Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Conteúdo 15 de setembro de 2021

Frete marítimo, você sabe onde quer chegar!

Diante de uma instabilidade econômica que grandes nações estão passando devido ao processo que começou em 2019 com o avanço da pandemia de Covid-19, trago neste artigo o olhar referente ao aumento do frete marítimo em diversas rotas, que já está afetando a mesa do consumidor.

Neste texto, buscamos trazer as informações necessárias para o consumidor entender que a disparada do frete marítimo ao redor do mundo vem atingindo o bolso do consumidor de modo que a simples compra de um pingado (cafezinho) está se tornando uma dor de cabeça para os amantes do café.

Dados levantados pela Money times/Drewey Shipping demonstram que o preço do frete marítimo para um container de 40” pés sofreu um aumento de 547%, fazendo um comparativo dos últimos cinco anos com base no frete na rota XANGAI X ROTERDÃ, que atingiu seu valor máximo de US$ 10.552.

Com esse aumento do valor do frete, a mesa do consumidor começa a ser atingida com o crescimento do preço final dos produtos, como café, açúcar, arroz, feijão e outros alimentos.

 

Gargalos no transporte

Vale lembrar que todo esse imbróglio tem a ver com os gargalos deixados pelo transporte marítimo, que prejudica o comércio internacional. Isto é, com vários portos fechados pela pandemia, a circulação de mercadorias e a transferência de containers entre os portos ficou totalmente prejudicada.

Para entender melhor os gargalos existentes, a China fechou, em agosto deste ano, um terminal importante do porto de Ningbo-Zhoushan, que vem a ser o 3º maior do mundo, sendo que 25% de suas operações acontecem na parte do terminal que foi fechado. Antes, o país já havia fechado o do porto de Yantian.

Esses fechamentos vêm trazendo transtornos em portos pelo mundo. Somente na Europa, os terminais estão sobrecarregados e com congestionamentos que geram fortes consequências nas rotas da Ásia para a Europa e Transpacífico.

 

Cálculo de frete

Para entender essa situação, transcrevemos uma forma utilizada pelo mercado para calcular o frete marítimo. O intuito é deixar o leitor por dentro daquilo que representa em valores o preço que influencia na venda do produto final que chega à mesa do consumidor.

Primeiro passo é entendermos que as taxas do frete marítimo são definidas pela transportadora/armadora, depois, lembrarmos que existem os custos de manuseio e liberação das mercadorias nos portos de carga e descarga, que também precisam estar associados às taxas que compõem o frete marítimo.

Frete básico (freight basic) – No momento da precificação do transporte, sempre irá prevalecer o que venha trazer maior retorno financeiro para o armador ou agente, sendo assim, o frete marítimo também é calculado levando em consideração o peso da mercadoria ou o espaço ocupado.

A cubagem sempre será calculada levando em consideração comprimento x altura x largura (CXLXA) de cada volume. Exemplo:

Medidas da caixa – 100 x 30 x 50

Transporte Marítimo – 1m³ = 1 tonelada

Peso Real – 100Kg

Transformação para cubagem – 1,00 x 0,30 x0,50 = 0,15m³

Considerando que o metro cúbico equivale a 1 tonelada, a companhia marítima que passar a regra cobrará 1 tonelada ou ½ tonelada, porém, é sempre bom salientar que o peso será sempre cobrado o maior na relação peso real/peso cubado.

Segundo informações publicadas pela ASIA Shipping, as principais taxas cobradas no transporte marítimo são:

Bunker Surcharge: também conhecida como Bunker Additional Fuel (BAF), taxa cobrada sobre um percentual do frete básico.

Heavy Lift Charge: taxa para volumes pesados, cobrada para mercadorias com excesso de peso ou produtos com peso excedido que exigem condições especiais.

Extra Length Charge: essa taxa segue a mesma lógica do Heavy Lift, porém, considera o volume. Dessa maneira, a taxa para volumes de grandes dimensões é aplicada a toda mercadoria cujo volume tem comprimento superior a 12 metros, independentemente do seu peso.

Currency Adjustment Factor: também é conhecida como FAC, a taxa de fator de ajuste cambial é orientada pelo fator de correção monetária, sendo somada ao frete básico, ao Bunker, ao Heavy Lift e ao Extra Length, se for o caso.

Minimum Freight: a taxa mínima é a menor necessária para cobrir certos custos. Costuma ser aplicada quando o volume é inferior a meia tonelada (500 quilos) ou meio m3.

Open Rate: a taxa aberta é admitida em algumas conferências. Isso porque ela permite ao armador ofertar preços atrativos e concorrer com os navios tramps ou outsiders.

Temporary Rate: a taxa temporária visa atender determinadas condições de tráfego de abertura de mercados. Na prática, ela estimula a competitividade entre tramps ou outsiders.

Special Rate: geralmente, a taxa especial é definida pela mesma razão ou condição dos preços determinados pela Temporary Rate.

Lumpsum Rate: a taxa de frete por atacado é definida para o embarque de mercadorias como um todo, sendo negociada entre armador, agente e cliente.

Through Rate: também conhecida como On Carrying Rate ou Through Bill of Lading, a taxa de prosseguimento é cobrada pelo armador para o prosseguimento da carga por via marítima ou terrestre até o destino final. Neste caso, o custo do transbordo entre os dois transportadores é incluído no preço do frete marítimo.

Ad Valorem Rate: essa é a taxa aplicada sobre a composição do frete apenas para mercadorias de alto valor agregado.

Minor Port Additional: a taxa adicional de porto é cobrada nos casos em que a mercadoria é embarcada ou desembarcada em porto secundário ou fora da rota.

Congestion Surcharge: a sobretaxa por congestionamento consiste em um percentual definido pela conferência de frete e aplicado sobre o frete básico quando existe uma grande movimentação nos portos, que gera demora para atracação.

Diante de todas essas informações, esperamos contribuir para que a sociedade entenda melhor os custos que estão associados aos produtos e serviços que chegam até a casa do consumidor, uma vez que a disparada do frete marítimo vem influenciando muito em nosso dia a dia.

Victor Adriano Tavares Victor Adriano Tavares

Possui graduação em Administração, Especialização em Logística, Docência do Ensino Superior, Gestão de Equipes, Gestão e auditoria ambiental e Gestão escolar e Coordenação Pedagógica. Professor Universitário (Administração e Logística), proprietário da Vs2l Transportes e Analista da Educação Profissional – Firjan/SENAI – Departamento Regional do Rio de Janeiro.

Enersys
Volvo
Savoy
Retrak
postal