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Especial 28 de fevereiro de 2023

Gerenciamento de Riscos: uma visão geral, abrangendo empresas, profissionais e ações a serem tomadas

Afinal, aqui são tratados temas como eficiência do GR para reduzir custos do seguro, como identificar riscos e mitiga-los, posições das áreas de GR e de seguros e o que se exige de um profissional para trabalhar na área, entre outros.

Começamos esta matéria especial de Logweb com uma pergunta: Por que uma das formas mais eficazes de diminuir o custo do seguro é aumentar a eficiência do Gerenciamento de Riscos?

A primeira resposta é de Vânia Rios, diretora de vendas da Viasat, INTELIE – que combina uma plataforma de Inteligência Operacional com o software considerado líder em tecnologia de satélites.

Ela diz que, ao investir em análise de riscos, é possível prevê-los e mitigá-los para, consequentemente, diminuir o valor do seguro a ser pago. “Por exemplo, no caso de uma empresa de entrega, se o caminhão das cargas possui rastreadores de geolocalização capazes de identificar desvios de rota, pode ser um fator que diminui o valor do seguro da carga. Da mesma forma que a quantidade de tempo em que uma pessoa possui carta de motorista pode diminuir ou aumentar o valor do seguro do carro.”

Sérgio Caron, diretor de Marine & Cargo da consultoria de riscos e corretora Marsh Brasil, também responde: porque um Gerenciamento de Riscos eficiente é capaz de mitigar ou eliminar as perdas encontradas nas empresas, trazendo equilíbrio entre o nível de risco e o nível de vulnerabilidade dos sistemas de proteção existentes, o que gera equilíbrio financeiro e melhores condições para o custo de seguro, revertendo riscos anteriormente declinados para aceitáveis.

“Um Programa de Gestão de Riscos tem que ser preditivo, integrado e contínuo. Somente assim proporcionará a eficiência que irá impactar positivamente nas operações de transporte e, consequentemente, no custo do seguro. As transportadoras, os embarcadores e Operadores Logísticos que optam por atuar com um Programa desse tipo aumentam substancialmente as chances de reduzir seus riscos porque, ao focarem neste modelo de gestão, conseguirão identificar e mitigar potenciais ameaças às suas empresas, além de obterem maiores e melhores possibilidades de implantarem processos e tecnologias adequados e nas proporções corretas que seus riscos e modelo de transporte necessitam.”

Ainda de acordo com Ricardo Monteiro, diretor de Gerenciamento de Riscos da Pamcary – considerada pioneira na oferta de soluções integradas em seguros, Gestão de Riscos logísticos e assistência 24hs para o atendimento de eventos que ocorrem no transporte multimodal de cargas no Brasil – um bom Programa de Gestão de Risco resultará na redução dos custos de seguro, dado que a empresa poderá obter taxas mais atrativas em razão da redução da exposição a todos os tipos de eventos, sejam eles acidentes, roubos ou até avarias. Mas este não é o único benefício – pode haver também a diminuição dos gastos com segurança, evitando investimentos indevidos e excessivos.

Sylvio Bispo, co-fundador e CEO da SmartLoad – Insurtech que atua na gestão da jornada do transporte – completa, destacando que, desde a análise do risco, o subscritor da seguradora pode levar em consideração todos os investimentos para a prevenção de perdas e precificar o risco do seguro com base nisso. Além disso, a efetividade na mitigação de sinistros contribui para que haja um equilíbrio técnico na relação prêmio-indenização daquela operação de transporte. “Com uma operação saudável, o segurado pode, inclusive, pleitear melhorias nos valores dos prêmios, nos momentos de renovação das apólices.”

Riscos

Neste contexto, Bispo, da SmartLoad, lembra que, diariamente, as empresas estão expostas a um conjunto enorme de riscos. Então, como fazer para identificá-los e, em seguida, tomar providências para amenizar eventuais impactos na empresa?

