamente por ser aéreo tem que ser caro. Por exemplo, se pode programar os envios de insumos e até mesmo de produtos acabados dos clientes ajustando o lead time e o custo de acordo com a necessidade do contratante. Para isso é fundamental o entendimento de toda cadeia produtiva da empresa, e assim conseguir dar opções muito vantajosas na relação custo benefício, explica Zeferino,
De fato, para Boff, da Cargocenter, há um expediente que o transportador/agenciador aéreo deve cumprir juntos aos clientes, principalmente no contexto B2B (business-to-business) que trata sobre adotar o papel de consultor em logística. “Mais do que abordar clientes para falar especificamente sobre transporte, é interessante falar em logística, a ciência ampla (de origem militar) que objetiva tornar disponível o material na melhor relação custo-benefício, no local e no tempo certo onde exista demanda. Muito do que se ‘considera’ sobre o custo do transporte aéreo em relação aos demais provém de certo preconceito ou falta de conhecimento de seus benefícios ligados a agregar valor aos negócios dos clientes. Um entendimento mais apurado da logística necessária pelo cliente pode gerar a percepção de que a escolha por outro modal de transporte pode gerar custos indiretos maiores do que o valor explícito num CTE aéreo”, ensina o gerente geral da Cargocenter.
Picolli, da CCA Express, também propõe um ensinamento para se entender os benefícios do modal aéreo. “O transporte aéreo ainda tem uma grande fama de ‘transporte caro’. No entanto, a composição de custos deste modal precisa ser entendida.”
E o diretor comercial da CCA Express aponta as vantagens deste modal com relação ao transporte rodoviário, que muitas empresas não sabem: Cubagem: a cada metro cúbico transportado no modal rodoviário, a transportadora taxa em 300 kg. Já no aéreo, é taxado em 167 kg. Ou seja, uma diferença substancial para empresas com características de transporte de cargas volumosas; Seguro: no modal rodoviário as taxas de seguro e gris ultrapassam facilmente 1% (sobre o valor da Nota Fiscal). No modal aéreo, o mercado trabalha em média com 0,33% de taxa de seguro sobre a NF. Esta diferença torna mais atrativo o transporte aéreo para produtos de maior valor agregado; Taxa mínima: Todas as empresas de transporte aéreo oferecem serviços para pequenas encomendas, com transporte mínimo a partir de R$ 20,00. No rodoviário, a taxa mínima muitas vezes supera este valor; Taxa de emissão: o modal aéreo não cobra esta taxa, porém muitas empresas rodoviárias cobram.
“As mercadorias com maior valor agregado tendem a ser mais vantajosas para transportar no modal aéreo, pela segurança, agilidade e, também, pelo custo, visto as variáveis de ad-valorem serem mais favoráveis. Estudos apontam que no Brasil menos de 0,5% das remessas são enviadas no modal aéreo, sendo que no mundo o valor supera 5%. Ou seja, há muito que evoluir no modal aéreo no Brasil”, constata Picolli.
Na visão de Elias Sader, gerente da Filial Curitiba e da divisão Allink Air da Allink Neutral Provider (Fone: 11 3254.9700), a resposta a estão questão passa por novos investimentos nos aeroportos existentes e abertura de novos aeroportos no país, possibilitando o Brasil ter uma maior capacidade de recebimento e movimentação de cargas aéreas – aumento de malha aérea. “Vemos hoje uma iniciativa de privatização/concessões /PPP´s ainda bem embrionária e com modelos de concessões ainda em fase de testes e adaptações , mas vejo com bons olhos essa iniciativa e certo de que colheremos frutos no futuro com esses investimentos.”
Para Barbosa, da IBL Logística, os investimentos deveriam ser feitos visando ao aumento da oferta de voos, lembrando que em algumas regiões, principalmente na Norte, há cidades atendidas por apenas um voo diário.
“De toda forma, deixando de lado suas especificidades, acreditamos que uma redução da carga tributária de toda a cadeia do transporte aéreo de cargas poderia fazer com que os custos de operação abaixassem e, por consequência, houvesse uma diminuição do valor do frete”, aponta, agora, Hudson, da JadLog.
