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Capa 16 de outubro de 2023

Descarbonização na logística: desafios, tecnologias, estratégias, benefícios e tendências no mercado brasileiro

A descarbonização no setor logístico é imperativa não apenas para a mitigação das mudanças climáticas, mas também como um vetor de benefícios econômicos substanciais que estão, de maneira crescente, pautando as decisões corporativas.

A descarbonização na logística envolve um conjunto de estratégias e práticas destinadas a reduzir as emissões de carbono associadas às operações de transporte, armazenamento e distribuição de mercadorias. Essa é uma área importante de foco, considerando o impacto significativo que o setor de logística tem nas emissões globais de gases de efeito estufa.

Entretanto, a busca por descarbonização na logística encontra uma diversidade de desafios complexos, que vão desde nuances técnicas até barreiras socioeconômicas. “Atualmente, nossa infraestrutura logística é predominantemente ancorada em combustíveis fósseis, que são significativos emissores de carbono. A transição para modelos mais sustentáveis e verdes necessita de substanciais investimentos em tecnologias limpas, como veículos elétricos, combustíveis alternativos, com uma notável, mas gradual, expansão dos biocombustíveis, e sistemas de transporte aprimorados. A insuficiência de infraestrutura adequada, como estações de recarga para veículos elétricos e sistemas de transporte público eficientes, aparece como uma considerável barreira para alcançar reduções de emissões de carbono no setor logístico”, pontua Nathália Weber, diretora da CCS Brasil.

Simultaneamente, continua ela, a evolução para uma logística mais sustentável demanda uma força de trabalho qualificada, capacitada para manipular, manter e aperfeiçoar novos processos e tecnologias. A limitação de profissionais qualificados e a necessidade por educação e treinamento contínuo surgem como desafios relevantes para a incorporação de práticas logísticas verdes.

A ausência de políticas e diretrizes claras e unificadas também se mostra como uma limitação ao progresso da descarbonização no setor. Incentivos claros e normativas sólidas são essenciais para direcionar as empresas na transição para práticas e tecnologias mais sustentáveis, incentivando a colaboração entre os diferentes atores do cenário logístico.

Financeiramente, os custos elevados para adoção de tecnologias mais limpas e a restrição de recursos e de acesso a financiamentos adequados podem atrasar a realização de iniciativas de descarbonização. “Dessa forma, a elaboração de mecanismos de financiamento e incentivos fiscais robustos torna-se crucial para promover a transição para uma logística mais sustentável”, pondera Nathália.

Relativamente à adoção de tecnologia, as dificuldades em avaliar as tendências tecnológicas de descarbonização podem dificultar a integração efetiva de inovações. A aceitação rápida de tecnologias emergentes, como inteligência artificial e automação, é fundamental para atingir níveis de eficiência operacional elevados e redução de emissões.

Na questão da conscientização e comprometimento, a insuficiência de conhecimento sobre a importância e os benefícios da descarbonização na logística pode resultar em um comprometimento abaixo do ideal por parte de empresas e indivíduos. Assim, esforços de educação e sensibilização são vitais para instigar uma cultura de sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

Finalmente, alcançar um equilíbrio entre desenvolvimento econômico, inclusão social e preservação ambiental representa um desafio inerente ao processo de descarbonização. A formulação de modelos de negócios sustentáveis e a inclusão de critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) em decisões estratégicas são imperativos para edificar um setor logístico mais resiliente e sustentável.

“Em resumo, a trajetória para a descarbonização logística é marcada por desafios variados, mas, através da colaboração entre diversas partes interessadas, a instauração de políticas eficazes, investimentos em infraestrutura e tecnologia, e o desenvolvimento da força de trabalho, é possível contornar esses desafios e pavimentar o caminho para um futuro mais sustentável no setor logístico, com princípios e valores voltados à responsabilidade ambiental e social”, completa a diretora da CCS Brasil.

Diego José Barbosa Freire, consultor comercial da Truckfor, também faz um amplo “relatório” dos desafios enfrentados na descarbonização na logística: Infraestrutura inadequada: a transição para veículos elétricos ou movidos a energia limpa requer uma infraestrutura de carregamento ou abastecimento eficiente, que muitas vezes está ausente ou subdesenvolvida; Custo inicial elevado: veículos elétricos e tecnologias de baixa emissão costumam ser mais caros do que seus equivalentes movidos a combustíveis fósseis, o que dificulta a adoção, especialmente para pequenas empresas; Alcance limitado: a autonomia limitada de veículos elétricos e de hidrogênio ainda é um desafio, especialmente para longas distâncias e transporte de carga pesada; Armazenamento de energia: a logística descarbonizada depende de sistemas de armazenamento de energia eficazes para atender à demanda intermitente de energia limpa, como a solar e eólica; Gestão da cadeia de suprimentos: rastrear e gerenciar emissões de toda a cadeia de suprimentos é complexo, especialmente quando envolve fornecedores globais; Políticas e regulamentações: a falta de políticas consistentes e regulamentações de emissões pode desacelerar a adoção de práticas de logística descarbonizada; Aceitação do mercado: a aceitação do mercado e a demanda dos consumidores por produtos sustentáveis podem variar, afetando o incentivo para a descarbonização; Inovação tecnológica: a pesquisa e o desenvolvimento contínuos são necessários para aprimorar as tecnologias de baixa emissão e torná-las mais acessíveis; Treinamento e qualificação de pessoal: a transição para tecnologias mais limpas muitas vezes exige treinamento e capacitação de pessoal para operar e manter novos equipamentos.

