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Conteúdo 13 de maio de 2013

Nordeste: seca não é só falta de água

Poderia citar uma centena de motivos que levam muitos brasileiros a refletir sobre a estiagem insistente no Nordeste do Brasil. Posso citar apenas um para aqueles que sentem na pele o flagelo que arranca a esperança pela raiz subtraindo os sonhos e a própria vida: politicagem.

Infelizmente, muitos brasileiros não sabem o que ocorre por traz desse assunto. Muitos não têm idéia de que os motivos são os mesmos, para lhes dificultar a vida, independentemente do Estado em que vivam. São motivos que regam a corrupção e desafiam o desenvolvimento do País aniquilando muitos brasileiros.

O assunto do passado é o mesmo atualmente: Durante a seca de 1877, só no Ceará e vizinhanças morreram umas 500 mil pessoas de sede, inanição e epidemias. Quase um século e meio depois, devido à falta de planejamento e a interesses escancarados, tudo vem se repetindo com o mesmo poder de destruição. Na falta de uma logística eficiente e de um interesse na solução é claro, podemos esperar por essa situação ano após ano.

A seca atual na região já é considerada a pior dos últimos 50 anos. Um tempo bem menor do que as ideias que esboçavam uma solução, como a transposição do rio São Francisco que, inacabada e longe de uma conclusão, provou que há formas de modificar essa situação, pois aonde essas águas chegaram, houve uma intensa mudança de vida para a população assistida. O problema é que dos mais de 8 bilhões de reais para o projeto, quase 1 bilhão está sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU). É muito dinheiro que não desceu com as águas do “Velho Chico”.

Essa solução, em especial, é impedida também por discussões ativistas que não consideram importante a sustentabilidade de uma população porque consideram uma árvore mais importante do que uma vida humana. Há de se ter cuidado com o uso dos recursos naturais e, por isso, uma árvore também é importante, mas fica a questão: O homem é quem mata a mata ou é a mata que mata o homem?

A Logística tem um papel importante nesse assunto: Ela é a condutora de soluções para esses brasileiros. O problema, como já dito, é que a iniciativa tem que partir do poder público. Mas, as melhores decisões políticas estão condicionadas à concentração de renda; o que também há no Nordeste, no entanto, o efeito é diferente: a comercialização parece ser mais importante do que a produção.

É inconcebível que em países sauditas com clima árido as áreas irrigadas sejam mais prósperas do que em regiões dotadas de rios e clima tropical, como no Brasil. Seria questão só de poder financeiro ou de um bom planejamento? Se for questão de dinheiro, nós temos! Até porque não necessitaria da magnitude de um oásis; talvez apenas do interesse em fazer. Os projetos que se arrastam já consumiram mais dinheiro do que muitos projetos sauditas.

Outra consequência já conhecida por todos é a migração que desequilibra os recursos, produção e a sustentabilidade tão buscada nas principais capitais do Brasil. Aí vem a exploração da mão de obra que produz baixos salários à população, mostrando que não é só a política que se beneficia com a situação, o poder privado também o faz para garantir a competitividade. Então, resolver o problema da seca no Nordeste é por em risco a competitividade do Brasil?

De forma clara, podemos dizer que a seca que assola o Nordeste do Brasil é um problema de todos os brasileiros. Um problema agravado pela omissão da política e solução logística pouco explorada diante da competência que a área desenvolveu nos últimos anos. Tecnologia que não melhora a vida das pessoas e política que não respeita essas vidas, para nada servem.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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