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Conteúdo 27 de julho de 2015

Ken Fleming, presidente da Eyefreight, analisa o mercado de gerenciamento de transporte no Brasil

Um contexto: a indústria, em termos de produção e Supply Chain, sempre esteve focada em diminuir os custos de produção. Seus consumidores demandam melhores preços, e as companhias já buscam maneiras de abater os custos da produção. O estreitamento das margens de despesas do processo, inclusive com a compra de matérias primas dos melhores e mais baratos mercados, é tão grande que se chega ao ponto de não haver mais muito espaço para diminuir ainda mais os custos. Para as companhias manterem suas margens de lucro altas, começam a olhar para outras áreas, apontando para a queda de gastos com a distribuição, o transporte. E isso se torna possível por meio de tecnologia.

É com esse contexto, vivido pelo setor industrial e logístico quando passou a demandar um sistema capaz de gerenciar o transporte de produtos, que, segundo Ken Fleming, presidente da Eyefreight (Fone: 11 4375.3555), originou o Sistema de Gestão de Transporte – TMS. E a Eyefreight é uma das companhias globais que focam seus esforços exatamente em aprimorar e atender a demanda de empresas que precisam de um sistema TMS afiado. A companhia completou recentemente um ano no Brasil e fala com exclusividade à Logweb sobre a evolução da tecnologia, nuvem, tendências e dificuldades do mercado no país.

A evolução da tecnologia

“A tecnologia de gerenciamento de transporte que surgiu lá atrás, por volta de 1990, era antiquada, lenta, complicada e muito cara. Então, a maioria das companhias não investiu nela. Era preciso um aporte muito grande para tê-la e apenas as maiores empresas a compraram, cerca de 10%. Os outros 90% continuaram a realizar o gerenciamento do transporte de forma manual”, afirma Fleming.

Hoje, a tecnologia evoluiu e lida com soluções em nuvem e sistemas SaaS (Software-as-a-Service). Se antes eram necessários diversos computadores e grande infraestrutura para operar com a tecnologia, hoje tudo se encontra na nuvem.  “A tecnologia está muito melhor, é mais amigável ao usuário. Hoje, as empresas veem como é mais fácil usá-la.”

Ainda segundo o presidente da Eyefreight, os sistemas de 1990 não funcionam mais, as pessoas mudaram. Aqueles criados pelas companhias que começaram a comercializá-los continuam complexos, sem opções de customização. Ainda são difíceis de implementar nos processos das companhias. Os usuários de hoje precisam de mais facilidade.  É aqui que está um dos diferenciais do sistema TMS da Eyefreight. De acordo com Fleming, os grandes concorrentes não oferecem uma customização, apresentando produtos muito tradicionais.  “O TMS da Eyefreight é configurável para se adaptar à operação de cada cliente.”

Mas ele aponta: não basta ter apenas tecnologia. Essa é, inclusive, a parte mais fácil do trabalho. É preciso mostrar para o cliente o que aquele sistema pode fazer por sua operação, o que será levado de novidade à operação dele, além de melhorias. “É muito difícil mostrar para o cliente que ainda faz seu gerenciamento manualmente, no papel, quais os benefícios que a tecnologia trará. Ele não está acostumado com a tecnologia. Mas provar para ele o quão interessante é implantar o TMS é o mais importante. Não é apenas ter a tecnologia necessária, mas mostrar ao cliente as vantagens, os impactos nas operações”, lembra. E os impactos são muitos em termos de Tecnologia da Informação, infraestrutura, aplicações e integração.

Isso sem contar a vantagem de dar maior visibilidade sobre os custos da operação de transporte. “A Eyefreight surgiu para solucionar a questão dos custos elevados. Um sistema que registrasse de onde vinham os custos da operação era demandado pelo mercado. Se você sabe de onde vêm seus gastos, você muda o seu comportamento. Hoje, a conta é paga, mas sem saber de onde aquele custo realmente vem”, explica.

Sigilo de informação e o transporte compartilhado

Ainda que hoje praticamente todas as informações estejam disponibilizadas em nuvem, as companhias são receosas quanto ao seu uso, especialmente quando os dados se referem à produção e armazenagem, assuntos considerados sigilosos e relacionados à competitividade. Quando são usados sistemas de Enterprise Resource Planning (ERP) e Warehouse Management System (WMS), os clientes têm medo que os dados não estejam seguros, apesar de existir diversas formas de tornar a nuvem cada vez mais segura.

