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Especial 22 de setembro de 2016

Equipamentos usados: várias disponibilidades no mercado, em razão do momento econômico

Crise econômica e consequente baixa demanda fazem com que os investimentos em equipamentos novos sejam postergados. Daí, diante de uma necessidade iminente de não prejudicar o escoamento da produção, escolher um equipamento usado pode ser uma opção rentável. Mas, como veremos nesta matéria especial, este tipo de compra tem algumas vantagens, e também oferece riscos.

Mercado aquecido
Tiago Daniel, diretor comercial da Advance Empilhadeiras Peças e Serviços (Fone: 19 3307.8622), destaca que as vendas de usados estão bastante aquecidas – a empresa tem percebido muita procura por equipamentos, desde paleteiras manuais até empilhadeiras a combustão. Isto porque, de acordo com Daniel, as empresas que utilizam máquina alugada optaram por eliminar o aluguel e investir no equipamento próprio para sair da despesa mensal fixa. “Em um momento em que as linhas de crédito bancárias estão curtas, o parcelamento direto, as trocas de usados por seminovos e as vendas casadas, como leasing-back, com certeza estarão em alta”, acredita o diretor comercial.

De fato, Rafael Arroyo, gerente de marketing da Crown Equipment Corporation (Fone: 11 4585.4040), lembra que os equipamentos usados têm sido uma boa opção para as empresas que pretendem adquirir equipamentos de movimentação e armazenagem, dado o preço reduzido, à semelhança do que vem acontecendo com os carros usados no segmento automotivo. Neste contexto, ele avalia que o segmento de usados deve crescer pela opção de menor investimento inicial de aquisição.

“Estamos com o mercado de seminovos muito aquecido, já que este apresenta ser uma grande oportunidade para empresas que buscam equipamentos com menor valor de aquisição, reformados e com garantia de fábrica.”

A análise, agora, é de Filipe Novacoski, supervisor de rental da Toyota Material Handling Mercosur Ind. e Com. de Equipamentos (Fone: 11 3511.0400). A visão da empresa também é otimista quanto ao mercado de venda de seminovos para os próximos dois anos.

O engenheiro Giuseppe Corsi, do Departamento Comercial da Kaufmann (Fone: 11 2165.1148), também aponta que o segmento de usados está sofrendo menos com a crise, pois as empresas estão buscando soluções mais econômicas para sua logística, utilizando muitas vezes equipamentos seminovos. “Acreditamos que as empresas terão boas oportunidades de aquisição dos próprios equipamentos locados”, diz ele.

Falando especificamente do segmento de niveladoras de doca, Fabio Alexandre Xavier, administrador da Nivelartec Indústria Comércio e Serviços de Plataformas (Fone: 16 3337.9035), também revela que os equipamentos usados têm uma constante, procura pelo mercado – “atualmente, quando um cliente precisa trocar uma niveladora, dependendo das condições, pegamos o usado do cliente na troca, independentemente da marca, fazemos toda a manutenção necessária e colocamos para locação, mas principalmente para venda, pois há uma procura intensa por este tipo de equipamento usado”.

Xavier também reforça que o mercado de usados possui seu público, em geral empresas de pequeno porte que optam por comprar usados por questão de custo – desde 2015 esta procura se intensificou e, desta forma, a perspectiva da Nivelartec é que a venda de usados continue em alta enquanto durar a crise econômica no país.

Antonio Carlos Rubino, diretor da Trax Rental do Brasil (Fone: 11 4468.7777), é outro representante do setor de empilhadeiras que aponta que o segmento de venda de equipamentos usados tem aumentado consideravelmente devido aos altos preços dos equipamentos novos, aliado ao custo do crédito bem elevado – a altas taxas de juros praticadas pelo sistema financeiro. “Devido a esses fatores, a procura por equipamentos usados tem aumentado.”

Já a análise de Fábio Pedrão, diretor executivo da Retrak Comércio e Representações de Máquinas (Fone: 11 2431.6464), aponta para um mercado de usados que continua no mesmo patamar de anos anteriores.

Segundo ele, o cliente que opta por comprar equipamentos usados é o pequeno e médio, que tem uma utilização reduzida – normalmente esta utilização média é de um turno de 8 horas x dia. “Grandes empresas optam pela locação de equipamentos novos”, revela Pedrão.

