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Conteúdo 23 de março de 2009

A logística na distribuição de produtos de Páscoa




Nada de coelhinho. Quem enfrenta a forte demanda para entregar os produtos em tempo hábil e garantir o sucesso das vendas nessa época são empresas de logística, transportadoras e fabricantes.

 

A APAS – Associação Paulista de Supermercados (Fone: 11 3647.5000), que representa o setor supermercadista no Estado de São Paulo e tem cerca de 1.000 associados, que somam 2.200 lojas, projeta que o segmento comercialize 22.000 toneladas de ovos de chocolate na Páscoa deste ano, obtendo um crescimento de 5% nas vendas.

Na visão do presidente da entidade, João Sanzovo Neto, além do fator de neste ano o feriado ser próximo da data de recebimento de salários, o poder crescente de compra dos consumidores das classes C e D, que não foram atingidos pela crise mundial, contribui para o otimismo na previsão de vendas. Em contrapartida, Claudio Czapski, superintendente da Associação ECR Brasil (Fone: 11 3034.4012), revela que há uma interrogação por causa da crise econômica: “não se sabe quanto irá vender e isso gera uma dificuldade adicional na logística”, opina.

Para o membro da ECR Brasil – que tem como missão difundir as ferramentas de Resposta Eficiente ao Consumidor, por meio de ferramentas como gerenciamento por categoria, reposição eficiente e troca eletrônica de dados – o bom planejamento logístico e o alinhamento com os fornecedores para traçar estratégias conjuntas são fundamentais para o sucesso das vendas.

Ele destaca queos produtos de Páscoa, por serem sazonais, devem ter tratamentos especiais para não conflitarem com os produtos regulares. “O lojista que possuir ações nos pontos-de-vendas alinhadas com os fornecedores e dispor de um aparato logístico que possibilite uma reposição eficiente já estará um passo à frente”, afirma. “O fato de as lojas pendurarem os ovos no teto ou colocá-los em corredores ocorre porque há uma tendência de os depósitos serem cada vez menores, o que exige muito mais eficiência e organização para se garantir agilidade na entrega e reposição”, completa.

Segundo Czapski, com o alto índice de vendas nesse curto período, pode acontecer de o fabricante não dar conta de produzir ou até mesmo que o lojista não tenha caminhões suficientes para buscar mais produtos e fazer a reposição.

Com isso, se o fabricante não atende à demanda, o lojista, para não deixar o espaço vazio na gôndola, muitas vezes vai atrás de outro fornecedor, um concorrente. Por isso, Czapski aconselha que no momento da negociação, os envolvidos já combinem que a troca de informações sobre o nível do estoque e as eventuais necessidades de reposição será constante. “O procedimento de controle total em toda a cadeia é fundamental para garantir o sucesso das operações nessa época”, sentencia.

Ele conta que a logística dos produtos da Páscoa varia de uma loja para outra. Em alguns casos, os produtos vêm direto dos fabricantes, em outros a rede conta com CDs para os quais a mercadoria é entregue. “Tudo depende do tamanho da loja ou da rede, mas os fabricantes têm elevado os estoques”, diz.

De acordo com Eduardo Avileis, gerente de logística da Transcordeiro (Fone: 11 3623.1490) – empresa que cuida da distribuição da Garoto em uma parte do Estado de São Paulo, e que também é responsável pela transferência dos produtos da Nestlé, da fábrica em Caçapava, SP, para CDs em São Paulo e Rio de Janeiro –, em épocas como a da Páscoa, é dedicada uma frota exclusiva para atender à demanda desses produtos, bem como uma equipe de atendimento destinada aos motoristas e profissionais que trabalham nas entregas.

Avileis destaca que a logística da Páscoa culmina, também, na mudança de horários e exige um tempo de reação menor por parte do operador logístico. “Montamos uma estrutura especial e diferenciada. São duas as etapas de entrega e os veículos têm que ser refrigerados. Como há muito remanejamento de produtos, é preciso ter veículos disponíveis”, enfatiza.

 
Fazendo as entregas

Gerson Colchesque, coordenador de logística da Top Cau (Fone: 11 2172.3500), empresa voltada para o desenvolvimento, produção e comercialização de produtos de chocolate, destaca que a logística atua lado a lado com as vendas. “Não adianta vender e não entregar o produto. Por isso, a logística é o carro-chefe de qualquer empresa. Caso contrário, as operações ­travariam”, considera.

Ele revela que a empresa faz as entregas de acordo com o que o cliente deseja, mas nunca entrega tudo de uma só vez. “Agora, se ele pede para antecipar a entrega de um pedido, nós o fazemos”, admite, lembrando que é muito difícil acontecer de a produção não ser suficiente, já que antecipadamente sempre é feito um cronograma. “Na Páscoa, outras empresas fazem com que as entregas sejam feitas de 20 a 25 dias antes da data. No entanto, nossa operação é diferenciada, porque estamos produzindo e entregando ao mesmo tempo”, acrescenta.