“Um mapeamento operacional e uma análise criteriosa dos relatórios de Gerenciamento de Risco são um bom começo. Estudar inconformidades na operação e oportunidades de melhoria nos processos contribuem para a aplicação de boas práticas e direcionam à implementação de metodologias e cultura organizacional, desde a contratação de funcionários até o engajamento do time. Em complemento, escrutinar processos de segurança é, entre outras medidas, uma providência que ajudará a mitigar os riscos.

Ao fim do dia, os dados são o maior aliado e, com eles, as ações sempre farão mais sentido, quando aliadas ao planejamento e mensuração.

Já Vânia, da Viasat, INTELIE, ressalta que na parte de identificação, as empresas devem ter funcionários e/ou consultorias capazes de mapear os riscos operacionais. Já na parte de providências, a tecnologia fornece meios de monitorar a probabilidade da ocorrência dos riscos e, por meio deles, as empresas conseguem tomar medidas adequadas para amenizar os impactos. Depois disso, deverão inserir no sistema para que seja possível fazer o monitoramento em tempo real e comunicar a probabilidade de ocorrência dos riscos. Caso ocorra, alertas serão emitidos.

“A fase de identificação é fundamental para uma boa implementação da Gestão de Riscos. É a fase na qual será confeccionada a relação dos riscos críticos a que a empresa está exposta. Para identificação desses riscos é importante entrevistar os executivos responsáveis pelas áreas mais críticas, analisar os históricos de sinistros e ocorrências, acompanhar as operações in loco, entre outras medidas com o foco de identificar os riscos que realmente impactam de forma significativa os objetivos estratégicos da empresa. Após essa fase de identificação dos riscos, é possível tomar as precauções necessárias para mitigação/eliminação das perdas focando tempo, energia e recursos nos riscos críticos e evitando falhas ou focos em riscos secundários”, acrescenta Caron, da Marsh Brasil.

Pelo seu lado, Monteiro, da Pamcary, reforça que identificar riscos inclui possuir processos e sistemas que permitam conhecer antecipadamente as ameaças às operações de transporte da empresa, seus sinistros, as causas e fatores contribuintes que fizeram com que estes ocorressem. Por isso é necessária a utilização de um modelo de Gestão de Riscos integrado, preditivo e inteligente que reúna milhões de informações e dados históricos para tomadas de decisões cada vez mais rápidas, precisas e ágeis. Isso é um diferencial estratégico e competitivo para mitigar a ocorrência dos diferentes tipos de sinistros.

“A implantação deste modelo deve ser cada vez mais digital e transparente, além de dar visibilidade à logística e à execução do serviço de monitoramento das suas viagens e dos riscos a que estão expostos, antes que os eventos aconteçam. Isso possibilitará a atuação com ações e providências para neutralizar, antecipadamente, a ocorrência dos possíveis sinistros.”

Outro fator que não pode ser desprezado – ainda segundo o diretor de Gerenciamento de Riscos da Pamcary – é a experiência e qualidade no atendimento in loco dos mais diversos tipos de eventos que possam ocorrer nas estradas e que farão com que impactos e danos à marca sejam os menores possíveis, além de possibilitar que esta base de dados e inteligência seja continuamente alimentada e atualizada.

Esta inteligência preditiva e sistêmica permitirá adotar o nível de proteção adequado a cada carga transportada e rota, além de ter conhecimento das viagens, sobre o condutor, os produtos mais visados, a probabilidade de ocorrência de acidentes, roubos nos trechos e até outros detalhes, como o modus operandi das quadrilhas e os locais mais seguros para realizar paradas.

Visão abrangente

Já respondendo à questão sobre “o que se quer dizer quando se solicita, aos responsáveis da área, uma visão mais abrangente do Gerenciamento de Riscos?”, Vânia, da Viasat, INTELIE, ressalta que a maioria das empresas faz o mapeamento dos riscos, mas não tem a visão geral de todos os riscos operacionais de uma área. Por exemplo, empresas responsáveis pelo transporte de produtos químicos estão sujeitas a diversos riscos.

