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Distribuição 14 de setembro de 2015

Automotivo e autopeças: tendência é aliar eficiência com agilidade e maleabilidade

Setores onde tudo deve funcionar perfeitamente para que a linha de produção das grandes montadoras não pare, os segmentos automotivo e de autopeças aplicaram, ao longo dos anos, “regras” e conceitos próprios, como Just in time, kanban e outros, que acabaram servindo de exemplo para, também, outros segmentos e no alinhamento da cadeia de abastecimento.

Mas, o que se pode esperar em termos de tendências para transporte, distribuição e armazenagem nestes dois setores, agora em função da crise econômica, da concorrência e da necessidade de ser mais produtivo para ganhar mercado?

Eduardo Rodrigues, diretor de vendas e marketing da DHL Global Forwarding (Fone: 11 5042.5500), acredita que, no atual contexto, aliar eficiência com agilidade e maleabilidade é uma grande tendência. “Tudo isso suportado por um profundo conhecimento da área e pela utilização do que há de mais moderno em tecnologia. Creio que nosso setor ainda tem muito a se aprimorar no uso da tecnologia e da padronização de processos.”

Juliane Dircksen, analista comercial da RCG Logística (Fone: 41 3030.5665), também faz sua análise com base no uso da tecnologia. Ela aponta, como tendências, a utilização de sistemas integrados que ajudam as empresas a reduzirem os custos e priorizarem a rentabilidade do negócio, como o sistema WMS, onde o gestor pode acompanhar em tempo real o estoque, a disponibilidade de produtos e a localização, entre outras informações; e o sistema TMS, onde há a possibilidade de acompanhamento das rotas, ter a previsão de chegada em um determinado cliente, o retorno do veículo e outras informações.

Além disso – continua Juliane –, com relação à parte de armazenagem, a utilização de sistemas de coleta de dados, equipamentos de voz como o Picking by voice ou Picking by light, permitem, além de uma comunicação eficiente, apontamentos em tempo real da localização de um produto, dispensando o uso de ferramentas manuais, que são mais propensas ao erro e acabam demandando mais tempo de trabalho. O monitoramento de informações, através de indicadores de desempenho, também é um fator relevante que pode ser considerado para um melhor desempenho das atividades logísticas diárias. Unindo todos esses fatores, com um bom gerenciamento do armazém e Lean Manufacturing, podemos ter uma melhoria contínua dos processos, refletindo no desenvolvimento econômico nesse setor.

Em paralelo, a inteligência tem ganhado bastante espaço nas concorrências para contratação de serviços logísticos e transporte. Segundo Renato Pavan, gerente de desenvolvimento de novos negócios da Gefco Logística do Brasil (Fone: 11 2755.5500), as empresas não querem mais comprar commodities, mas, sim, soluções logísticas customizadas. “Tivemos vários casos de sucesso com clientes que nos permitiram conhecer melhor o seu negócio e propor uma nova forma de operar a sua logística. Isto se aplica a todos os elos da cadeia: transporte, distribuição, armazenagem, etc. Serviços de 4PL e LLP começam a ser discutidos de forma mais frequente no Brasil, principalmente por empresas multinacionais que já utilizam este modelo no exterior”, revela Pavan.

Maurício Leonel, gerente de negócios da Elog (Fone: 11 3305.9999), por sua vez, destaca que os segmentos automotivo e autopeças estão bem consolidados no outsourcing; as montadoras sempre buscam a terceirização para atender melhor suas necessidades com foco em nível de serviço. “O que está acontecendo, no momento, é que nossas margens estão estranguladas porque não estamos conseguindo repassar o aumento de custos que tivemos com mão de obra, energia e combustível. A tendência é melhorar, mas não em curto prazo”, diz Leonel.

“Tudo dependerá da demanda, acredito em uma tendência de terceirização de forma generalizada, pois trará benefícios e avanços aos clientes”, completa Roberto Alves, CEO/diretor da Maxitrans Transportes & Logistica Internacional (Fone: 11 3685.2786)

A análise das tendências nestes dois segmentos feita por Anderson Barth, diretor da Divisão Logística da JCJ Advice (Fone: 41 3534.9700), segue pela viés econômica.

A tendência para os prestadores de serviços que atuam exclusivamente nestes setores infelizmente é agir para se manter sustentável. “Mas em muitas empresas faltam competências para que isto se realize, portanto estes não estarão no mercado em 2017, quando a economia estará novamente aquecida com foco neste setor. Assim como as margens que foram reduzidas pelos Operadores Logísticos e pelas transportadoras não mais serão recuperadas, este é um ponto importante que se deve levar em consideração neste momento”, sentencia Barth.

