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Conteúdo 19 de maio de 2009

Operações bem realizadas e manutenções garantem segurança

Dá para imaginar as consequências da queda de uma estrutura de armazenagem, tanto em termos materiais como de riscos à vida humana. Por isso, manter as estruturas em condições adequadas, respeitando a sua capacidade de carga, e fazendo com que não haja impactos de empilhadeiras com as colunas são fatores primordiais para a segurança.

Como ninguém quer colocar cargas e vidas em risco, a segurança é um fator que deve sempre ser levado a sério. Na preparação de cargas para movimentar, armazenar, transportar e alimentar linhas de produção visando à segurança de produtos e pessoas é preciso verificar, caso a carga seja paletizada, se ela possui estabilidade suficiente para não inclinar ou desalinhar, saindo do seu formato original. Isso porque cargas que estejam passando dos limites do palete, carregadas fora de seu centro de gravidade ou irregulares são pontos prováveis de acidentes na operação e armazenagem do produto.

Também é preciso verificar se a embalagem é capaz de suportar o peso de outras que vão ser sobrepostas e se não há objetos pontiagudos não acondicionados e vazamentos de produtos, que podem apresentar riscos ao operador.

As cargas devem ser transportadas por equipamentos próprios para determinada operação, que atendam à sua capacidade e ao seu dimensional. Elas devem ser estabilizadas com cola, filme plástico ou amarradas com cantoneiras e fitas. É necessário, ainda, respeitar a capacidade de carga dos equipamentos utilizados: palete, portapaletes, esteira, empilhadeira, caminhão, contêiner, etc. O modo de unitização deve ser compatível com o veículo de movimentação e com o sistema de armazenagem.

Para garantir a segurança, vários sistemas de armazenagem já são fabricados com acessórios do tipo, ou seja, quando um projeto é desenvolvido, os dispositivos de segurança são introduzidos no mesmo através das Normas Técnicas e, principalmente, do bom senso do fabricante.

Por exemplo, nos portapaletes que possuem longarinas encaixadas nas colunas são colocados pinos de segurança nos dois lados, para evitar o desencaixe e a queda da carga no caso de alguma batida do palete. Também há diversos tipos de protetores que podem ser fornecidos para as estruturas. "Mas eu sempre afirmo, a melhor estratégia e o maior aliado da segurança é a prevenção. Todas as empresas que se utilizam de qualquer sistema de armazenagem e/ou equipamentos de movimentação devem ter programas constantes de prevenção de acidentes", afirma Allan Maia Nogueira Alexandre, engenheiro civil da Bertolini Sistemas de Armazenagem (Fone: 54 2102.4999).

De acordo com Flávio Piccinin, gerente de vendas da Isma (Fone: 0800 554762), a segurança é interpretada no desenvolvimento dos sistemas de armazenagem como cargas acidentais, que na prática é o comportamento inadequado na operação por motivos variados, que vão de questões comportamentais do usuário a uma falha mecânica do equipamento de movimentação, ou seja, é um dos quesitos para o dimensionamento do equipamento de armazenagem.

Regulamentação

Quanto à regulamentação do setor de estruturas de armazenagem, por enquanto só há uma norma brasileira sobre o assunto, a NBR 15.524, partes 1 e 2, que orienta projeto, cálculo, montagem e utilização das estruturas portapaletes. Também norteia o usuário sobre a forma de operação do sistema, os procedimentos de manutenção e o carregamento de cargas no portapaletes, equipamento que representa 70% dos projetos de logística e distribuição existentes no mercado.

Também está em fase de finalização a implementação da norma que regula a fabricação, a utilização e a inspeção do portapaletes de tráfego interno, conhecido como drive-in.

Para os demais tipos de sistemas de armazenagem, algumas empresas se utilizam de normas próprias ou estrangeiras. "Muitos fatos ficam sem amparo legal pelo simples fato de as estruturas não terem normas regulamentadoras brasileiras", lamenta Alexandre, da Bertolini.

Já os Engenheiros Marcio Antonio Dal´Col e Valter Luiz Grachinhski, coordenadores, respectivamente, de Montagem e de Desenvolvimento de Produtos da Águia (Fone: 42 3220.2666), lembram que no passado, na falta de normas nacionais, a empresa adotou fundamentar seus produtos em recomendações técnicas utilizadas na Europa (FEM), e conforme a norma brasileira vai sendo editada, os produtos Águia estão sendo adequados a esta última.

Por sua vez, o engenheiro Geronimo Milan Neto, responsável técnico da Imoaço – Indústria Mogimiriana de Móveis de Aço (Fone: 0800 7712521), expõe que como a normatização regulamenta profissionais e empresas registradas no CREA – Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, é imprescindível que a empresa fornecedora de elementos de transporte e armazenagem seja registrada e forneça a ART – Anotação de Responsabilidade Técnica para cada produto vendido ou montado.

Piccinin, da Isma, acrescenta, ainda, que a Lei 8078, do Código de Defesa do Consumidor, preconiza que uma norma técnica, independentemente de sua natureza, é uma lei. Assim sendo, um fornecedor, seja de produtos ou serviços, ao inserir no mercado um item em desacordo com as normas técnicas atualmente vigentes, oferece, ao consumidor, um bem legalmente irregular, com a qualidade contestável e em desacordo com a legislação brasileira.

Segundo ele, as normas técnicas amparam legalmente ambas as partes (fornecedor e cliente) e, quando seguidas, minimizam eventuais probabilidades de ocorrência de acidentes, auxiliadas por conceitos estatísticos.

