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Conteúdo 6 de outubro de 2014

Professor: a importância sem o valor

Algumas coisas incomodam os brasileiros que querem um país melhor: são questões acerca do Código Penal, da distribuição de renda, da carga tributária… Porém, nada se compara à necessidade de uma renovação do modelo educacional que, há muito tempo, promove a falta de respeito, em todos os aspectos, com aqueles que são essenciais para o alcance dessas e tantas outras mudanças obtidas através da educação: os professores.
Que me perdoem os movimentos que atuam no Brasil na busca de espaço – que é um direito – na sociedade, na redução da violência, no combate à discriminação e muitos outros que têm seus valores reconhecidos para a construção de uma sociedade com justiça e igualdade. São legítimos e necessários, mas enquanto não dermos o devido valor à educação com todos os seus elementos fundamentais à solidez de nossas conquistas, viveremos com a ilusão de vitória numa batalha de uma guerra perdida.
A atual situação não comporta mais os discursos rasos de políticos e intelectuais, nem as promessas em palanques que se valem da educação como moeda em eleições. Nossos professores estão sendo humilhados e agredidos em escolas públicas e particulares! Chega de homenagens írritas no dia 15 de outubro! O que precisamos mesmo é de uma solução.
De onde virá a solução? Da admiração com a estrutura em outros países ou da indignação ao vermos que nossas escolas públicas não têm água, energia elétrica, banheiros, merenda, cadeiras, livros e até paredes? A solução começa no respeito às pessoas e ao nosso futuro. Virá de uma política que não nos enxergue apenas enquanto apertamos um botão e daquela que não nos prive dos meios necessários para o nosso preparo ao apertá-lo. Virá da decisão de irmos a essa política e cobrá-la já que não vem até nós para nos ouvir. Acima de tudo, virá da certeza de que começa comigo, pois o inteiro só será bom se a minha fração também for.
A solução que buscamos é entregar a educação de nossos filhos integralmente a um professor para que nos sobre mais tempo. Tempo para quê? Para ir ao colégio repreender o professor que repreendeu meu filho? Incoerências que encorajam os alunos a enfrentar desrespeitosamente seus professores. Numa ação perigosa de alunos, pais e do poder público, muitos professores estão preferindo a omissão para continuar sobrevivendo. Às vezes, até confundimos com despreparos também presentes, pois alguns não têm vocação, mas na maioria das vezes é desespero mesmo.
É impossível compreender a desvalorização de um professor cujas demais profissões passam por suas orientações. Um professor não se lembra de todos os alunos, mas todos os alunos carregam consigo seus professores. É uma pena que a política seja vista como ferramenta de autoridade e não como serviço ao público e que, para isso, promova um verdadeiro massacre dessa profissão tão nobre e tão necessária para um país com tantos recursos e tão carente de soluções. Se o interesse é mesmo manter o povo aprisionado, dominado pelo cerceamento do direito ao conhecimento em troca de direitos concedidos como “favores”, está dando certo.
Órgãos como o Ministério da Educação e Cultura (MEC), que distribui livros com erros grosseiros, é detentor de um papel frio, quase inexistente, na oferta de condições dignas para os professores e no avanço do nível da educação. Os professores estão sozinhos e de mãos atadas.
Em 2014, o piso salarial da categoria foi fixado em R$ 1.697,37 para 40 horas semanais. Na realidade, alguns estados (AL, RO, BA, AC e CE) e muitos dos 5.570 municípios brasileiros não pagam o mínimo estabelecido aos professores. Já vimos casos de salários de R$ 200,00, pois alguns municípios não podem desativar por completo o ensino. E alguns ainda procuram respostas para a má colocação do Brasil nos rankings da educação […]
As mudanças, rápidas e sólidas, têm que vir com salários justos, melhores condições de trabalho, respeito e gratificações que motivem a manutenção da qualidade do ensino através da qualificação contínua dos professores. Mudanças para que não os vejamos afastados e desassistidos devido às agressões, estresse ou desempregados feito “ouro jogado às ruas”. Mudanças para não ouvirmos tantos desaconselhamentos quando alguém quiser seguir a profissão. Mudanças para acreditarmos que os professores ainda poderão abrir as portas para um novo caminho idealizado por aqueles que sabem que a educação é a saída. A única saída.

Marcos Aurélio da Costa Marcos Aurélio da Costa

Foi coordenador de Logística na Têxtil COTECE S.A.; Responsável pela Distribuição Logística Norte/Nordeste da Ipiranga Asfaltos; hoje é Consultor na CAP Logística em Asfaltos e Pavimentos (em SP) que, dentre outras atividades, faz pesquisa mercadológica e mapeamento de demanda no Nordeste para grande empresa do ramo; ministra palestras sobre Logística e Mercado de Trabalho.

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