Por isso, os planos de contingência são efetivos no momento em que são identificados todos os fatores que geram um risco, tais como: treinamento do motorista para transportar cargas perigosas, manutenção do caminhão e condições climáticas que podem interferir nesse transporte.

Neste contexto, a tecnologia permite que as pessoas possam visualizar todos esses dados em um só lugar e ter uma visão em tempo real da probabilidade da ocorrência de um risco ao monitorar os fatores que geram cada um dos riscos mapeados.

É conhecido por todos que não se gerencia aquilo que não se mede, portanto, partindo deste princípio é importante que o gestor de risco tenha uma visão ampla sobre os riscos a que sua organização está exposta, medindo efetivamente os impactos que os diversos riscos podem causar à corporação e de forma que sejam aplicadas as medidas corretas e eficazes para a eliminação ou mitigação desses problemas. Não se pode apenas focar nos impactos financeiros, mas ampliar as medidas de Gerenciamento de Riscos que sejam capazes de eliminar ou mitigar todos os demais impactos, como, por exemplo, riscos reputacionais e de imagem da empresa, perda de clientes, perda na produtividade, não cumprimentos de contratos e consequentemente multas e penalizações e perda de vantagem competitiva.

“Muitas vezes os riscos de uma empresa estão ocultos e a visão míope não a protegerá de forma adequada, sendo que com numa visão mais abrangente do Gerenciamento de Riscos, tais medidas trarão o menor impacto possível à organização, protegendo seus ativos, bens e negócios, sua proposta de valor, objetivos estratégicos e visão de futuro”, adverte Caron, da Marsh Brasil.

Visão abrangente do Gerenciamento de Riscos significa ter uma compreensão clara e completa da exposição da empresa a diferentes tipos de riscos e como eles podem ser mitigados, sejam os de acidentes, avarias, roubo, furtos, extravios e até invasão a depósitos, explica, agora, Monteiro, da Pamcary. Todos podem de alguma forma impactar diretamente no prejuízo à sua apólice de seguros e, consequentemente, à marca.

Outro ponto muito importante que contribui para esta visão mais ampla são as rupturas devido não só a sinistros, mas relacionados a processos logísticos, como atrasos, que podem ocorrer quando uma carga não chega no prazo ou no destino, ou até em condições não ideais para entrega, devido ao processo inadequado de arrumação e acondicionamento. Isso impacta diretamente no nível de serviço e qualidade acordado com o cliente e com o consumidor final.

Na verdade, a visão holística do risco envolve inteligência. Resgatar o tema “dados” é imperativo. Atualmente, é fácil consultar fontes, recorrer a networking e contratar especialistas que trabalharão na melhoria dos indicadores, ensina Bispo, da SmartLoad.

Como exemplo, ele cita alguns pontos que envolvem uma operação de transporte rodoviário: a origem da contratação do motorista e do ajudante – plataformas digitais são um grande aliado logístico, mas infelizmente reservam emboscadas através de falsos motoristas que se apropriam da carga, causando seu desaparecimento e protegendo-se legalmente atrás de registros de ocorrência em que, inclusive, configuram como vítimas. “Quando possível, contratar um motorista familiar à operação é sempre o melhor caminho e, evidentemente, um motorista contratado é visto como um ponto ainda mais positivo na operação”; a análise do trecho a ser percorrido, seus pontos vulneráveis e de risco, locais seguros para pernoite, assistências estratégicas ao longo do percurso, uso de recursos eletrônicos de prevenção, entre outros detalhes, são extremamente positivos de serem planejados previamente; aplicação da meritocracia aos profissionais envolvidos na operação, sejam internos ou externos, tende a reduzir ou mesmo eliminar ocorrências; trazer ao time o entendimento de que a ocorrência de um evento pode trazer transtornos com relação a multas por atrasos, penalidades na apólice de seguros, perda de clientes e até a falência de um negócio, caso não sejam cumpridas as exigências das apólices de seguro. “Dessa forma, é possível sensibilizar todos para que haja maior efetividade nos intentos”, completa o CEO da SmartLoad.

