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Entrevista 7 de maio de 2021

Marcella Cunha, nova diretora executiva da ABOL, fala de seus planos na entidade e conta a sua história

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O Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Operadores Logísticos – ABOL apostou em cara nova para o setor. Marcella Cunha assumiu, no começo de abril, a diretoria executiva da entidade. Com vasta experiência, a jovem de 36 anos atuou por seis anos como gerente de Relações Governamentais e Internacionais na Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários – ANTF e por quase dois anos trabalhou com tecnologia e mobilidade urbana ao passar pela Uber.

Assim como na ANTF, atuou ativamente para reafirmar a necessidade de termos políticas de Estado (e não de governo) para que haja, de fato, o aumento da participação ferroviária na matriz de transporte de carga nacional. Na ABOL, pretende aumentar a conscientização da sociedade sobre a importância do Operador Logístico para as atividades econômicas brasileiras. Criada em 2012 para garantir maior representatividade e segurança jurídica ao setor, a ABOL, que hoje conta com 29 empresas associadas, vai dispor do conhecimento de Marcella para gerar ainda mais conscientização sobre a importância do Operador Logístico no dia a dia dos brasileiros, na melhora do ambiente regulatório e de negócios, na manutenção e geração de empregos e na recuperação econômica do país.

Veja a seguir a entrevista exclusiva que Marcella concedeu à Logweb.

 

Quais fatores a levaram a ser escolhida para o cargo?

Em uma visão de médio e curto prazos, minhas expectativas para a ABOL vão ao encontro das expectativas dos Operadores Logísticos: estão baseadas no avanço do Projeto de Lei 3757/2020 (responsável pela regulamentação da atividade), na modernização da estrutura organizacional da ABOL e na intensificação da aproximação com alguns players fundamentais para o desenvolvimento do setor, como as entidades que representam o varejo e o e-commerce, além do agronegócio. 

 

Quais desafios você encontrará à frente da ABOL?

O desafio estará justamente em aproximar a ABOL da sociedade e pretendo fazê-lo ao mesmo estilo dos gestores das empresas associadas quando se apresentam ao mercado, em particular aos seus clientes (os embarcadores); ou seja, como um ator essencial, versátil e adaptável a demandas novas ou específicas, que acompanha as inovações tecnológicas e que é preocupado em gerar valor pessoal e profissional a partir de capacitação de ponta aos funcionários e colaboradores do setor. 

 

Como você espera vencê-los?

O primeiro passo é dar mais capilaridade às atuações da ABOL. Como consequência, poderemos alcançar um maior número de pessoas, educando a sociedade civil sobre a importância do Operador no Brasil e no mundo. Precisamos, também, nos aproximar mais dos embarcadores, sempre reforçando a relevância do Operador. Além disso, é fundamental estreitarmos o relacionamento com autoridades públicas para sensibilizá-las sobre o quanto o OL precisa ser reconhecido como uma atividade particular, com características peculiares, tendo que ser diferenciado de outros setores e outros conjuntos de atividades logísticas. 

Nesse cenário, as redes sociais, sobretudo na pandemia, são essenciais para fazer com que as mensagens certas sobre os Operadores cheguem na sociedade e em todos esses públicos. Vamos focar na reformulação dos nossos canais de comunicação para estreitar o diálogo entre a sociedade e a ABOL, fazendo com que a mensagem chegue mais rápido às pessoas. O objetivo é mostrar o que os Operadores estão fazendo, principalmente neste período de pandemia, quando há um grande envolvimento em projetos importantes, como transporte de EPIs e armazenamentos especiais de produtos farmacêuticos. Isso tudo precisa chegar à sociedade e às autoridades públicas.

 

Quais suas prioridades no cargo?

Desde o início da pandemia da Covid-19, os Operadores Logísticos não pararam. Todas as empresas tiveram que rapidamente se adequar à nova realidade, que passou a demandar, por exemplo, muito mais produtos básicos e de saúde, em detrimento de produtos do setor automobilístico e da indústria da moda. Para que esse protagonismo tenha o seu devido reconhecimento no Brasil, a ABOL defende que o setor tenha uma regulamentação clara, de forma a não restarem dúvidas sobre o que é e o que faz um OL. E é isso a que se propõe o Projeto de Lei nº 3.757/2020, que começa a tramitar na Câmara dos Deputados. 