O gerente de Operações & Desembaraço Aduaneiro da UPS Brasil aponta que as características do modal aéreo, já que a aeronave e o combustível são naturalmente mais caros, em comparação aos demais meios de transporte, por exemplo, já são pontos que encarecem a logística. “Atualmente, o mercado brasileiro padece de serviços de entregas utilizando esse modal. Clientes que utilizam esse tipo de transporte normalmente encontram fretes muito caros frente ao serviço solicitado. Para que as empresas possam investir e se instalar com estrutura própria nos aeroportos com uma economia de longo prazo, é necessário ter uma viabilidade econômica”, completa Souza.
Finalizando, Wanderley Rodrigues Soares, diretor da Unicargo Transportes (Fone: 11 2413.1700), aponta o que poderia ser feito para que o modal deixasse de ser considerado “caro” em relação aos demais: atrelar ao serviço diferenciais que justifiquem o preço, buscando otimizar recursos através da inovação e criatividade.

Novos nichos de mercado
Pelas suas características, o modal aéreo está atraindo novos nichos de mercado.
Por exemplo, Boff, da Cargocenter, aponta quatro.
Artigos PET – mercado em ascensão, pets recebem “tratamento como humanos” e novos artefatos para os animais são desenvolvidos;
Artigos esportivos/fitness – há o aumento de adeptos à prática de esportes, não somente os mais convencionais, mas também os de aventura e ligados à natureza. Há crescente procura por artigos deste setor;
Acessórios para celular – novas soluções e modas são constantemente criadas em torno do uso de smartphones. Na ideia de customização, os clientes compram – muitas vezes por impulso – este tipo de acessório;
Produtos de beleza – mulheres e até homens têm aumentado o interesse em produtos para cuidado pessoal. “A indústria de cosméticos, como exemplo, oferece soluções cada vez mais atraentes”, completa o gerente geral da Cargocenter.
Outra lista de novos nichos de mercado a usarem o transporte aéreo é feita por Picolli, da CCA Express.
Eletrônicos – segurança, agilidade e valor de frete;
Produtos de moda – por terem a característica de “troca de coleção”, é importante entregar no PDV o produto de forma rápida, agilizando a cadeia deste segmento;
E-commerce – não há como não falar da importância deste segmento para o modal aéreo devido à necessidade de agilidade da entrega, “aproximando” o cliente da loja on-line;
Hospitalar – equipamentos hospitalares não podem sofrer atraso de entrega, e precisam de tempo curto de trânsito;
Medicamentos – são altamente visados para roubo, e também necessitam de agilidade, vantagens que o modal aéreo consegue agregar;
Autopeças – a cadeia de distribuição de autopeças está cada vez mais eficiente. “Como a gama de modelos está cada vez maior, e o tempo de vida deles cada vez menor, não há como a concessionária fazer grandes estoques de peças, por isso a montadora necessita entregar com urgência pedidos de reposição. O aéreo auxilia muito neste segmento”, completa o diretor comercial da CCA Express.
Souza, da UPS Brasil, ressalta que a demanda deste mercado tem se concentrado no transporte de produtos high-tech (produtos de alta tecnologia, com alto valor agregado), pois esse modal oferece mais segurança e rapidez nas entregas. Já na indústria farmacêutica, o modal atende às necessidades do segmento por condições e procedimentos necessários para transportar os produtos. Isso inclui pré-requisitos como, por exemplo, ambientes com temperaturas controladas de acordo com o estado biológico de cada produto. Sem contar que também é um mercado em crescimento no Brasil, faturando cerca de R$ 13,950 bilhões esse ano (um aumento de 13,5% se comparado a 2016), segundo dados da Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos – Abradilan.
Sader, da Allink Neutral Provider, também aponta tecnologia, eletrônicos e farmacêuticos como usuários deste modal, já que o valor do transporte acaba sendo pequeno perto do valor agregado do produto. “No nosso caso, a modalidade de carga expressa é utilizada para encomendas urgentes (de peças automotivas, ou de amostras para exames laboratoriais), e para encomendas de alto valor agregado, como eletroeletrônicos, por exemplo. A urgência da entrega, bem como a rapidez e a maior segurança nos deslocamentos são os principais motivos”, completa Hudson, da JadLog.
