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Capa 22 de agosto de 2023

Em foco, o papel da IA na Supply Chain e como ter a tecnologia em sintonia com os robôs e colaboradores

Nesta matéria especial, especialistas também avaliam o papel dos robôs na “nova logística” que se vislumbra, como se preparar para implementar a IA nas empresas logísticas e se esta tecnologia vai abolir cargos na Supply Chain.

A Inteligência Artificial está presente em todos os setores da economia, e não poderia ficar de fora, também, da logística. Mas, a questão que colocamos aqui é como fazê-la atuar em sintonia com os robôs da área e também os colaboradores.

Para isso, é necessário um planejamento que otimize a interação entre esses elementos. Primeiramente, é fundamental o entendimento profundo das operações logísticas e o mapeamento dos processos. A partir daí a Inteligência Artificial e a Tecnologia de Robótica são pensadas de forma que complementem e amplifiquem as habilidades dos colaboradores, e não que as substituam.

“Os robôs se mostram extremamente eficazes na realização de tarefas repetitivas, monótonas e fisicamente exaustivas, em operações que requerem precisão ou ações de alto risco. A Inteligência Artificial, por sua vez, deve ser utilizada para o processamento e a análise de grandes volumes de dados, em ações de decisão por meio da aprendizagem de máquina, em questões que envolvem o planejamento, a previsão, a otimização e para auxiliar a tomada de decisões. Mais recentemente, com a evolução da Inteligência Artificial Generativa, em especial as aplicações para texto (por exemplo, ChatGPT), também ajudam nas etapas do processo em que precisam se comunicar (falar e ouvir) com pessoas”, comenta Kenneth Corrêa, especialista em negócios digitais, Inteligência Artificial e Metaverso, professor de MBA da FGV, professor da Digital House e palestrante TEDx, além de diretor de Estratégia da 80 20 Marketing.

Ainda segundo ele, por outro lado, as habilidades humanas ainda estão no domínio da criatividade, da empatia, da liderança e da capacidade de lidar com situações imprevistas e de grande complexidade. “Assim, é fundamental que o ser humano permaneça no centro desses processos, com a IA e a robótica para apoiá-los”, complementa Corrêa.

Na visão de Adrian Covi, gerente de robótica para Bens de Consumo e Logística da ABB Brasil, a Inteligência Artificial está expandindo o potencial para o uso da robótica industrial, seja com cobots, robôs móveis autônomos (AMRs) ou mesmo os grandes robôs industriais, assumindo atividades repetitivas ou perigosas e permitindo que as empresas usem sua força de trabalho de maneira mais eficaz. “Com a automação mais inteligente e robôs habilitados para IA, os setores de transporte e logística ganham maior agilidade e flexibilidade para enfrentar desafios como acompanhar as constantes mudanças de demanda do consumidor”, diz.

Ainda segundo Covi, a tendência é que cada vez mais robôs atuem ao lado das pessoas, adotando desde soluções colaborativas, que são fáceis de programar e implantar, até a tecnologia de visão 3D, que pode reconhecer e classificar objetos ou navegar em armazéns de forma autônoma. “Um bom exemplo disso no setor de logística é o processo de separação, onde a IA faz com que as soluções robóticas sejam capazes de trabalhar com embalagens de qualquer formato sem que esse ‘pacote’ tenha sido cadastrado antes. Somado a isso, também é possível trabalhar com sensores de movimento e segurança, como o SafeMove da ABB, que permite que células industriais se tornem mais colaborativas, ao mesmo tempo em que garante segurança a todos, criando cenários de produção mais eficientes e flexíveis.”

A verdade é que, como em qualquer ambiente, para que a IA possa atuar em sintonia é muito importante fazer o correto mapeamento dessas interações, dos espaços, dos objetivos, do que se busca otimizar com ela. “Essa fase de discussão de projeto necessita ser extremamente bem-feita, e é assim que a sintonia vai acontecer. Será uma consequência desse planejamento bem-feito, levando em conta as potencialidades da IA e também as suas restrições, que ainda são várias. É dessa maneira: considerando exatamente o que robôs farão, o que colaboradores farão, como são essas interfaces. É algo fundamental para que a IA seja utilizada da melhor maneira possível”, ensina Arthur Igreja, especialista em Tecnologia, Inovação e Tendências e TEDx speaker.