Os principais desafios enfrentados atualmente na busca pela descarbonização na logística, sob a ótica do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná – SETCEPAR, também incluem a necessidade de investimentos em tecnologias e infraestrutura e, mais ainda, a adaptação às regulamentações e metas de redução de carbono, a conscientização e o engajamento dos envolvidos e a garantia da viabilidade econômica das soluções adotadas, aponta o presidente do Sindicato, Silvio Kasnodzei.

Na verdade, e isto está claro, na busca pela descarbonização, o setor de transporte vem sendo desafiado com metas cada vez mais arrojadas visando a redução das emissões de gases de efeito estufa, entre eles, o mais importante, o CO2. “Vários desafios impõem um grande esforço ao setor em busca da neutralidade de carbono, como maior disponibilidade de combustível renovável, como etanol e biodiesel, bem como o desenvolvimento e a oferta de outras opções, como o HVO e biometano”, diz, agora, Everton Lopes da Silva, diretor de Tecnologia da MAHLE Metal Leve.

“É fundamental se criar uma cultura que dependa cada vez menos dos combustíveis fósseis na obtenção de energia. O setor de transportes é responsável por cerca de 20% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, então buscar a descarbonização do setor é uma importante contribuição no tocante às mudanças do clima. Isso vale em especial para o Brasil, considerando-se que no setor energético, que emite cerca de 47% do total das emissões de energia, o transporte de carga corresponde a 40% desse total. A dependência do transporte rodoviário, o alto valor relativo do uso da mobilidade elétrica, por exemplo, a falta de investimentos específicos voltados à descarbonização do transporte estão entre alguns dos principais desafios”, diz o professor Edson Grandisoli, coordenador pedagógico do Movimento Circular.

Bem lembrado: a matriz do transporte de cargas no país ainda está extremamente concentrada no modal rodoviário, e isso já implica numa forte dependência de combustíveis fósseis, dado que a relação entre consumo de combustível e produtividade é bastante prejudicada. A adoção de novas tecnologias e combustíveis de baixo carbono, como veículos elétricos e, futuramente, de hidrogênio verde, ainda enfrenta desafios técnicos, de infraestrutura e até mesmo de aceitação do mercado.

Além disso – continua André Arruda, diretor geral da Termaco Logística –, a aquisição de veículos e tecnologias mais sustentáveis pode ser mais cara inicialmente, e carece de uma política propositiva de incentivo, e isso pode causar resistência em clientes e stakeholders. Por último, medir e reduzir as emissões ao longo da cadeia logística é muito complexo e a falta de infraestrutura para veículos elétricos ou de abastecimento de hidrogênio é um desafio significativo.

Também relacionando os principais desafios enfrentados atualmente em busca da descarbonização na logística, Eduardo Canicoba, VP da Geotab no Brasil, destaca que o processo de descarbonização das frotas ainda é recente no Brasil, e o mercado está em fase de amadurecimento e mais consciente sobre a relevância desse tema. “Muitos gestores necessitam de apoio para saber quais os veículos ideais para suas frotas. Além disso, são poucas as ferramentas disponíveis, e ainda não muito conhecidas, para gerenciar corretamente a operação e o consumo dos veículos, distâncias percorridas, necessidade de abastecimento, hábitos de condução, além de gerar de dados para embasar e direcionar a criação de metas de negócios que garantam de forma eficiente a redução das emissões de CO2.”

Na prática, os desafios enfrentados podem ser traduzidos na fala de Franco Gonçalves, gerente administrativo da TKE Logística, uma empresa transportadora localizada no sul de Santa Catarina. “Nossa empresa tem uma cultura de se preocupar com o meio ambiente e, frequentemente, estamos analisando as possibilidades para mudanças que possam ajudar em um menor impacto das nossas operações. Hoje, estamos com projetos de inserir veículos com energia renovável em nossa frota, no entanto, existe dificuldade de viabilizar estes veículos para muitas operações, visto que são, em sua maioria, com grandes distâncias e cargas pesadas, o que acaba nos apresentando dificuldade em localizar postos aptos para receber carretas e caminhões que façam o abastecimento com gás ou eletricidade – lembrando que em muitos postos o acesso e os bicos de vazão não permitem acesso para veículos grandes, apenas para carros.”

Bruno Silva, gerente Sênior de Operações da ZF Aftermarket América do Sul, e Daniela Beltrame, diretora de Logística da ZF América do Sul, complementam esta análise expondo que, historicamente, a área de logística sempre foi associada à área de fretes, puramente dita, portanto, uma logística eficiente significava um caminhão com ocupação máxima. No entanto, os desafios da redução de CO2 não se restringem apenas a caminhões elétricos e compensação de emissões.

“A ZF passou a entender que a distribuição eficiente poderia ser um parceiro muito mais adequado na redução de gases lançados na atmosfera, com um planejamento arrojado, uso de inteligência artificial, fortalecimento dos processos de demanda e com estas ações trazer benefícios mais duradouros que, associados às ações de eletrificação e compensação, podem se tornar um grande diferencial para o planeta”, diz Daniela.