Para João Daniel de Freitas Neto, supervisor comercial da Transportadora Sulista (Fone: 41 3371.8200), este é um mercado bastante concorrido, onde os preços são muito similares. Segundo ele, os Operadores que conseguirem agregar mais qualidade e inovações para os clientes destes segmentos terão uma grande vantagem competitiva.

Demanda

Tendências à parte, como está a demanda de Operadores Logísticos e transportadoras para estes dois setores?

“Enquanto Operador Logístico, a DHL Global Forwarding, de fato, sentiu uma diminuição na atividade destes segmentos. Porém, dado a desvalorização do real, começamos a ver uma lenta retomada das exportações, a começar para a Argentina”, aponta Rodrigues.

Na análise de Leonel, da Elog, os setores automotivos e de autopeças estão entre aqueles que mais sentiram os efeitos da crise econômica – “destacamos que a baixa confiança dos consumidores e empresários, junto com a restrição do crédito, levam a este cenário”.

Por outro lado – ainda segundo o gerente de negócios da Elog –, a pressão por melhorar a produtividade e reduzir os custos tem gerado oportunidades para a empresa em novos projetos. “Mesmo com o atual cenário macroeconômico, não sofremos queda em termos de número de novos projetos e oportunidades, mas redobramos nosso cuidado na análise dessas oportunidades para sermos assertivos e elevarmos nosso hit rate.”

Realmente, o setor automotivo é um dos que mais vem sofrendo com a crise político-econômica que afeta o Brasil. Consequentemente – diz Pavan, daGefco –, a redução de custos tornou-se a pauta recorrente para as empresas deste setor. As montadoras e autopeças estão lançando todos os seus contratos para o mercado. Isto representa um momento de muitas oportunidades para os Operadores Logísticos e transportadoras, mas, também, de muita cautela. A redução de custos deve estar focada na busca de otimização e ganhos de produtividade. A troca do Operador/transportador por uma simples redução de preço não tem sustentabilidade no longo prazo, destaca o gerente de desenvolvimento de novos negócios da Gefco.

“A demanda por Operadores Logísticos e transportadores se mantém estável nestes setores. Os volumes é que reduziram drasticamente”, acentua Barth, da JCJ Advice, complementado por Juliane, da RCG Logística, que tem a mesma opinião.

Pelo seu lado, Adriano Thiele, diretor executivo de operações da JSL (Fone: 11 2377.7000), aponta que a demanda está abaixo do volume regular, pois a produção do setor automotivo caiu mais de 30%. “Mas esta crise acaba gerando novas oportunidades, o que fez com que a JSL fechasse novos contratos com as montadoras.”

Freitas Neto, da Transportadora Sulista, também aponta que o mercado está bastante retraído devido à crise que estamos passando – “estamos estimando uma redução de 30% nos volumes transportados”.

Já para Alves, da Maxitrans, o que existe é uma demanda sazonal entre média/baixa, em virtude da economia atual, enquanto Valdomiro Fellippe, gerente operacional Unidade São Paulo da Via Pajuçara (Fone: 11 3585.6900), otimista, diz que a demanda é grande e de fácil opção de escolha.

Problemas e soluções

Considerando que a atual crise econômica, política e social afeta todos os segmentos da economia brasileira, quais seriam os outros problemas enfrentados pelos Operadores Logísticos e as transportadoras que atuam nos segmentos automotivo e de autopeças.

A complexidade da cadeia, com diversos fornecedores, o tamanho do país e a agilidade demandada pelo consumidor são grande desafios, maximizados pelas condições ruins de infraestrutura no Brasil. “Fora a melhoria da infraestrutura, uma abordagem estratégica à operação logística pode ser uma solução. Isso porque se avalia toda a cadeia logística envolvida, buscando aprimoramentos e redução de custos, mas preservando a segurança e integridade da operação. Medidas como o uso de vários modais, uma maior consolidação de carga e a padronização de processos burocráticos envolvidos podem trazer resultados mensuráveis para os clientes”, acredita Rodrigues, da DHL Global Forwarding.

Thiele, da JSL, avalia que os maiores problemas atualmente no setor automotivo estão relacionados à queda de volumes; restrições nos horários dos fornecedores de peças e das montadoras; falta de padronização nas embalagens; falta de informações coletadas; e baixo estoque.

“Entre as soluções que temos buscado está a flexibilização das frotas, com utilização de veículos menores, mas otimizando o uso do espaço interno desses veículos. Também estamos utilizando mais pontos de consolidação de cargas. Por exemplo, um veículo menor passa nos fornecedores das montadoras coletando as peças, que vão para o centro de consolidação. Ali, tudo é colocado em uma carreta que segue para a montadora.”