Na contramão desta opiniões, Gabriel Barbosa F. Mangueira, gerente trainee, e Beatriz Barbosa, gestora da qualidade, da Elba Equipamentos e Serviços (Fone: 31 3555.2600), acreditam que o mercado de vendas de equipamentos usados foi muito afetado pela retração econômica. Diante do excesso de oferta de usados no mercado, os preços de venda reduziram muito.

Além da queda dos preços, verifica-se maior dificuldade na venda de usados, uma vez que a demanda de utilização de equipamentos reduziu significativamente no último ano. “A venda de usados foi diretamente afetada pela lei da oferta e da demanda. Neste momento, com excesso de oferta no mercado, a saída é adequar os preços de venda para conseguir fechar negociações que sejam vantajosas para o comprador e para o vendedor”, concordam os representantes da Elba.

Maria Trigo, coordenadora de locação da Kion South America – Linde e Still (Fone: 11 4066.8100), concorda com este ponto de vista.

Segundo ela, este segmento mantêm certa estabilidade nas oscilações de mercado, porém os preços dos equipamentos tendem a cair quando ocorre uma grande oferta de máquinas usadas por encerramento de contratos de locação e renovações de frotas, que são vendidas em leilões.

Estas máquinas usadas abastecem pequenos clientes, aplicações leves, onde as máquinas não têm uma grande solicitação, locadores multimarcas e corretores de equipamentos. “O grande volume de máquinas usadas abastece os locadores e negociantes de máquinas, que, após reformá-las, as aplica em contratos de locação, mantendo um valor de locação inferior aos grandes locadores, ou as revende a outros locadores ou clientes finais. Este mercado cresce mais em momentos de atividade econômica reduzida, pois basicamente trabalha com baixo custo, onde produtividade e desempenho não são relevantes”, completa Maria.

Andrigo Cremiatto, CEO da Promov Empilhadeiras (Fone: 11 3929.2080), faz sua análise do segmento de vendas de usados definindo que hoje há três tipos de equipamentos. “Um deles é o genuinamente nacional (mecânico), fabricado até 1994, com cambio mecânico, ideal para rampas, versátil, mas lento. É voltado para construção civil, fábricas de tijolos e empresas que atuam em pátios abertos. O segundo são os importados (fabricados após 1994), automáticos, mais modernos, muito usados no segmento de boca de forno, sem controles eletrônicos. Por fim, os eletrônicos são para empresas com grande demanda, como Coca-Cola e GM. Cada segmento tem seu cliente específico, mas 99,9% das contratantes não sabem disso, pois não é algo divulgado. As máquinas automáticas acabam sendo vendidas para todo tipo de operação, mas é preciso conhecer suas dificuldades. Por ser usada em todo segmento, pode durar menos, de acordo com a aplicação. No segmento de pequenas e médias empresas, as mecânicas são as mais vendidas.”

Sobre as perspectivas para este segmento, Cremiatto revela que, com a atual situação do mercado, muitas empresas que queriam adquirir empilhadeiras novas passaram a comprar as usadas. “Antigamente, uma máquina 2014/2015 valia 85% do valor de uma nova, mas, hoje, vale de 50% a 60% desse valor, devido ao aumento da concorrência desleal a partir de players pequenos, que acabam prostituindo o mercado, tanto em venda quanto em locação. As empresas sérias que atuam no setor precisam, então, baixar os preços para se tornarem mais competitivas.”

Ainda segundo o CEO da Promov Empilhadeiras, para resolver esse problema, deveria haver um mercado mais unido. “Por isso, estou tentando formar uma associação de revendedores de empilhadeiras usadas, para dar força ao setor e não permitir esse tipo de concorrência. Pelos serviços oferecidos, não compensa alugar por um valor muito baixo apenas para cobrir o ‘Zé da esquina’. A ideia é fazer o cliente perceber que vale a pena optar por uma empresa que tenha história no segmento e estrutura para oferecer os serviços necessários.”

Vantagens e cuidados
Se, por um lado, há vantagens na aquisição de equipamentos usados, também há alguns “perigos”.