Tecnologia e estratégias

Diversas soluções estão sendo estudadas e implementadas para mitigar as emissões de carbono inerentes às operações logísticas, tendo em vista um futuro mais sustentável e competitivo em uma economia de baixo carbono. Entre estas, estratégias como a otimização de rotas e a adoção de sistemas inteligentes de gestão se destacam, proporcionando reduções significativas nas emissões, ao maximizar a eficiência operacional e diminuir o consumo de combustível. A eletrificação de veículos e a transição para energias limpas são também cruciais, possibilitando uma logística mais verde e menos dependente de combustíveis fósseis.

“Além disso – continua Nathália, da CCS Brasil, referindo às tecnologias e estratégias mais promissoras para reduzir as emissões de carbono nas operações logísticas –, a implementação de práticas de economia circular e a utilização de materiais sustentáveis têm um impacto substancial, diminuindo o impacto ambiental ao longo de toda a cadeia logística.”

No contexto específico do Brasil, há um notável enfoque nas potencialidades do hidrogênio de baixo carbono, dos biocombustíveis, que podem ser combinados às tecnologias de captura e armazenamento de carbono. O país, rico em recursos naturais e renováveis, está ativamente explorando o hidrogênio como uma solução energética limpa, visando principalmente veículos de transporte pesado e indústrias difíceis de descarbonizar, o que tem um potencial significativo para transformar o setor logístico.

A evolução dos biocombustíveis também é evidente, segundo a diretora da CCS Brasil, com o Brasil aproveitando suas condições propícias para desenvolver alternativas renováveis e sustentáveis aos combustíveis convencionais. Esta transição para biocombustíveis tem o poder de reduzir consideravelmente as emissões de gases de efeito estufa provenientes das operações logísticas.

Simultaneamente, as tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS) estão recebendo atenção como métodos promissores para alcançar a neutralidade de emissões. Estas tecnologias têm o potencial de mitigar as emissões de carbono diretamente na fonte, sendo parte integrante da estratégia mundial para combater as alterações climáticas. “A combinação de CCS com biocombustíveis nos permite ir além de neutralizar as emissões, mas de fato entregar emissões líquidas negativas, ou seja, remover ativamente CO2 da atmosfera”, profetiza Nathália.

Além das tecnologias e estratégias mencionadas, a implementação de sistemas de gestão ambiental e a integração de critérios de sustentabilidade em decisões empresariais são igualmente importantes. Estas iniciativas garantem que os impactos ambientais sejam considerados e minimizados em todas as etapas da cadeia logística, contribuindo para uma operação mais sustentável e consciente.

“A conscientização e o comprometimento de todos os stakeholders, desde colaboradores a clientes, são indispensáveis para promover uma cultura de sustentabilidade. Este engajamento coletivo é crucial para impulsionar a adoção de práticas e tecnologias ecologicamente corretas, moldando um setor logístico que prioriza a responsabilidade ambiental. Combinando inovações tecnológicas, estratégias operacionais eficientes e um comprometimento robusto com a sustentabilidade, o setor logístico tem o potencial para se reinventar, atuando como um catalisador para um futuro de baixo carbono, com o Brasil desempenhando um papel significativo nesta transformação”, acentua a diretora da CCS Brasil.

Novamente, Freire, da Truckfor, também faz uma lista de algumas das tecnologias e estratégias promissoras para reduzir as emissões de carbono nas operações logísticas: Veículos elétricos e híbridos: a adoção de veículos elétricos e híbridos, incluindo caminhões e vans, pode reduzir drasticamente as emissões de carbono, especialmente em áreas urbanas; Energia limpa: usar fontes de energia limpa, como eletricidade renovável e hidrogênio verde, para alimentar frotas de veículos e instalações logísticas, pode eliminar emissões de carbono relacionadas à energia; Logística reversa: implementar sistemas eficazes de logística reversa para reciclar, reutilizar e remanufaturar produtos pode reduzir o desperdício e as emissões associadas à produção de novos produtos; Otimização de rotas: utilizar sistemas avançados de gestão de frota e roteamento para otimizar rotas e minimizar distâncias percorridas reduz o consumo de combustível e as emissões; Compartilhamento de carga: consolidar e compartilhar cargas entre diferentes empresas e parceiros logísticos pode reduzir a quantidade de veículos nas estradas e, assim, diminuir as emissões.

“Diante dessa necessidade urgente de redução das emissões de GEE, novas alternativas tecnológicas surgem a cada dia, portanto, diversas opções são possíveis, todas elas favorecendo as condições de cada região do globo. Para Europa e Ásia, a utilização da eletricidade e hidrogênio no transporte vem crescendo a cada dia e se demonstrando uma rota promissora. Já para os Estados Unidos, devido às suas distâncias continentais entre estados, a adoção de hidrogênio e o aumento do teor de biocombustíveis associado à eletrificação em grandes centros certamente vai acelerar o processo de descarbonização. Para o Brasil, devido a nossa matriz energética renovável, deverá ser intensificada nos próximos anos a utilização de combustíveis renováveis, associada à adoção de veículos híbridos em maiores volumes para veículos de passeio e elétricos puros para transporte coletivo e entregas de curta distância em grandes centros. Portanto, podemos dizer que o futuro será eclético”, expõe, agora, de uma forma mais global, Silva, da MAHLE Metal Leve.

Também para Grandisoli, do Movimento Circular, as tecnologias mais promissoras estão relacionadas ao uso dos biocombustíveis, entre eles o biogás, a mobilidade elétrica e o uso do hidrogênio. Entre algumas estratégias possíveis está valorizar produtos produzidos localmente, por exemplo, reduzindo a distância dos transportes. Outro ponto pouco falado é a melhoria das condições gerais de pavimentação das estradas, o que colaboraria para reduzir o consumo de combustíveis e as emissões associadas.

