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Especial 22 de março de 2017

Custo, falta de financiamento e “dinheiro curto” beneficiaram o setor de locação de empilhadeiras em 2016

Ao invés de comprarem novas máquinas, as empresas usuárias destes equipamentos preferiram a locação, buscando, inclusive, a redução de custos com manutenção. É o que informam alguns dos locadores de empilhadeiras.

Interessante notar que, quando fazem uma análise de como foi o desempenho do setor de locação de empilhadeiras em 2016, os representantes do segmento ou falam em resultados positivos, ou se queixam de queda, como a ocorrida em outros segmentos.

“O mercado de locação de empilhadeira foi totalmente imprevisível em 2016, já que se esperava uma baixa na locações, mas os valores e as quantidades negociadas foram bem atrativas e atípicas, considerando o momento que vivemos, com crise política e econômica”, aponta Wagner Honorato dos Santos Junior, gerente geral da Empilhadeira Santana (Fone: 62 3297.3001).

Rafael Arroyo, gerente de marketing da Crown Brasil (Fone: 11 4585.4040), avalia que a locação se mostrou o modelo de negócios mais atrativo às empresas na movimentação de materiais em 2016. O receio de novos investimentos em um momento econômico difícil, adicionado à oportunidade de mitigar riscos, garantir eficiência e controle operacional, fizeram com que locar empilhadeiras se tornasse uma forma mais segura. “Um dos principais fatores que influenciaram a mudança dentro do momento econômico foi a flexibilidade que o modelo de locação possui para adaptar quantidade de equipamentos, tipos e seus custos consequentes de acordo com a evolução da demanda”, explica Arroyo.

Alberto André, administrador da Empitec Comercial Eireli EPP (Fone: 47 3368.7075), tem opinião semelhante. Segundo ele, muitos clientes optaram por não comprar equipamentos, desta maneira as empresas locadoras tiveram que disponibilizar mais equipamentos para alugar. Por isto, mesmo com a crise, a empresa cresceu com o segmento de locação. “O ano de 2016 para qualquer segmento foi de retração, mas em locação ainda houve uma retração um pouco menor, pois, devido à menor disponibilidade de dinheiro, muitas empresas optaram pela locação, ao invés de comprar”, acrescenta Andrigo Cremiatto, CEO da Promov Empilhadeiras (Fone: 11 3929.2080).

Luís Fernando de Almeida Júlio, CEO da Logiscom Comércio e Locação (Fone: 19 3223.5027), também diz que 2016 foi um ano muito bom para a sua empresa, apesar da recessão que o País passou e ainda passa. “Muitas empresas foram cautelosas, deixando de comprar e realizar investimentos, abrindo assim as portas para o mercado de locação.”

Ainda de acordo com Almeida Júlio, também naquele ano houve uma grande diferenciação entre os locadores, onde os bons prestadores de serviço se destacaram e os aventureiros foram obrigados a encerrar suas atividades. “Como muitos clientes devolveram máquinas, os locadores ficaram com estoque alto, fazendo com que os preços fossem depreciados.”

Por outro lado, Eduardo Makimoto, diretor da AESA Empilhadeiras (Fone: 011 3488.1466), destaca que o setor de locação foi fortemente impactado pela crise, de maneira proporcional à redução de produção da indústria. “Observamos queda acentuada na demanda, principalmente no setor automobilístico, que enfrenta o terceiro ano consecutivo de redução. Porém, novas oportunidades foram abertas. Desenvolvemos soluções com foco em redução de custo e otimização de recursos com o objetivo de gerar demanda no momento de crise. Tal ação teve resultado e possibilitou à Aesa, além de sobreviver, crescer no setor de locação”, comenta Makimoto.

José Renato da Costa Corrêa, da Auxter (Fone: 11 3602.6000), por sua vez, diz que 2016 foi um ano de muitos desafios para o segmento, com alto índice de devoluções de equipamentos, renegociação para reduzir custos, readequação da estrutura de atendimento e aprendizado. “De fato, o ano de 2016 foi de redução de custos, empresas devolvendo equipamento ou trocando de fornecedores a procura de menores preços”, emenda Enéas Basso Junior, diretor comercial da Eletrac Indústria e Comércio (Fone: 11 4523.3890).