Áreas

“As estruturas empresariais devem atender a necessidade de cada negócio. A área de Gestão de Riscos pode usar tecnologia para buscar formas de mitigar/evitar riscos, contribuindo para a eficiência operacional e redução de custos, inclusive de apólices de seguro se aplicável.” Agora, Vânia, da Viasat, INTELIE, responde à pergunta: dentro das estruturas empresariais, como definir as posições das áreas de Gerenciamento de Riscos e de Seguros? E completa, sobre se é conveniente manter as áreas de Seguro e de Gerenciamento de Riscos separadas: isso deve ser definido pela empresa que contrata o serviço da plataforma de Gerenciamento de Riscos.

E Monteiro, da Pamcary, completa, destacando que as posições das áreas de Gerenciamento de Riscos e de Seguros devem ser definidas de acordo com as necessidades e estratégias da empresa, com o objetivo de assegurar uma abordagem integrada e eficaz para atingir os melhores resultados para a empresa. É importante mencionar que, dentro das estruturas das empresas, estas duas áreas se complementam e se conectam de várias formas, por isso ambas devem estar alinhadas em todos os níveis hierárquicos com as metas e os resultados definidos pela governança da empresa, independentemente da área a que estejam vinculadas.

O alinhamento estratégico entre as áreas é aquele que traz os melhores resultados para as companhias, por isso é importante possuir um Programa Integrado de Seguros e Gestão dos Riscos Logísticos. “Quando se distanciam ou se mantêm separadas, as áreas de Seguro e de Gerenciamento de Riscos podem ter uma perspectiva independente e individualizada sobre os riscos da empresa. No entanto, caso isso ocorra por uma decisão da empresa, é importante garantir a colaboração, interação e contato constante entre as áreas ou dos prestadores de serviço que realizam estas atividades.”

Monteiro também diz que, além destas duas áreas, há outros participantes extremamente relevantes que devem constar de um Programa Integrado de Gestão de Seguros e Riscos. São eles: a área de Transporte e o serviço de Atendimento dos Sinistros na Estrada especializado e de grande abrangência e capilaridade. Todos devem estar conectados neste modelo, de modo a beneficiar e atingir os melhores resultados em custos, performance e redução dos riscos.

Também falando sobre definir as posições das áreas de Gerenciamento de Riscos e de Seguros dentro da empresa, Bispo, da SmartLoad, diz que uma contratação assertiva, valendo-se de um processo seletivo criterioso, é essencial. A partir da identificação das skills de cada colaborador dentro da estrutura, aproveitar o melhor de cada talento também é parte do processo de GR. Discutir o risco claramente com a equipe em sessões de brainstorming também constitui em uma boa prática.

“Em linhas gerais, as áreas de GR e seguros precisam estar alinhadas às áreas de compliance, fraude e operacional. Porém, é comum vermos a área de seguros e GR subordinadas à área de operações ou transportes. O impacto em incluir essas áreas no escopo de responsabilidade, normalmente, gera conflitos e o uso efetivo de boas práticas do GR é deixado de lado, respeitando-se apenas a demanda e diretriz operacional.”

Via de regra – prossegue o CEO da SmartLoad –, o GR precisa ser a oposição técnica da operação que, por sua vez, caminha muito próxima ao comercial, vendas e/ou CS. É importante gerar independência ao GR dentro das organizações para não sucumbirem aos interesses diretos de frete e demanda.

