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Conteúdo 23 de março de 2009

Governos de Brasil e Holanda se reúnem e a logística é uma das pautas







No dia 2 de março último, na sede da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, na capital paulista, estiveram reunidos representantes do Brasil que, ao lado de China e Índia, tem se destacado entre as economias emergentes no mundo, mas que ainda necessita de inúmeras melhorias em infraestrutura, e empresários e membros do governo da Holanda, referência mundial quando o assunto é logística.

O país dispõe de uma enorme rede de vias de navegação interna, com conexões para outros países europeus, bem como uma extensa rede de transporte rodoviário. Além disso, de acordo com um estudo do IMD Business School, é o terceiro país no mundo em qualidade de transporte aquático.

Em 2007, no Índice de Desempenho Logístico do Banco Mundial, a Holanda ficou no topo da lista em termos de eficiência e efetividade de alfândega e outros procedimentos aduaneiros; qualidade de transporte e infra-estrutura de TI para logística; facilidade e baixo custo de embarque de mercadorias e nível de profissionalização da indústria logística nacional – todos estes são aspectos que interessam muito ao Brasil.

Na ocasião, o primeiro-ministro, Jan Peter Balkenende, destacou que a Holanda é o nono exportador de serviços no mundo, e um dos maiores investidores também. Outro ponto muito enfatizado por ele é que, pelo fato do aeroporto de Schiphol – o terceiro maior da Europa em transporte de cargas – ficar próximo ao porto de Roterdã – o maior do continente –, as cargas podem chegar a países como França e Alemanha em questão de horas.

Complementando, Dirk’t Hooft, diretor do Holland Inter­na­tional Distribution Council, expli­cou que,além da interligação entre os portos, aeroportos e estradas do país, a facilidade de ligação entre os países da Europa é fundamental para a logística holandesa. “Com a criação da União Européia, no início dos anos de 1990, as fronteiras caíram e passamos a usar nossos CDs para atender a toda a Europa”, lembrou.

De acordo com Hooft, a logística equivale a cerca de 10% do PIB nacional e a 10% da força de trabalho da Holanda. “A logística tem uma importância muito grande no desenvolvimento do comércio, e quando chegamos ao Brasil, no período colonial, já éramos um país comer­cial, porque isso está nas veias dos Países Baixos”, garante.

No entendimento do presi­­den­te da FIESP, Paulo Skaf, a partir do encontro os dois países poderão fortalecer ainda mais os laços econômicos, culturais, sociais, etc. “Há um imenso potencial para o desenvolvimento de projetos conjuntos”, desta­cou, lembrando que, do total importado pelo Brasil no ano passado, menos de 1% veio dos Países Baixos.

Pelo lado brasileiro, a sub­chefe de Articulação e Monitora­mento da Casa Civil e coordenadora do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, Miriam Belchior, falou sobre os investimentos previstos em logística pelo programa que foi lançado no início de 2007 para, dentre outras coisas, superar os gargalos em infraestrutura. “Esse ano o PAC ganha outro papel, que é ajudar a superar a crise econô­mica mundial”, acrescentou.

Miriam disse que no setor rodoviário o programa tem o intuito de melhorar a malha nacional, os eixos de integração com países vizinhos, cuidar da integração com outros modais e construir novas rodovias em áreas em desenvolvimento. “Foram investidos US$ 3,5 bilhões na terceira fase do Programa de Concessão Federal, que inclui a BR-116 e outras. O prazo de concessão de rodovias federais é de 25 anos”, revelou.

No que diz respeito ao setor ferroviário, ela informou que há parcerias com o setor privado para construção e administração de ferrovias. A Norte-Sul, que é fundamental para escoar a produção de vários portos do País, terá a concessão do eixo-sul realizada no segundo semestre de 2009, assim como a Ferrovia Leste-Oeste.

Já o TAV – Trem de Alta Velo­ci­dade, que ligará São Paulo, Cam­pi­nas e Rio de Janeiro, ainda está em estudo e a previsão é que o leilão para concessão seja feito no segundo semestre. “A projeção de investimentos é de US$ 11 bilhões e o prazo para conclusão é 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil”, informou Miriam.

A coordenadora do PAC contou que serão investidos, ainda, US$ 1,5 bilhão em 28 aeroportos do País, e frisou que um dos desafios importantes nesse setor é aperfeiçoar a regulação. “Nesse sentido, o BNDES vem fazendo vários estudos”, comentou. De acordo com ela, há investimentos pro­gra­mados para os aeroportos de Viracopos, em Campinas, SP, e Galeão, no Rio de Janeiro, dois dos mais importantes do Brasil. No entanto, ainda não há previsão de concessão desses projetos.

Miriam também comemorou o fato de que agora a legislação permite investimentos internacionais nos Portos, e que serão des­ti­nados US$ 603 milhões para o Programa Nacional de Dragagem, num prazo de cinco anos. “Já houve licitação de três portos, com investimentos internacionais em consórcio com empresas nacionais”, relatou.

Na visão dopresidente Luís Inácio Lula da Silva, também presente ao evento, a competência administrativa dos portos da Holanda e tudo o que vem sendo feito nos portos brasileiros significam parcerias que estão por vir entre os dois países. “A vinda do primeiro-ministro Balkenende, somada com a vontade das empresas holandesas que aqui estão, certamente irá permitir que os dois países possam conseguir ótimos resultados juntos”, enfatizou.

Para Lula, há uma chance enorme de os investimentos dos Países Baixos no Brasil crescerem muito. “Todo mundo sabe da confiança que as empresas holandesas têm no Brasil, já que algumas estão aqui há muitos anos, são extremamente sólidas e têm grande suporte financeiro. Por isso digo que os empresários brasileiros não podem ter medo de transformar suas empresas em multinacionais”, argumentou, embalado por Skaf: “enquanto o Brasil pode contribuir com o biocombustível, ensino técnico e superior de qualidade, os holandeses podem ajudar muito transmitindo sua experiência em logística e infra-estrutura”.

Seguindo o mesmo raciocínio, Saturnino Sérgio da Silva, vice-presidente e diretor do Departamento de Infra-Estrutura, Logís­tica e Telecomunicação da FIESP, afirmou que a relação de negó­cios com a Holanda pode crescer bastante e ganhar muito desta­que. “Consideramos a Holanda a porta de entrada da Europa, e queremos transformar o Brasil na porta de entrada do Mercosul”, projetou.

Ele lembrou que depois dos anos de 1970, os investimentos em infra-estrutura caíram muito no Brasil, e só foram retomados há poucos anos. Por isso, disse que a logística ficou fragilizada, mas garantiu estar otimista com uma melhora desse quadro. “Na Holanda eles trabalham com logística há muito tempo e, inclusive, já sabem o que irão fazer nessa área nos próximos anos, devido ao planejamento estratégico. É isso que precisamos lutar para que aconteça aqui. Temos muito o que aprender com eles nas questões portuária e aeroportuária. Nesse sentido, temos tentado trocar infor­mações e tecnologias”, concluiu.

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