No entanto, no gerenciamento de transporte não há necessidade de sigilo. “A nuvem é muito segura e, na parte de transporte, não há dados que sejam sigilosos, não há informações relevantes sobre mercado que corram o risco de vazar. No Supply Chain, as informações não são sigilosas, como são na produção e no armazém”, lembra.

E já que informações sobre o transporte não precisam de sigilo, uma alternativa na operação se mostra vantajosa economicamente: a distribuição compartilhada. “Empresas diferentes podem usar o mesmo caminhão para distribuir seus produtos e diminuírem custos. O transporte não é sobre competitividade, não há dados secretos sobre isso, todos precisam fazê-lo. Deve-se unir produtos de companhias diferentes num mesmo caminhão, aproveitando que o transporte será feito para os mesmos lugares”, afirma.

Muitas companhias já estão fazendo projetos-piloto nesse sentido, para notar se é possível compartilhar o transporte.  E, segundo Fleming, o transporte compartilhado é uma grande tendência para os próximos anos.

No entanto, o executivo alerta que primeiro é importante que as companhias se organizem internamente, arrumem a sua distribuição da melhor forma antes de pensar no transporte compartilhado. “As empresas precisam de visibilidade de caminhões, produtos, custos e oportunidades. Depois de organizarem isso, podem negociar o transporte compartilhado. Mas ele só é possível quando a parte individual consegue ser bem feita”, ressalta.

Brasil

A companhia holandesa chegou ao Brasil em 2014 influenciada pelos clientes europeus que queriam saber quando a Eyefreight levaria sua solução para o país, foco dessas empresas.  “A solução precisava chegar a outros países. Pesquisamos mercados potenciais e perguntamos aos nossos clientes, grande parte multinacionais atuantes na Europa, para onde deveríamos ir. E eles tinham grande interesse que trouxéssemos o nosso TMS para o Brasil, um mercado emergente, com grande população, e, por isso, grande foco de negócios deles.”

Dentre esses, a Heineken foi a companhia que realmente trouxe a Eyefreight. “A empresa precisava da solução para suas operações do Brasil. Inclusive, o sistema TMS da Eyefreight é usado pela Heineken no mundo todo. No entanto, cada operação é feita de uma forma. Até o fim de 2015 começaremos a atuar na operação brasileira da companhia”, revela.

No Brasil, a solução se adaptou muito bem, apesar da complexidade de atuar aqui. Segundo Fleming, quanto mais complexo o cenário, melhor para a solução Eyefreight, já que ela foi desenhada para atuar em operações complexas. “O país exporta e importa muito, por isso o sistema é interessante para ele. E as soluções que já estavam disponíveis aqui eram muito caras. Então, as condições para atuar no Brasil eram interessantes, com um grande mercado potencial”, lembra.

E para atender a demanda das multinacionais que atuam aqui era preciso montar equipe e estrutura. Para isso foi chamado Luiz Martins, diretor de operações e vendas para a América Latina, e outros profissionais para integrar a equipe da empresa no Brasil.

Apesar das boas impressões sobre o mercado nacional, a Eyefreight ainda tem que trabalhar com desafios e dificuldades. Entre elas está o mercado geográfico. “O Brasil é muito grande. Lidar com o país é como lidar com dez pequenos países. Precisamos dar soluções que sejam amigáveis aos diversos cenários encontrados no Brasil, já que cada região é muito particular.”

Com a solução configurável para cada cliente, até mesmo a infraestrutura para atuar com o TMS precisa ser analisada. Por exemplo, não é possível dar celulares com tecnologia de ponta integrados com o TMS aos motoristas de caminhão, pois há a possibilidade de roubos. A infraestrutura de internet móvel é fraca. Além disso, os clientes utilizam diversas transportadoras em suas operações, para atender diferentes regiões do país.

Sobre os próximos passos no Brasil, Fleming afirma que não estão enfocados na tecnologia. “Vamos investir em equipe. Precisamos ter um quadro de profissionais que consigam atender o cliente no que ele precisar. As empresas ainda não dão o valor certo para o transporte. Queremos dar um bom suporte para os clientes aqui, com expertise”, conclui.

 

 

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