O essencial para que esta integração aconteça, diz Elvis Camilo, gerente da Divisão de Operações Logísticas da Gi BPO, unidade de Outsourcing da Gi Group Holding, é estabelecer uma sinergia entre as tecnologias e as habilidades humanas. A IA desempenha um papel crucial na otimização e automação de processos logísticos, permitindo que os robôs executem tarefas repetitivas e de baixo valor agregado com eficiência e precisão. Ao equipar os robôs com sistemas de IA, eles podem aprender e se adaptar com o tempo, tornando-se mais inteligentes e capazes de lidar com uma variedade maior de tarefas. Isso libera os colaboradores para se concentrarem em atividades que requerem pensamento criativo, tomada de decisões complexas e interações humanas, que são fundamentais para a logística e Supply Chain.

“A integração eficiente entre IA, robôs e colaboradores na logística requer cumprir algumas etapas-chave. É fundamental identificar oportunidades de automação, analisar dados e integrar sistemas, escolher as tecnologias adequadas e capacitar os colaboradores para trabalharem em conjunto com a IA e os robôs. Definir papéis e responsabilidades, realizar testes-piloto, monitorar e melhorar continuamente o processo e promover uma cultura de colaboração também são essenciais para o sucesso dessa integração”, diz, agora, JB Queiroz Filho, CEO do Grupo JBQ.Global.

E Luiz Gabriel Roque, CEO da INFORM Brasil, dispara: “A Inteligência Artificial pode atuar como um orquestrador entre robôs e colaboradores em uma operação logística. Uma vez que se tem clareza dos papéis, possibilidades e limites de cada um, a IA pode contribuir para que humanos e máquinas trabalhem em sintonia. Por exemplo, em um Centro de Distribuição, o algoritmo pode definir quais as melhores funções e horários de trabalho para cada um desses atores, de forma a ter a operação mais eficiente.”

“O mundo da logística está em uma transformação contínua e em uma velocidade nunca antes vista, principalmente quando falamos sobre a tríade de Inteligência Artificial, robôs e colaboradores trabalhando em perfeita harmonia”, diz, agora, Fabio Jr. Soma, estrategista de inovação, CEO da holding Soma8 e da edtech Soma Peruzzo.

É como uma orquestra, onde cada instrumento tem um papel crucial a desempenhar para criar a sinfonia perfeita. Primeiro, a IA tem uma capacidade incrível de processar e analisar enormes volumes de dados em um piscar de olhos – algo que nenhum humano poderia fazer. Isso fornece insights em tempo real e tomada de decisões baseada em dados. “Estou falando de reduzir o tempo de entrega em até 25%, melhorar a eficiência operacional em 30% e até reduzir os custos logísticos em 40%!”

Os robôs, por outro lado – continua Fabio Jr. –, são excelentes para executar tarefas repetitivas e que exigem precisão. Eles não se cansam, não cometem erros humanos e podem trabalhar 24 horas por dia, 7 dias por semana. Na indústria logística, isso pode aumentar a produtividade em até 50%!

“E claro, uma parte muito importante desse processo são os ‘colaboradores humanos’. Eles são o coração e a alma de qualquer operação. A habilidade humana para pensar de forma criativa, resolver problemas complexos e fornecer atendimento ao cliente ainda é insubstituível. Com a IA e os robôs cuidando das tarefas operacionais, os colaboradores humanos podem se concentrar em tarefas estratégicas e de alto valor, afirma o CEO da Soma8.

Agora, a questão principal é: em termos de logística, como fazer a IA atuar em sintonia com os robôs e os colaboradores? A chave aqui é a integração e a comunicação eficaz. As plataformas de gerenciamento de logística com base em IA podem servir como a “maestrina” desta orquestra, garantindo que cada “instrumento” esteja tocando a nota certa no momento certo.

