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Conteúdo 21 de abril de 2014

O maior desafio logístico de todos os tempos (parte 1/2)

E tudo tem mesmo a ver com o tempo. Tudo tem mesmo a ver com a Logística. As deficiências acumuladas, a falta de infraestrutura e de interesse na solução dos problemas que atormentam grande parte da população mundial – que tem os olhos voltados apenas para a produção de forma insustentável sem a preocupação com os descartes, com a poluição e sem um meio eficiente de distribuição – obrigarão o setor logístico a perseguir soluções jamais imaginadas. Terá que desenvolver em duas décadas muito mais do que desenvolveu em mais de um século.

Sabe aquela história que sempre ouvimos sobre meio ambiente? Pois é, a conta chegou. Transformamos tudo em lixo e não transformamos o lixo, entramos no curso do desperdício e agora precisamos olhar para trás para enxergar o futuro.

No final de março de 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou o documento que, segundo especialistas, é o levantamento mais bem feito sobre o futuro da Terra até agora. O relatório tem como base mais de 12 mil estudos publicados em revistas científicas que relatam atualidades e consequências das ações humanas no planeta para os próximos 30 anos. Muito tempo? Não diria para um processo de modernização logístico/ambiental que se faz necessário.

Com alguns detalhes desse estudo e com a real situação dos setores logísticos mundiais estudados em meus 15 anos de dedicação à Logística, com seus erros e acertos – mais erros do que acertos –, é possível mensurar o tamanho do desafio que vai muito além de acreditar ou não em aquecimento global, de estarmos ou não no caminho certo, de termos ou não tecnologia para romper o tempo que parece estar contra nós. Tudo precisa ser revisto, reaprendido, reposicionado, embora a situação atual seja considerada irreversível.

A previsão do aumento da fome no continente africano, das temperaturas (em 2 graus Celsius) dos sistemas como o mar do Ártico, das enchentes na Europa e na Ásia e das catástrofes “naturais” nas Américas resultam, entre outros problemas, na diminuição de mais de 25% da produção de grãos até 2050, mesmo ano em que se estima que haja nove bilhões de pessoas no planeta.

Hoje a população mundial é de 7,2 bilhões de pessoas. Os problemas são muitos: falta de água limpa para 11% das pessoas; 40% não têm acesso a produtos de higiene bucal (no Brasil são 58%); 17% não são alfabetizadas e, com o número de chips de celulares se igualando ao número de pessoas, 83% possuem celulares, bem mais do que os 65% que usufruem de saneamento básico; também 83% têm energia elétrica e só 50% têm acesso à internet. Ou seja, teríamos que melhorar muito a oferta de água, comida, saúde, educação e infraestrutura para enfrentarmos as décadas futuras.

Enquanto muitos países ricos se negam a diminuir suas agressões ao meio ambiente, sabendo que não estão imunes, alguns começam a investir em soluções contra eventos climáticos, como Grã-Bretanha, Estados Unidos e Japão. Mas, nada pode ser garantido se não houver a união de todas as nações. Contudo, o choque de interesses parece bem mais forte do que a preservação da vida.

As pessoas buscarão, cada vez mais, as grandes metrópoles fugindo das dificuldades; a logística humanitária ganha um papel ainda mais importante; as ferramentas para uma distribuição eficaz serão postas à prova. Cabem aos governos os investimentos e à Logística a inovação com novas estratégias, eficientemente sustentáveis com modelos e metas bem diferentes. É, nova logística para novos tempos… E, essencial como sempre foi.

O mesmo relatório, que aponta ferramentas para lidar com o problema, aponta também para uma conta multibilionária. Só não aponta quem pagará. Porém, já se sabe que aquele dinheiro que ganhamos explorando a Terra seria convertido em soluções buscando reparar parte do que destruímos. Só não conseguimos ainda entender que a “casa” não é nossa e que o bem-estar dos nossos filhos, dos nossos netos, depende do nosso respeito por ela. Tão repetitivo isso, não é mesmo? Então, permitam-me mais uma repetição do que tantos já ouviram: Ainda não aprendemos.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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