“O ano de 2016 foi marcado por desastrosos fatores políticos e econômicos que provocaram retrocesso ao país. Esse cenário afetou as finanças, a estrutura e a capacidade operacional das empresas, que foram obrigadas a reduzir a produção e adotar drásticas medidas de paralisação dos investimentos e contenção dos custos, como exemplo, alteração dos processos internos, minimizando ou eliminando, quando possível, o custo da locação de equipamentos, como empilhadeiras. Portanto, houve significativa queda na demanda de locação e criou-se um excedente no mercado, devido ao volume de equipamentos desmobilizados, sendo que o valor de venda de usados também sofreu redução pelo excesso de oferta”, diz agora, com pesar, Beatriz Barbosa, gestora da qualidade e desenvolvimento organizacional da Elba Equipamentos e Serviços (Fone: 31 3555.2600).

Fábio Pedrão, diretor executivo da Retrak Comércio e Representações de Máquinas (Fone: 11 2431.6464), diz que o ano de 2016 começou difícil em virtude do fraco desempenho de 2015. A expectativa era que o ano se recuperasse nos meses seguintes, o que acabou por não acontecer. Alto custo de financiamentos, impedimento da presidente e união, estados e municípios com baixa captação de receitas devido à baixa atividade econômica marcaram o ano.

“A verdade é que mesmo os segmentos em melhor situação tendem a ser conservadores em momentos de crise. Os que não vão bem cortam investimentos imediatamente. Os demais o fazem por preocupação. Manter posição foi o que todos fizeram”, avalia Pedrão.

Concluindo a análise sobre o desempenho do setor de locação de empilhadeiras em 2016, Filipe Novacoski, supervisor de rental da Toyota Material Handling Merco Sur (Fone: 11 3511.0400), diz que foi um ano de muita especulação, visto que a maioria das empresas apresentava insegurança no momento da decisão final, sempre buscando analisar a melhor solução comparando compra com locação. “Com a influência da economia e a insegurança dos bancos na liberação de crédito, o resultado das negociações foi um pouco abaixo do esperado, uma vez que mesmo em reajustes atuais como novas negociações notamos que temos que ser muito flexíveis. Mas, iniciamos o ano com grandes expectativas e procura na retomada de negociações que iniciaram no ano passado”, completa Novacoski.

Maiores locadores
Os participantes também apontam os segmentos que mais locaram empilhadeiras no ano passado.

“O segmento que manteve o movimento foi o alimentício, onde a redução foi em menor proporção em comparação a outros que tiveram quedas acentuadas”, aponta Corrêa, da Auxter.

Arroyo, da Crown, também diz que foi o segmento alimentício, junto com o automotivo e o de serviços logísticos – Operadores Logísticos e transportadores – os que, direta ou indiretamente, mais locaram empilhadeiras em 2016. Possivelmente por se destacarem como grandes impulsionadores da logística no país, produziram o reflexo de demanda em locações no ano, também pela redução de investimentos em compras de novos equipamentos, o que migrou em parte para o modelo de locação em 2016.

André, da Empitec, lembra que o setor de alimentação e os Centros de Distribuição das grandes lojas online também se destacaram na locação de empilhadeiras em 2016. Isto porque a alimentação é algo necessário e os CDs, com a facilidade de compras pela internet devido às ofertas e aos parcelamentos facilitados, passaram a exigir mais rapidez nas operações.

O CEO da Promov Empilhadeiras diz que a cadeia alimentícia foi uma grande consumidora de empilhadeiras porque, além de passar por novas legislações no que diz respeito ao uso de empilhadeiras, também passa por verticalização e, por isso, foi a que menos sentiu a crise.

Novacoski, da Toyota, diz que, além do alimentício, setores como de material para construção, logístico, varejo e atacado também foram grandes clientes das locadoras de empilhadeiras em 2016. Ele acredita que o motivo seria a continuidade de investimentos do setor, mesmo com a crise econômica que o país está passando.

“Temos acompanhado notícias de que alguns setores estão mais resilientes, gerando emprego, ainda que em ritmo lento, como o de bebidas, celulose, têxtil e calçadista. Provavelmente esses segmentos tenham locado mais empilhadeiras em 2016”, acredita Beatriz, da Elba Equipamentos.

Na visão de Basso Junior, da Eletrac, o setor público foi o que mais locou empilhadeiras em 2016, enquanto Santos Junior, da Empilhadeira Santana, aponta o agronegócio – com crescimento em produtividade –, e Pedrão, da Retrak, diz que, apesar de a crise ter atingido todas as empresas ligadas a produtos de consumo, o atacado e o varejo fizeram o bom momento para o setor de empilhadeiras. “Muitas lojas foram fechadas, mas um grande número de novas lojas foi inaugurado. O setor de autosserviço demanda um grande consumo de empilhadeiras. A opção por locação tem sido maior. Transfere-se o investimento, a manutenção e a gestão de frota para um especialista”, diz o diretor executivo da Retrak.