Além disso, a educação e o treinamento desempenham um papel crucial. Os colaboradores precisam entender como usar a tecnologia, como interpretar os dados e como trabalhar em harmonia com os robôs. A tecnologia é apenas uma ferramenta – e só é realmente eficaz quando as pessoas que a utilizam entendem exatamente o que estão fazendo, completa Fabio Jr.

Automação do CD também é a explicação de Ana Paula P. Barbosa, gerente Associada Sênior da Peers Consulting & Technology, para esta questão, destacando que os modelos de “Smart Warehouse”, nos quais recursos de Inteligência Artificial (IA) são utilizados para acelerar e aumentar a precisão dos processos executados, são cada vez mais utilizados na cadeia de suprimentos. Atualmente é possível digitalizar todas as etapas do CD, desde recebimento, separação, embalagem e expedição dos produtos, com o suporte de robôs e dispositivos de IoT integrados aos sistemas de WMS.

Já Luis Arís, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Paessler América Latina, destaca que a Inteligência Artificial é frequentemente usada para transformar as operações de armazenagem e logística. A IA aumenta a produtividade, elimina tarefas de trabalho intensivo que envolvem trabalho físico repetitivo e a colheita de dados manuais, acelerando as operações e aumentando o lucro. Mas é importante compreender que a IA quebra paradigmas, trazendo uma cultura totalmente baseada em dados para esse universo. É necessário investir na formação dos colaboradores para que haja domínio sobre essas novas tecnologias.

Fazendo quase que um resumo do que foi apresentado antes, João de Paula Ribeiro Neto, docente do curso Tecnologia em Logística do Centro Universitário Senac – Santo Amaro, SP, ressalta que a interação pode ocorrer de várias formas:

Automatizar tarefas: a IA permite que robôs e máquinas aprendam e executem tarefas que antes dependiam de intervenção humana, como organizar produtos, fechar e lacrar caixas, mover embalagens, transferir unidades e paletes, etc.

Otimizar processos: a IA possibilita análise de dados históricos de desempenho, identificando padrões e indicando ações ou soluções para melhorar a eficiência e a qualidade das operações logísticas, como gestão de armazéns, transportes e entregas.

Aumentar a segurança: a IA pode equipar robôs autônomos com sensores avançados que evitam colisão com obstáculos e previnem perdas e erros humanos, além de elevar a segurança do colaborador, que poderá se dedicar a tarefas mais estratégicas e menos arriscadas.

Melhorar o controle: a IA integra robôs e máquinas com sistemas de gestão e monitoramento, como WCS, WMS, RFID e IoT, permitindo rastreamento em tempo real dos produtos, controle do estoque, localização das unidades e paletes, além de envio imediato de informações ao gestor.

Adaptar-se às variáveis: a IA utiliza algoritmos e machine learning para que robôs industriais possam reagir de forma rápida e independente às mudanças nas operações logísticas, como demanda, rota, clima, tráfego, etc.

Complementar a produção: a IA possibilita o uso de robôs colaborativos que podem trabalhar em conjunto com os humanos, sem oferecer riscos, e realizar tarefas que complementam a produção em diferentes tipos de indústria, como montagem, soldagem, pintura, inspeção, etc.

Para que tais aplicações se tornem realidade, são necessárias as seguintes iniciativas: Investimento em tecnologias para automação e otimização de processos; Integração de sistemas de gestão e monitoramento com equipamentos e dispositivos automatizados, para garantir a troca de informações em tempo real e a tomada de decisões mais acertadas; Análise de dados históricos e atuais das operações logísticas, para identificar padrões, tendências, desvios e oportunidades de melhoria, usando algoritmos avançados de IA e ML; Capacitação dos colaboradores para trabalharem em conjunto com robôs e máquinas; Acompanhamento das inovações do mercado e das necessidades dos clientes, para se manter competitivo e atualizado com as novas aplicações e possibilidades.

