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Economia 22 de março de 2017

Economia Instituto Logweb – Ed. 177

A ESTRATÉGIA DE APRESENTAR UMA SOLUÇÃO ÚNICA E INCONTESTÁVEL DEVE SER REAVALIADA

Nos Estados Unidos, Donald Trump faz vibrar a corda sensível da alma dos americanos brancos e subempregados. Os últimos 40 anos prometeram a prosperidade. Entregaram a pobreza escorada no Food Stamps, o programa de subsídio alimentar.

“A América vai ser grande outra vez” ou “Vamos devolver os empregos aos americanos”. Em suas arengas, Trump promete impor pesadas tarifas sobre os produtos chineses, além de promover a volta das empresas americanas (des) localizadas no México. O ataque ao NAFTA balança a roseira de mexicanos e canadenses.

Para espantar a estupefação, os economistas gritam: “protecionismo!! populismo!!”. Os subempregados e precários estão se lixando para o que pensam os economistas adeptos do livre comércio. Querem os empregos de volta.

Vou relembrar o “fechamento” das economias nos anos da Grande Depressão. Sugiro uma olhadela na lei americana Smoot-Hawley de 1930 que elevou brutalmente as tarifas. Em seguida, a Inglaterra abandona o padrão-ouro em 1931, os Estados Unidos caem fora em 1933. As tarifas e as desvalorizações competitivas produziram uma brutal contração do comércio internacional. A deflação de preços das commodities e produtos industrializados comprovou o óbvio: se todos tentam desvalorizar, ninguém consegue, ainda que alguns consigam mais do que os outros.

Na Alemanha, Hjalmar Schacht, o banqueiro de Hitler, lançou, em 1934, o “Novo Plano”. O “Plano” impunha uma brutal centralização do câmbio. Transações em moeda estrangeira não poderiam ser efetuadas diretamente entre residentes e não residentes. Tudo tinha de passar pelo controle e pela permissão da burocracia do Reichsbank. A violação dessas normas era considerada “crime de alta traição à Mãe-Pátria”. Os métodos extremos de controle cambial incluíam a adoção de práticas de comércio bilateral com os países da periferia europeia e sul-americana, que estavam praticamente alijados dos negócios internacionais desde o crash de 1929.

Um livre-cambista pode degustar o texto do Tariff Act saboreando a releitura da biografia de Hjalmar Schacht, o banqueiro de Hitler. Desgraçadamente, as baboseiras do liberalismo econômico empurram as sociedades e suas democracias para a destruição do liberalismo político.

Penso nos Estados Unidos e na China empreendendo uma escalada protecionista na era da globalização. As palavras de ordem do protecionista e populista Trump são proclamadas em meio a insultos aos latinos e ameaças de violência contra os adversários.

O establishment americano está à beira do pânico. Diante da agressiva campanha eleitoral, a classe dominante e dirigente já não fala apenas dos riscos envolvidos na eleição de Trump. Depois dos confrontos entre apoiadores e oponentes do novo presidente, republicanos “moderados” e seus financiadores tratam de conter o irreverente e desbocado ocupante da Casa Branca.

Na Europa, a extrema direita surrou Ângela Merkel nas eleições regionais. Na opinião da revista Der Spiegel, Frauke Petry, a jovem líder do partido Alternativa para a Alemanha, não oferece alternativas. Só negativas: contra os refugiados, contra a Europa, contra o Euro, contra o Tratado Transatlântico de Livre Comércio. Contra, contra, contra. A revista Der Spiegel não apalpa: “A estratégia de apresentar uma solução única e incontestável deve ser reavaliada. Caso contrário, o mundo estará encarando uma era na qual serão cada vez mais fortes aqueles que não oferecem qualquer solução, os que só oferecem rejeição e medo”.

Vou repetir o aconselhamento da revista Der Spiegel: “A estratégia de apresentar uma solução única e incontestável deve ser reavaliada. Caso contrário, o mundo estará encarando uma era na qual serão cada vez mais fortes aqueles que não oferecem qualquer solução, os que só oferecem rejeição e medo”.

