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Conteúdo 3 de novembro de 2021

O modal dutoviário no Brasil e no mundo

Você não vê e por vezes nem imagina existir uma logística que flui de dutos no interior da Terra de forma ininterrupta e, como verdadeiras artérias, transportam insumos ou produtos acabados por várias partes do planeta através de dutos. É o dutoviário, um modal quase esquecido.

Confira aqui na Logweb esse artigo que ofereço esse mês a todos os colegas da área de logística, aos que pretendem entrar nessa grande área e todos aqueles que mesmo sem pertencer se encantam pela beleza e grandeza estrutural de nossa relevante atividade logística.

A evolução de um sistema de transporte de águas criado pelos romanos conhecido como aqueduto levou à inspiração dos mais de 3,5 milhões de dutos que atualmente conectam o mundo.

Na Assíria, uma das três províncias (Armênia, Mesopotâmia e Assíria) criada pelo imperador romano Trajano em 115 d.C., após uma campanha militar bem-sucedida contra o Império Parta, atual Iraque, foi construído o primeiro duto.

Uma extensa e significativa malha com alta capacidade de volume e frequência dos mais variados produtos, principalmente petróleo e seus derivados. Esse precioso líquido tem motivado ainda em tempos atuais grandes conflitos e guerras.

No Brasil, no ano de 1942, em Camaçari, na Bahia, é construída a primeiro dutovia do país, que servia para ligar uma refinaria experimental ao porto, e a partir de então promovendo o desenvolvimento desse modal de transporte para todo o país.

Basicamente a indústria do petróleo é uma das maiores utilizadoras desse modal, que após a extração conduz o precioso líquido às refinarias que fazem o refino e a transformação de outros tantos produtos.

Causa-me estranheza que em literatura alguma seja cogitada a participação da rede de águas e esgotos na matriz dutoviária, sendo que foi do sistema de aquedutos que ela surgiu.

Observo que a literatura também não contempla em sua matriz a fiação elétrica, fios e cabos elétricos ou de sinais, conduítes, configurados também como modal dutoviário.

O transporte dutoviário é aquele em que se utilizam dutos condutores, cilindros ocos em espécie de tubulações que formam linhas chamadas dutovias, utilizadas para transporte de produtos de um ponto ao outro.

A malha logística do modal dutoviário é configurada por três componentes: os terminais onde são concentrados grande volume, as conexões dutoviárias por onde percorrem o produto escoado geralmente por pressão, arraste ou elemento transportador, uso da gravidade e bombeamento, além das juntas que promovem as conexões entre os dutos.

Da indústria petrolífera, a malha dutoviária segue das refinarias ou pontos de origem ligando-a a pontos de distribuição, por onde existe uma estrutura bem definida de Centros de Armazenagem e Distribuição de Petróleo e Derivados, interligando outros modais.

Muitos dos conflitos, disputas territoriais e guerras são oriundos dessa atividade, o petróleo, o ouro negro. Os EUA detém 20% dessa riqueza no mundo.

Aqui no Brasil, dados de 2019 da Agência Nacional do Petróleo apontam que temos:

a) 543 tanques de grande estocagem;
b) 10 milhões de m³ de capacidade;
c)20 Terminais Terrestres;
d)27 Terminais Aquaviários;
e)560 Km de Oleodutos de Transporte, 93% Transpetro e 7% administrados pela Logum;
f)538 Km de Oleodutos de Transferência, desses 82% administrados pela Transpetro; 11% Petrobrás; 5% pela Braskem, e 2% por outras companhias, além de;
g)Dutos dedicados ao combustível de aviação ou multiproduto, e;
h)Dutos interligados entre a refinaria e um distribuidor, ou entre vários distribuidores

No mundo, os gasodutos mais importantes, tanto por comprimento como por vazão, são os que saem da Sibéria e abastecem a Europa. Destaca-se entre eles o Yamal-Europe, que nasce ao norte de Moscou e atravessa a Bielorrússia, Polônia e Alemanha.

O gasoduto submarino mais comprido do mundo, o Nord Stream, também nasce na Rússia, em Viborg, e se estende até a Alemanha.

Segundo o relatório Global Crude Oil Pipelines Industry Outlook to 2022, da Globaldata e Upstream Analytics, a dependência energética do Velho Continente em relação à Rússia ocorre também no caso do petróleo. De fato, o oleoduto mais comprido do planeta, o Druzhba, sai da Rússia e chega até a Bielorrússia, onde se bifurca em dois ramais.

Por um lado, o que cobre a Polônia e a Alemanha e, por outro, o que chega à Ucrânia, Hungria, Eslováquia e República Tcheca, alcançando um total de 8.900 quilômetros.

No entanto, os principais canais de transporte de combustível se concentram no Oriente Médio, e os mais importantes desembocam no Mar Vermelho ou no Golfo Pérsico, de onde os centros de distribuição repartem o petróleo bruto para todas as latitudes através de navios.

Em outras regiões do mundo, estes dutos também têm relevância estratégica. Isso ocorre na América Latina, onde o gasoduto que vai de Comodoro Rivadavia (na Patagônia) a Buenos Aires, com o Gasbol, que exporta da Bolívia ao Brasil, são os mais importantes.

Nesta mesma região se encontram em construção o Gasoduto de Unificação Nacional (Gasun), que conectará o Gasbol, na Bolívia, com o norte do Amazonas e os estados do nordeste brasileiro; e o Sur Peruano, que atravessará os Andes transportando gás das Ilhas Malvinas até a costa de Arequipa.

Os dutos são mais econômicos, mais confiáveis, mais seguros, e os principais riscos que esta categoria de infraestrutura estão expostos são: dano mecânico externo, corrosão, perda de apoio do terreno, fadiga pelo tempo exposto em operação, ou intervenção de terceiros, todos eles facilmente corrigidos com processos de soldagem, por exemplo. Processos de baixa manutenção.

No Brasil a atividade de transporte por dutos tem sido alvo de ações criminosas de furto de óleo e derivados, também conhecidas como derivações clandestinas, nosso próximo artigo aqui na Logweb.

Um abraço do Prof. Palmério, fiquem com Deus. E até lá!

Palmério Gusmão Palmério Gusmão

Graduado e Especialista em Logística Empresarial pela Faculdade Anchieta de São Bernardo do Campo, possui habilitação pedagógica de docentes em matemática. Adquiriu o título de Auditor Lead Assessor da Qualidade pela NBS Consulting Group. Iniciou trajetória liderando operações na Tegma, maior player estratégico (automotivo) da América Latina. Atuou por vários anos no setor logístico. Seu último cargo foi gerente comercial em uma empresa na área de operações portuárias no Porto de Santos. Foi integrante e líder de comissão de transição e fusão em dois grandes grupos. Experiência no Magistério em cursos de graduação em Logística (disciplinas de administração, marketing e logística) e de pós-graduação (MBA executivo da Universidade Cruzeiro do Sul) e na Escola Internacional de Negócios junto ao SEBRAE. Colunista da Logweb desde 2007. Apresentador do Programa de TV Cenários Logísticos. Aulas consultorias e palestras: professorpalmerio@gmail.com / no Linkedin https://www.linkedin.com/in/palmeriogusmao/

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