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Conteúdo 13 de maio de 2019

A logística e seus maiores prejuízos

Quem atua na área sabe que os custos com combustível, pneus e folha de pessoal imperam no ramo e trazem um pacote de dificuldades sentidas no dia a dia que tornam a atividade uma das mais dinâmicas do mercado.

Estes custos inevitáveis, obviamente, acabam interligados e gerando outros, direta e indiretamente, refletidos em oficinas, na competitividade comercial, nos compromissos financeiros e até no departamento médico. Formam uma teia complexa que conta com agravamentos por fatores internos e externos que comprometem a saúde financeira da empresa e que, muitas vezes, é responsável pelo seu fechamento sem que se apresente como uma eventual crise setorial.

Nem vamos entrar no mérito dos impostos e todo o exagero de uma carga tributária que também desmotiva novos negócios e que também é responsável pelos altos custos, pois eles estão mais do que presentes nos combustíveis (cerca de 30% no diesel e 50% na gasolina. A variação depende de estado para estado. Mas, para se ter uma ideia, em alguns estados brasileiros o valor pago em impostos é maior do que o preço de saída da refinaria.), nos pneus (36%) e folha de pagamento (que dependendo da folha e da opção tributária da empresa varia de 33% até 96% de encargos). Embora, como dito, tenha um peso substancial, este não pode ser controlado e sobra para a empresa a obrigação de pagar.

Contudo, há também outros aumentos de custos relacionados aos itens mencionados que também podem ser considerados fora do controle da empresa, como variações cambiais, roubo de cargas e o conjunto mais impactante: as deficiências da infraestrutura logística.

Esse conjunto de deficiências que envolve aeroportos, hidrovias, portos, ferrovias e rodovias, é responsável pelo aumento do custo do frete que pode variar de 25% até 40%, podendo ultrapassar essa faixa a depender do negócio. No caso da safra de grãos, por exemplo, que aliás vem batendo recordes ano após ano, devido problemas de armazenagem e escoamento, esses custos são, em parte, desconhecidos e os prejuízos são incalculáveis.

Ainda sobre a produção de grãos, as soluções passam por maiores e melhores financiamentos, construção de novos armazéns, melhorias na tecnologia de armazenagem e assistência nas condições de transporte desde o produtor até o porto. Sobretudo, não se explica perdas significativas no transporte de grãos, que pode variar de 17% até 25%, diante de sua importância comercial e humana, acima de tudo. Alimentaríamos países inteiros só com nossas perdas.

As rodovias representam mesmo nosso “calcanhar de Aquiles”. Afinal, no modal e multimodal, por elas passam mais de 70% de nossas cargas e, por isso, devido suas precariedades, são as que mais sufocam os custos, desde aumentos de consumo de combustível, gastos com manutenção, com pneus e afastamentos por acidentes, stress e doenças relacionadas à coluna, articulações e hipertensão. No Brasil, infelizmente, as coisas são tratadas com a ignorância da relação entre elas e assim não se combatem as causas, pois os olhos se voltam apenas para os sintomas, para consequências.

Não há dúvidas de que a competitividade seja açoitada num quadro desses. Mais uma vez, pelo motivo de tratar as coisas separadamente, traça-se planos para alavancar a indústria, o agronegócio e o empreendedorismo de uma forma geral, sem o investimento necessário em infraestrutura. Ora, se produz, se vende e se entrega mal? Impossível compreender.

Enquanto os especialistas se debruçam em soluções, os políticos em explicações e o setor em prejuízos, acredito que essa equação só fechará quando os impostos forem aplicados de maneira séria, com eficiência e com muita competência, pois eles compõem grande parte dos custos, mas essa paga não traz os benefícios equivalentes e sua má gestão acaba por enterrar o empreendedorismo.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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