Jonatas Leandro, VP of Customer Innovation Solutions da GFT Technologies no Brasil, entende que robô é todo e qualquer programa que usa algum conceito de Inteligência Artificial e que faz alguma atividade ou complemento a algum processo em favor de um ser humano. “Há o conceito do robô mais de ficção científica, que é o robô físico, humanizado, que a gente deriva mais para indústria. E há o robô que é instrumento de automação física para aço, motores, por exemplo. Há ainda robôs no mundo de software. Eles têm comportamento similares, mas são basicamente peças de software que operam ou automatizam uma ou mais partes de um processo. Sempre penso no robô atuando em elementos repetitivos, que têm baixa necessidade de análise e que, por muitas vezes, a gente trata a mão de obra como até de menor capital intelectual. Cada vez mais entendo que vamos derivando tarefas para robôs, tendo cada vez mais tecnologia. O que está na onda hoje para nós é a IA Generativa, mas há cada vez mais tecnologias para tratar essa ‘comodização’”.

E Leandro dá um exemplo simples aqui: “se uma condição de exceção foi aprovada abruptamente, por que não ter um robô olhando para isso para dizer ‘olha, se isso já passou desse jeito, eu não preciso mais derivar isso a um ser humano, posso construir uma regra automatizada’. O papel do robô vai nesse sentido. Quanto mais ganhamos tecnologia, mais vamos sendo capaz de construir mais e mais esse raciocínio através de dados não estruturados.”

No mundo da logística, continua o VP of Customer Innovation Solutions da GFT Technologies, há necessidade de roteamento, de entrega de pacotes e tudo o mais. “Se eu pudesse, por exemplo, capturar as exceções ou reclamações do que não foi entregue e conseguir trabalhar o entendimento padrão ou identificar as piores causas, as mais complicadas, talvez consiga dar insumos para a empresa de logística construir ou atuar nos principais problemas. Por outro lado, eu posso automatizar também o processo de reclamação. Se tenho uma base de reclamações e resoluções, posso começar a dar endereçamento de forma automática.”

Desafios

Quando se fala nos desafios desta integração, Corrêa, da 80 20 Marketing, lança luz sobre um dos principais: a integração de sistemas. “As empresas já possuem uma gama de sistemas em funcionamento. A adição da IA e da tecnologia robótica à mistura pode ser um desafio devido à incompatibilidade dos sistemas”, explica. Ele destaca a necessidade de desenvolver uma integração sólida e adaptável, trazendo especialistas desde o estágio inicial da implementação.

Por outro lado, Ribeiro Neto, do Centro Universitário Senac – Santo Amaro, destaca a coleta e a análise de volumes massivos de dados como um dos desafios prementes. Segundo ele, é importante investir em sistemas de gerenciamento de dados para garantir a precisão das informações. Além disso, a mudança de cultura e o treinamento dos colaboradores são essenciais para assegurar uma transição suave para as novas tecnologias.

No campo da inovação, Fabio Jr., da Soma8, concentra-se na capacitação e adaptação dos colaboradores. “A IA e a robótica são tecnologias avançadas que requerem um certo nível de habilidade e treinamento para serem usadas efetivamente”, afirma. Neste sentido, abordagens proativas podem oferecer treinamentos apropriados, considerando que essas tecnologias estão aqui para auxiliar, não para substituir. “É muito importante uma abordagem colaborativa e investir em capacitação. Afinal, a IA otimiza e aprimora operações, não substitui empregos”, coloca, também, Queiroz Filho, do Grupo JBQ.Global.

Covi, da ABB Brasil, também ressalta a importância da capacitação da mão de obra para lidar com novas tecnologias – neste sentido, parcerias com governos, empresas e instituições de ensino são essenciais para garantir a capacitação necessária. Além disso, diz o gerente de robótica, sistemas virtuais são relevantes para simular o funcionamento de soluções robóticas antes da implementação real.

Com base em sua experiência em Tecnologia, Inovação e Tendência, Arthur levanta uma questão crucial: a correlação entre problemas e soluções. “Será que isso que está chegando é a solução para tudo?”, indaga, sublinhando a importância de compreender como as soluções de IA abordam desafios de negócios, evitando a adoção cega de tecnologias.

