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Conteúdo 14 de março de 2011

Sobre Liderança, Confiabilidade, Justiça e Meritocracia

Na minha última coluna “Chefes surdos, sobreviventes e frustrações” (aliás, agradeço os vários comentários recebidos), compartilhei com vocês um dos meus últimos diálogos com “El Griego”, mas não parou por aí, ficamos tão entusiasmados que continuamos ainda a falar por bastante tempo.

Pois é, na tranquilidade do ambiente em que estávamos, além de falar sobre a surdez de chefes que não gostam de ouvir coisas diferentes daquelas que eles pensam, dos sobreviventes que ficam com mãos vermelhas de aplaudir e dos salários que compensam (compensam?) frustrações profissionais e pessoais, falamos de líderes e liderança.

Foi então quando lembrei ao “El Griego” que quando me foi entregue troféu de 30 anos de empresa (alguns de vocês que estavam presentes lembrarão), eu falei três coisas do fundo do meu coração.

Agradeci tudo o que tinha recebido dessa grande empresa e do orgulho que sinto em ter formado parte dela e ter contribuído para sua consolidação, crescimento e desenvolvimento.

Agradeci a tantas pessoas, de todos os níveis, que foram vitais para conseguir o que consegui.

Reconheci também a sorte que tive profissionalmente, porque durante todos esses anos trabalhei com grandes líderes, líderes visionários, pessoas intransigentes com seus valores, dos quais aprendi muito e aos que devo muito e respeito permanente. Tive duas exceções: um burro e um louco. Com o burro, aliás burra, me encontrei bem no início da minha carreira e o louco… louco é como diz o tango de Piazzola.

Continuei na organização por mais três anos e meio, trabalhando com grandes líderes, alguns mais longe hierarquicamente, outros mais perto, mas todos eles admirados. Também tive daqueles não admirados, para compensar, mas isto é inevitável.

Minha conversa com “El Griego” naturalmente nos levou a discutir as características dos grandes líderes. Os grandes líderes nascem com as características certas? A liderança se aprende?  Pode-se melhorar com a experiência e estudo? Claro, tudo isto é verdade, mas nos levou muito rapidamente ao lugar comum, importante, mas já trilhado. Falamos de visão, inovação, trabalho em equipe, motivação, inspiração. Foi então quando nos lembramos de um trabalho de Raúl Candeloro onde ele fala das dez características dos grandes líderes. Concordamos com algumas delas, não muito com outras, todas elas te fazem pensar, mas sem dúvidas admiramos a última. Vou transcrevê-la literalmente; acho que justifica:

GRANDES LÍDERES SÃO AUTÊNTICOS E HONESTOS:
“Grandes líderes sabem o impacto e o valor da honestidade e da autenticidade. Eles estão 100% envolvidos com coração, mente e alma. Eles querem fazer uma diferença positiva com sua equipe, sua empresa, seus clientes, seus produtos, etc. Eles acreditam em parcerias e alianças com alta qualidade, excelentes pessoas trabalhando juntas para criar relações “ganha-ganha.”

Puxa vida, tivesse gostado tê-lo escrito eu. Não fui. Foi Raúl. Adorei!!

Ler isto me fez pensar em quais foram algumas características dos grandes líderes que mais me marcaram.

Foram absolutamente confiáveis. Nossa palavra e nossos acordos eram de aço. Sempre um foi parceiro do outro e na hora H, nunca um deixou na mão ao outro. Com eles nunca me senti o elo mais fraco e muito menos o fusível frente às dificuldades.

Foram justos. É sempre muito fácil parabenizar seu aliado e “bater” no seu inimigo, mas se você pretende ser justo não esqueça que, mais de uma vez terá que “bater” no seu aliado e parabenizar seu inimigo. Ficou complicado não é? É por isto que existem muitos chefes mas, muito poucos líderes.

Confiabilidade e Justiça nos leva diretamente para a Meritocracia.

Todos os grandes líderes que conheci eram inflexivelmente Meritocráticos. Os colaboradores eram exclusivamente avaliados pelo seu desempenho, resultados e comportamentos. Nunca sobre a base de necessidades políticas ou pelo grau de vermelhidão das mãos e menos ainda pelo ângulo de flexibilidade da coluna vertebral frente ao chefe.

Acho que a partir disto surgiu o que eu chamo de “Princípio de Alejandro dos 5 minutos”. Aqueles que formaram parte das minhas equipes o conhecem muito bem já que muitas vezes falei com eles sobre isto e estou absolutamente convencido da sua validade.

Basicamente se trata de que: quando você está absolutamente convencido que uma pessoa não se encaixa nos princípios e valores da sua organização e/ou quando não atinge os níveis de performance necessários então, tem como máximo 5 minutos para colocar esta pessoa fora da sua organização. Se não o fizer, terá que fazê-lo depois a um custo muito maior.

Lembro de uma vez que estava assistindo a palestra de um grande líder mundial. Em mesas na entrada da sala havia revistas de negócios internacionais e por causa ou casualidade uma delas tratava deste líder e dizia criticamente que ele costumava demitir na hora, durante suas visitas às diferentes filiais, pessoas que entendia que não se encaixavam na organização. Logicamente este tema surgiu durante a palestra e ele respondeu mais ou menos, não lembro suas palavras exatamente: por que droga tenho que aceitar ter na organização pessoas que puxam para baixo o sucesso e a excelência? Reafirmando isto, um bem conhecido “guru” falou que o ativo das empresas não são as pessoas, mas as pessoas certas.

Bom, esta é minha última coluna no Logweb, assim que meu blog estiver pronto os informarei. Agradeço ao Logweb e ao Fernando Bella e Raony Pacheco, da FDBCom Comunicação. Seus comentários são bem-vindos.

 

 

Alejandro Montalbano Alejandro Montalbano

CEO da Diamond Passion and Excellence, especializada em estratégia de negócios. Conta com 34 anos de experiência em Quality Assurance, Gestão de Materiais, Gerência de Planta, Diretor Técnico de Operações, Gerente Regional de Vendas, Marketing e Vendas Business Unit Head (Brasil e América Latina) e, finalmente, foi o idealizador e executor do mais inovador modelo de cadeia de abastecimento regional: LASCO (LatAm Supply Chain Organization).

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