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Economia 29 de setembro de 2015

Tendências de movimentação de cargas apontam oportunidades de novos negócios

Em um cenário marcado por pedidos menores, mas com uma frequência maior de entrega, discutir as tendências para a movimentação de cargas torna-se fundamental para vencer o grande desafio da logística brasileira: equilibrar as variáveis de custo e qualidade de serviço. Pensando na importância desse tema, o Terminal de Contêineres de Salvador (Tecon Salvador), operado pela Wilson Sons, promoveu o IV Seminário de Logística, na Bahia, nesta quarta-feira, para abordar as cargas fracionadas e de projeto, traçando as tendências de movimentação de cargas para o estado da Bahia.

O evento reuniu mais de 200 pessoas, entre armadores, empresários, despachantes, transportadores, gestores públicos e pessoas ligadas à atividade comercial marítima brasileira. “A Wilson Sons e o Tecon Salvador acreditam muito na Bahia e, por isso, temos feito fortes investimentos na região. Nenhuma cidade portuária tem o acesso rodoviário que Salvador tem e isso se coloca com uma vantagem competitiva muito grande”, ressalta Demir Lourenço, diretor executivo do Tecon Salvador.

Para que essas oportunidades sejam aproveitadas de forma consistente, o presidente da Companhia de Docas da Bahia (Codeba), José Rebouças, ressaltou a importância dos investimentos em cabotagem. “É um momento para apresentar as virtudes e também procurar na experiência do setor quais são os caminhos para a melhoria, entendendo os gargalos e avaliando soluções para buscar cada vez mais eficiência dos processos. Precisamos continuar investindo em cabotagem, pois um país que tem 8 mil km de costa não pode ignorar esta estrada feita de mar que tem à disposição e todas as oportunidades que ela oferece”, reforça.

No centro desta discussão está o papel do Tecon Salvador, que se coloca como importante peça para a movimentação de cargas no estado. “Para a Wilson Sons e Tecon Salvador é uma honra promover esse evento para discutir soluções logísticas para nossos clientes e parceiros, uma vez que atuamos em todo o processo logístico do cliente, desde a armazenagem de peças para a instalação da fábrica, passando pela recepção de seus insumos, até o escoamento da sua produção por meio da exportação e cabotagem”, completa Patrícia Iglesias, diretora comercial do Tecon Salvador.

 Aos poucos, a cabotagem vem ganhando espaço entre os modais escolhidos pelas empresas, é o que conta o representante do Grande Moinho Cearense, Márcio Fraga. “A cabotagem vem crescendo gradualmente e hoje representa 25% do nosso negócio. Em 2010, ela representava algo em torno de 5 ou 7%. Esse aumento se deve a parcerias com o Tecon Salvador e com os armadores, migrando carga do rodoviário para a cabotagem. Todos saímos ganhando e essa parceria é fundamental para o nosso negócio. O desafio está justamente em equilibrar as variáveis de custo e qualidade de serviço. As tendências de mercado apontam para uma necessidade de reestruturação dos sistemas logísticos, a partir do aumento de volumes transportados pelas empresas e transporte de carga fracionada”, afirma.

Cargas de projeto – O estado da Bahia se coloca com grande potencial para prospecção de novos negócios e o crescimento do setor eólico como uma destas oportunidades. Rui Ramos, executivo da Intercarrier Transporte Internacional, explica que a empresa afretou um navio, o Aliança Energia, para atuar basicamente no carregamento de pás eólicas. “Dentre as vantagens, está o tempo de entrega menor e o risco de avaria reduzido dentro do trajeto de cabotagem”. Para viabilizar a operação, a empresa negociou com o Tecon Salvador e com a Codeba uma série de adaptações nas instalações para viabilizar a retirada de cargas eólicas do Porto de Salvador. “Desde então, já foram retiradas aproximadamente 80 pás do Porto de Salvador e a tendência é que este número continue crescendo. O Tecon se tornou um grande parceiro e a Bahia tem muito potencial para o recebimento de cargas de projeto”, completa.

Na ocasião, Júlio Macedo, representando a Renova Energia, que é líder no mercado eólico no Brasil tratou dos desafios logísticos para a indústria eólica na Bahia. O executivo destaca que a logística eólica possui muitas peculiaridades dentro de sua cadeia e é preciso estar atento para questões como o risco de transporte de cargas superdimensionadas, horários limitados para circulação de cargas e os custos envolvendo o transporte. “A cabotagem traz vantagens em relação ao transporte rodoviário, uma vez que apresenta um menor transit time, maior agilidade na logística de grande volume de cargas e menor risco de avarias e sinistros. Porém, alguns fatores ainda merecem atenção: o maior impacto é em relação ao custo, que fica entre 30 e 40% acima do que é pago no transporte rodoviário, além da disponibilidade de navios reduzida”, alerta.

Na mesma linha, Rui Ramos, lembra que este mesmo cenário para cargas de projeto já foi a realidade do transporte conteinerizado. “Existe uma diferença entre caminhão e navio, a cabotagem é mais cara no que se diz respeito a carga de projeto, mas, conforme se aumenta a demanda de carga, se diminui o custo, assim como ocorreu com os contêineres. Estamos passando por uma fase de redução de custos para o transporte de cabotagem e, por isso, discutir e incentivar tal temática torna-se fundamental”, completou.

O debate sobre os desafios do transporte da carga de projeto também teve a participação de representantes do Departamento de Estradas de Rodagem da Bahia e da Marinav Agência Marítima.

Cargas fracionadas – Outra tendência desafiadora para o mercado é o transporte de cargas fracionadas. Thiago Zucareli, da ADM do Brasil, empresa processadora de alimentos, insumos e produtos sustentáveis, como o biodiesel, contribuiu com a discussão a respeito do futuro da conteinerização das commodities agrícolas no Brasil. “O nosso concorrente é o granel e, por isso, não adianta tentar viabilizar a operação de carga fracionada com custo alto. O principal mercado é o da Ásia e precisamos, com urgência, viabilizar uma linha direta de exportação para a região. Claro que existe um mercado a ser trabalhado na Europa para exportação em contêineres, mas a linha direta para a Ásia se coloca como o nosso maior desafio, uma vez que hoje grande volume de soja, milho e farelo exportado tem como destino o sudoeste asiático”, ressalta.

O executivo ainda lembra que a produção estimada em 2015 na Bahia é de 4,2 milhões de toneladas de soja e 2,8 milhões de toneladas de milho. E é neste cenário que a conteinerização de cargas traz vantagens como o menor fluxo de caixa e de custo de armazenagem no destino, rastreabilidade de carga e recebimento cadenciado. “Ou seja, por se comprar em menores quantidades, é possível realizar melhor controle de estoque e trabalhar de forma mais eficiente, tendo uma menor exposição a volatilidade dos preços de mercado. Porém, ainda precisamos melhorar. Temos alguns pontos de estufagem no país, mas podemos investir ainda mais, há muitas oportunidades no setor. Empresas, armadores, terminais e autoridades precisam trabalhar estas temáticas juntos, para garantir um futuro competitivo no atendimento às demandas”, finaliza.

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