Fellippe, da Via Pajuçara, também faz sua análise especificamente falando da empresa: “nas operações que atuamos, de carga fracionada, não há dificuldades, além das de praxe: agendamento de entrega para alguns destinatários. Vejo que é uma tendência os clientes agendarem a entrega em função do planejamento”.

Os efeitos da crise nos setores

Na visão de Leonel, da Elog, um dos maiores problemas enfrentados nos dois segmentos, atualmente, é a falta de previsibilidade. “Temos que estar preparados para a flutuação de oferta e demanda nos volumes atuais do mercado.”

Segundo o gerente de negócios da Elog, os principais fatores que refletem no recuo desse mercado são a queda da confiança do consumidor e dos empresários e o crédito, que ficou mais caro e seletivo. “É importante observar, também, que alguns segmentos de automóveis, com maior valor agregado e mais tecnologia embarcada, não estão sofrendo tanto impacto. Algumas montadoras, por exemplo, estão trabalhando full time para atender fila de espera de alguns modelos.”

Ainda na avaliação de Leonel, estes são problemas que estão ligados ao mercado, ao cenário econômico. “Para nós, essas questões só terão solução quando as montadoras e toda a sua cadeia voltarem aos patamares de produção anteriores à crise e os solavancos forem menores. Felizmente, esse é um setor que tende a reagir rápido a um cenário econômico mais positivo, pois ainda há espaço de crescimento se compararmos a outros países.”

Para as montadoras e autopeças, os problemas estão fortemente vinculados às questões político-econômicas, que têm impactado fortemente o consumo de bens duráveis, não apenas por restrições de acesso a créditos, como pela insegurança dos consumidores em assumirem novas dívidas, destaca Pavan, da Gefco. “Obviamente, este cenário também traz reflexos imediatos para os Operadores Logísticos e transportadoras, que passam a concorrer por um volume de carga menor. As empresas pesadas em ativos acabam sofrendo mais, pois têm menor flexibilidade e agilidade para ajustarem seus custos fixos.”

Ainda segundo o gerente de desenvolvimento de novos negócios da Gefco, o importante neste momento é concentrar os esforços na melhoria contínua dos processos para buscar ganhos de produtividade e consequente redução de custos. A diversificação de serviços e mercados também contribui para a otimização dos ativos e diluição dos riscos, pela atuação em segmentos que estejam sendo menos impactados pela situação econômica, que, a propósito, são poucos.

Também em termos de economia, Juliane, da RCG Logística, aponta, como problemas decorrentes da crise, uma queda de volume, em alguns casos, próxima a 50%, falta de reajuste nas tarifas, prazo para pagamento superior a 90 dias e inadimplência. “Acredito que as medidas que foram tomadas pelo governo federal em 2008 a 2010 para favorecer o setor, deveriam ter perdurado por tempo menor ou com valor de isenção menor, a fim de promover estas medidas neste momento. A redução do IPI mostra a falta de visão de longo prazo do governo.”

Definitivamente, a luz vermelha acendeu para o mercado automotivo – diz Freitas Neto, da Transportadora Sulista. “Fomos obrigados colocar o pé no freio e a acelerar estratégias que já estão em prática, porém em um curto prazo para dar resultados.”

De acordo com o supervisor comercial, “em tempos de crise estamos buscando alternativas para amenizar nosso negócio. A Sulista estrategicamente desde 2014 vem prospectando segmentos que sofrem menos impactos. Fazer mais com criatividade ameniza o que estamos enfrentando e acelera oportunidades que podemos equalizar com a má fase do automotivo”.

Investimentos

Os Operadores Logísticos e as transportadoras também estão prevendo investimentos para enfrentarem as variações do mercado e se manterem competitivas.

Por exemplo, a DHL Global Forwarding está investindo no reforço da equipe nas filiais, na atenção a fretes de baixo volume, além da continua revisão de processos que faz parte da cultura da empresa. E a Elog tem um planejamento estratégico aprovado em curso para os próximos dez anos e com foco nos setores estratégicos onde atua.

“Como tem sido amplamente divulgado na mídia, a Gefco está fazendo um significativo investimento na instalação de uma plataforma logística em Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre. O objetivo inicial é atender o fluxo de veículos trazidos da Argentina por clientes da Gefco, agregando serviços de industrialização e customização, com potencial de expansão para todas as fabricantes que importem ou exportem para o Mercosul”, explica o gerente de desenvolvimento de novos negócios da empresa.

Barth, da JCJ Advice, também revela os planos de investimentos da empresa: os planejados para estes setores estão focados em armazenagem de autopeças, de olho nos grandes players que atuam como intermediários. O foco estará nos estados do Mato Grosso do Sul, Bahia e Pernambuco, além do Distrito Federal. Isto durante os anos de 2016 a 2020.

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