O mercado voltado para o setor de entregas rápidas, geradas pelo incremento do e-commerce nos últimos anos, é um importante novo cliente da LATAM Cargo Brasil, juntamente com as encomendas de pessoas físicas e micro e pequenas empresas. “Além do embarque de produtos de alto valor agregado, como fármacos, eletrônicos e autopartes, e dos perecíveis, como frutas e flores, e ainda, a carga viva”, diz Elias, diretor geral de Cargas Domésticas da empresa. Luchiari, da Transportadora Americana, também comenta: os maiores usuários do transporte aéreo são os segmentos que têm carga bastante fracionada, alto custo agregado e necessidade de prazos que o rodoviário não consegue suprir.
“Tradicionalmente, empresas que trabalham com baixa utilização de estoque ou que necessitam rapidamente de peças de reposição utilizam-se do modal aéreo. Os produtos perecíveis e farmacêuticos também, em razão do prazo de validade dos produtos. Um novo nicho de mercado que vem se destacando é o de compras online, já que o prazo de entrega agrega valor ao produto”, diz Caldana, da Dachser, enquanto Eliane, da Ágile Global Logistics, faz uma constatação: Nos últimos anos as empresas se desenvolveram e se prepararam com o aumento do volume de perecíveis. “Por quê? Aumento da demanda no exterior.”
Coelho, da DHL Global Forwarding, também coloca que na sua empresa têm notado um crescimento no transporte aéreo de cargas perecíveis, tanto as de alto valor agregado, como remédios e outros insumos da área de saúde que requerem controle de temperatura, como as de alimentos. No primeiro caso, trata-se de uma indústria que vem crescendo e desenvolvendo medicamentos cada vez mais sofisticados, caros e cuja entrega é uma questão literalmente vital. No segundo caso, está mais ligado à delicadeza do alimento ou ao chamado “shelf life”, onde a validade é muito exígua e demanda uma velocidade de entrega que apenas o modal aéreo pode oferecer.
Outro mercado que cresce na utilização do transporte aéreo é a logística reversa, retorno de produtos para reparo, ou descarte, que antes era necessariamente feita em modal rodoviário devido ao custo, tem encontrado no transporte aéreo tarifas agressivas aproveitando o retorno dos aviões para os principais hubs, como GRU, VCP , CGH, BSB, diz Barbosa, da IBL Logística. Segundo ele, as tarifas de reversa são melhores em relação às tarifas de embarque devido à oferta ser maior, porém para esta negociação dar certo existe algumas regras, como frequência de demanda.

AINDA SOBRE O PRÊMIO TOP DO TRANSPORTE
Os fornecedores de serviços de transporte aéreo que participaram desta matéria especial de Logweb também falaram do Prêmio Top do Transporte, que tem as revistas Logweb e Frota&Cia. como promotoras. Veja abaixo as considerações. E a classificação das empresas na categoria Transporte Rodoaéreo do Prêmio Top do Transporte 2017.
“O Prêmio Top Transporte é importante porque é uma avaliação feita pelo usuário, é um reconhecimento dos nossos clientes a esta dura tarefa que é fazer logística aérea no Brasil.” – Santos Júnior, da Braspress, segunda colocada.
“Com certeza, o Prêmio ajuda a divulgar mais o modal e a informar ao cliente que existem empresas no Brasil se destacando neste segmento. Certamente o Prêmio dá muita credibilidade não só para as empresas premiadas, mas também para o segmento aéreo de carga em um todo.” – Picolli, da CCA Express, sétima colocada.
“O Prêmio Top do Transporte é um reconhecimento elevado dos serviços prestados, visto que a avaliação é feita pelos consumidores dos nossos serviços. E neste segmento de transporte aéreo, o grupo seleto de empresas citada torna ainda mais especial esta conquista.” – Barbosa, da IBL Logística, nona colocada.
“O Prêmio TOP é um grande e importante reconhecimento das empresas do setor, além de ser um termômetro de como anda o mercado de transportes do país. O Prêmio representa um incentivo a melhorias para as empresas não vencedoras, e um desafio de se manter no topo para as empresas premiadas.” – Hudson, da JadLog, quinta colocada.
