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Conteúdo 19 de outubro de 2016

Excesso de oferta

A redução do volume de cargas acirra a competição no mercado de fretes, como revela a 10ª Pesquisa Nacional que ajudou a identificar as empresas Top do Transporte 2016.

Os efeitos da desaceleração da economia brasileira, a partir de 2014, que provocaram o fechamento de milhares de empresas e quase 12 milhões de trabalhadores desempregados, entre outros estragos, também produziu fortes impactos negativos no mercado de transportes. Foi o que revelou a 10ª Pesquisa Nacional de Desempenho dos Fornecedores de Serviços de Transportes, realizada pela InPut Consultoria e promovida pela Editora Logweb e Editora Frota, com o objetivo de identificar as empresas Top do Transporte 2016.

“Pela primeira vez em 10 anos, o universo de empresas vinculadas aos 14 setores econômicos que, desde 2007, dão sustentação a esse trabalho, acusou uma retração de 12,3%, evidenciando as dificuldades que cercam a indústria nacional”, comenta Ivone Martins Bogo, da InPut, responsável pelo trabalho. Segundo a especialista, nada menos que 10 dos 14 ramos pesquisados apontaram queda no número de afiliados, em relação ao levantamento de 2015. “Além do fechamento de inúmeras empresas, o estudo apontou uma redução no quadro de profissionais envolvidos com a operação logística e, em outros casos, a terceirização completa da atividade, com o objetivo de reduzir custos”, ressalta a pesquisadora.

O segmento mais afetado foi a indústria de produtos veterinários, cujo universo caiu de 369 para 160 indústrias, no comparativo de 2015 com 2016, queda de 56,6%. Em segundo lugar aparece a da indústria de papel e celulose, com baixa de 49,2% (de 197 para 100 empresas) e, ainda, a indústria de plásticos, cujo quadro associativo minguou de 337 produtoras para apenas 177, evidenciando um decréscimo de 47,7%%.

Apesar do retrocesso no universo de empresas pesquisadas, a 10ª Pesquisa registrou uma queda de apenas 4% no número de respondentes que aceitou colaborar com o trabalho. Um total de 474 contratantes de fretes participou desse estudo que identificou as empresas Top do Transporte 2016, ante 454 embarcadores de carga da pesquisa anterior (ver gráfico 1). “O fato reafirma a importância do levantamento junto ao mercado de fretes e o reconhecimento que o Top do Transporte alcançou ao longo de seus 10 anos de realização”, comenta Valéria Lima Azevedo Nammur, diretora Executiva da Editora Logweb e co-promotora da iniciativa.

Índice de Multiplicidade
Outra consequência da retração econômica revelada na pesquisa foi a redução no número de transportadoras rodoviárias de cargas que prestam serviços regulares para as empresas geradoras de cargas. Em 2015, por exemplo, os 474 contratantes de fretes que participaram da eleição promovida por Logweb/Frota&Cia relacionaram um total de 1.365 transportadoras rodoviárias de cargas como fornecedoras habituais da indústria. Já em 2016, esse número baixou para exatas 1.158 empresas, de acordo com 454 entrevistados, evidenciando uma queda de cerca de 15% no comparativo dos dois períodos (ver gráfico 2).

O fato teve repercussão direta no Índice de Multiplicidade, indicador que mede o grau de utilização de fornecedores de transportes em cada ramo industrial ou comercial. Depois de alcançar o pico em 2015, quando os embarcadores das catorze especialidades contavam com uma média de 2,88 fornecedores de transportes por empresa, esse número caiu para 2,55 em 2016 (ver gráfico 3).

A curva descendente do Índice de Multiplicidade revela que não restou outra saída para os embarcadores de cargas senão reduzir o número de transportadoras a serviço da empresa, em consequência da retração da economia. A afirmação tem o endosso de Hebert Bertolazzi, supervisor de Logística da Dyna Indústria e Comércio, fornecedora da indústria automotiva. “No comparativo de 2015 com 2016, acusamos uma redução de 30% a 35% no volume de cargas, apenas no item limpadores de para-brisas. Com isso, o número de fornecedores de transportes caiu em torno de 50%”, comenta o executivo. “Mesmo assim, o assédio por parte de novas transportadoras, oferecendo serviços, aumentou ‘um milhão por cento’, incluindo empresas que nunca ouvi falar”, completa Bertolazzi.

O fenômeno também foi observado pelo supervisor de logística da Aqia Química Industrial, Nelson Moreno Junior. “Em 2016 aumentou muito a oferta de serviços de transportes por empresas de outros segmentos de mercado, fazendo de tudo para se moldarem a nossa tabela de preços. Mas preferimos declinar, por atuarmos com transportadoras parceiras de muitos anos, que oferecem um nível de serviço bastante aceitável”, completa o supervisor.