Camilo, da Gi BPO, por sua vez, ressalta a importância da cultura organizacional e da comunicação transparente para superar desafios. Ele propõe criar uma cultura de inovação e envolver os colaboradores em workshops para abordar preocupações e obter feedback valioso.

Com uma perspectiva prática, Leandro, da GFT Technologies, destaca a necessidade de abordar desafios de segurança e compartilhamento de dados. De acordo com ele, as empresas devem estabelecer políticas claras de compartilhamento de dados e protocolos de segurança robustos para proteger informações confidenciais.

Roque, da INFORM Brasil, destaca a necessidade de calibrar algoritmos de IA de acordo com objetivos de negócios, apontando a importância da pesquisa operacional para entender modelos de negócio antes de implementar soluções de IA.

Papel da IA na Supply Chain

No cenário empresarial contemporâneo, a Inteligência Artificial (IA) emerge como um aliado estratégico de peso na transformação da gestão da cadeia de suprimentos. Reunindo as perspectivas dos especialistas ouvidos nesta matéria especial, fica evidente que a IA transcende o papel de mera tecnologia, transformando fundamentalmente a forma como as empresas conceituam, executam e otimizam suas operações logísticas.

Por exemplo, o diretor de Estratégia da 80 20 Marketing destaca que a IA alça a Supply Chain a novos patamares, garantindo uma precisão, eficiência e visibilidade sem precedentes. Mergulhando em uma vastidão de dados, desde históricos de vendas até análises de sentimentos em redes sociais, a IA se torna um motor de previsão de demanda altamente refinado, tornando obsoletos os velhos dilemas de excesso ou escassez de estoque, segundo Corrêa.

Já Covi, da ABB Brasil, sublinha a evolução contínua da IA nas cadeias de abastecimento. Essa evolução redefine os alicerces da tomada de decisões estratégicas, aprimorando a automação do atendimento ao cliente, a identificação de fornecedores estratégicos e a mitigação de custos em uma dinâmica em constante mutação. A análise de Leandro, da GFT Technologies, também vislumbrando uma ampliação da distribuição e da comunicação graças à IA. Ele também propõe: imagine uma Inteligência Artificial capturando o feedback não estruturado dos clientes, promovendo uma otimização global da distribuição e, consequentemente, elevando a eficácia das operações.

Em consonância, o Especialista em Tecnologia e Inovação, ressalta que a IA age como um conector de oportunidades e aprimoramento. Além de impulsionar a produtividade e minimizar desperdícios, a capacidade da IA em extrair insights valiosos de dados complexos assume um papel estratégico na definição de rumos, pondera Arthur Igreja.

Dentro dessa perspectiva, Ribeiro Neto, do Centro Universitário Senac – Santo Amaro, enfatiza a relevância crucial da IA na otimização da cadeia de suprimentos. Seus benefícios não se restringem apenas à previsão de demanda precisa, mas também se estendem à otimização de rotas de entrega e a detecção eficaz de fraudes, criando alicerces sólidos para operações mais eficientes e eficazes. “A previsão de demanda é um divisor de águas na era da IA. Além de aliviar custos operacionais, a IA aprimora a eficiência operacional, redefinindo o panorama das operações logísticas”, completa Fabio Jr, da Soma8.

Ainda nessa trajetória, Camilo, da Gi BPO, ressalta que a IA insere uma nova camada de previsibilidade, eficiência e otimização. Ele aponta: desde a previsão precisa da demanda até a otimização de rotas de transporte e a administração eficaz de estoques, a IA emerge como um ativo vital para reduzir custos operacionais e garantir uma satisfação superior do cliente.

Nesse cenário, a IA se transforma em uma fonte de vantagem competitiva, impulsionando processos mais eficientes e minimizando erros. Com base nesta visão, Queiroz Filho, do Grupo JBQ.Global, lança luz sobre a automação de tarefas, eficiência logística e seleção estratégica de rotas otimizadas.