Ao ser aprovado, o projeto garantirá o crescimento continuado e a modernização do setor, além de trazer maior segurança jurídica e desburocratização, uma vez que propõe a atualizar a centenária Lei de Armazenagem e a harmonizar as diversas exigências normativas existentes, que hoje variam a depender do estado e do município onde as empresas operam. Minha primeira meta e missão à frente da ABOL será contribuir nas discussões em torno do projeto de lei, a fim de que seja aprovado com todo o cuidado e o apoio, da sociedade e dos parlamentares, que o setor precisa e merece. Minha outra grande prioridade será ampliar as formas e os canais de comunicação da ABOL com o público em geral, dando à associação a “cara” dos OLs e dos profissionais de logística que estão por trás de cada atividade de transporte, armazenagem e gestão de estoques no país. 

 

Quais questões regulatórias estão no foco do setor?

Sem dúvida, conforme mencionado na questão anterior, o foco está no Projeto de Lei 3757/2020. A gestão anterior fez um trabalho primordial ao solidificar as bases da ABOL em princípios e valores republicanos e em prol do desenvolvimento do Brasil. As contribuições técnicas da Associação para que o texto do Projeto de Lei de fato refletisse a realidade e as mudanças que os Operadores Logísticos almejam e os nossos armazéns precisam, sem dúvida, são frutos desse trabalho sério e comprometido que começou em 2012. Em poucas palavras, o caminho já está pavimentado para que o reconhecimento legal do setor possa se concretizar o quanto antes.

 

Como você pretende tornar os OLs reconhecidos como protagonistas das cadeias produtivas e de suprimentos do país?

Tornando a atividade mais palatável à sociedade, ou seja, aproximando os Operadores do público em geral, fazendo-os entender, por exemplo, que durante a pandemia muitos puderam manter o isolamento social pois, de alguma forma, estavam sendo abastecidos por esses profissionais. É fundamental que sejam reconhecidos como essenciais e isso somente será possível quando a função dos OLs for exposta de forma correta e efetiva, por meio de uma comunicação estreita e eficaz.

 

Que tecnologias você enxerga como primordiais na logística atualmente?

Observo a Inteligência Artificial e a Big Data como duas ferramentas de tecnologia que as empresas de logística devem cada vez mais apostar, pois garantem um enorme ganho de eficiência operacional tanto no que se refere ao armazenamento e gestão de estoque, quanto no transporte em si. Várias outras atividades econômicas vêm usando-as para tornar a operação mais inteligente e eficiente, levando melhor serviço para o consumidor final. Elas, inclusive, vão ao encontro do desejo da ABOL de se envolver mais no setor de tecnologia como um todo, ajudando os associados a terem novas ideias para inovação, pesquisa e desenvolvimento. Essa é, sem dúvida, uma arena que a ABOL quer explorar mais.

 

Como a pandemia alterou as atividades dos OLs no Brasil?

As empresas tiveram que se reinventar, migrando estruturas e equipes de operações, atendendo a todos os protocolos de segurança sanitária exigidos, com menos demandas para aquelas mais aquecidas, como as de produtos e insumos de higiene e saúde. Elas também tiveram de lidar com o aumento recorde de produtos comercializados pelo e-commerce no país. 

Adaptabilidade e prestação de serviços personalizados são características naturais dos Operadores Logísticos, então, no geral, as empresas reagiram à altura do desafio de lidar com uma pandemia e com um alto número de funcionários que tiveram que seguir trabalhando em campo, sem que isso comprometesse a segurança das pessoas ou as operações. Vale ressaltar que estamos falando de aproximadamente 1,5 milhão de funcionários e colaboradores e que não houve demissões em massa do setor. 

 

Quais lições os OLs tiraram da pandemia?

A pandemia apenas reforça o quão os Operadores Logísticos são eficientes em se adaptar às demandas do cliente e da sociedade. Além disso, reitera o quanto essa atividade é fundamental e deve ser cada vez mais valorizada para que possa se desenvolver no ritmo do e-commerce e das novas demandas da sociedade. Dentro desse contexto, os OLs precisam estar alinhados às expectativas dos embarcadores e dos consumidores finais.

 

Que recado você gostaria de deixar para os associados da ABOL?

O recado de que vou trabalhar em defesa de um ambiente regulatório mais seguro, confortável e adequado para o setor, de modo que os OLs possam se desenvolver. Com isso, ganham os embarcadores, toda a cadeia de suprimentos, a economia nacional e a sociedade brasileira. 

 

Quais valores te impulsionam?

Ética, respeito e transparência.

 

 


 

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