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Logística Setorial 29 de abril de 2020

Crescimento do setor de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal impõe novas atitudes e ações logísticas

Ao mesmo tempo, e comprovando este crescimento exponencial, o setor passou a envolver uma grande multiplicidade de canais de distribuição, indo do varejo tradicional até consumidores finais com e-commercce, passando por ominichanel e o modelo de revendedoras.

 

O setor de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal é um dos mais destacados no cenário econômico brasileiro, estando, também, entre os primeiros do mundo. Em termos de logística, considerando o crescimento acentuado do setor nos últimos anos e as características instrinsecas dos produtos manipulados, esta se apresenta com vários detalhes, que a diferenciam da praticada em outros segmentos.

Para Agapito Sobrinho, diretor executivo comercial da BBM Logística, a logística neste segmento é marcada por uma grande diversidade de perfis de operações inbound de matéria prima e materiais de embalagem, incluindo operações de importação e exportação, utilização de portos e transporte Internacional.

Também envolve grande multiplicidade de canais de distribuição, indo do varejo tradicional até consumidores finais com e-commercce, passando por ominichanel e o modelo de revendedoras, mas também exigindo operações de transferências de cargas FTl, milk rum, cross docking e uso intensivo de malhas para operações fracionadas no modelo rub and spoken.

Ou seja, há grande diversidade e complexidade na logística do segmento.

Além disso, as questões regulatórias e de licenciamento para as operações possuem características específicas, lembra Agapito Sobrinho.

No transporte, agora na visão de Giuseppe Lumare Júnior, diretor comercial da Braspress Transportes Urgentes, as características distintivas deste segmento costumam se concentrar nos aspectos específicos de cuidados com os produtos, que são particularmente frágeis, e nas condições finais da entrega, que costumam variar por destinatário, os quais podem exigir agendamentos, condições específicas de tratamento dos volumes, uso da mão de obra e até, de maneira bastante frequente, regras de boas práticas, além das exigências de vários licenciamentos para manuseio destes produtos.

Na visão de Rosa Amador, diretora comercial da ID Logistics, devido às características dos produtos manipulados, a demanda requer algumas determinações na armazenagem: licenças e locais especializados e adaptados para a permissão de funcionamento junto à ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Vigilância Sanitária Municipal com orientações às Boas Práticas. Além disso, a demanda está cada vez mais centralizada e as empresas procuram operadores capazes de atender a sua necessidade com prazos diminutos, próximos ao canal de distribuição.

Eduardo Leonel, diretor comercial e de marketing da TPC Logística Inteligente, complementa: as características da logística neste segmento variam muito em função dos subsegmentos e das marcas, mas em geral trata-se de um segmento com altíssimo nível de serviços exigido, e fortemente regulado pelos órgãos de vigilância sanitária como a ANVISA. “Temos que operar dentro de normas rígidas de manuseio e controle de toda a cadeia logística, com monitoramento constante dos prazos de validade e rastreabilidade dos lotes de fabricação, por exemplo.”

Um dos principais diferenciais da operação logística no segmento de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal – agora de acordo com Gustavo Ribeiro de Paiva, CEO da Movvi Logística – está no uso de Centros de Distribuição com controle de temperatura e armazenagem vertical, para o controle de fluxo ser mais preciso.

Complementando esta questão, Marcelo César Gonçalves, diretor comercial e de operações da Veloce Logística, faz uma lista das características da logística neste segmento, além de algumas já citadas: grande quantidade de itens comercializados (SKUs) e rápida renovação do portfólio em função de produtos específicos para determinadas estações do ano, produtos atrelados a datas comemorativas e dos lançamentos de novos produtos em função da atuação da concorrência e da demanda para o atendimento de mercados específicos; grande volume de Notas Fiscais, muitos clientes ativos; produtos movimentados em caixas de papelão de diferentes tamanhos e peso (cubagem variável), podendo gerar alta complexidade em picking (separação de pedidos) e dificuldade para unitizar as cargas; produtos de diferentes valores agregados (alguns muito caros e outros muito baratos); produtos sensíveis a avarias e muitos deles visados para roubos e furtos; concentração sazonal no ano em função da dependência de datas comemorativas, como Dia das Mães, Natal, Dia dos Namorados e Dia dos Pais; em alguns casos existe restrição quanto à operação com outros produtos; entregas em diferentes canais de distribuição – atacado e varejo, distribuidores especializados, centros de estética, cabeleireiros, franquias e consumidor final.

