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Economia 14 de janeiro de 2016

Acordos têm avanço lento, mas fundo pode sair do papel

Os acordos firmados há oito meses pela presidente Dilma Rousseff e pelo primeiro-ministro da China, Li Keqiang, estão ganhando forma lentamente e podem render seus primeiros frutos nos próximos meses. Um dos pontos de maior avanço é o fundo bilateral para desenvolvimento da capacidade produtiva.

Voltado a projetos industriais e de infraestrutura, ele já teve uma empresa criada em Pequim para geri-lo – o Claifund (China Latin American Industrial Cooperation Investment Fund). Os chineses enviaram a Brasília uma minuta de constituição do fundo e se comprometeram a retirar US$ 15 bilhões de suas reservas internacionais para capitalizá-lo. Eles sugeriram usar o Banco do Brasil como parceiro. Um dos desafios é encontrar uma solução para o risco cambial envolvido nos financiamentos concedidos no país.

O governo brasileiro havia se comprometido a fazer um aporte de US$ 5 bilhões. Diante das restrições orçamentárias, uma das possibilidades cogitadas é recorrer ao dinheiro devolvido aos bancos públicos como regularização das pedaladas fiscais, mas o aporte não precisa ser desembolsado de uma única vez.

Nas conversas com as autoridades brasileiras, ficou claro que o objetivo dos chineses é buscar retorno ao capital investido, e não vincular seus empréstimos ao fornecimento de equipamentos. Ou seja, uma ferrovia não precisaria ter locomotivas ou trilhos provenientes da Ásia, nem uma usina hidrelétrica ter turbinas made in China para contar com recursos do novo fundo.

Eles têm demonstrado muito interesse nas tratativas e nos garantiram ter reservado recursos para o fundo, diz Claudio Puty, ex-secretário de Assuntos Internacionais no Ministério do Planejamento, que chefiou uma missão negociadora a Pequim em outubro. Nos parece uma oportunidade única e que não deve ser desperdiçada, afirma Puty, atual secretário-executivo do Ministério do Trabalho e Previdência Social.

Os dois países começam a pensar em projetos potenciais para receber financiamento. Um dos candidatos potenciais é a segunda linha de transmissão que escoará a energia produzida pela hidrelétrica de Belo Monte, cuja concessão foi arrematada pela chinesa State Grid no ano passado, com investimentos previstos de R$ 7 bilhões até 2019.

A ferrovia Bioceânica, megaprojeto que pretende ligar Brasil e Peru pelos trilhos, vem tendo seus estudos tocados por um grupo de engenheiros chineses instalados em Brasília. Eles já fizeram diversas viagens, inclusive sobrevoos, às alternativas de traçado do empreendimento. Uma das hipóteses aventadas agora é que o ponto final da ferrovia seja o Porto Sul da Bahia, em Ilhéus, que também pode receber investidores chineses para sua construção.

Os estudos de viabilidade devem ser concluídos no fim do primeiro semestre e contemplam três opções de saída no Pacífico: os portos de Bayóvar (norte do Peru), Callao (centro) e Ilo (ao sul). No Brasil, duas alternativas de saída eram estudadas: Assis Brasil e Cruzeiro do Sul, no Acre. A primeira esbarra em dificuldades topográficas do lado peruano; a segunda é complicada do ponto de vista ambiental e cruza terras indígenas.

Já as conversas entre Caixa Econômica Federal e ICBC para constituição de um fundo de US$ 50 bilhões estão mais lentas e há dúvidas do lado brasileiro sobre a disposição do banco chinês em realmente tirá-lo do papel.

 

Fonte: Valor Econômico

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