Por seu lado, Roque, CEO da INFORM Brasil, oferece exemplos tangíveis de como a IA desencadeia melhorias práticas, desde a otimização de malhas logísticas até o equilíbrio perfeito dos estoques. Segundo ele, ao analisar dados intricados, a IA propõe recomendações precisas para os níveis ideais de estoque, evitando tanto a escassez quanto o excesso. De fato, também como diz Arís, da Paessler, é surpreendente a capacidade da IA em rastrear com precisão tanto o estoque quanto as mercadorias, gerando uma operação mais eficiente e uma experiência do cliente mais gratificante.

E a gerente Associada Sênior da Peers Consulting & Technology consolida a análise, citando os papeis da IA na Supply Chain no sentido de proporcionar produtividade aprimorada e redução de desperdícios, tudo isso respaldado por análises de dados robustas e processos aprimorados, segundo Ana Paula.

Papel dos robôs na “nova logística”

A automação e a inovação têm se tornado pilares fundamentais na evolução da logística moderna. Em uma era em que a demanda do consumidor cresce exponencialmente e as complexidades da cadeia de suprimentos aumentam, os robôs estão emergindo como atores cruciais na “nova logística”.

Os robôs estão revolucionando a maneira como as empresas gerenciam suas operações logísticas, abrindo um leque de aplicações que abrangem desde a movimentação de materiais até o rastreamento e monitoramento de estoques. Corrêa, da 80 20 Marketing, ressalta que os Robôs Móveis Autônomos (AMRs) estão se destacando na movimentação de produtos dentro dos armazéns, otimizando desde a recepção de mercadorias até a preparação para a entrega. Eles não apenas aumentam a eficiência, mas também melhoram a precisão e a visibilidade em toda a cadeia de suprimentos.

A automação também está revolucionando processos de seleção, classificação e embalagem. Covi, da ABB Brasil, destaca os benefícios da colaboração entre robôs e humanos, com os chamados “cobots” acelerando as operações de picking e embalagem. Além disso, robôs especializados estão sendo utilizados no carregamento e descarregamento de mercadorias, otimizando a velocidade e reduzindo o esforço humano em tarefas físicas exigentes.

Arthur enfatiza o impacto dos robôs em diversas aplicações na logística, desde movimentação e transporte até a inspeção e interação com seres humanos. Ele aponta para a rápida expansão dos papéis dos robôs, que evoluíram de estações fixas para máquinas móveis, articuladas e reconfiguráveis. Empresas como a Amazon lideram o caminho nessa transformação, demonstrando como os robôs podem desempenhar papéis cada vez mais centrais e complexos.

Contudo, a crescente automação na logística também suscita questionamentos sobre o futuro da força de trabalho. É inegável que a adoção de robôs pode afetar empregos que envolvem tarefas repetitivas e físicas, mas os especialistas enfatizam que a substituição completa da mão de obra não é o objetivo. Pelo contrário, a colaboração entre robôs e humanos abre novas oportunidades. Ribeiro Neto, do Centro Universitário Senac – Santo Amaro, observa que a automação pode resultar em um deslocamento de tarefas, permitindo que os humanos se movam para funções que requerem habilidades complexas e críticas, como supervisão e tomada de decisões.

Como se preparar para implementar a IA

A implementação bem-sucedida da IA dentro das empresas requer uma abordagem estratégica e uma preparação cuidadosa. Por exemplo, Corrêa, da 80 20 Marketing, destaca a importância de definir claramente os objetivos da implementação da IA. Antes de iniciar o processo, é crucial compreender os resultados desejados, seja melhorar a eficiência, aumentar a produtividade, reduzir custos ou aprimorar a experiência do cliente. Já Ribeiro Neto, do Centro Universitário Senac – Santo Amaro, alega que iniciar com projetos pilotos é uma estratégia recomendada, já que permite à empresa validar a eficácia das soluções de IA em uma escala menor, identificar problemas iniciais e realizar ajustes antes de uma implementação em larga escala.

