Itajaí cria assessoria para acompanhar trabalho de reconstrução do Porto

Desde que o Porto de Itajaí foi parcialmente destruído pelas chuvas que castigaram boa parte do estado de Santa Catarina, empreiteiras trabalham incessantemente para reconstruir a estrutura do complexo portuário. Com a circulação de veículos transportando materiais para essa reconstrução e de trabalhadores da construção civil, o Porto viu sua rotina ser alterada. Amenizar o conflito entre essa atividade e as operações cotidianas do sistema portuário é a principal preocupação da recém-criada Assessoria de Segurança do Porto de Itajaí.

Instituída no último dia 2 de fevereiro, a Assessoria tem à frente o capitão-de-fragata da Reserva da Marinha do Brasil, Mozart dos Santos Cardoso. Em entrevista exclusiva ao PortoGente, Cardoso disse esperar que sua experiência contribua para que a Autoridade Portuária estabeleça uma relação estreita e eficaz com a Marinha nos assuntos relativos à navegação.

Embora, até o momento, nenhuma ocorrência tenha sido registrada, Cardoso salientou que as obras civis no cais de Itajaí o preocupam. De acordo com ele, até o término dos serviços de reconstrução, este será o principal foco de trabalho de sua Assessoria. “Há um consórcio de empreiteiras trabalhando dentro do Porto. Essa não é uma atividade normal. Geralmente, um porto é construído e depois começa a operar. Neste momento, Itajaí está operando e sendo reconstruído. Nosso trabalho é permitir que isso ocorra com o mínimo de risco para a segurança de todos”. A entrada, a saída e a circulação de veículos e de trabalhadores, explicou Cardoso, são os principais alvos de controle, exigindo atenção redobrada da segurança.
                                  
Dono de um currículo privilegiado, Cardoso exerceu a função de Delegado da Capitania dos Portos em São Francisco do Sul (SC), de 1998 a 1999, e em Itajaí, de 2003 a 2005. Com essa experiência, aliada à sua participação em comissão estadual como a Cesportos-SC e em conselhos como o de Autoridade Portuária (CAP) de Itajaí, o assessor lista alguns fatores primordiais para aperfeiçoar a navegação no Rio Itajaí Açú, que dá acesso ao complexo portuário. Segundo ele, é preciso prolongar ainda mais os molhes do canal, reposicionar os sinais de navegação e adicionar um par de bóias de sinalização para garantir a segurança das embarcações que circulam pelo Porto de Itajaí. Cardoso garantiu que irá ajudar a viabilizar essa e outras necessidades do Porto, colocando em sintonia a Autoridade Portuária, a quem responde hoje, e a Marinha, na qual esteve por trinta anos antes de entrar para a Reserva.

Cardoso afirmou, ainda, que irá se empenhar para que Itajaí aproveite a demanda da reconstrução e da dragagem que está sendo efetuada para alargar um pouco mais a distância entre os molhes. Ele avalia que também é possível aprofundar ainda mais o canal, para cerca de 14 metros, permitindo o acesso de embarcações mais modernas. Para isso, a Secretaria Especial de Portos (SEP) já autorizou a empresa Portonave, que administra o Porto de Navegantes, localizado na outra margem do Rio, a elaborar o projeto executivo e os estudos ambientais para a execução dos serviços de aprofundamento. As obras deverão contemplar, também, a derrocagem de parte de uma laje submersa localizada na altura do farolete 4 do Rio Itajaí Açu.

Padrão mundial

Diferente de outros grandes portos brasileiros, como o de Santos, Itajaí já conta com a Declaração de Cumprimento das normas do código internacional de segurança, o ISPS Code, desde 2004. Na avaliação de Cardoso, o porto catarinense reúne infraestrutura de segurança adequada e em condições de igualdade com os maiores portos do mundo. “A maior parte das instalações portuárias se adequou às normas internacionais. E isso inclui o Brasil. Já atraquei em vários portos pelo mundo e não vejo muita diferença entre o que existe lá fora nos países mais desenvolvidos e o que existe aqui”. 

Fonte: PortoGente – www.portogente.com.br