 

Papeis dos OLs e das transportadoras

Diante destas inúmeras características do segmento, quais são os papeis dos OLs e das transportadoras? Por exemplo, Fabiano de Oliveira, diretor comercial da Exlog Distribuição, diz que as transportadoras são a extensão do cliente e, assim, vão se aperfeiçoando cada dia mais para atender às necessidades do setor.

E Agapito Sobrinho, da BBM Logística, coloca que as operações logísticas e de transporte para este segmento exercem papel fundamental na cadeia produtiva e nos processos de distribuição. Até porque é um segmento com uma diversidade muito grande de matérias primas e materiais de embalagem, que requerem operações de inbound cada vez mais afinadas. Além de ser um dos mais diversificados em relação aos canais de venda, requerendo operações de outbound com soluções muito flexíveis, ágeis e dinâmicas.

“O mercado em questão, de fato, apresenta taxas expressivas de crescimento. Porém, as operações de transporte, em sentido estratégico, são meios de disponibilização de capacidade instalada e ociosa, o que significa que antes é preciso investir para criar as capacidades, para, depois, disponibilizar e reservar ociosidades que atendem à flutuação da demanda”, aponta, agora, Lumare Júnior, da Braspress.

Claudemir Groff, gerente nacional comercial da Via Pajuçara Transportes, também diz que este setor é muito concorrido porque não para de crescer e se fortalecer no Brasil. “Os embarcadores normalmente possuem critérios rigorosos de avaliação e seleção dos seus fornecedores e isso favorece as empresas de transportes que possuem expertise comprovada nas operações com estes materiais e processos estruturados, que passam por constantes atualizações e melhorias, acompanhando o crescimento do segmento.”

Rosa, da ID Logistics, lembra que os Operadores Logísticos e as transportadoras devem fazer investimentos na logística de distribuição e no gerenciamento de risco, devido ao alto valor agregado dos produtos e embalagens frágeis que requerem cuidados especiais na movimentação.

Por outro lado, a aproximação junto aos embarcadores e destinatários, através da identificação das necessidades específicas de cada operação, é o principal papel no atendimento. “Diante dos cenários de vendas diferenciadas e criação de novos mix de produtos, e dos processos individuais de recebimento em vários pontos de entrega, cada vez mais a personalização de estratégias de operação tem construido parcerias sólidas, para que os produtos estejam nas gondolas e os PDVs abastecidos para o atendimento do consumidor final”, aponta, agora, Maurício Fernandes Cortizo, gerente operacional da Mosca Logística.

Colocando que a logística no segmento de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal envolve um ciclo de transporte ágil e constante, Paiva, da Movvi, diz que diariamente enfrentam diversos desafios, desde manter o controle de estoque eficaz até garantir altos níveis de serviço para cumprir o objetivo de entregar o produto certo, no local indicado, no menor tempo possível e avaliando custo x benefício. O cuidado no manuseio e fracionamento dos itens é imprescindível. O envio dentro do prazo e sem anomalias faz parte dos requisitos básicos da indústria.

De fato, Luiza Moreira, gerente executiva Comercial da Sequoia Logística e Transporte, destaca que os clientes buscam cada vez mais um serviço feito com rapidez, mas, também buscam informações e prazos confiáveis. Ter uma base operacional que atenda o cliente com informações e prazos confiáveis é o primeiro passo.

Marcio Eduardo Longo, diretor comercial da Transbrasa Transitaria Brasileira, também, coloca que o setor apresenta um crescimento constante e requer cuidados específicos, por isso, tanto as OLs como as transportadoras são integrantes fundamentais que agregam tanto expertise na estratégia de distribuição dos seus produtos, como também garantem a qualidade e a segurança.

Já para Gonçalves, da Veloce, um dos principais papeis de um Operador Logístico de cosméticos deve ser o de oferecer aos clientes um total gerenciamento de riscos, que contemple todo tipo de evento que possa ocorrer com as mercadorias. Isso garante que o cliente seja resguardado em uma série de situações e não seja prejudicado.

 

Novas exigências

Obviamente, este crescimento acentuado do segmento tem criado novas exigências para as transportadoras e os OLs que nele atuam.

Marcelo Azevedo, gerente nacional de Operações da Ativa Logística, de fato, lembra que, com o aumento da demanda de produtos, ficou imprescindível que os Operadores Logísticos e as transportadoras sejam cada vez mais eficientes em seus processos. “O segmento de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos requer algumas determinações no transporte e armazenagem, como licenças e locais especializados e adaptados para a permissão de funcionamento junto ao órgão que fiscaliza estes tipos de produtos, a ANVISA.” O fracionamento e a reembalagem – continua o gerente nacional de Operações da Ativa – têm tomado uma importante área nos Operadores Logísticos, e outros serviços, como manuseio, etiquetagem, nacionalização, áreas refrigeradas e cross docking, têm ganhado muito destaque e estão entre os diferenciais, bem como um eficiente WMS, que controle muito bem todos esses processos. “Hoje não se permite que os OLs sejam engessados, todos têm que acompanhar a velocidade do mercado e ter respostas rápidas para atender o segmento”, enfatiza Azevedo.