E 2017?
Falando sobre as perspectivas para o setor em 2017, Makimoto, da AESA Empilhadeiras, revela que há fortes indícios de que o setor automobilístico voltará a crescer a partir do segundo semestre de 2017. “Não esperamos que volte aos níveis de três anos atrás, mas que haverá um crescimento significativo, sustentado pelos investimentos que estão sendo realizados desde o final de 2016.”

Ainda segundo o diretor da empresa, o índice de confiança tem apresentado crescimento, assim como o índice de vendas no varejo, o que sinaliza o fim do fundo do poço, ou seja, iniciaremos a trajetória ascendente de consumo, estimulando, assim, toda a cadeia produtiva. Com isso haverá demanda por locação, motivado, principalmente, pela alta idade média da frota no Brasil.

Costa Corrêa, da Auxter, avalia, por seu lado, que considerando uma projeção de PIB 0,5% positivo teremos um leve crescimento, com maior otimismo baseado na recuperação da economia. Ainda de acordo com ele, a recuperação da indústria e de seu nível de atividade como um todo pode influenciar positivamente o ano de 2017, pois é onde houve a maior queda em 2016.

Também otimista, o gerente de marketing da Crown Brasil diz que as perspectivas são de gradual melhoria do mercado de empilhadeiras, impulsionada pelo aumento do consumo de alimentos e gradual recuperação das indústrias de bens de capital. “Acreditamos em um mercado ainda hesitante quanto a investimentos de volume, o que é de se considerar, porém, com busca por eficiência, redução de gastos desnecessários, conquistas de novas tecnologias e um otimismo prudente, que ajudará as melhores empresas a se prepararem para o que há por vir a partir deste ano.”

Referindo aos fatos que, em 2017, podem influenciar no desempenho (negativo ou positivo) do setor de locação de empilhadeiras, Arroyo diz que, em geral, a recuperação da economia influenciaria positivamente o setor de empilhadeiras como um todo, em especial o de locação. A locação permanece como um modelo de maior garantia e menor risco para as empresas, pela flexibilidade encontrada em seus contratos. Negativamente, o setor pode ser impactado por rupturas no modelo político-econômico mundial e impasses em reformas políticas. Positivamente, a agenda mundial pode ser alterada para melhor para o Brasil, com a adoção de acordos bilaterais com os principais mercados mundiais, assim como aprovações de medidas que impulsionem a recuperação da economia nacional. “Porém, a tendência para 2017, a nosso ver, permanece apresentando a locação como a melhor opção para investimentos em equipamentos, diante de circunstâncias não completamente definidas”, completa o gerente de marketing da Crown Brasil.

Basso Junior, da Eletrac, salienta que 2017 começou com uma demanda bem melhor que 2016, com empresas tirando seus projetos da gaveta. Porém – diz ele –, a guerra de preços deve continuar forte e não deve ainda voltar aos patamares de 2015. Assim, o que pode influenciar no desempenho do setor é a flexibilidade por parte do locador, já que a redução de custos será a tônica de 2017.

Na análise da gestora da qualidade e desenvolvimento organizacional da Elba Equipamentos, o mercado é dinâmico e sofre mudanças em virtude das novas necessidades que vão se apresentando e das exigências do consumidor final. Porém, Beatriz alerta que os desafios do governo são inúmeros, destacando-se a necessidade de adotar medidas para reconquistar a credibilidade interna e externa no mercado brasileiro. Para superá-los, é preciso utilizar estratégias apoiadas na ampliação e modernização da infraestrutura para estimular a retomada dos investimentos privados e gerar empregos. “Essa perspectiva de mudança gradativa do cenário nacional pode alimentar a nossa esperança de melhores anos para o mercado de locação de equipamentos, destacando-se o de empilhadeiras, pelos vários diferenciais que este equipamento apresenta.”

Mais detalhista, Francisco Carlos C. Danyi, diretor da Eletrofran Comércio e Serviços (Fone: 11 3858.8132) diz que, para 2017, a perspectiva é de crescimento na ordem de 9%. “Se não houver mudanças na política econômica, nosso setor tem grandes possibilidades de crescimento”, comenta Danyi.

Santos Junior, da Empilhadeira Santana, também acredita que 2017 será melhor para o setor, pois com a crise política que estamos tendo e com a falta de investimentos, as empresas estão com medo de investir, fazendo com que as locações sejam mais atrativas e, com o custo fixo, isto é bem mais interessante. Sobre os fatos que, em 2017, podem influenciar no desempenho do setor de locação de empilhadeiras, o gerente geral da Empilhadeira Santana diz que, como fator positivo, é o crescimento da agroindústria, e o que pode ser negativo é a questão de pequenos locadores trabalharem valores bem abaixo do que o mercado pratica, fazendo com que o valor tenda a cair e o custo de investimento em equipamentos novos não seja tão atrativo, a fim de que os locadores possam investir.

