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Conteúdo 25 de maio de 2016

A hora e a vez do VUC

Finalmente a Prefeitura de São Paulo entendeu os argumentos técnicos dos transportadores que operam na maior cidade do Brasil e estabeleceu-se um padrão melhor para o VUC, Veículo Urbano de Carga, figura criada nos anos 1990 que ajuda a Metrópole a ser abastecida e realiza o transporte da última milha, chegando aos estabelecimentos comerciais e aos destinatários das cargas em uma malha urbana tão restrita para os caminhões.

Aliás, restrição é a palavra quando falamos sobre a relação entre São Paulo e o transporte de cargas. A cultura restritiva, que tanto dificulta o trabalho que quem transporta na cidade gera custos e retrocessos que em nada ajudam a economia e o dia a dia dos cidadãos. Uma das aberrações que havia dentro da Região Metropolitana era a falta de sincronia entre as regras de medidas permitidas para os caminhões em cada município: em Osasco, o VUC permitido era de até 7,2 metros, em São Paulo, 6,30, e aí já se imagina a confusão para realizar qualquer operação simples de entrega entre municípios: precisava pensar na lei de cada cidade, na medida do caminhão, etc.

O VUC ajuda a tirar motores das ruas, já que carrega três vezes mais carga do que um utilitário e, agora, com a padronização de suas medidas para 7,20 metros entre parachoques, com os mesmos 2,2 metros de largura, a cidade de São Paulo cria melhores condições para seu abastecimento e para o trabalho dos transportadores. O SETCESP, Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região, entidade que presidi entre 2013 e 2015, lutou muito para que esta medida pudesse sair dos 5,5 metros e chegar ao padrão de hoje.

A proibição dos caminhões dentro da cidade de São Paulo agrava o já complicado cotidiano do sistema viário, com diversos players competindo pelo mesmo espaço escasso do viário público. Os transportadores sempre defenderam a liberação de um caminhão um pouco maior nas vias restritas, dentro da Zona de Máxima Restrição, pois com eles fazemos menos viagens para transportar mais carga, poupando o uso das ruas, emitindo menos gases poluentes, otimizando equipes e veículos, enfim, todo mundo acaba ganhando com isso.

Sempre defendi o VUC como um instrumento vital para a logística de São Paulo e de qualquer cidade de grande porte e, com sua elevação para 7,2 metros, outros modelos de caminhões poderão entrar nesta categoria, estimulando a concorrência entre os fabricantes e fazendo com que o mercado ofereça veículos cada vez melhores para as entregas urbanas.

Estudar a real condição da logística urbana, dar ferramentas para os transportadores realizarem o abastecimento da cidade e pensar na metrópole como um organismo vivo, que precisa priorizar a necessidade das pessoas que nela vivem é crucial e a logística urbana tem que ser prioridade.

Restringir caminhões, criar regras, multas, horários e medidas para esmagar o transporte de cargas na cidade não é e nunca será uma política sábia para o fluxo da vida em suas ruas e avenidas. São Paulo já sofre muito com congestionamentos, falta de mobilidade, transporte coletivo de má qualidade e tantas outras dificuldades. Está na hora de priorizar as coisas que realmente são importantes!

Manoel Sousa Lima Jr. Manoel Sousa Lima Jr.

Diretor da RG LOG, ex-presidente do SETCESP – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região.

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