Agapito Sobrinho, da BBM Logística, também ressalta que, pela dinâmica do segmento, os Operadores Logísticos devem estar preparados para prover soluções cada vez mais integradas em toda a cadeia de suprimentos do setor, buscando alta produtividade e alto nível de serviço, com muita consistência e regularidade nos prazos de atendimento. “O domínio da informação em tempo real em todas as fases do processo logístico e de transporte também se tornou imprescindível. Não há mais espaço para amadores”, destaca o diretor executivo comercial.

Pelo lado das transportadoras – agora segundo o diretor comercial da Braspress –, as novas exigências de serviço que têm chegado seguem na linha da “gestão do momento da entrega”, quer dizer, agora o transportador passa a ser um preposto do remetente na ocasião de entregar, resolvendo problemas de desacordo dos pedidos, algo que só pode ser efetivado por meio de aplicativos inteligentes que deem ao entregador acesso a procedimentos estabelecidos pelo remetente, bem como modos de comunicação online que o coloquem em contato com o vendedor dos produtos para que este, no ato da realização da entrega, o oriente sobre como deve proceder nos casos não previstos nos procedimentos.

Groff, da Via Pajuçara, também faz uma análise pelo lado das transportadoras e afirma que, de modo geral, dentre os fatores que mais demandam cuidados, estão a fragilidade de alguns itens e os picos de demandas sazonais. O transportador tem que contar com um contingente de pessoas e veículos para esses períodos de pico na demanda para manter a qualidade e performance em suas movimentações.

Outro grande desafio – ainda segundo o gerente nacional – é atender, simultaneamente, a muitos destinatários com agendamentos e filas de espera nas mesmas datas, pois são operações que exigem carros exclusivos, equipes adicionais de ajudantes, separação por item, por lote, etc. “Estamos tendo que nos adaptar a um novo formato interno de trabalho. Mesmo sendo transportadora, serviços de picking e armazenagem estão sendo exigidos nos últimos anos”, complementa Gustavo Krás Borges Ferreira, coordenador de qualidade e marketing da Transportadora Minuano.

Rosa, da ID Logistics, também ressalta que esse segmento passou a exigir um sistema robusto e confiável com ferramentas de controle de rastreabilidade dos produtos, segregação, bloqueio, assim como habilidade para desenvolver rapidamente ajustes de acordo com as mudanças impostas por órgãos regulatórios.

Também neste contexto, Cortizo, da Mosca Logística, diz que o segmento tem exigido características especificas de atendimento, como: adequação à Logistica 3.0, cumprimento das normaticas do governo (CIOT, por exemplo), mão de obra especializada – face às exigências de licenças e perfil diferenciado dos volumes –, infraestrutura de terminais adaptados às exigências da ANVISA, rotas diferenciadas visando atendimento segmentado (face ao valor agregado dos produtos), tecnologias que tragam agilidade nas coletas e entregas, além da comunicação online de ocorrências e entregas. Além disto, investimentos em tecnologia de picking e comunicação, mão de obra especializada, bom relacionamento junto aos destinatários, licenças especificas, frota dedicada, ampliação e terminais estruturados têm sido os principais fatores de exigência no atendimento ao segmento.

E, além de tudo isto, visibilidade total em cada etapa das operações. De acordo com Leonel, da TPC Logística Inteligente, esta é a mudança mais significativa em termos de requerimentos, que só pode ser atendida com investimentos em sistemas de informação performantes.

“O cerne de tudo é o cliente final, por isso, cabe aos Operadores Logísticos e às transportadoras entender as necessidades e expectativas do consumidor, alinhando estratégias para atendê-los. É parte fundamental oferecer serviços que tragam confiabilidade ao processo logístico. É necessário ter agilidade e confiabilidade das informações durante todo o processo, uma vez que logística não é o core business do segmento e eles precisam ter visibilidade da cadeia end to end”, aponta, agora, Luiza, da Sequoia, enquanto Gonçalves, da Veloce, afirma que o que comprova a qualidade da empresa neste segmento também envolve a excelência na performance de entregas (mínimo de 95% de acuracidade), o que somente pode ser atingido com monitoramento e controle de entregas e pendências (ocorrências).

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