“O Prêmio Top do Transporte é um importante reconhecimento para o segmento, mostrando que o modal aéreo merece uma atenção especial do mercado. Para nós, da FedEx, ser indicado no segmento rodoaéreo mostra que nossos investimentos no Brasil são vistos com bons olhos pelo mercado.” – Vera, da FedEx Brasil, terceira colocada.
“Ser lembrado como Top do Transporte 2017 é a certeza que estamos no caminho certo. Apesar de sermos uma empresa jovem e emergente neste mercado tão concorrido, temos convicção que nossos alicerces estão muito bem fixos em nossa filosofia de trabalho, buscamos levar uma solução logística inovadora e surpreendente para nossos clientes e quando recebemos um prêmio deste, sabemos que o mercado está aceitando e conseguindo perceber isso.” – Zeferino, da Prestex, quarta colocada.

COM A PALAVRA, OS EMBARCADORES QUE ATUAM COM TRANSPORTE AÉREO
O que leva uma empresa a adotar o transporte aéreo para a entrega de seus produtos?
Para a Condumax Fios e Cabos Elétricos (Fone: 0800 701.3701) e Incesa Componentes Elétricos (Fone: 0800 770.3228) – grupo homologado nas principais concessionárias de energia do Brasil e no exterior, sendo fornecedor de cabos e conectores para a indústria automotiva, indústria petrolífera, mineração, usinas, grandes construtoras e indústrias dos mais diversos segmentos – é a urgência. “É a urgência de clientes que não podem parar sua linha de produção – projetos de energia solar, chicoteiras, concessionárias de energia elétrica, grandes indústrias e montadoras de veículos”, explica Rodrigo Perroni, supervisor de logística do grupo.
Urgência também é o motivo apontado por Elmo Dantas Barbosa, gerente de compras/logística da Plastifica Industrial (Fone: 31 3503.1342), que produz diversificados tipos de embalagens, como filmes em polietileno e polipropileno impressos em até oito cores, para empacotamento automático de sólidos e líquidos, rótulos em geral, filmes e sacos laminados, filmes e sacos coextrusados em até três camadas. “Utilizamos esta modalidade somente em casos de extrema urgência”, diz Barbosa.
Não muito diferente é a resposta de Antonio de Jesus Queiroz Castro, gerente operacional de logística e almoxarifado da Hydro Alunorte (Fone: 91 3754.9673), uma empresa de mineração: Emergência. Ou de Marcos Eron da Silva, coordenador de logística da Elfaro Indústria e Comércio (Fone: 48 3254.7600): “usamos porque às vezes o preço compensa pelo prazo de entrega ser mais rápido que o do rodoviário”. A empresa é considerada a maior fábrica de Neoprene da América Latina, atendendo os mais variados mercados no segmento de calçados, ortopedia, surf, mergulho, brindes, entre outros. Também é licenciada da marca Mormaii na fabricação de roupas de surf.
“Devido à localização de alguns fornecedores ser no Sul, e algumas matérias primas terem urgência no recebimento pela fábrica nos estados de SE, BA e CE, além do envio mais rápido de amostras para os representantes, são os fatores que nos levam a usar o transporte aéreo, diz Luciana Eugênia da Silva Pires, coordenadora de logística da Vulcabras Azaleia (Fone: 11 4532.1187), que atua com as marcas Olympikus, Opanka, Dijeean, Azaleia e OLK – empresa de material esportivo.
Por sua vez, a Marcopolo (Fone: 54 2101.4000) – líder no mercado brasileiro no segmento de ônibus – também utiliza o modal aéreo nas necessidades de transporte expresso, com entrega no menor prazo que o rodoviário, normalmente para atender falta de materiais em linha de produção ou envio de materiais de pós-vendas e assistência técnica. Quem comenta é Rogério Bertin, analista de logística da empresa.
E a Ober Indústria e Comércio (Fone: 19 3466.9200) – empresa que atende
14 segmentos de mercado distintos, entre eles o automobilístico, moveleiro, calçadista, geossintéticos, limpeza doméstica, industrial e institucional –, segundo conta Vitor Manuel Abreu Silva, gerente de logística e distribuição da empresa, usa o modal aéreo para atender às necessidades de entrega de peças de máquinas e insumos, matéria prima, amostras, etc.

