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Negócio Fechado 2 de março de 2017

Votorantim decide unir área de aço no Brasil com Arcelor

Em um anúncio inesperado, mas que retrata movimentos de consolidação de ativos que podem se tornar rotineiros daqui para frente, ontem os grupos Votorantim e ArcelorMittal informaram que decidiram fundir suas operações de produção de aço longo no Brasil. O objetivo da união, que já foi à análise do órgão antitruste do país, é fortalecer o negócio siderúrgico no país, que enfrenta uma forte crise de demanda desde 2014.

A fusão de ativos, que dará uma participação de 3% para a Votorantim no capital da ArcelorMittal Brasil, é também uma porta de saída para o grupo da família Ermírio de Moraes deixar a atividade siderúrgica, ao menos no Brasil, a partir de 2019. As fábricas instaladas na Argentina e Colômbia ficaram de fora desse acordo.

Segundo apurou o Valor, as negociações entre os dois grupos tiveram início no terceiro trimestre de 2016. Nesta etapa, não envolve nenhum pagamento em dinheiro: apenas dação de ações da ArceloMitttal Brasil à Votorantim.

No acordo assinado com a líder mundial de produção de aço, a Votorantim garantiu um direito de vender (conhecido como put) suas ações na ArcelorMittal Brasil entre 2019 a 2022. Uma fórmula de preço, no caso de exercer a put, já ficou definida na operação.

Pelas regras, a ArcelorMittal será obrigada a adquirir essa participação no prazo definido se ela desejar vender. Mas, ao mesmo tempo, o grupo também garantiu para si um direito de compra (“call”) da fatia da Votorantim entre 2023 e 2024, informou Jefferson De Paula, presidente de Aços Longos do grupo indo-europeu nas Américas do Sul e Central.

“Foi um acordo bom para ambas as empresas, considerando o cenário de sobreoferta de aço no mundo e a crise de demanda no Brasil, que teve uma retração brutal de 33% de 2014 para cá”, disse o executivo da ArcelorMittal.

“Além da complementariedade geográfica, vemos ganhos de logística e de especialização de produtos nas unidades fabris combinadas”, afirmou o executivo. Atualmente, o nível de utilização da capacidade das usinas da ArcelorMittal é da ordem de 75%, enquanto na Votorantim está na faixa de 50% a 60%.

Segundo De Paula, surgiu a oportunidade de unir o vice-líder de aços longos (ArcelorMittal) com o terceiro no país, criando uma empresa mais competitiva em escala, custos, produtos e logística. “Hoje, a Votorantim não exporta nada; nós embarcamos 15%, mas temos dificuldades devido a carga tributária e os custos de logística do Brasil”, afirmou.

A Votorantim não colocou porta-voz para comentar a fusão.

O executivo da ArcelorMittal lembrou que o mercado de aços longos no Brasil passou a ter a concorrência de novos entrantes – pequenos, mas competitivos -, que acirram a competição. Desde 2008 chegaram Sinobrás, CSN, o grupo mexicano Simec, o espanhol Anõn e a Aço Verde (grupo Ferroeste). Ao todo, adicionaram capacidade de 2,6 milhões de toneladas. A Gerdau é a líder e detinha cerca de 40% das vendas.

“A hora é de busca de competitividade e ganho de margens”, observou o executivo. A fusão de ativos envolve cinco operações em Minas Gerais (três usinas), São Paulo e Espírito Santo, do lado da ArcelorMittal; pelo lado da Votorantim, três unidades: Rio de Janeiro (Resende e Barra Mansa) e Mato Grosso do Sul (Três Lagoas).

Com a combinação, a capacidade do grupo Arcelor passa a ter capacidade produtiva de 5,6 milhões de toneladas de aço bruto por ano e 5,4 milhões de toneladas de produtos laminados. A Votorantim agregou à ArcelorMittal Brasil – que também faz aços planos e tem mineração de ferro – 1,8 milhão de toneladas de aço bruto e 1,7 milhão de toneladas de laminados.

Com a junção, o grupo fundado pela família Ermírio de Moraes – que passou a fazer aço desde 1937 em Barra Mansa – passa a ter participação de 15% do negócio combinado de aços longos. A Votorantim já havia saído do capital da Usiminas em 2011 ao vender sua participação para Paolo Rocca, dono da Ternium.

Com uma receita anual de mais de R$ 30 bilhões, a Votorantim tem no cimento seu principal negócio, seguido por mineração e metalurgia de zinco, cobre e alumínio. Também gera energia e tem participações de controle na Fibria (celulose), e Citrosuco (suco de laranja), além dos aços longos.

Fonte: Valor Econômico

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