“As tecnologias e estratégias mais promissoras para reduzir as emissões de carbono nas operações logísticas incluem a eletrificação de frotas com veículos elétricos, o uso de combustíveis alternativos como o hidrogênio verde, a otimização de rotas e modais de transporte, a implementação de sistemas de gestão de energia e a adoção de práticas de logística reversa”, acrescenta Kasnodzei, do SETCEPAR, acompanhando de Arruda, da Termaco Logística. Também para este, o reaproveitamento e a reciclagem de materiais e produtos de consumo, assim como a criação de artigos de maior durabilidade podem restringir a necessidade de transporte de matéria prima e produtos acabados e, consequentemente, as emissões de carbono, assim como a integração da cadeia de suprimentos pode ajudar a reduzir o desperdício e as emissões de carbono.

“Acredito que depende de qual operação você está focado. Em operações de distribuição em curta distância, especialmente dentro de grandes cidades, ou em usinas, acredito que veículos elétricos podem realizar um bom trabalho – são silenciosos e ágeis, podendo inclusive ser carregados com energia solar nas empresas –, só precisamos de melhor autonomia nas baterias e um destino. Para viagens longas ou ciclos fechados como o florestal – dependendo da disponibilidade de estrutura para abastecimento nas rotas – o GNV pode ser uma boa alternativa. Hoje, acredito que as soluções que mais trarão impacto são o diesel verde/HVO, que poderá ser utilizado em veículos antigos, e o hidrogênio, que está em fase de testes”, acrescenta Gonçalves, da TKE Logística.

Segundo Bruno, da ZF Aftermarket América do Sul, a adoção de veículos elétricos e de emissão zero, como veículos movidos a hidrogênio, são algumas das tecnologias mais promissoras para reduzir as emissões de carbono nas operações logísticas. “No entanto, sozinhos não trarão o potencial total, mas associados a um planejamento estratégico e gestão, sem dúvida, são tecnologias que mudarão a maneira de distribuição.” Um caminho para esse feito é também a implementação de softwares avançados de gestão de frota, com o intuito de otimizar trajetos e, dessa forma, reduzir o consumo de combustível.

Adaptação

Empresas de transporte e logística estão imersas em um processo de adaptação e transformação para atender às regulamentações e metas de redução de carbono estabelecidas por governos e organizações internacionais. Parte deste processo envolve estudos aprofundados de novas tecnologias, reavaliação das frotas com vistas à introdução de veículos elétricos e ao uso de biocombustíveis e o desenvolvimento de sistemas avançados de gestão e automação, visando à digitalização e à otimização das operações.

No cenário de transição para práticas mais sustentáveis – ainda de acordo com Nathália, da CCS Brasil –, a integração de inovações tecnológicas está se tornando cada vez mais comum. Empresas estão estudando e investindo em soluções que possam reduzir a dependência de combustíveis fósseis e diminuir as emissões de gases de efeito estufa, representando, assim, uma resposta concreta e alinhada às demandas ambientais contemporâneas.

Contudo, a transformação observada vai além das mudanças operacionais e tecnológicas. Há um movimento significativo em direção à construção de capacidades estratégicas que incluem o investimento no desenvolvimento e na qualificação de equipes. A formação e a capacitação contínua dos colaboradores são vistas como essenciais para garantir a implementação efetiva de práticas sustentáveis e para estimular a inovação e a criatividade no desenvolvimento de soluções ecológicas.

A ênfase em valores éticos e responsabilidade ambiental e social também vem sendo incorporada à cultura organizacional. Empresas de logística e transporte reconhecem que a integração desses valores é crucial não só para atender às expectativas de stakeholders e consumidores, mas também para fortalecer a identidade corporativa e assegurar uma posição de destaque em um mercado cada vez mais competitivo.

“A manifestação de compromissos éticos e responsáveis permeia as estratégias empresariais, influenciando decisões a todos os níveis organizacionais. Essa internalização de princípios de sustentabilidade tem potencial para gerar impactos positivos duradouros, que suportem a competitividade de longo prazo das empresas em uma economia de baixo carbono”, completa a diretora da CCS Brasil.

Silva, da MAHLE Metal Leve, também lembra que as empresas de transporte vêm adotando novas tecnologias, seguindo as metas de redução de carbono globais, bem como as metas definidas dentro das suas políticas de sustentabilidade. Como por exemplo, substituição do diesel por biometano em transporte de cargas para longas distâncias ou adoção de veículos elétricos para entrega nos grandes centros, bem como a participação em frotas pilotos de testes para utilização em maior percentual de combustíveis renováveis como o Biodiesel.

Parcerias entre fornecedores e  clientes alinhados com essas metas e participação em programas de certificação e auditoria de emissões também são as ações que as empresas de transporte e logística estão adotando para atender às regulamentos e metas de redução de carbono estabelecidas por governos e organizações internacionais, segundo Kasnodzei. “E nós do SETCEPAR somos grandes apoiadores e incentivadores deste processo, promovendo não somente discussões sobre o tema, mas contando com um time de associados organizados em uma Comissão de ESG.”

Gonçalves, da TKE Logística, também aponta que, em grande parte, as empresas dependem de parcerias com seus clientes e fornecedores, já que muitos dos investimentos para utilização de uma frota com energia renovável não conseguem ser bancados com a maioria dos fretes. Então, é necessário analisar se é possível uma negociação diferenciada para a inclusão deles. Atualmente, o mais “acessível” tem sido a troca por veículos Euro 6, mas que ainda apresentam um investimento substancial para as empresas, diz o gerente administrativo.

