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Conteúdo 26 de outubro de 2016

Os maiores entraves da Logística Brasileira (PARTE 2/2)

Após falar sobre a falta de qualificação, vamos abordar um pouco sobre a falta de infraestrutura e os excessos da burocracia, considerados os três maiores obstáculos para o sucesso do nosso setor logístico, pensando na estreitíssima relação entre eles e na errada aceitação que nos remete a prejuízos, estresses e insatisfações que nos colocam numa linha de risco ao nos fazer acreditar que a correção de um só ponto resolve um todo:

De que adiantaria a excelência profissional sem uma infraestrutura adequada ao porte econômico do Brasil? Uma boa infraestrutura utilizada por bons profissionais que a desenvolvem e trabalham para a atualização de forma sustentável para o melhor estado de competitividade é o que qualquer país almeja.

O governo de Michel Temer vem com algumas propostas que já pertenciam ao PIL (Programa de Investimentos em Logística) do governo de Dilma Rousseff que pretendia investir quase R$ 200 bi, mas caiu em descrédito após ser lançada uma segunda etapa sem a implantação de muito do que contemplava a primeira, batizado de “Crescer” pelo PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), deixa de ser algo exclusivo para o incremento do setor logístico já que contempla também privatizações ou concessões nas áreas de saneamento, distribuição de energia e exploração de minérios e loterias.

Na tentativa de viabilizar o Programa, o atual governo pretende arrecadar R$ 24 bi, só em 2017, e mudou algumas regras que tornam as negociações mais atraentes para os investidores. O tempo dirá se serão proveitosas para os usuários, pois tais mudanças influem em questões tarifárias, mas esse não é o principal ponto negativo, pois a atuação do Crescer parece bem modesta diante das necessidades do país além de estar estruturado em privatizações e concessões apenas.

Sendo o Programa anterior ambicioso demais ao ponto de sabermos que muito do “planejado” não seria alcançado, o atual precisará bem mais que isso para alavancar a Logística e com isso suprir expectativas para geração de emprego e de renda que a economia tanto precisa para superar este difícil período. Embora tenhamos que ver tudo com otimismo e, independentemente desse ou aquele governo, não temos muitas alternativas a não ser trabalhar e acreditar num Brasil diferente, mas só um bom planejamento nos entusiasmará e nos fará caminhar na direção certa. E, como já dito, só o tempo nos trará essa resposta e tomara que venha logo, mesmo com tantas contendas políticas que só prejudicam a todos.

Por último, vamos imaginar profissionais qualificados atuando numa logística com uma boa infraestrutura cercados por uma burocracia desproporcional e desinteressada com os fluxos dos processos e seus resultados. Difícil falar disso e não citar o transporte marítimo. Esse modal, sem dúvidas, é o que mais sofre com esses entraves criados para facilitar e fiscalizar, mas, na verdade, é um artifício arrecadador contumaz e um vergonhoso canal de propinas que faz absurdos parecerem normais.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que as empresas exportadoras percam cerca de R$ 4,3 bilhões ao ano devido à burocracia em portos. O valor da armazenagem pode aumentar até 150% e, acredite, às vezes é só a falta de um carimbo. No Brasil, são cerca de 24 horas remuneradas para cada processo (no México são apenas 3 horas), mas isso não vale para alimentos e bebidas que, dependendo da quantidade de carimbos esperam liberação por 20 ou até 40 dias, nem para alguns “canais vermelhos” que podem esperar e esperar…

Em 2015, o WEF (Fórum Econômico Mundial) pesquisou sobre facilidades para cumprir exigências regulatórias em 140 países, o Brasil ocupou a 139ª posição. Isso quer dizer que o consumidor final paga mais caro devido acréscimos de despesas administrativas, de armazenagens, transportes emergenciais e estoques redimensionados.

Engana-se quem pensa que esse entrave está presente apenas em portos. Os aeroportos também sofrem com isso e, muitas vezes, até chegam a superar absurdos praticados em portos. Na armazenagem, por exemplo, os custos podem sofrer aumentos de até 600%. O que dizer ainda quando a Receita Federal entra em greve? O que dizer do transporte rodoviário e seus postos de fiscalização com seus sistemas e atendimentos precários?

Sem querer minimizar a gravidade de tais entraves e sem querer desviar a atenção que o assunto exige… Haja nervos para trabalhar na Logística!…

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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