Segundo o coordenador de logística da Top Cau, toda a produção é levada para um armazém da operadora logística McLane (Fone: 11 2108.8800), que fica também em São Paulo, SP, a 35 km da fábrica. De lá, as transportadoras, também terceirizadas, retiram os produtos e fazem as entregas. “Eles saem da fábrica paletizados, e uma carreta exclusiva, que faz em média três viagens diárias, os leva até o armazém. Dali as entregas são feitas dependendo do fluxo de pedidos e com abrangência nacional”, explica.

Atento aos cuidados necessários com o chocolate, Colchesque conta que os produtos são armazenados entre 18 e 23º C pela McLane, e para o transporte são utilizadas carretas refrigeradas, sempre pensando na conservação do material. “Na época da Páscoa nos deparamos com o problema do forte calor. Pra superar isso procuramos fazer as entregas sempre nas primeiras horas do dia e visamos manter a temperatura adequada nos caminhões”, revela.

Ele lembra, ainda, que as cargas são acondicionadas em paletes envolvidos por stretch film e ressalta que os funcionários do operador logístico e das transportadoras (Schio, Cerqueira Transportes, Rodogarcia e Tac Transportes) são orientados, por meio de palestras e slides, sobre a importância do manuseio correto.

E para quem por algum motivo não come chocolate, a Nutty Bavarian (Fone: 11 3849.9002) destaca a logística de um produto especial para a Páscoa: as castanhas glaceadas fornecidas dentro de um cone de Páscoa. Camila Pacheco, gerente de marketing da empresa, conta que as castanhas são coletadas pela Tradal Brazil (11 3648.4848), que é a fornecedora homologada, e as transportadoras as retiram e entregam aos franqueados. Já embalagens, enfeites e demais itens são entregues no próprio quiosque do franqueado, em todo o Brasil, por meio de transportadora, sendo que em São Paulo há possibilidade de retirar no próprio local.

Ela diz que o processo de logística é desenvolvido nova­mente com produtos diferentes: “são 74 quiosques e precisamos abastecer todos em período hábil para aproveitar as promoções da melhor maneira possível”, justifica. “Verificamos a qualidade de estocagem e logística dos produtos, além da procedência”, observa.

De acordo com Camila, a Nutty Bavarian tem um sistema que indica o consumo de cada quiosque e está informatizando essa parte para agilizar o processo. Outra preocupação da empresa é instruir corretamente as franquias quanto aos cuidados com os alimentos, tais como conservar em local limpo, seco e fresco, respeitando as informações sobre empilhamento máximo e utilização de paletes.

“Para melhorar o serviço nos quiosques, esse processo de envio e recebimento de material passa por auditorias surpresas. Todo processo é analisado, do pedido dos materiais promocionais aos enfeites colocados nos quiosques para caracterizar a Páscoa. Dessa maneira conseguimos extinguir as possíveis falhas que possam acontecer”, expõe.

Logística Reversa

O ideal é ter um planejamento correto para que não sobrem produtos após a Páscoa. No entanto, o famoso encalhe inevitavelmente acontece, por diferentes motivos. Para Czapski, muitas vezes é melhor que o lojista venda o produto a preço de custo do que devolva ou se livre dele.

O superintendente da ECR Brasil enfatiza que a Logística Reversa faz parte de planejamento prévio das ações, mas alerta que para a indústria não é uma prática interessante. “O fornecedor faz vários questionamentos antes de retirar os produtos encalhados. Ele quer saber por que não foi vendido, se ele estava no local certo na gôndola, etc.”, observa.

Outro ponto levantando por Czapski é que, como estão ocupados com o alto fluxo de entregas durante a Páscoa, os fornecedores deixam para retirar os encalhes depois de um tempo. De fato, veja a explicação de Colchesque, sobre a Logística Reversa da Top Cau: “há acordos com devolução prevista e há contratos sem devolução. Quando o contrato prevê a devolução, aproximadamente 30 dias após a Páscoa um promotor vai até o cliente, faz a contagem, coleta e traz de volta à fábrica, onde os ovos passam por uma triagem. A maioria é descartada”, descreve o processo.

A Nutty Bavarian, por sua vez, adota uma prática diferente para evitar a devolução e o desperdício dos produtos: “o processo de logística foi fundamental para pensarmos em acabar com qualquer tipo de desperdício. Entregamos uma quantidade acima e as promo­ções continuam até o fim do estoque, mesmo que o período festivo acabe. A ideia é que não sobre material, ele deve ser todo utilizado”, garante Camila.

Por parte da Transcordeiro, Avileis aponta que é montada outra estrutura para lidar com a Logística Reversa. Ele diz que a operação depende muito do fornecedor e revela que para evitar esse processo há empresas que remanejam produtos: “se a loja tem um estoque grande e não está vendendo, acaba distribuindo produtos para que outras lojas vendam. É uma forma de evitar o encalhe e diminuir a Logística Reversa”, ressalta.

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