Já sobre se é conveniente manter as áreas de Seguro e de Gerenciamento de Riscos separadas, ele volta a destacar que são áreas ligadas intimamente. Nas frotas, o acúmulo de ocorrências e suas decorrentes indenizações, quando causam desequilíbrio técnico entre o prêmio de seguro arrecadado, versus o pagamento de indenização, levam a renovação do seguro à mesa de negociação, às vezes com o declínio da companhia na renovação do seguro. Não diferente disso, nas cargas, a reincidência de eventos de roubo leva a apertos nas regras de GR com o consequente aumento nos custos de contratação, alterações de taxas de seguro, agravos diversos e, igualmente, a uma possível negativa de renovação.

“Isto posto, é conclusivo que manter as áreas próximas e sinérgicas é fator relevante para uma atuação simbiótica entre os setores que, em meu entendimento, devem caminhar juntos”, completa Bispo.

Manutenção

Já que o assunto envolve as áreas dentro de Gerenciamento de Riscos, Vânia, da Viasat, INTELIE, lembra que, na situação da manutenção de veículos de cargas, entende-se que o mapeamento de riscos deve estar de acordo com o que a empresa faz de logística – com o que transporta e armazena.

“Armazenamento de carga química tem um risco diferente de armazenamento de roupas, por exemplo. Mas o que sempre deve ser verificado em geral é se os requisitos da carga armazenada estão sendo cumpridos durante a transportação.”

Também se referindo à importância das áreas de manutenção com relação aos riscos empresariais, o diretor de Marine & Cargo da Marsh Brasil lembra que, no mundo atual, onde a competição entre as empresas é alta, assim como o nível de exigência dos clientes, é fundamental interpretar e agir de forma rápida com estratégias bem definidas para manter a competitividade.

Aumentar a qualidade e confiabilidade dos sistemas, produtos e serviços é fator chave para o desempenho do negócio e, portanto, é de suma importância que as áreas de manutenção mantenham e melhorem os níveis de qualidade e desempenho. São diversos os riscos empresariais e saber como gerenciá-los torna a empresa mais eficiente e organizada.

“As áreas de manutenção são importantes para a Gestão de Riscos porque podem ajudar a identificar e prevenir falhas, problemas e tendência de rupturas que possam causar danos significativos e danosos à empresa. Por isso, é importante atuarem de forma preventiva sobre a orientação de processos e protocolos bem elaborados, que garantam a verificação rotineira que proporcionará maior qualidade e menor exposição a riscos”, acrescenta Monteiro, da Pamcary.

Bispo, da SmartLoad, também lembra que a conservação dos itens de segurança requer atenção especial. Os registros das necessidades do prédio, de cada equipamento, seus contratos, certificados, laudos, vigências, treinamentos e reciclagens, constituem parte íntima do GR. Desde os riscos de incêndio, raio, explosão, até aqueles que envolvem os controles de acesso, passando pelo uso de empresas especializadas para segurança em todos seus níveis – alarmes, imagens, pronta resposta, armazenamento e tratamento de dados etc. –, tudo isso influencia e demonstra o quanto a empresa está preparada para atuar pontual e apropriadamente, incluindo o gerenciamento das crises.

Programa atualizado

Quando perguntado sobre como fazer para que se tenha um programa de Gerenciamento de Riscos sempre atualizado, Vânia, da Viasat, INTELIE é bem sucinta: criar medidas protetivas de acordo com os riscos mapeados pela empresa e fazer a manutenção das informações.

“Contratar prestadores de serviço que tenham boa reputação, capacidade de adequação e resiliência operacional e financeira, que tenham processos bem definidos, estrutura adequada e profissionais especializados já seria um grande passo, pois entendemos que o programa estaria sob uma gestão baseada em tecnologia, pessoas capacitadas e processos contínuos, acompanhado de procedimentos de auditoria, tornando o programa sempre atualizado”, aconselha Caron, da Marsh Brasil.

Essa estrutura também pode ser orgânica, mas independente disso, o gestor de riscos da organização deverá criar comitês de riscos rotineiros e de crise sob demanda para manter os quadros e programa de Gerenciamento de Riscos sempre atualizados.