Neste contexto, Arruda, da Termaco, também lembra que é necessário e imediatamente factível fazer a otimização de rotas e cargas para reduzir o consumo de combustível, minimizando o desperdício de materiais e de energia. “Temos também tecnologias atualizadas em motores a combustão que precisam estar presentes em toda a cadeia, a indústria automotiva vem trabalhado para oferecer soluções mais econômicas e menos poluidoras para redução de emissão de carbono.”

Além de todas estas medidas, Freire, da Truckfor, lembra que também é comum empregar tecnologias e práticas que melhoram a eficiência energética dos veículos, incluindo manutenção preventiva e treinamento de motoristas, além de recorrer a fontes de energia limpa, como eletricidade renovável e hidrogênio verde, para alimentar suas operações e veículos, monitorando e relatando as emissões de carbono ao longo de suas operações, garantindo transparência e responsabilidade.”

Outro ponto importante – também acusa o consultor comercial da Truckfor – é trabalhar em estreita colaboração com fornecedores, parceiros logísticos e clientes para alinhar estratégias de redução de carbono em toda a cadeia de suprimentos e educar seus funcionários sobre práticas sustentáveis, incentivando o envolvimento ativo em iniciativas de redução de carbono.

Benefícios

A descarbonização no setor logístico é imperativa não apenas para a mitigação das mudanças climáticas, mas também como um vetor de benefícios econômicos substanciais que estão, de maneira crescente, pautando as decisões corporativas.

Primeiramente, a transição para energias renováveis e a eficiência energética, como a incorporação de biocombustíveis e a eletrificação de veículos, podem conduzir a economias consideráveis em custos operacionais. A mitigação da dependência de combustíveis fósseis atenua a vulnerabilidade das empresas às flutuações dos preços do petróleo, conferindo maior estabilidade e controle financeiro.

Ademais, ainda segundo Nathália, da CCS Brasil, a aderência a práticas sustentáveis e iniciativas de descarbonização é um catalisador para o acesso a financiamentos verdes e incentivos fiscais. Diversos governos e entidades financeiras estão propiciando condições preferenciais para organizações comprometidas com a redução de emissões de carbono, facilitando a aquisição de capital com taxas de juros mais favoráveis e termos de pagamento mais flexíveis.

“A competitividade no mercado também é intensificada pela descarbonização. Há uma crescente demanda de consumidores e clientes por responsabilidade ambiental nas práticas empresariais. Logo, organizações que demonstram compromisso ambiental autêntico tendem a consolidar uma vantagem competitiva, explorando nichos de mercado e construindo uma clientela mais diversa e consciente.”

A valorização da imagem corporativa e o fortalecimento da reputação também são consequências diretas de compromissos sustentáveis concretos, continua a diretora da CCS Brasil. Estes compromissos cultivam a confiança entre consumidores, parceiros e investidores e podem se traduzir em lealdade do cliente e incremento das receitas.

A inovação é outro benefício intrínseco à descarbonização na logística. A busca incessante por soluções ecologicamente responsáveis incentiva o investimento em pesquisa e desenvolvimento, podendo revelar tecnologias e métodos operacionais inovadores que, no longo prazo, otimizam a eficiência e reduzem custos.

Finalmente, a gestão de riscos e a resiliência empresarial são reforçadas por práticas sustentáveis. Organizações que adotam proativamente estratégias sustentáveis estão mais aptas para se adaptarem a futuras regulamentações ambientais e restrições no uso de recursos, minimizando riscos associados à sustentabilidade e ao clima.

Diante desses benefícios, diz Nathália, as organizações logísticas estão reconhecendo que a descarbonização é um investimento estratégico, alinhado a uma visão de futuro sustentável e resiliente, transcendendo objetivos de lucro de curto prazo. “Esta transformação sinaliza uma reconfiguração significativa no pensamento empresarial, onde a descarbonização e a sustentabilidade se integram de maneira intrínseca à estratégia de negócios, delineando o porvir do setor de logística.”

Também é possível separar os benefícios econômicos da descarbonização na logística em tangíveis e intangíveis, como faz Silva, da MAHLE Metal Leve. “Olhando para os tangíveis, pode-se citar a valorização da empresa por participar de índices e fundos de investimento destinados, exclusivamente, a empresas sustentáveis, além da possibilidade de emissão de títulos de dívida atrelados a metas de sustentabilidade, sob juros mais atrativos, os green bonds ou sustainable linked bonds.

Como intangível, podemos citar o aumento da competitividade da empresa frente ao mercado, o que gera benefícios econômicos, por consequência. Cada vez mais as empresas de logística serão pressionadas a reduzir suas emissões para que o contratante também reduza a pegada de carbono dos seus produtos. Quem estiver atento à essa necessidade, vai sair na frente.”

Para muitas frotas, iniciativas de sustentabilidade também trazem vantagens financeiras, aponta o VP da Geotab. “Em nosso relatório de sustentabilidade e impacto do ano passado, estudos de eletrificação apresentados mostraram o potencial de economizar milhões de dólares por meio da redução dos custos de combustível e manutenção, ao mesmo tempo em que reduz as emissões de CO2. Estas reduções colaboram para que as empresas se interessem em obter operações de frotas mais eficazes. Por exemplo, em 2021, a Geotab conduziu uma pesquisa com profissionais de gestão de frotas norte-americanos que indicou que 63% dos entrevistados afirmaram que os dados de sustentabilidade ajudaram suas organizações a reduzirem custos operacionais das frotas”, explica Canicoba.

