Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Especial 16 de outubro de 2017

São várias as tendências tecnológicas a serem aplicadas na intralogística

Orlando Fontes Lima Jr Professor Titular do Departamento de Geotecnia e Transportes da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da UNICAMP, com Pos Doc na Bournemouth University. Fundador e Coordenador do Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes (LALT).

A intralogística engloba a otimização, integração, automação e o gerenciamento dos fluxos físicos de fornecimento, produção e distribuição dentro de um Centro de Distribuição ou armazenagem. Ao integrar o processamento de informações com as mais recentes tecnologias e softwares de manuseio de materiais, obtém-se ganhos de produtividade tanto para sistemas manuais, quanto automatizados.
A intralogística não se restringe às tecnologias de manuseio de materiais que realizam tarefas específicas como receber, classificar, escolher e empacotar – é muito mais do que isso. As soluções de intralogística envolvem o uso eficaz de softwares e bancos de dados que levam avanços na produtividade operacional através da integração de manipulação de materiais e tecnologias de processamento de informações, otimizando processos e aproveitando melhor equipamentos e mão de obra.
Armazéns e tecnologia andam juntas. O uso de diferentes tecnologias nos armazéns pode melhorar a produtividade e reduzir os custos. Estão surgindo novas tecnologias levando as empresas a repensar o trabalho dentro e ao redor do armazém ou Centros de Distribuição. Estas tecnologias ou atuam ao lado dos funcionários, aumentando suas capacidades, ou executam atividades inteiramente novas que tornam o trabalho de armazenagem mais eficiente e mais seguro. Um novo paradigma vem sendo construído. O homem e a máquina juntos vêm substituindo o homem versus máquina.
Algumas tecnologias disruptivas atuam nesta direção no âmbito da intralogística, beneficiando as operações de produção, armazenagem e de Centros de Distribuição.
Aqui vamos discutir algumas delas.

Realidade Aumentada
A Realidade Aumentada (RA) é uma nova tecnologia que está chegando. Ela é construída a partir de uma combinação de imagens reais com elementos virtuais (som, vídeo, gráficos ou dados GPS) criados por computador. Na maior parte das vezes, a AR é oferecida em tempo real e utilizada tendo o ambiente físico como pano de fundo. No armazém, os óculos RA inteligentes – seleção de visão – usados em conjunto com radiofrequência (RF) e funcionalidades de seleção de voz permitem que o trabalhador visualize o local a seguir, quais itens escolher e onde colocá-los no carrinho ou carrinho. Eles ajudam os trabalhadores a serem mais produtivos – na ordem de 15% nas aplicações de teste. Eles também melhoram a precisão das operações e reduzem o tempo de treinamento do empregado.
Dentre os outros usos da Realidade Aumentada destacam-se: pick by vision, para facilitar a localização de produtos em prateleiras, o planejamento de armazéns e Centros de Distribuição feitos de forma interativa e otimizada a partir de imagens reais tratadas por softwares de otimização de uso do espaço, a verificação de mercadorias e de pedidos já embarcados, coletas e entregas com visualização dos locais na rua por óculos especiais ou sinalizados no vidro do veículo, apoio ao atendimento pós-venda e manutenção durante o reparo de equipamentos, onde o técnico pode visualizar e receber orientações quanto aos procedimentos a serem adotados e a identificação espacial do defeito na máquina quebrada.

Realidade Virtual
A Realidade Virtual (VR) utiliza-se de elementos retirados da realidade física e cria um ambiente que substitui o mundo real por uma simulação do mesmo em ambiente totalmente virtual. O conceito que está por trás destas tecnologias é a realidade mediada por computador, onde uma visão da realidade é modificada (diminuída, aumentada ou recriada) por um computador.
As aplicações RV são particularmente adequadas para aplicações de treinamento. A simulação por computador oferece treino por imersão na operação de empilhadeira, na condução de caminhão e na coleta de pedidos. Outro uso especifico envolve os treinamentos de combate a incêndio, derramamento de material perigoso ou ação em outra situação perigosa. O treinamento pode ocorrer em qualquer lugar e não requer instalações especiais nem exige que os funcionários viajem para um site de treinamento específico.

Robôs
Outra tecnologia importante para a intralogística são os robôs. Diferente dos robôs industriais tradicionais que são projetados para executar uma única tarefa repetitiva, os robôs em áreas de armazenagem devem realizar múltiplas tarefas, ter autoconsciência espacial e utilizar tecnologias inteligentes de controle de movimento. Todas estas exigências são necessárias para permitir a convivência segura com humanos nas mesmas áreas de trabalho. Em testes, os assistentes de robôs aumentaram a produtividade dos funcionários em até 25%. Outro uso para os robôs é na movimentação de paletes e de racks, facilitando o picking e as operações de carga e descarga como forma alternativa e mais flexível que os tradicionais transportadores fixos. As células móveis podem ser reconfiguradas para atender às necessidades do fluxo de trabalho de forma flexível, reduzindo a necessidade de grandes mudanças de infraestrutura físico-mecânica.

Internet das Coisas
A Internet das Coisas (IOT) é melhor descrita como um ecossistema de objetos dedicados – veículos, itens, às vezes edifícios – que se comunicam, sentem ou interagem com seus estados internos ou o ambiente externo. A IoT inclui uma camada de comunicação, aumentada por aplicativos e análise de dados – tudo projetado para permitir um melhor gerenciamento e implantação de ativos. Empilhadeiras e sistemas de transporte, por exemplo, podem comunicar seu estado de operação, permitindo a manutenção preditiva e evitando antecipadamente quebras e paralizações. O grande desafio que esta nova tecnologia vem trazendo ao setor de logística é muito grande, pois altera paradigmas centenários. A principal alteração é trazer processos heterárquicos para a gestão logística, alternado radicalmente a forma de executa-la.
Estamos acostumados a pensar e a agir em processos hierárquicos, ou seja, o poder é centralizado e os comandos e ações são gerados por um ou poucos pontos. Os processos que surgem com a internet das coisas são heterárquicos, onde a autonomia de cada agente cria um sistema de poder distribuído e emergente. São estes processos emergentes que afetam diretamente os paradigmas da logística.

