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Conteúdo 13 de novembro de 2023

Perspectivas e macrotendências para a logística e Supply Chain em 2024

Pesquisas indicam que Logística e Supply Chain, está passando por grande transformação e esse processo deve se intensificar ainda mais nos próximos anos.

 

O relatório da Gartner, Hype Cicle for Emerging Technologies 2024 manteve a indicação do avanço das tecnologias baseadas em IA (Inteligência Artificial) e Machine Learning como tendências entre os próximos 2 a 5 anos. Paralelo a isso, a pesquisa anual apresentada pela EIU (Economist Intelligence), Industry Outlook 2024, destacou que alguns investimentos no Brasil podem ser restringidos pelas limitações da infraestrutura e da cadeia de suprimentos. Aliados à mudança dos hábitos de consumo, multicanalidade e melhoria na experiência do serviço de entrega e, também, da visibilidade para o cliente, têm sido os grandes alavancadores para esse processo de mudança.

Há quem diga que o movimento de tornar a logística uma função mais estratégica é sentida há alguns anos, já outros atribuem a velocidade dessas mudanças à pandemia, e ainda há quem defenda que a recente evolução tecnológica, com o surgimento e avanço das tecnologias emergentes, é a verdadeira razão para os ambientes da Supply Chain e Operações Logísticas se tornarem mais relevantes. Independentemente dos fatores, é certo que podemos encontrar algumas tendências que não parecem ter mais volta.

A seguir, baseado nas informações divulgadas pela Top Trends da ASCM (Association for Supply Chain Management), apresentamos algumas tendências latentes para o próximo ano:

– Digital Twin: o ambiente operacional digitalizado, permitindo testar e simular alternativas de configuração da rede logística, do planejamento de transportes e da alocação inteligente dos estoques, de modo a reduzir o gasto total, o custo de servir e, ainda, melhorar o nível de serviço ao cliente tem sido amplamente utilizado por empresas por meio de softwares especialistas e que permitem modelar o ambiente amplo da Supply Chain, desde o fornecedor até o cliente final. Concomitante, o avanço do conhecimento e a aplicação de Analytics, com a estruturação e coleta de dados para entender os comportamentos e indicar alternativas, aliados aos modelos digitais da Supply Chain, também têm tornado o processo decisório mais rápido e maduro. Por fim, nesse cenário, aplicando o Digital Twin às empresas com atuação no Brasil, a complexidade tributária faz com que as decisões operacionais sejam rapidamente revisadas e, assim, as operações possam encontrar resultados melhores e mais balanceados entre performance do serviço, gastos logísticos e tributos. Ainda, esse tipo de modelagem e análise tem ajudado os gestores a perseguirem a melhor resiliência da cadeia de suprimentos, o que, por sua vez, permite a criação de planos de contingência e simulação de cenários de ruptura, antecipando problemas e prevendo ações.

– Orquestração: encontrar formas de gerenciar, organizar, alocar e sincronizar os recursos de modo mais eficaz e assertivo, por meio de sistemas especialistas que auxiliam as operações na gestão integrada de recursos e processos decisórios, tem feito com que empresas com operações de alta complexidade atinjam patamares de eficiência antes não alcançados. Originalmente, a visão de orquestração pressupõe o sincronismo de ativos e planos de execução ao longo da cadeia de suprimentos, haja vista que o tradicional conceito de cadeia pressupõe uma sequência organizada, no entanto, temos visto uma estruturação e competição mais no âmbito da rede de suprimentos do que apenas intrínseca à cadeia, ou seja, é possível notar que existe a necessidade de  integrar-se com elos mais distantes do que apenas aos seus respectivos adjacentes (visão de fornecedor-cliente).

– Robótica: o acesso a sistemas automáticos e melhoria da viabilidade técnica, com alternativas de equipamentos modulares e de instalação facilitada, por exemplo os AMRs (Autonomous Mobile Robots) e a melhor condição para a viabilidade econômica de projetos de automação, com o aumento dos salários, escassez de mão de obra intensiva em grandes centros urbanos….

– Investimentos em decisões Inteligentes e Automatizadas: com o uso de Inteligência Artificial e Machine Learning já é possível prever comportamentos de demanda de forma mais assertiva do que as tradicionais séries de dados históricos. Dessa forma, a estratégia de abastecimento de Centros de Distribuição, Estoques Avançados, Dark Stores e Lojas é impactada diretamente na redução das rupturas. Sistemas que integram a visão dos estoques com os fornecedores já são realidade há mais de uma década, no entanto, essa prática ainda era muito restrita às indústrias, sendo que a aplicação dessas tecnologias emergentes permite maior aderência às realidades de outros segmentos, que possuem maior variabilidade quando há o efeito chicote, como o varejo e o e-commerce.

– Decisões carbono-eficientes: as práticas de ESG (Environmental, Social and Governance) já são pautadas pela maioria das grandes empresas nacionais ou multinacionais. No entanto, apesar de ainda não haver consenso entre a classe política, essa agenda tende a ganhar força à medida que as discussões governamentais evoluem a respeito da taxação do carbono, medido pelas emissões dos GEE (Gases do Efeito Estufa). Esse movimento deve fomentar e acelerar o desenvolvimento das Cadeias de Suprimentos Circulares e Verdes (Green and Circular Supply Chain).

– Inteligência em Visibilidade, Rastreabilidade e Localização: o ecossistema das empresas, serviços e soluções de last mile têm se tornado cada vez mais robusto com o passar dos anos. Empresas tradicionais de transporte têm perdido o espaço para novos players que adentram o setor de last mile, pois alteram a estratégia de capilaridade, bem maior que os tradicionais, e entregam melhor visibilidade, tanto ao embarcador como ao destinatário. Logo, a visibilidade e rastreabilidade de pedidos e entregas essencialmente através de Torre de Controle tem ganhado força como requisito para a contratação dos provedores logísticos, bem como para que os embarcadores se posicionem de modo a entregar maior valor ao cliente final. Aliado a isso, decisões de localização têm sido revisadas, de modo inteligente, frente à necessidade de entregar melhores serviços aos clientes. Redes de suprimentos mais capilarizadas e com estratégias de operações mais robustas, aliadas à modalidade ominichannel (omnicanalidade), têm sido condições básicas para a sustentação competitiva das empresas no mercado.

Diversos relatórios de instituições de tecnologia e do próprio campo da Logística e Supply Chain apresentam as tendências para o setor. Contudo, muito mais do que “cravar” as previsões, o conteúdo relevante que essas informações provêm aos profissionais reside na apresentação das principais habilidades que a estratégia de operações deve incorporar, desde sua concepção no nível estratégico, até mesmo na organização e estruturação do seu modelo de gestão operacional, a governança.

Portanto, o apelo pela atualização técnica dos profissionais se mantém constante, de modo que, ao passo que o mundo evolui, novas formas de operar, inclusive os mesmos produtos, se tornam presentes, sem mesmo que haja a necessidade de grandes reestruturações e investimentos em infraestrutura.

Rodrigo de Castro Barros Rodrigo de Castro Barros

Mestre em Engenharia de Produção e Engº de Produção, ambos pelo Centro Universitário FEI. Possui mais de 10 anos de experiência em Supply Chain & Logística, tendo atuado como gerente nas áreas de Operações, Planejamento Logístico e Melhoria Contínua em operadores logísticos, indústrias e varejo. Especialista em estratégia de supply chain, estudos de malha logística, redesenho e automação de CDs e turnaround de operações. Atualmente é Gerente de Projetos de Supply Chain & Logística na Connexxion Brasil.

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