Por outro lado, como aponta Grandisoli, do Movimento Circular, é preciso compreender que o transporte de mercadorias representa uma fração das emissões de carbono. Olhando para a cadeia de produção, consumo e descarte como um todo, a descarbonização colaboraria para reduzir gastos em todos os setores da cadeia, colaborando com os negócios, com a sociedade e com o planeta como um todo. As pessoas estão cada vez mais informadas, e sentido no dia a dia os efeitos das mudanças do clima. Empresas que investem de maneira efetiva na descarbonização ganham potencial competitivo em sociedades cada vez mais preocupadas e conscientes dos impactos de suas ações.

“Penso, primeiramente, em uma melhora na qualidade de vida para os operadores, visto que não estariam mais tão à mercê da poluição veicular – seja por gases, seja sonora. Veículos elétricos apresentam uma mecânica mais ‘simples’ que os a combustão, por precisarem de menos componentes no trem de força, o que poderá apresentar maior agilidade e menor custo na manutenção; além de que, poderão ser abastecidos dentro dos CDs das empresas”, diz, agora, Gonçalves, da TKE Logística.

Como constatado, a conscientização sobre a sustentabilidade tem aumentado cada vez mais. Muitos consumidores hoje priorizam marcas que adotam práticas ambientalmente responsáveis. Com isso, empresas com operações logísticas que focam em soluções sustentáveis podem ter aumento da demanda por seus produtos e/ou serviços. Internamente, as corporações se beneficiam com a redução de custos operacionais e de custos com manutenções, mais eficiência energética, entre outras vantagens. “Claro que isso não depende apenas de parceiros logísticos. Cada empresa tem a responsabilidade de reavaliar seus processos e verificar o que pode ser feito internamente”, acentua Bruno, da ZF Aftermarket América do Sul.

Influências

Respondendo à questão sobre como a descarbonização afeta a cadeia de suprimentos e as relações entre fornecedores e clientes, Grandisoli, do Movimento Circular, diz que quando olhamos para a cadeia como um todo, estamos falando de um dos principais desafios das empresas para a descarbonização, o chamado Escopo 3, que diz respeito às emissões que as empresas não têm controle direto, como aquelas emitidas por fornecedores de uma cadeia produtiva. Empresas que têm aderido à ideia do net zero acabam por influenciar toda a cadeia de suprimentos e as relações entre clientes e parceiros.

“Nesse caminho, sem volta, os atores da cadeia se sentem cada vez mais obrigados a calcular suas emissões, deixando cada vez mais suas operações transparentes e sujeitas ao olhar cada vez mais crítico do mercado e da sociedade.”

De fato, a influência da descarbonização permeia diversas dimensões da cadeia de suprimentos, repercutindo substancialmente nas relações empresariais com fornecedores e clientes e fomentando uma profunda revisão dos métodos de produção e interação mercadológica. Este movimento em direção a práticas mais sustentáveis redefine os padrões de produção e consumo e impõe uma comunicação mais robusta e transparente entre todos os integrantes da cadeia.

Ainda de acordo com Nathália, da CCS Brasil, a adoção de métodos de baixo carbono está tornando-se um critério vital na seleção de fornecedores, levando empresas a priorizar parceiros alinhados com valores ambientais e sociais similares. Esta mudança promove um ambiente em que fornecedores se veem incentivados a implementar soluções ecologicamente responsáveis, como a adoção de energias renováveis e tecnologias de eficiência energética, visando a manutenção de sua competitividade e adequação às novas demandas de mercado. Para além do alinhamento de valores, observa-se uma tendência emergente na qual diversos produtos são submetidos ao reporte de suas emissões totais através de análises de ciclo de vida, englobando assim, a cadeia de suprimentos e as operações logísticas. A responsabilidade ambiental entra em cena de forma tangível, com a implementação de barreiras comerciais a produtos intensivos em emissões de gases de efeito estufa. Um exemplo claro desta prática é o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) imposto pela União Europeia, visando regulamentar as importações de produtos de alto teor de carbono.

“Os consumidores, por sua vez, estão cada vez mais voltados para a sustentabilidade como um fator crucial na escolha de produtos e serviços. A conscientização ambiental ampliada tem direcionado preferências para alternativas que tenham menor impacto ao meio ambiente. Empresas que negligenciam esta transição para práticas mais verdes podem experienciar declínios em reputação e receitas”, diz a diretora da CCS Brasil.

Estas transições também ressoam diretamente na logística das empresas. A pressão para a redução de emissões de carbono está catalisando a inovação e a implementação de novas práticas logísticas, como a otimização de rotas, a utilização de veículos de baixa emissão e o desenvolvimento de embalagens sustentáveis. Essas adaptações trazem benefícios recíprocos, otimizando custos, elevando a eficiência das cadeias de suprimentos e solidificando relações com fornecedores e clientes.

Consequentemente, a descarbonização surge como um motor de transformação nas cadeias de suprimentos, culminando na formação de modelos de negócio focados em sustentabilidade. Este processo engaja empresas, fornecedores e consumidores em uma jornada de responsabilidade ambiental e social, contribuindo para a construção de um cenário corporativo mais equilibrado e consciente das demandas ecológicas contemporâneas.

