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Conteúdo 1 de abril de 2015

Logística no Nordeste – Ed. Logweb 158

Polo Automotivo Jeep em Goiana, PE, usa cross-docking e gerenciamento de pátio próprio para organizar logística

Tornar eficiente a chegada de materiais e componentes para fabricação de veículos e o escoamento e distribuição da produção se tornaram desafios para a FCA – Fiat Chrysler Automobiles (Fone: 0800 707.1000) quando optou por alocar o Polo Automotivo Jeep em Goiana, Zona da Mata Norte de Pernambuco.

E para solucionar a questão, duas ações foram tomadas: operar com cross-docking e com o gerenciamento de pátio próprio.

Para a operação de entrada, a solução adotada pela FCA foi o conceito de cross-docking, que centraliza a recepção dos componentes dos fornecedores nacionais. 

Por meio de galpões estratégicos – os cross docks – a fábrica recebe as mercadorias em Minas Gerais e em São Paulo, distantes 2.100 e 2.800 quilômetros de Goiana, respectivamente. As peças são enviadas conforme a necessidade da produção. De acordo com o gerente de Logística de Distribuição da FCA para a América Latina, Mauricélio Faria, esse modelo ajuda na redução do estoque de peças, diminui as movimentações e, com isso, o risco de danos materiais. 

Os componentes saem dos cross docks diariamente e seguem para o Centro de Distribuição de Carga (CDC), construído ao lado da fábrica Jeep – um galpão com 54.000 m², onde ocorrem o armazenamento, sequenciamento e entrega dos materiais para as linhas de produção. 

O conceito “First In, First Out” é usado no gerenciamento do local. Isso significa que os primeiros componentes a chegarem são os primeiros a serem usados na linha de produção. 

No escoamento da produção, o gerenciamento do pátio de veículos da fábrica é feito pela própria Fiat, algo inédito no Brasil, procurando trazer mais segurança para a operação. “Nas montadoras, de modo geral, quem faz isso é um Operador Logístico. Aqui no Brasil, somos os primeiros a fazer, queremos trabalhar com ainda mais carinho. Com isso, conseguiremos garantir que, no momento do carregamento, o carro esteja 100% sob nosso controle”, explica o gerente de Logística de Distribuição da FCA para a América Latina. No pátio, o monitoramento dos veículos é feito por meio de um sistema de gestão de estoque e de parqueamento, contando com o trabalho de cerca de 120 pessoas no local. O pátio tem capacidade para 5.900 veículos.

“Estamos implantando um sistema eletrônico de gestão chamado OBT, onde teremos o controle online da localização de cada veiculo no pátio, garantindo a manutenção e o controle do estoque e a rápida localização para preparação do transporte. Além disso, os carros estarão com um TAG de RFID controlando a movimentação e passagem em todos os pontos entre a produção, o pátio, estoque, carregamento e a expedição”, explica Faria.

Distribuição

O escoamento segue o ritmo de produção e faturamento, e é feito todos os dias. A previsão é que saiam entre 100 e 120 carretas do polo quando a capacidade total de produção de 250.000 carros ao ano for atingida. “Cada carreta possui capacidade para dez carros. No total, teremos cerca de 1000 carros saindo da fábrica diariamente”, detalha Faria. 

Todo o transporte é rodoviário e a distribuição dos carros é um dos grandes desafios da área de Supply Chain neste projeto, segundo Faria. Prontos, os veículos percorrem uma média de 2.400 quilômetros até o ponto de vendas, trajeto que leva oito dias para ser finalizado. O veículo que sai da linha de montagem da Fiat Automóveis em Betim, MG, por exemplo, leva metade do tempo e roda menos da metade dessa distância para chegar ao ponto de vendas. 

A operação de distribuição do novo polo em Goiana, PE, exige um sistema de logística de distribuição integrado e eficiente, sincronizado com as frotas viajantes. Para conseguir a racionalização e a eficiência necessárias, o planejamento do transporte dos carros é concebido nacionalmente.

As mesmas carretas originadas da planta da Fiat em Betim, MG, carregadas de veículos destinadas às regiões Nordeste e parte da Norte, devem voltar carregadas com carros Jeep, o que obriga a sincronização do planejamento de embarques para o Sul, Sudeste e Centro-Oeste, no mesmo ritmo da movimentação das carretas vindas com produtos de Betim. Este sistema logístico integrado é eficiente, segundo a companhia, pois as carretas fazem a viagem de ida e de volta carregadas. “Não serão colocadas novas carretas no trajeto rumo ao Sul e Sudeste”, afirma Faria. Para chegarem com eficiência ao Sul, ao Sudeste e ao Centro-Oeste, que responde por cerca de 80% do mercado da marca, os veículos seguem para o polo de Betim.