Novacoski, da Toyota, é outro representante do setor que mantém expectativas otimistas para 2017, visto que iniciaram o ano com grande procura na atualização de propostas do ano passado e procura de novas empresas com baixo e alto volume de equipamentos.

“Com a economia instável, os bancos ficaram mais rigorosos na análise de crédito. Tal fato pode impactar bastante o mercado de locação, pois as empresas de grande porte utilizam muitas vezes capital próprio e as pequenas e médias empresas, que representam grande parte do mercado atual, precisam contar com os créditos dos bancos. Mesmo assim, estamos otimistas quanto ao ano de 2017, levando em consideração a retomada de negociações que estavam pendentes em 2016”, completa o supervisor de rental da Toyota.

Cremiatto, da Promov, aponta que, com a demanda pelo setor alimentício crescendo e a recuperação dos demais setores da economia é esperado que em 2017 haja uma boa recuperação, não ainda a patamares pré-crise, mas ao menos recuperando bem as perdas de 2016. “Positivamente, é obvio que a recuperação será o fator mais influente. Por outro lado, como fator negativo ao desempenho do setor, temos o fato de diversos pequenos negócios que trabalham com preço muito abaixo do mercado, prejudicando os locadores bons.” André, da Empitec, também acha que haverá aumento de frota devido ao fato de as empresas não terem crédito para compra de equipamentos, optando então pela locação. De acordo com ele, a política está muito instável e, juntamente com o aumento de impostos e juros oscilando, a compra fica inviável.

“De fato, os altos juros e a instabilidade na política nos levam a crer que será 2017 será um ano bem difícil, parecido com 2016”, aponta Almeida Júlio, da Logiscom. Ele também lembra que o aumento nas taxas de juros para compra de equipamentos novos impactará no repasse aos clientes – em resumo, preço de locação mais alto. “Por outro lado, conforme citamos, o custo para aquisição de um equipamento novo ou usado não é baixo, ou seja, quanto mais as empresas economizarem, seja em investimentos ou em pessoas, e tiverem um índice positivo de desempenho na operação, a probabilidade de novos negócios para a locação é forte”, completa o CEO da Logiscom.

Pedrão, da Retrak, também diz que, assim como 2016, 2017 não promete grandes esperanças. Baixo índice de atividade econômica e alto índice de desemprego indicam que os empresários serão ainda mais conservadores para o ano que se inicia. Ele continua acreditando no setor de produtos de consumo, no atacado e no varejo. São setores sensíveis, mas dinâmicos. Mesmo com a crise mostraram força em um ano tão difícil.

Quantos aos fatos que, em 2017, podem influenciar no desempenho (negativo ou positivo) do setor, o diretor executivo da Retrak aponta como negativos: alto custo do capital, rigidez na concessão de crédito, insegurança quanto ao ambiente político, insegurança quanto aos rumos da economia brasileira e alto nível de desemprego. Já a redução nos investimentos das empresas criará oportunidades para o setor de locação de empilhadeiras. Em cenários de incerteza a cautela é o melhor remédio, diz ele.

Novos nichos
Finalizando, os representantes do setor apontam os novos nichos de mercado para o segmento de locação de empilhadeiras em 2017.

No caso da Toyota, Novacoski diz que, para este ano, têm grandes expectativas para os setores alimentício, logístico, atacado e varejista.

Arroyo, da Crown Brasil, diz que locações de curto prazo têm se apresentado como uma demanda crescente, principalmente para serviços logísticos de rápida realização – empresas de serviços, principalmente, enquanto que Basso Junior, da Eletrac, diz que empresas que alugaram máquinas antigas para baixar custos devem voltar ao mercado para modernizar suas frotas e reduzir problemas operacionais. “As empresas que têm empilhadeiras próprias as têm substituído por empilhadeiras locadas, onde encontram maior rapidez no atendimento e custos menores”, completa Danyi, da Eletrofran. André, da Empitec, aponta que os setores de importação e exportação tendem a migrar para locação, pois essas empresas ainda estão seguras e, assim, optam pela locação, e não pela compra de máquinas – “o aumento do setor dever-se-á ao aumento do número de empresas que passarão a preferir a locação, ao invés da compra”, completa Pedrão, da Retrak.

Tabela-01

Tabela-02

Tabela-03

Enersys
Savoy
Retrak
postal