São raros os meios de comunicação que conseguem resistir à mesmice das soluções únicas e incontestáveis. Isso quando não fomentam reações que prometem levar o mundo para um conflito. Os editoriais e os articulistas se esmeram na arte de repetir banalidades abstratas que se chocam com os movimentos da economia concreta e com as realidades da vida das pessoas de carne e osso.

O editorial da The Economist afirma que “a eleição do Sr. Trump é uma repulsa a todos os liberais, incluindo essa revista. Os livres mercados e as democracias classicamente liberais que defendemos, e que pareciam ter sido afirmadas em 1989, foram rejeitados pelo eleitorado, primeiro na Grã-Bretanha e agora na América. França, Itália e outros países Europeus podem segui-los. Está claro que o apoio popular à ordem Ocidental dependeu mais do crescimento rápido e do efeito galvanizador da ameaça Soviética do que convicção intelectual. Recentemente, as democracias Ocidentais fizeram muito pouco para espalhar os benefícios da prosperidade. Políticos e “especialistas” desconsideraram a aquiescência dos desiludidos”.

Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo – Formando em Direito pela Universidade de São Paulo, é pós-graduado no curso de Desenvolvimento Econômico, promovido pela CEPAL/ILPES, com especialização em Desenvolvimento e Programação Industrial. É doutor pelo Departamento de Economia e Planejamento Econômico (DEPE) da Universidade Estadual de Campinas e um dos fundadores da FACAMP – Faculdade Federal de Campinas. Autor de vários livros, atualmente é professor titular da Unicamp e FACAMP.

ABIMAQ PEDE INJEÇÃO DE RECURSOS PARA O MODERFROTA

Tendo em vista o reaquecimento da indústria e o aumento da demanda do setor agrícola para financiar as suas máquinas, a ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Fone: 11 5582.6311) propôs ao secretário de Política Agrícola, Neri Geller, a ampliação dos recursos do MODERFROTA em R$ 11 bilhões, valor a ser contemplado no Plano Safra 2017/2018.

No ano passado, conforme explica Geller, o MODERFROTA havia disponibilizado R$ 5 bilhões no Plano Safra, mas faltaram recursos. O governo, então, remanejou 2,5 bilhões de outros programas para o MODERFROTA, cuja demanda, até o final do Plano Safra, deve atingir a marca de R$ 9 bilhões.

“Nós vamos trabalhar a possibilidade de não faltar recursos e aumentar ainda mais esse programa para que o produtor tenha acesso a compra de tratores, colheitadeiras e máquinas, faça estruturação da propriedade e, assim, aqueça a economia, gerando emprego e renda”, avalia Geller.

O secretário ainda informou que o governo trabalhará para que novo Plano Safra ofereça boas condições de investimento e custeio, com taxas de juros que não comprometam negativamente o produtor e não provoquem uma bolha de endividamento.

REAQUECIMENTO
O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas – CSMIA, Pedro Estevão Bastos, avalia que o setor pretende vender 15% a mais que no ano passado.

“Nós entendemos que a agricultura voltou a um patamar normal, com projeção de realizarmos uma boa colheita. Com uma boa colheita, há sempre aumento da demanda. Além disso, como há uma boa remuneração, o setor aproveita para fazer a troca do maquinário. Como as janelas das operações são muito curtas, a máquina deve estar sempre preparada e atualizada”, afirma Bastos.

PESQUISA AMCHAM: 84% DAS EMPRESAS ACREDITAM EM REDUÇÃO DAS INCERTEZAS POLÍTICAS/ECONÔMICAS EM 2017

Os empresários e executivos brasileiros estão mais otimistas em relação ao cenário de instabilidade do país e mais confiantes com o novo ano. Para 84% deles, as incertezas políticas e econômicas estarão em quadro mais estável em 2017. É o que aponta pesquisa inédita da Câmara Americana de Comércio – Amcham (Fone: 11 4688.4102) com a participação de 326 lideranças de companhias de vários portes e setores da economia. A enquete foi aplicada no início de fevereiro último em São Paulo, SP, durante o “Seminário Perspectivas Comerciais, Econômicas e Políticas” promovido pela entidade.