Uma vez que os objetivos estejam definidos, é essencial avaliar a situação atual da empresa, como enfatiza Covi, da ABB Brasil. Uma análise da infraestrutura tecnológica, processos de negócios, cultura organizacional e necessidades dos clientes ajudará a identificar áreas que se beneficiariam com a implementação da IA. Formar uma equipe dedicada é um passo fundamental, aponta Covi. Essa equipe deve ser composta não apenas por especialistas técnicos, mas também por indivíduos com uma compreensão ampla do negócio. Essa equipe será responsável por planejar e executar o projeto de implementação.

Afinal, a coleta, gestão e análise de dados desempenham um papel crucial na implementação da IA, destaca Fabio Jr., da Soma8. Assim, uma estratégia sólida de dados é fundamental para alimentar os algoritmos de IA e obter insights valiosos.

Investir em capacitação também é destacado por vários especialistas como Arthur, que ressalta que a preparação dos colaboradores é crucial. Programas de treinamento e desenvolvimento são necessários para ajudar a equipe a adquirir as competências necessárias para trabalhar com IA. Mas, neste contexto, as questões éticas e de privacidade não podem ser negligenciadas, conforme ressalta Leandro, da GFT Technologies. A implementação da IA deve estar em conformidade com regulamentações de privacidade de dados e seguir princípios éticos.

Já na visão de Ana Paula, da Peers Consulting & Technology, também é preciso entender a necessidade da IA e como ela se aplica ao modelo de negócio de cada empresa – a IA deve ser usada como uma ferramenta estratégica para resolver problemas específicos e alcançar metas.

JB Queiroz Filho, do Grupo JBQ.Global, completa destacando a necessidade de compreender a diferença entre IA e Machine Learning (ML). “A escolha da tecnologia certa é fundamental para atender às necessidades da empresa e é importante o treinamento para entender como usar eficazmente a IA.”

IA vai abolir cargos dentro da Supply Chain?

A Incorporação da IA na Supply Chain está provocando uma revolução profunda, redefinindo os papéis e abrindo novas perspectivas. Na verdade, de acordo com Corrêa, da 80 20 Marketing, a IA está moldando os empregos de maneira notável, mas não necessariamente eliminando-os. “Haverá uma metamorfose das funções existentes e o surgimento de novas posições”, explica, acrescentando que essa mudança exigirá um conjunto diversificado de habilidades.

Covi, da ABB Brasil, prevê um futuro em que os empregos evoluam, em vez de desaparecerem. “A automação e a IA tornarão a Supply Chain mais inteligente e digital, mas os trabalhadores continuarão sendo essenciais para o monitoramento e gerenciamento das operações”, observa. Nessa conjuntura, Ana Paula, da Peers Consulting & Technology, ilustra a colaboração harmoniosa entre IA e humanos e destaca que “a IA não extinguirá cargos, mas sim aprimorará o processo de tomada de decisão, permitindo que os profissionais foquem em aspectos mais estratégicos”.

Enquanto isso, Arthur destaca que a IA não atingirá todas as ocupações da mesma maneira. “Funções altamente especializadas e dependentes de dados estruturados podem ser mais afetadas do que outras”, ressalta ele. Em consonância, Ribeiro Neto, do Centro Universitário Senac – Santo Amaro, delineia como a IA remodelará funções-chave. “Cargos como analistas de dados, planejadores de demanda e gerentes de estoque verão suas responsabilidades serem reconfiguradas”, enfatiza. A avaliação de Queiroz Filho, do Grupo JBQ.Global, também segue por este caminho. Ele traça um cenário equilibrado de substituição e criação de cargos. “Enquanto certas funções são propensas a serem substituídas, novas oportunidades surgirão para as que requerem pensamento analítico e habilidades em IA”, afirma. De fato, Leandro, da GFT Technologies no Brasil, sustenta que a mudança na dinâmica profissional é inerentemente uma troca. “A automação pode impactar determinadas ocupações, mas também cria espaço para a emergência de novos papéis”, sugere. Fabio Jr., da Soma8, também explora o potencial da IA como ferramenta transformadora. “A IA está redesenhando funções e abrindo portas para novas habilidades, convidando profissionais a abraçar essa mudança”, ressalta.

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