“Em resumo, contratar adequadamente, revisitar e revisar seus processos, cobrar o aperfeiçoamento desses processos, qualificar os prestadores e seus quadros para execução das tarefas manterá o Gerenciamento de Riscos em bons níveis de controle e atualizado”, enfatiza o diretor de Marine & Cargo da Marsh Brasil.

O diretor de Gerenciamento de Riscos da Pamcary também pontua que, para manter um programa de Gerenciamento de Riscos sempre atualizado, é importante envolver uma empresa de Gestão de Riscos que realize avaliações regulares e atualize o plano conforme necessidades que reflitam as mudanças na empresa, nas operações de transporte, no seu modelo de contratação de parceiros e, principalmente, no ambiente externo de risco.

Outro ponto é que esta tenha expertise, dados e informações em tempo real e online para suportar continuamente este programa. Esse acompanhamento contínuo é fundamental, além do conhecimento e experiência de mercado, capacidade e capilaridade em atender os sinistros e coletar informações em todo território nacional, permitindo, assim, qualidade dos dados e informações que serão um diferencial estratégico de manutenção de bons resultados para empresa.

Já Bispo, da SmartLoad, destaca: não existe um modelo pronto e definitivo. O estudo de caso, a atualização dos planos, bem como suas revisões constantes e o compartilhamento de novos negócios, projetos e clientes para um desenho mais efetivo e aderente a operação e recursos são partes intrínsecas dos processos de GR.

“É comum encontrar inconformidades e tratá-las de imediato e, assim, debruçar periodicamente na operação e mantê-la atualizada quanto aos procedimentos de GR, que devem ser corriqueiros e integrantes aos cronogramas.”

Plano de contingência

Ainda quando se fala em Gerenciamento de Riscos, há de se avaliar a importância de, além de um eficiente programa de Gerenciamento de Riscos, manter ativos planos de contingência.

Caron, da Marsh Brasil, lembra que, para cada risco crítico, é fundamental confeccionar planos de contingência. O gestor de riscos corporativos deve coordenar as ações que serão desenvolvidas por equipes interdisciplinares da organização.

Esse plano tem como objetivo organizar os procedimentos e responsabilidades de cada pessoa ou área, de forma a orientar as ações durante um evento indesejado. A eficiência desse plano de contingência é que vai levar a organização a ter o menor impacto possível no seu funcionamento.

De fato, também segundo Monteiro, da Pamcary, os planos de contingência têm caráter preventivo e precisam ter flexibilidade. Eles são importantes porque podem ajudar a minimizar o impacto de eventos adversos, inesperados e desconhecidos. E devem ser atualizados regularmente e testados por intermédio de simulações de eventos incomuns, garantindo assim sua eficácia.

“Tratam-se de protocolos que são desenvolvidos com o objetivo de avaliar, uniformizar, orientar e treinar as ações necessárias para dar respostas rápidas e ágeis de controle e combate às situações anormais que podem ocorrer nos riscos estáticos – dentro dos depósitos – ou até nos riscos dinâmicos – durante as viagens –, possibilitando assim que os eventos impactem o mínimo possível na performance, serviços e produtos da empresa.”

E Bispo, da SmartLoad, acrescenta dizendo que, em Gerenciamento de Riscos, os planos B e C são mais que desejáveis, são uma regra. Lidar com as possibilidades de falhas em processos deve estar no arcabouço de qualquer PGR. A regra “se X então” é um recurso necessário para trazer previsibilidade e aplicação de inteligência no tratamento das eventualidades em suas variações.

Sem área de Gerenciamento de Riscos

“Não, pois nunca abrimos mão das pessoas”, declara Vânia, da Viasat, INTELIE, quando perguntado se, com o estabelecimento de programas de segurança e monitoramento, é possível prescindir de área especializada em Gerenciamento de Riscos. “Elas são responsáveis pela manutenção do mapeamento de riscos, monitoramento contínuo da probabilidade de ocorrência e atuação em planos de contingência para evitar/mitigar riscos. Caso contrário, as decisões serão tomadas baseadas em informações desatualizadas.”