Para os consultados, apesar da aposta em melhora em relação a 2016, duas grandes incertezas ainda devem ditar a velocidade da recuperação da economia brasileira: a operação Lava Jato e seus desdobramentos (33%) e o quadro fiscal preocupante e ainda dependente de reformas/medidas (28%). Outros fatores citados foram: a crise política e antecipações da corrida presidencial de 2018 (18%); a confiança do consumidor e investidor em níveis piores e crise de segurança mais acentuada em alguns estados (17%); e o cenário externo em virtude da troca de presidência nos EUA e tratativas do Brexit na União Europeia (4%).

INDICADORES MAIS POSITIVOS

A grande maioria (95%) dos entrevistados pela Amcham informou acreditar em resultados comerciais mais positivos em 2017 – sendo que parcela de 88% deles consideram que o ano será de cenário de recuperação, e outros 7% apostam em novo contexto de crescimento expressivo em relação a 2016. Uma fatia de 5% acredita em números comerciais ainda negativos e sem sinais de recuperação.

Sobre a afirmação do Ministro Henrique Meirelles que “o país sairá da recessão ainda no primeiro trimestre do ano”, 64% dos executivos informaram já constatar algum nível de melhora no humor econômico do país, sendo 53% com resultados comerciais levemente positivos nos primeiros 40 dias do ano; e 11% já percebendo uma melhora significativa nos indicadores no comparativo com o mesmo trimestre do ano passado. Outros 36% ainda vivenciam resultados negativos.

A recuperação depende de três principais fatores, de acordo com os entrevistados pela Amcham. A maioria (54%) citou como aspecto prioritário o aumento da competitividade da economia, exigindo firmeza na condução das reformas estruturais. Os outros dois pontos citados foram: aumento do consumo, com estímulos ao crédito e retomada da confiança do consumidor, sendo mencionado por 32%; e o crescimento das exportações, exigindo uma taxa de câmbio relativamente estável e competitiva para o setor industrial, sendo citado por 14%.

No varejo, 69% acreditam também em retomada ainda neste ano. Para 49%, a recuperação acontecerá no segundo semestre, e outros 20% apostam na concretização ainda no primeiro semestre. Outros 27% enxergam recuperação só em 2018.

Levando em consideração o cenário de recuperação, três pontos serão prioritários quando se fala em investimentos comerciais da própria companhia: produtividade em processo, produção e equipe (54%); inovação do portfólio de produtos e serviços (26%); e treinamento e capacitação da força de vendas (11%).

COMMODITIES AGRÍCOLAS DEVEM PUXAR O CRESCIMENTO DO SETOR DE TRANSPORTE DE CARGAS EM 2017

O anúncio da Associação de Comércio Exterior do Brasil – AEB (Fone: 21 2544.0048) de que em 2017 o setor voltaria a crescer no país, registrando um aumento de 7,2% nas exportações e de 5,2% nas importações, sobre 2016, agitou o mercado brasileiro de transporte de cargas. Especialistas e grandes players do segmento reforçam as expectativas de retomada do setor e acreditam em um cenário positivo para este ano, mas alertam que ainda há muito a ser feito.

O Porto de Santos, por exemplo, o maior da América Latina, deve atingir uma movimentação recorde em 2017, em torno de 120,596 milhões de toneladas, superando o ano de 2015, o maior resultado até então, com 119,9 milhões. Esse resultado, se confirmado, implicará ainda em alta de 6,3% em relação ao previsto para 2016, de 113,475 milhões.

Para as exportações espera-se um crescimento de 8,2% (89 milhões de toneladas) e para as importações de 1,3% (31,596 milhões). “Entre as cargas mais transportadas, os sólidos a granel devem apresentar desempenho 12,1% acima do verificado no ano anterior (60,698 milhões de toneladas), os líquidos a granel de 1,2% (15,882 milhões) e as cargas gerais de 0,9% (44,015 milhões)”, comenta José Alex Oliva, diretor-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo – Codesp, responsável pela administração do Porto.