A verdade é que, também colabora Canicoba, da Geotab, a preocupação com a sustentabilidade está em todas as partes, desde empresas até consumidores finais. Ao adotar soluções que demonstrem a responsabilidade e cuidado com o meio ambiente, as empresas estreitam ainda mais seu relacionamento com o cliente. Além disso, ao optar por veículos elétricos, por exemplo, as empresas muitas vezes conseguem oferecer preços mais competitivos, o que é importante para a fidelização do cliente. 

Silva, da MAHLE Metal Leve, também concorda: a redução da pegada de carbono dos produtos é uma tendência global que sofre pressão regulatória e mercadológica. “Todos os participantes das cadeias produtivas, inclusive as empresas logísticas, sofrerão cada vez mais pressão para reduzir as emissões de CO2 e a pegada de carbono dos produtos. Em um futuro próximo, esses fatores serão determinantes na compra de produtos ou de serviços e na contratação de fornecedores. Empresas que não reportarem a emissão de CO2 de suas operações de forma transparente ou que não buscarem metas de descarbonização perderão espaço e serão eventualmente rejeitadas pelo mercado.”

Além de uma maior integração e colaboração entre os diversos elos da cadeia de suprimentos, aponta Kasnodzei, do SETCEPAR, também é necessário compartilhar informações sobre emissões de carbono ao longo da cadeia, buscar soluções conjuntas para reduzir impactos ambientais e estabelecer critérios sustentáveis na seleção de fornecedores. “A descarbonização pode exigir cooperação entre fornecedores e clientes para otimizar rotas e cargas e reduzir o desperdício. Também pode levar a novos requisitos para fornecedores e clientes, como o uso de embalagens recicláveis ou a redução do desperdício”, completa Arruda, da Termaco Logística.

Outra visão é a de Gonçalves, da TKE Logística: será necessária uma adaptação do mercado. Precisaremos não apenas de mais empresas desenvolvendo produtos para a manutenção desses veículos novos, como também de profissionais mecânicos, eletricistas e eletrônicos que tenham conhecimento técnico para trabalhar com essas novas tecnologias. Por exemplo: um motor elétrico normalmente não tem necessidade de uma embreagem ou caixa de câmbio, mas o que será que iremos precisar?

Perspectivas

As perspectivas para a descarbonização na logística convergem fortemente com a evolução do cenário global de sustentabilidade e com o comprometimento cada vez mais tangível das empresas com metas de redução de emissões. Este cenário prevê uma transição para práticas operacionais mais sustentáveis, sendo influenciado tanto pela inovação tecnológica quanto pela consolidação de políticas comprometidas com o desenvolvimento sustentável.

Nesse contexto, as tecnologias e estratégias de mitigação de emissões desempenham um papel vital. Antevê-se avanços significativos em biocombustíveis e fontes renováveis, como a energia solar e eólica, e progressos em técnicas de Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) e hidrogênio de baixo carbono, elementos fundamentais para a reestruturação das operações logísticas, bem como o desenvolvimento e a implementação de veículos elétricos e híbridos.

A implementação robusta de inventários de emissões surge como uma ferramenta indispensável para quantificar e gerenciar as emissões de carbono provenientes das atividades logísticas. A mensuração e o relato transparente dessas emissões tornam-se então essenciais, permitindo um maior alinhamento com as exigências normativas e com as expectativas dos stakeholders. Esta transparência e precisão no relato de emissões são propulsores de confiança e de credibilidade, fundamentais na relação com consumidores, parceiros e investidores.

A diretora da CCS Brasil ainda aponta que o avanço de metas, políticas e regulamentações voltadas à redução de emissões e à sustentabilidade, bem como as barreiras comerciais impostas a produtos intensivos em emissões, indicam um futuro onde a integração e a responsabilidade ambiental tornam-se determinantes na configuração das cadeias de suprimentos e nas relações comerciais. A concretização dessas metas requer a construção de capacidades estratégicas e a constante reavaliação das práticas operacionais, além do investimento contínuo em inovação e na qualificação de equipes.

“Este cenário promissor e multifacetado de descarbonização na logística não somente impulsiona transformações substanciais no setor, mas também reverbera de maneira significativa na sustentabilidade global e na mitigação das mudanças climáticas, estabelecendo, assim, um novo paradigma para a operação logística, alinhado à resiliência e à preservação ambiental”, prevê Nathália.

Segundo o International Transport Forum (ITC) 20% das emissões anuais de CO2 são de responsabilidade do transporte. É um volume muito alto, portanto cada 1% que viemos a conseguir diminuir, será um impacto substancial a nível global. “Imagina um futuro em que você não vai sofrer com problemas respiratórios causados por poluição de CO2 nas grandes cidades? Hoje, usando as palavras do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, vivemos um momento não de aquecimento global, mas já de ‘Ebulição Global’, onde vemos os efeitos desse aquecimento dos últimos anos impactando a vida de todos. É necessário um trabalho conjunto – políticas públicas e empresas privadas – para diminuirmos tentarmos frear isto, se quisermos deixar um planeta para nossos filhos e netos”, aconselha Gonçalves, da TKE Logística.

