Em Santos, MSC faz o maior investimento isolado em portos

A armadora européia Mediterranean Shipping Company (MSC) fará o maior investimento isolado em portos do Brasil na cidade de Santos, com R$ 1,6 bilhão na construção de um terminal misto da Brasil Terminais Portuário (BTP) para contêineres e cargas líquidas, na Alemoa. O valor foi anunciado pelo ministro-chefe da Secretaria Especial de Portos (SEP), Pedro Brito, durante a festa de comemoração dos 200 Anos de Abertura dos Portos às Nações Amigas, realizada no cais santista no dia 27 de novembro.

De acordo com o ministro, com o novo terminal, a capacidade de operação do porto santista crescerá. A previsão é de quando for totalmente implantado movimente 1,1 milhão de contêineres por ano e 1,3 milhão de toneladas de líquidos. Somente no ano passado, passaram pelo porto 1,65 milhão de contêineres.

O projeto está em processo de avaliação ambiental. A empresa acredita que os trabalhos possam começar no primeiro trimestre de 2009 e que as obras durem 20 meses, sendo concluídas no início de 2012. Neste primeiro momento, não farão um terminal de passageiros.

O terminal multiuso será construído sobre o antigo lixão da Alemoa em uma área de 300 mil m3 que passará por uma remediação ambiental. O processo será feito em fases concomitantes com a construção do terminal. Devem ser construídos quatro berços de atracação para receber navios grandes de 5 mil TEUs. Para isso, é preciso que a dragagem do canal do porto de Santos aconteça. O ministro Pedro Brito garante que sim e que a crise mundial, neste ponto, é positiva para a cidade pois desaquece a procura pelas dragas em outros portos. A primeira fase da dragagem deve acontecer em 15 meses e o cais do terminal da BTP deve ser o primeiro a fazer uso efetivo do novo calado (para navios de grande porte).

Sobre a participação da MSC com este investimento em um projeto já divulgado, o diretor-geral da BTP, Henry Robinson, explica que a Brasil Terminais Portuários é uma empresa brasileira que faz parte do grupo Europe Terminal e a MSC é sua parceira ao redor do mundo. O grupo constrói e opera 42 terminais e movimenta 5,5 milhões de TEUs. “A MSC é uma parceira que garante 100% do investimento, de capital próprio”, explicou Robinson.

Desde 2001, a BTP tem a concessão da área na Alemoa, com duração de 20 anos e prorrogação de mais 20. A Europe começou a investir neste processo em 2006. “Este é o maior investimento isolado em porto no Brasil. Alguns outros já foram feitos em área contaminadas, mas a maioria em estruturas de portos que já existem”, explicou. Segundo ele, o terminal atenderá não apenas os navios da MSC e sim de todo o mercado.

O processo de remediação vai retirar 200 mil toneladas de lixo e tratar 400 mil toneladas de solo, utilizando uma nova técnica européia de retirada de amostras, como está sendo feito em Londres para a construção de estádios para os próximas Jogos Olímpicos. “Nosso projeto foi entregue à Cetesb, após visitas técnicas ao exterior. O Ministério Público e Ministério do Meio Ambiente apóiam”, disse o representante da BTP.

Esta é, segundo o diretor, a área mais contaminada de porto no Brasil. “Ela existe desde a década de 40, quando começou a deposição de resíduos de atividade portuária. Com as chuvas são retirados 30 mil litros de xorume por mês da área. Só para a limpeza serão investidos R$ 160 milhões, antes da construção do terminal”, explicou.

A principal vantagem deste método de remediação é a eliminação da fonte de poluição. “Não precisaremos de aterro de outros lugares, o que impactaria outras regiões – explicou. Os estudos ambientais estão sendo feitos em parceria com três universidades da cidade e isto deve transformar Santos em um centro de referência desta tecnologia”.

O projeto da armadora, considerado estratégico para a expansão do complexo santista, deve facilitar também a aprovação da construção da avenida Perimetral. Segundo a Codesp, a área era um problema para o porto e a companhia devia dar solução. Com a iniciativa, a Perimetral vai passar em frente ao terminal e em parte deste solo.

Fonte: Revista Santos Modal