“É muito possível que as exportações, de forma geral, cresçam em 2017 com relação a 2016, sobretudo no setor de commodities, uma vez que há um excedente de produção de soja do ano passado que migrará para este, além de uma produção agrícola mais favorável também”, analisa o diretor comercial da Allink no Brasil, empresa especializada no transporte de cargas consolidadas (marítimas e aéreas), André Gobersztejn. Ele acredita que o maior volume do setor de transportes virá, principalmente, por conta das exportações das commodities agrícolas.

No entanto, Gobersztejn alerta que nem todos os segmentos conseguirão acompanhar essa evolução com a mesma facilidade. “A exportação de manufaturados, entretanto, tende a seguir em queda, pois muitos fatores podem influenciar neste movimento: um possível protecionismo norte-americano com o novo comando da Casa Branca, a valorização do dólar frente ao euro e, sobretudo, a contínua variação de nossa própria moeda frente ao dólar.

Quem também acredita que, mesmo em um cenário melhor que no ano anterior, o setor de transporte de cargas ainda enfrentará algumas dificuldades é o presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários – FENOP, Sérgio Aquino. “Dois fatores devem influenciar diretamente as movimentações portuárias, especificamente: a revisão do novo marco regulatório dos portos e a provável prorrogação dos contratos de arrendamentos. São pontos que influenciam a atividade, pois permitem mais estabilidade e segurança jurídica ao segmento empresarial, tendo em vista que é um setor que exige investimentos intensivos, além de incentivarem a continuidade da modernização do segmento”, observa.

“Mas essa não é a salvação, o poder público continua sendo devedor das soluções para os acessos, aquaviários ou terrestres, que são de sua responsabilidade. Além disso, seus intervenientes que atuam no comércio exterior precisam se harmonizar e se modernizar”, completa o presidente da FENOP. (Material fornecido pela Conteúdo Empresarial, assessoria de imprensa da Intermodal South America).

IAV-IDV PROJETA CRESCIMENTO NAS VENDAS DO VAREJO A PARTIR DE ABRIL

A esperada retomada do crescimento nas vendas varejistas deve ocorrer a partir de abril, de acordo com o IAV-IDV – Índice Antecedente de Vendas do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (Fone: 11 3251.1936), elaborado com base nas projeções feitas pelos associados do instituto. A estimativa para abril é de crescimento real nas vendas de 2,3%, em relação ao mesmo período do ano anterior e já descontada a inflação.

Em janeiro, o IAV-IDV fechou com queda de 4,1%, em comparação a janeiro de 2016. O setor também estima a continuidade dos resultados negativos nos próximos dois meses, mas em um patamar menor, com queda de 1,9% em fevereiro e 0,7% em março. Vale ressaltar a importância do IAV-IDV, que consegue, entre 30 a 40 dias, antecipar a tendência de resultados da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE.

O segmento de bens não duráveis, que responde em sua maior parte pelas vendas de super e hipermercados, food service, drogarias e perfumaria, apresentou queda de 6,0% nas vendas realizadas em janeiro, na comparação anual. As projeções para os próximos meses sinalizam decrescimento de 3,8% e 2,9% em fevereiro e março, respectivamente, e alta de 3,3% em abril.

Já o setor de semiduráveis, que inclui vestuário, calçados, livrarias e artigos esportivos, também apresentou queda em janeiro, de 0,3%, na comparação anual. No entanto, a expectativa para os próximos meses é positiva, com crescimento de 2,0% em fevereiro, 3,3% em março e 1,0% em abril.

No segmento de bens duráveis houve leve queda de 0,1% em janeiro. A recuperação da confiança dos consumidores e a retomada do crédito continuam sendo os principais desafios para o segmento. A projeção dos associados para os próximos meses é de estabilização em fevereiro e crescimento de 1,6% em março e 0,8% em abril de 2017.

A inflação acumulada dos segmentos em janeiro, levando-se em consideração os últimos 12 meses, segundo o IBGE, foi de 7,4% para os não duráveis, 3,7% para os semiduráveis e 1,1% para os duráveis.

Gráfico 1

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