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Conteúdo 24 de agosto de 2014

Gestores de computadores

As questões ligadas às relações de trabalho, independentemente da linha hierárquica, encabeçam os principais motivos para desligamento de funcionários. São casos absurdos que beiram o ridículo e põem em xeque o sucesso dos processos dentro da empresa. Ver aquela equipe que rema junto, no tempo e rumo certos, está cada vez mais difícil.

É perceptível e crescente a falta de sensibilidade, de compromissos e excessos de interesses que geram os problemas relacionados à lida no ambiente de trabalho. Os assédios morais, e até as agressões físicas, são bem mais comuns do que pensamos. Algo está caminhando de forma errada. Estamos tendo que aprender a viver dentro de um ambiente de absoluta pressão; a lidar com nossos sentimentos, nossas frustrações, medos e tudo mais, antes de cumprirmos com nosso real papel dentro de uma empresa: produzir. O resultado de toda essa mistura explosiva sempre recai sobre alguém.

Uma das causas dessas situações, como já dito em artigos anteriores, é a nossa pressa em sermos profissionais antes de sermos pessoas e a falta de interesse das instituições educacionais e de trabalho pelo lado humano indispensável à receita do sucesso.

Há algo que vem chamando atenção nesse meio e pode nos dar uma pista para entendermos como são geradas determinadas situações: a formação de gestores. Um velho assunto que tomou formas diferentes, mas continua com poderes nocivos sobre as pessoas e sobre os processos. Se antes temíamos aquele chefe que estava presente em todos os lugares e acompanhava todos os passos, milimetricamente, sem nos largar o pé, hoje temos os chamados “gestores de computadores”, e o resultado é tão catastrófico quanto o outro. Enquanto um apela e trabalha o terror nas pessoas, o outro as despreza e se ausenta da construção dos processos. Ele planta a concorrência entre os indivíduos da equipe e não avalia os riscos. Seu dever se restringe a colher os resultados finais através de planilhas e relatórios. Os e-mails com exigências é a sua principal ferramenta. O “olho no olho” é muito mais difícil do que o esmiuçar de uma planilha e a análise de um gráfico.

É assim que nascem os excessos. Nesse momento são criadas planilhas desnecessárias, relatórios e tudo mais que subtrai da equipe o tempo para fazer aquilo que levará duas vezes mais para explicar o porquê de não ter feito.

O acompanhamento não é o único meio para alcançar o desejado numa equipe. Ele pode ser feito através de indicativos, e é fundamental que o seja, mas o gestor jamais deve esquecer que aqueles números são gerados por pessoas que têm defeitos e qualidades, e que seu papel é trabalhar para que se extraia o que elas têm de melhor. Nessas horas, nada substitui uma palavra, um olhar e o respeito demonstrado no interesse em conhecer e ajudar quando necessário.

Talvez aqui esteja outro ponto que chame atenção: a ajuda. Quantos gestores conhecem as tarefas executadas pelos seus comandados? Não precisa saber? Então, não tem como ajudar… Daí, exige por exigir e põe pressão para que seu comandado resolva uma situação que ele próprio não faz ideia de como fazer. Começa aqui uma relação difícil: o gestor enxerga um elo fraco e o comandado vê como dispensável a presença de um gestor.

Infelizmente, o mercado está cheio de gestores que conhecem planilhas e não conhecem as pessoas de suas equipes pelos nomes. Para ele, um nome não é importante para gerar um resultado, ou o que está em uma planilha é tudo de mais importante sobre uma pessoa. Não há lógica alguma, pois um número não respira.

O papel de um gestor sempre será o alcance e a apresentação de números, mas a forma com que ele busca esses números é o que faz dele um gestor de verdade. Não esse que busca tudo num monitor e não enxerga as situações além. Contudo, se o suficiente for saber se alguém alcançou uma meta e não o porquê de não ter alcançado, estamos no caminho certo para a total automação, não dos processos como deveria, mas das pessoas.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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