Também com relação às perspectivas para o futuro da descarbonização na logística e como isso pode impactar a sustentabilidade global e as mudanças climáticas, Canicoba, da Geotab, lembra que, como a descarbonização na logística desempenha um papel crucial no combate às mudanças climáticas e auxiliando na promoção da sustentabilidade global, as perspectivas para o futuro dessa transformação são promissoras. Existem várias tendências e desenvolvimentos que podem impactar positivamente o meio ambiente, ao mesmo tempo em que o impacto da descarbonização na logística na sustentabilidade global e nas mudanças climáticas pode ser substancial, contribuindo também para que metas de redução estabelecidas nos acordos internacionais sejam atingidas.

Arruda, da Termaco Logística, também está otimista. Segundo ele, o aumento da disponibilidade de tecnologias e infraestrutura de baixo carbono deverá permear as decisões de stakeholders ao longo da cadeia num futuro próximo.

A descarbonização da logística pode ter um impacto significativo na sustentabilidade global e nas mudanças climáticas. A redução das emissões de carbono da logística pode ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas e contribuir para um futuro mais sustentável, ainda na visão do diretor geral da Termaco Logística. Redução das emissões de gases de efeito estufa, melhoria da qualidade do ar, redução da dependência de combustíveis fósseis e criação de novos empregos são alguns benefícios da descarbonização – um desafio complexo, mas que precisa ser enfrentado para proteger o meio ambiente e garantir um futuro sustentável. Freire, da Truckfor, concorda: “é importante lembrar que a descarbonização é um desafio complexo e global que exige esforços conjuntos e ação decisiva em níveis individuais, corporativos e governamentais para alcançar as metas de redução de emissões e diminuir os impactos das mudanças climáticas”.

Participantes desta matéria

CCS Brasil – Organização sem fins lucrativos que visa estimular as atividades ligadas à Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) no país, um processo que visa trazer um impacto sustentável positivo para a sociedade e que reúne diversas tecnologias para a captura do CO2, transporte e armazenamento permanente do gás carbônico em formações rochosas profundas. Promove a cooperação entre todos os entes que podem participar dessa cadeia produtiva, que incluem empresas financiadoras, indústrias, governo, universidades e a sociedade, visando o desenvolvimento desse mercado.

Geotab – Provedora global, considerada líder em telemática, que oferece soluções de transporte conectado para mais de 50 mil clientes, processando diariamente 55 bilhões de pontos de dados e conectando mais de 3 milhões de veículos comerciais em todo o mundo. A plataforma aberta e o Marketplace da Geotab oferecem centenas de opções de soluções de terceiros, e permitem que empresas com frotas à combustão ou elétricas automatizem suas operações, integrando os dados dos veículos a outros ativos.

MAHLE Metal Leve – É uma parceira internacional de desenvolvimento e fornecedora para a indústria automotiva, com clientes nos setores de automóveis de passageiros e veículos comerciais. O grupo de tecnologia está empenhado na mobilidade neutra em termos climáticos do amanhã, com um enfoque nas áreas estratégicas da eletrificação e gerenciamento térmico, bem como em novas tecnologias para reduzir as emissões de CO2 do motor a combustão, tais como células de combustível ou motores de combustão limpa altamente eficientes com combustíveis alternativos e hidrogênio.

Movimento Circular – É um ecossistema colaborativo que se empenha em incentivar a transição da economia linear para a circular. A ideia de que todo recurso pode ser reaproveitado e transformado é o mote da Economia Circular, conceito-base do movimento. O Movimento Circular é uma iniciativa aberta que promove espaços colaborativos com o objetivo de informar as pessoas e instituições de que um futuro sem lixo é possível a partir da educação e cultura, da adoção de novos comportamentos, da inclusão e do desenvolvimento de novos processos, produtos e atitudes.

SETCEPAR – Entidade focada nas empresas de transportes de carga do Estado do Paraná que representa os empresários do setor em variadas atividades, tais como: negociações coletivas de trabalho, aproximação com autoridades e autarquias municipais, estaduais e federais, bem como com a imprensa. Hoje, a entidade representa empresas em 265 cidades do estado, oferecendo aos associados diversos serviços e eventos para fomentar melhorias no TRC, não só local, como também nacional.

Termaco Logística – É uma empresa brasileira de logística com forte atuação nos segmentos de movimentação portuária e transporte rodoviário. No segmento de movimentação portuária, atua nos portos do Mucuripe, Pecém, Natal e Suape. Oferece serviços de armazenagem, movimentação de cargas, descarga e embarque de navios. No segmento de transporte rodoviário, atua no transporte de cargas fracionadas, cargas consolidadas e cargas perigosas.

TKE Logística – Empresa transportadora localizada no sul de Santa Catarina, na cidade de Araranguá, com mais de 25 anos de existência no transporte rodoviário de cargas. Presta serviços nos setores siderúrgicos, celulose, alimentos, bens de consumo e transformação. Atuante diretamente nos estados do sul e sudeste brasileiro, além de atender o Brasil inteiro com o transporte sob demanda.

Truckfor – Pertencente ao Grupo AGP, é uma concessionária especializada em veículos de carga da Foton Caminhões. Também oferece serviços de funilaria e pintura para a manutenção de automóveis de diversos portes e marcas em Fortaleza, CE.

ZF – Empresa global de tecnologia que fornece sistemas para veículos de passeio, veículos comerciais e tecnologia industrial. Nos quatro domínios tecnológicos de Controle de Movimento de Veículos, Segurança Integrada, Regime de Condução Automatizado e Mobilidade Elétrica, oferece soluções abrangentes de produtos e software para montadoras de veículos e prestadores de serviços de transporte e mobilidade novos e emergentes.

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