Por exemplo, quando se fala em usado, é preciso separar o que é equipamento restaurado e revisado. “O revisado está operacional, só foram resolvidos os defeitos mais aparentes – por exemplo, conserta-se o freio e vende. No entanto, o índice de confiabilidade é baixo, pois não se sabe quando ele vai ter problema. No caso do equipamento restaurado/reformado, ele passa por um processo de desmontagem completo e são trocadas as peças desgastadas por novas. O motor tem a mesma garantia do da máquina zero. As revisadas deixam sempre a ‘pulga atrás da orelha’, as reformadas demandam investimento de 20% a 30% a mais, mas têm confiabilidade próxima de um equipamento zero, cerca de 95%. É mais fácil apenas fazer o PPP (pneu, pintura e partida) e vender, em vez de desmontar a máquina inteira e fazer motor. Só compensa restaurar o equipamento com mais de 10 anos, pois quando se mexe com eletrônicos, o custo é maior”, alerta Cremiatto, da Promov.

De uma modo mais amplo, porém, Daniel, da Advance Empilhadeiras, explica que as vantagens de se comprar um equipamento usado incluem menor valor, além de o equipamento ser fornecido revisado e com garantia. Por outro lado, há os riscos de um equipamento “maquiado”, falta de garantia do vendedor e custo com manutenção.

Por sua vez, Willian Silva de Oliveira, vendedor de ativos da Bauko Equipamentos de Movimentação e Armazenagem (Fone: 11 3693.9339), relata que a grande vantagem é o custo- -benefício – por um valor de até 50% de uma máquina nova o cliente consegue uma máquina revisada e com garantia, diz ele.

Arroyo, da Crown, também aponta como vantagens o baixo custo inicial de aquisição e a disponibilidade imediata, enquanto os “perigos” possíveis incluem o alto custo de manutenção, se não for avaliada a conservação do equipamento, a credibilidade da marca e do fornecedor, além de garantia e programa de manutenção.

“A vantagem de adquirir equipamentos usados é o preço de compra do ativo, que costuma ser bem menor do que o preço de compra do equipamento novo. Os problemas são possíveis vícios ocultos não identificados no momento da compra, caso esses equipamentos sejam adquiridos sem o antecedente de um eficiente controle de qualidade das manutenções preventivas, preditivas e corretivas executadas, o que pode custar caro para o comprador”, alertam, por sua vez, Barbosa e Beatriz, da Elba.

Corsi, da Kaufmann, também aponta com vantagem o menor custo, enquanto a maior dificuldade é encontrar um equipamento usado exatamente nas dimensões necessárias para o local de utilização.

Além de também ressaltar como vantagens de adquirir um equipamento usado o preço menor e a garantia, Xavier, da Nivelartec, afirma que os principais problemas são a disponibilidade destes equipamentos, “pois não temos uma quantidade de usados suficiente para atender o mercado. Outro problema para o cliente é que nem sempre há a disponibilidade do tipo de niveladora usada para a aplicação que ele necessita – por exemplo, o cliente precisa para sua operação de um equipamento com capacidade para 6.000 kg, porém temos uma niveladora com capacidade para 2.000 kg disponível, ou seja, a falta de equipamentos usados e os tipos disponíveis podem inviabilizar uma negociação”, conta o administrador da Nivelartec.

Maria, da Kion South America, aponta como vantagem a qualidade compatível com o custo, pois o usuário final têm garantia de funcionamento e conta com o apoio técnico da rede de representantes e serviços autorizados, além de peças e serviços à sua disposição para manter as máquinas originais se desejar. “O horímetro indica ao cliente quanto a máquina já trabalhou, logo, ao adquirir uma máquina usada, ele sabe que sua máquina terá uma vida útil menor, mas compatível com sua expectativa de utilização desse equipamento.”

Ainda para a coordenadora de locação da Kion South America, o “perigo” é adquirir os equipamentos de uma fonte não confiável, onde os equipamentos podem ter sido adulterados ou mesmo de procedência duvidosa.

Pedrão, da Retrak, também cita como vantagens o baixo custo de investimento e a depreciação reduzida, enquanto os perigos podem incluir custo de manutenção elevado, aumento de número de horas em manutenção e desempenho menor devido à tecnologia da época. “É necessário um estudo detalhado da operação do cliente para indicação do equipamento adequado para cada operação”, adverte.

Finalizando, Rubino, da Trax Rental, também aponta como vantagens de se adquirir equipamentos usados o menor preço em relação ao equipamento novo e a entrega imediata, enquanto os riscos incluem não saber a procedência do equipamento, horímetro elevado e custo de manutenção elevado.

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