Em que pese a diminuição do número de transportadoras agregadas à indústria e ao comércio, curiosamente, o mesmo não aconteceu em relação à lista de homenageadas com o Top do Transporte 2016. O ranking, que relaciona as empresas eleitas com base nas notas de desempenho atribuídas pelos próprios clientes aos seus fornecedores de transportes, manteve a tendência de alta, ao acusar uma evolução de 14%, de 106 para 110 indicadas, no comparativo com o ano anterior. Dos 14 segmentos avaliados nada menos que nove acusaram aumento no número de transportadoras contempladas com a distinção. Apenas quatro ramos industriais mostraram um recuo nesse quesito, com ênfase na indústria automotiva que caiu 39%, de 23 para 14 fornecedores (ver gráfico 4).

Aumento da oferta
Essa aparente contradição tem plena justificativa. O aumento do número de empresas Top do Transporte revela que as transportadoras vêm se empenhando em oferecer um serviço de melhor qualidade aos clientes, ao mesmo tempo em que buscam ampliar o seu portfólio de especialidades, na tentativa de compensar a quebra da receita.

Foi o que aconteceu com a Alfa Transportes, no esforço de garantir os resultados operacionais do passado. “Abrimos o segmento de E-Commerce e também buscamos novas oportunidades nos mercados de Móveis e Eletroeletrônicos”, enumera o diretor, Anderson Perez. A variedade deve vir acompanhada de qualidade, impreterivelmente, porque o grau de exigência vem crescendo: “os clientes estão muito mais exigentes quanto a preços e qualidade. Qualquer motivo de reclamação ou proposta do concorrente com custo menor é uma sugestão para a troca de parceiros”, detalha, revelando os meandros da guerra velada de preços praticados pelo setor.

A ampliação no mix de transportes também favoreceu a JSL, que embora tenha registrado redução de volume no 1º semestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015, computou um aumento de 2,2% na receita, em função da variedade de produtos transportados. “Passamos a atender o segmento Farmacêutico, oportunidade de um mercado novo para a JSL, tanto no transporte quanto na armazenagem desses produtos”, relata Fábio Velloso, diretor executivo de Novos Negócios e Relações Institucionais da JSL.

Serviço de qualidade
Um outro fator muito importante também colaborou para esse esforço das empresas de transportes em melhorar o serviço prestado. No caso, o aumento do grau de exigência dos embarcadores de cargas em relação aos seus transportadores, igualmente evidenciado na 10ª Pesquisa do Top do Transporte.

Questionados sobre a importância de cada um dos cinco critérios utilizados para avaliação das transportadoras rodoviárias de cargas, os contratantes de fretes atribuíram diferentes notas para cada quesito, de acordo com o ramo de negócios e o peso do frete na composição de custos do produto. Com isso, a média final dos embarcadores de carga na Pesquisa 2016 alcançou a marca de 2,85 pontos, pouco superior aos 2,78 pontos registrados no ano anterior (ver gráfico 4).

O resultado reflete a preocupação da indústria com a melhoria do transporte de suas mercadorias, bem como no estabelecimento de uma parceria mais profícua com seus fornecedores. Tanto assim que o Nível de Serviço, que Indica a habilidade do fornecedor de transporte em cumprir os prazos de coleta e entrega e sua capacidade de atender a contento as flutuações da demanda, figurou como o mais importante por parte dos contratantes de fretes. O quesito contabilizou 2,94% de média final em 2016. Em segundo lugar aparece o Custo-Benefício, que traduz a preocupação do transportador em oferecer uma relação favorável de custo-benefício para o embarcador, na forma de tabelas de fretes compatíveis com os custos operacionais do transporte e o serviço oferecido (ver gráfico 5).

Aumento de participação
A 10ª Pesquisa Nacional dos Fornecedores de Desempenho dos Fornecedores de Serviços de Transporte mostrou, ainda, outra evolução em relação à edição anterior. A participação das empresas de grande porte acusou um novo aumento, passando de 33,5% para quase 40% do total de votantes. A maior queda ocorreu no segmento das médias empresas, cuja participação caiu de 39,8% para 34,1% no comparativo de 2015 com 2016, enquanto as micros e pequenas empresas mantiveram a mesma posição, com 26% de share (ver gráfico 6).

“A participação de embarcadores de cargas de diferentes portes em uma pesquisa dessa dimensão, que envolve um grande universo de empresas e segmentos, só contribui para aumentar o grau de confiabilidade do trabalho”, observa José Augusto Ferraz, diretor da Editora Frota e co-realizador da iniciativa. A mistura de pequenas, médias e grandes empresas na sondagem proporciona uma radiografia bastante precisa do mercado de fretes. “O fato permite reconhecer os melhores prestadores de serviços, eleitos como Top do Transporte nas diferentes especialidades, para servir de referência e ferramenta de consulta junto a milhares de contratantes de fretes, além dos próprios transportadores”, finaliza Ferraz.

Tabela pesquisa 01 Tabela pesquisa 02 Tabela pesquisa 03 Tabela pesquisa 04 Tabela pesquisa 05

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