Com a operação, são poupadas 23.000  viagens por ano, economizando 104 milhões de quilômetros e de 42 milhões de litros de  diesel, que resultam na redução de emissão de 101.000 toneladas de dióxido de carbono. 

No transporte, os carros passam a ser responsabilidade da Sada Transportes (Fone: 11 4396.2655). A companhia atua há 37 anos na distribuição dos carros da FCA no Brasil. Três unidades de operação da Sada Transportes estão em fase avançada de construção em Pernambuco. Em Goiana, a unidade fica próxima à fábrica da Jeep, em uma área de 134.600 m². A segunda estará dentro da fábrica Jeep e atuará como centro de carga e descarga. Já a terceira ficará em Ipojuca, cidade do litoral Sul de Pernambuco, e vai abrigar a área retroportuária da empresa, com 132.000 m². 

Segundo a FCA, “toda essa estrutura foi planejada para proporcionar um melhor suporte aos motoristas, evitando desordenamento e impactos sociais nas estradas, de acordo com a Lei do Motorista, nº 12.619”. Na distribuição de carros novos para as regiões Nordeste e Norte serão contratados motoristas predominantemente baseados em Pernambuco – principalmente de Goiana e Recife. 

Investimento e produção

A fábrica Jeep, que já produziu 250 unidades como pré-séries, incluindo uma versão final para os consumidores e iniciou a produção comercial em fevereiro, foi concebida para atender avançados processos globais de fabricação automotiva, aplicando mais de 15.000 das melhores práticas, aprimoradas dentro do sistema World Class Manufacturing (WCM). Os focos estão na excelência na produção e na otimização do fluxo logístico. A inauguração oficial da fábrica está prevista para a segunda quinzena de abril próximo. 

Os investimentos para o Polo Automotivo Jeep em Goiana atingiu R$ 7 bilhões. “Na etapa inicial a fábrica deve operar com 100 unidades ao dia, chegando ao final deste ano com uma produção diária de aproximadamente 700 carros. A princípio, o único modelo Jeep que será produzido na planta é o Jeep Renegade”, afirma Faria. A fábrica irá atender inicialmente o mercado nacional, para depois atender o mercado latino-americano. 

A planta de Goiana tem área construída de 260.000 m2 e é composta por cinco edifícios principais, entre eles: Prensas, Funilaria, Pintura, Montagem e Centro de Comunicação – local por onde passam todos os veículos depois de cada fase de fabricação.

Nacionalização

“O índice de nacionalização, já no início da produção, está acima de 70% e quando a fábrica Jeep for inaugurada, será possível aumentar o índice para 80%”, calcula Faria. As peças nacionais são fornecidas por empresas de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, Sergipe e Pernambuco. Já os componentes importados são originados da Europa, do NAFTA (Estados Unidos, Canadá e México), além da Ásia.

Trabalhadores

Apenas nas operações de pátio e carregamento, 119 colaboradores da FCA e outros 60 empregados do Operador Logístico Sada Transportes e Logísticos atuam no local. Hoje, o Polo Automotivo Jeep emprega cerca de 9.000 pessoas, somados os 3.000 funcionários da fábrica Jeep, 4.000 no parque de fornecedores das 16 empresas e 2.000 colaboradores indiretos. 

 

Porto de Suape

O Porto de Suape, PE, é um dos pontos estratégicos da Fiat Chrysler Automobiles (FCA). Por meio dele, futuras importações de peças, componentes e veículos poderão ser feitas. Além disso, o Porto ainda será importante para os projetos de exportações dos carros produzidos na nova fábrica.

Inclusive, o Porto de Suape foi um dos motivos que levou o polo para Goiana, “porque ele pode se tornar, talvez, o principal porto de entrada para veículos no futuro”, de acordo com Faria.

A administração do Porto investiu recentemente em um novo pátio público de veículos no Complexo Industrial Portuário. As obras civis da nova área, que possui 10 hectares, acabaram em 2014. Público, o pátio pode ser utilizado por outras montadoras, e o governo é responsável pela fixação dos volumes movimentados e dos preços.

A capacidade estática dos pátios do Porto de Suape chegará a 10.000 veículos por mês, nos próximos 12 meses. Com a média de dois giros mensais, esse montante pode dobrar. 

A FCA também considera o Porto a porta de saída para os veículos do Polo Automotivo Jeep que deve atender os países vizinhos ao Brasil no futuro.

“Vamos utilizar muito à medida que começarmos a exportar esses carros para toda a América do Sul e para parte da América Latina”, frisa Faria. “É uma estratégia para quando o Brasil tiver um projeto de incentivo à cabotagem, mais simples e com menos exigências para os navios operarem. Isso seria a grande solução para os estados que estão no extremo do País, como o Paraná e o Rio Grande do Sul”, finaliza.

 

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