Vantagens do modal
Quando a questão envolve as vantagens do modal aéreo segundo os embarcadores, as respostas não são muito diferentes: Lead time de entrega menor do que o dos outros modais, segundo Perroni, da Condumax e Incesa; tempo/prazo de entrega, na visão de Silva, da Elfaro, e de Castro, da Hydro Alunorte; rapidez, para Abreu Silva, da Ober, e Luciana, da Vulcabras Azaleia; e maior agilidade no transporte e melhor rastreabilidade da carga, para Bertin, da Marcopolo.
Entretanto, a despeito destas vantagens, também há os problemas no transporte aéreo.
De acordo com Perroni, da Condumax e Incesa, o problema envolve as opções de embarques imediatos e transbordo dos materiais a grandes aeroportos – isto poderia ser solucionado com possibilidade de embarques em cidades mais próximas e liberação das cargas em menor tempo no destino. Castro, da Hydro Alunorte, também coloca o problema de liberação da carga no aeroporto, o que poderia ser resolvido, talvez, com uma pré-liberação quando no embarque.
“Por possuirmos materiais com diversas dimensões, as limitações de peso/dimensões acabam inviabilizando uma parte dos envios. O custo mais elevado que o rodoviário também dificulta uma maior utilização deste modal. Uma possível alternativa para reduzir o custo de transporte aéreo é a parceria entre grandes empresas do modal aéreo e rodoviário”, aponta, agora, Bertin, da Marcopolo.
Para Abreu Silva, da Ober, o problema é o custo, o que poderia ser resolvido com a redução de algumas taxas, enquanto Luciana, da Vulcabras Azaleia, aponta a quantidade de voos e, em período de férias, a mudança de prioridade nos embarques e corte de carga. “O aumento de opções de voos para transporte de matéria prima seria uma solução para este problema.”

Relacionamento
Os embarcadores também dão sugestões para melhorar o relacionamento entre eles e os fornecedores de serviços de transporte.
“Creio que a ‘informação’ nesta operação é de suma importância, uma vez que na outra ponta tem o cliente necessitando do produto. Quanto melhor for a acuracidade da informação, melhor será o relacionamento entre as partes. Com isso, todos saem satisfeitos”, afirma Perroni, da Condumax e Incesa.
Já Silva, da Elfaro, afirma terem um bom relacionamento com seus fornecedores na área, mas falta um pouco de empatia destes. “Precisam dar mais importância ao que transportam.”
Visibilidade do status da carga é o que poderia ser melhorado segundo Castro, da Hydro Alunorte, enquanto Abreu Silva, Ober, fala em atendimento e Luciana, da Vulcabras Azaleia, em melhorar o sistema de cotações, onde já informe os horários limites de entrega/recebimento.

EMBARCADORES TAMBÉM APOIAM O PRÊMIO TOP DO TRANSPORTE
Os embarcadores participantes desta matéria especial também apoiam a realização do Prêmio Top do Transporte – eles são alguns dos votantes. Veja o que eles afirmam.
“O Prêmio Top do Transporte é a referência nacional no quesito transporte de cargas em todos os modais, com isso temos uma base dos melhores especialistas de serviço do mercado nacional.” – Perroni, da Condumax e Incesa.
“O Prêmio é importante para que as empresas possam sempre estar se atualizando, pois as que estão no topo querem se manter no topo, e as que estão abaixo, sabem que precisam melhorar alguma coisa, para que possam chegar ao topo, ou naturalmente sairão do segmento.” – Silva, da Elfaro.
“Acredito que o reconhecimento é a melhor forma de fazer o network da empresa.” – Castro, da Hydro Alunorte.
“O Prêmio nos permite identificar quais empresas possuem melhor custo-benefício, bem como identificar novos players no mercado, devido à avaliação ser feita por outras empresas do segmento.” – Bertin, da Marcopolo.
“O Prêmio é importante para a divulgação das transportadoras que estão se destacando no mercado, pois os resultados são baseados nas indicações de quem realmente utiliza a modalidade, e isto fortalece a credibilidade.” – Barbosa, da Plastifica Industrial.

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