Veículos autônomos
O veículo autônomo é outra importante tecnologia para a intralogística. Além de caminhões e automóveis autodirigidos, outro importante uso para esta tecnologia é dentro dos armazéns e Centros de Distribuição. Esses veículos podem dirigir de e para um destino sem controle ou supervisão dos funcionários. Ao contrário de seus predecessores com fio, a nova geração destes veículos autônomos usa sensores de câmera, ímãs ou lasers de navegação para direcionar seus movimentos. Muitas vezes tomam algumas decisões como agentes autônomos, funcionando individualmente e ou contornando engarrafamentos do armazém ou outros estrangulamentos, mantendo sempre o fluxo de mercadorias em execução. Nas operações de picking, por exemplo, podem reduzir bastante os tempos de movimento das mercadorias e aumentar a produtividade da mão de obra invertendo a direção dos fluxos. Em vez de o funcionário ir até o estoque, o estoque que vem ao posto de trabalho do funcionário. Eles também permitem uma abordagem modular ao layout do depósito – um que permite a reconfiguração e cria um ambiente totalmente novo.

Wearables
Em termos de acessórios, já são bem comuns os wearables (tecnologia para ser vestida) encontrados em forma de relógios, óculos, luvas, anéis, palmilhas, fones e pulseiras. Cabe destacar os chamados Óculos inteligentes (Microsoft HoloLens e o recém-lançado Monitorless, da Samsung) que, além de serem uteis para a Realidade Virtual, permitem operar na Realidade Aumentada. Na ponta dos lançamentos estão chegando as lentes de contato que permitirão as mesmas funções. Aguarde para breve. Cabe destacar que um problema que tem inviabilizado a disseminação no uso destes óculos tem sido o desconforto físico que os usuários têm após o uso continuo dos mesmos, semelhante ao que algumas pessoas têm nos cinemas 3D.
As tecnologias utilizáveis no corpo, como os relógios inteligentes, estão ganhando rápida aceitação nos armazéns. Eles são projetados para substituir a radiofrequência RF, atualmente utilizada em recebimento, picking, embalagem, contagem de ciclos e outras atividades. Esses dispositivos deixam as mãos livres, aumentando bastante a mobilidade do trabalhador e, portanto, sua produtividade.

Drones
Os drones, cujo nome técnico é VAN (Veículo aéreo não tripulado), tem diversas possibilidades de aplicações na intralogística. Um dos principais usos está relacionado à segurança. Estes equipamentos podem patrulhar os espaços internos e externos dos armazéns 24 horas por dia, 7 dias por semana, com custos baixos e alta confiabilidade. Eles reduzem os prazos de patrulha de horas para minutos, minimizam as janelas de vulnerabilidade e reduzem o número de pessoas envolvidas. Os drones podem ser utilizados também na realização de inventário e no gerenciamento de ativos, pelo uso de sensores ópticos para identificar a localização do produto, verificar o inventário e alimentar esses dados de volta ao sistema de gerenciamento do depósito (WMS). Este uso aumenta a confiabilidade dos dados de localização e a produtividade da mão de obra, pois reduz o tempo gasto na busca de estoque.

Omnichannel
As soluções intralogísticas verdadeiras utilizam sistemas sofisticados de execução de banco de dados para garantir a análise constante de uma operação de realização de canais omnichannel que, por sua vez, regula o desempenho do sistema para alcançar as eficiências da autêntica automação.
Para a implementação de uma gestão da cadeia de suprimentos em operações omnichannel deve-se garantir alta visibilidade ao longo dos canais, principalmente em relação aos estoques, incentivar a colaboração entre fornecedores e distribuidores, ter bons mecanismos de previsão de demanda, mudar as estratégias de gestão e atendimento aos pedidos e as localizações das instalações, sempre visando aumentar o nível de serviço ao cliente. Outros aspectos muito importantes a explorar são as entregas rápidas e a logística reversa ágil.
Além da otimização da cadeia de suprimentos é muito importante voltar-se para as operações logísticas de suporte ao pós-vendas e a adoção de tecnologia intensiva, principalmente pelo uso de aplicativos para celulares, principal canal de interação com os clientes.

Cloud Computing
A computação em nuvens permite diferentes usos nas operações logísticas.
A Infraestrutura como Serviço (IaaS), um dos modelos de computação em nuvem, consiste na provisão de recursos de computação fundamentais, tais como armazenagem ou capacidade de processamento que podem ser implantados e executados pelo cliente. Este serviço dá acesso (virtual ou no hardware dedicado) a recursos de rede e computadores, como também espaço para o armazenamento de dados. Um bom exemplo de uso desta infraestrutura é a migração para nuvens computacionais que alguns grandes Operadores Logísticos têm feito na área de gerenciamento de armazéns. Utilizando recursos próprios ou compartilhados, fazem a gestão de um dado armazém utilizando sistemas em nuvem computacional – compartilhando armazenagem de dados e processamento ganham em redução de recursos computacionais alocados. No caso de expansão e de implantação de um novo armazém, se ganha também muita velocidade se utilizando máquinas virtuais e realizando operações de teste em paralelo à implantação física.

Enersys
Volvo
Savoy
Retrak
postal