Ainda segundo a diretora de vendas, o uso da tecnologia não dispensa uma área especializada em Gerenciamento de Riscos, mas, sim, proporciona maior eficiência, a fim de garantir maior precisão no monitoramento.

“Por ainda não existir um nível de automaticidade, ainda que haja a aplicação de IA em alguns processos, a área de GR especializada é imprescindível. Uma tecnologia capaz de identificar as inúmeras variações ainda pode ser sua substituta, no futuro, com uso de Machine Learning como protagonista neste processo, mas isso ainda está muito longe de acontecer e, quando ocorrer, será em um futuro mais distante”, completa Bispo, da SmartLoad.

Também para Caron, da Marsh Brasil, o ideal também é que não. É fundamental para alcançar os resultados esperados dentro da organização ter uma área de Gerenciamento de Risco responsável por balizar e coordenar todo o programa de segurança e monitoramento implantado. O processo de Gestão de Riscos deve ser parte integrante de todas as atividades da empresa, pois dá sustentação às tomadas de decisão em todos os níveis corporativos – isso porque o risco é inerente ao negócio.

“Ter programas de segurança e monitoramento é importante, mas isso por si só pode não ser suficiente para gerenciar todos os riscos. Como mencionado anteriormente, um Programa Integrado de Seguros e Gestão de Riscos especializado e permanente é o que proporcionará prevenção de perdas no transporte e armazenamento de cargas, além da obtenção do menor custo total do risco, a saber, a soma dos custos com seguros e Gerenciamento de Riscos. O Programa Integrado poderá evitar, reduzir os riscos e danos desnecessários ao seu negócio, gerando valor para toda organização e, principalmente, para a manutenção da reputação das suas marcas”, explica Monteiro, da Pamcary.

Profissional

Por tudo o que foi colocado, e pelas responsabilidades envolvidas no processo, fica a pergunta: quais as principais características de um profissional para trabalhar na área de Gerenciamento de Riscos?

Para Vânia, da Viasat, INTELIE, a empresa deve definir quem são as pessoas capazes de trabalhar na área de segurança e se elas possuem as certificações e os requisitos necessários para atuar. Depois disso, os funcionários receberão o treinamento para operar na plataforma de Gerenciamento de Riscos. 

Caron, da Marsh Brasil, adverte que o profissional de Gerenciamento de Riscos deve ser capaz de prever e de compreender todas as incertezas do ambiente empresarial no qual ele se insere. Deve possuir, também, a capacidade de interlocução com áreas diversas, coordenando ações para mapear riscos, analisá-los, criar regras e processos a serem seguidos e ainda promover auditorias para se certificar das boas práticas implementadas.

“As características que são importantes para os profissionais em Gerenciamento de Riscos incluem visão sistêmica e estratégica, habilidades analíticas, capacidade de pensamento criativo, crítico e lógico, conhecimento de Gestão de Riscos e suas metodologias, capacidade de mediar e resolver conflitos, relacionamento interpessoal de forma a estabelecer e consolidar empatia e boa comunicação, desejo contínuo de aprender sobre tecnologias e disposição para correr riscos e responsabilidade”, emenda Monteiro, da Pamcary.

E Bispo, da SmartLoad, completa: Critério e envolvimento. Ainda segundo ele, o profissional de GR deve ser detalhista, metódico, analítico, inquieto, desconfiado e ser alguém em constante desenvolvimento, sem prejuízo de outras habilidades igualmente desejáveis. Ele ou ela deve flutuar bem entre áreas como geografia, química, física e telecomunicações, além de ter habilidade com sistemas e gestão de dados e relatórios. E ter desenvolvidas competências de visão macro de processos, gestão de projetos, intuição e foco em resultados.

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