"O grande problema é que o desrespeito aos parâmetros indicados em norma usualmente são descobertos em função de um acidente e nessa situação o problema pode não ser mais somente da alçada civil, havendo também a responsabilidade criminal do fornecedor", assinala Piccinin.

Neste ponto também toca Milan Neto, da Imoaço. No caso de incidentes ocorridos, a legislação pune os infratores através do exercício ilegal da profissão (Lei 5194 de 24/12/66), danos materiais, danos morais, etc.

Ele explica que qualquer estrutura metálica para transporte ou armazenagem, pelas Normas Técnicas, deve suportar a fadiga de trabalho e o coeficiente de segurança estabelecido no cálculo – exemplo: para o caso de estrutura para suportar 1.000 k, jamais se pode carregá-la com 1.500 k, considerando as margens de segurança e fadiga, o que pode ocasionar a ruptura da mesma.

De fato, Dal´Col e Grachinhski, da Águia, alertam que estruturas de armazenagem, como qualquer outro tipo de estrutura, representam um sério fator de risco se projetadas sem observância de normas técnicas. "As implicações legais que podem advir vão desde a não aceitação de um produto até as penalidades comuns em caso de acidentes", descrevem.
Segurança
Geralmente, as fabricantes de estruturas de armazenagem orientam e treinam os usuários sobre segurança na movimentação e armazenagem quando entregam os equipamentos. Pois, conforme ressalta Francisco Luis Bertolini Neto, gerente comercial da Bertolini, é dever dos fabricantes informar aos envolvidos nas operações dados de segurança e utilização dos equipamentos, seja sob forma de manuais ou treinamento.

No ponto de vista de Nelson Otaviani, diretor comercial da Longa Industrial (Fone: 15 3262. 8100), este treinamento não é de responsabilidade do fabricante e, sim, dos usuários, "pois cada empresa tem suas normas seus procedimentos e as operações são tão simples quanto ‘andar’, porém, caso algum usuário necessitar de ajuda, estamos sempre pronto em atendê-los".

Condições inadequadas de trabalho que comprometem a segurança

Capacidade de carga da estrutura não destacada em local visível;
Condições inadequadas de iluminação e acesso (aberturas e corredores de circulação – a maioria dos acidentes com estruturas de armazenagem atingidas ocorre em corredores de circulação);
Deformações nas estruturas ocorridas por batida da empilhadeira ou da carga;
Mau arranjo da carga sobre o palete;
Empilhadeira sem ficha de manutenção ou com vazamentos na parte hidráulica;
Equipamentos com defeito (problema no comando hidráulico, freios deficientes, pneus em estado ruim, pistões com vazamentos, etc.);

Estrutura mal fixada no piso, fora de esquadro e prumo;
Excesso de peso;
Excesso de velocidade na condução das empilhadeiras;
Exposição dos equipamentos a condições ambientais inadequadas para o qual foi projetado, tais como calor, umidade, alterações bruscas de temperatura;
Falta de cuidado e manutenção periódica nos equipamentos;
Falta de preocupação com a segurança pessoal e do ambiente de trabalho por parte dos colaboradores da empresa;
Falta de treinamentos e procedimentos padrões para utilização dos equipamentos;
Incompatibilidade entre o equipamento de movimentação e o corredor operacional;
Paletes com madeiras soltas, quebrados e fora de norma e medida;
Piso industrial irregular com buracos, falhas e outras avarias, que retardam a operação, aumentam as manutenções de empilhadeiras e podem fazer a carga tombar.

De fato, Dal´Col e Grachinhski, da Águia, contam que, via de regra, o que acontece é o cliente já ter internamente o setor de segurança do trabalho, que exige que os operadores de empilhadeira sejam certificados e providencie que o pessoal que irá utilizar o sistema de armazenagem receba orientação e treinamento.

Milan Neto, da Imoaço, também diz que cada cliente ou usuário mantém em seu quadro de funcionários profissionais treinados para cada função, inclusive membros da CIPA que ajudam a fiscalizar, citando, como exemplo: operador de empilhadeiras – Deve possuir certificado de curso e licença própria; técnico de segurança – Profissional que fiscaliza operações nas empresas e faz treinamentos, integração e ordens de serviço para cada função específica; e engenheiro de segurança – Profissional que gerencia os técnicos nas empresas e elabora cursos de prevenção de acidentes de trabalho, projeta a segurança da empresa num todo.

No geral, as fabricantes também oferecem palestras e treinamentos conforme as necessidades de seus clientes atendidos.
Sobre se o usuário deve receber treinamento para detectar falhas ou comprometimento do material em função da vida útil da estrutura, Piccinin, da Isma, informa que a matéria-prima utilizada na construção destes equipamentos é o aço, e que, portanto, eles têm uma vida útil de aproximadamente 100 anos, se considerar somente a ação da natureza.

É importante que os usuários mantenham as estruturas monitoradas e informem a fabricante no caso de alguma colisão. "Pois, usualmente, o cliente não possui parâmetros para avaliar o grau de comprometimento que uma colisão ou a eliminação de um elemento estrutural pode causar", avisa.

Milan Neto, da Imoaço, diz que uma vez que a capacidade de carga é destacada em local visível no elemento utilizado, a detecção de falhas e o comprometimento do material são visíveis. Por exemplo: uma estrutura não rompe momentaneamente sem antes avisar, através de deformações visíveis a olho nu. "Tomamos como exemplo o que vemos diariamente: sempre que alguma peça ou estrutura apresenta falhas de uso ou fabricação, os empenamentos e deformações são logo percebidos, o que precisa é que a desocupação seja imediata, interditando a estrutura. Após a interdição, deve-se chamar profissional (engenheiro civil ou mecânico) para efetuar a verificação da ocorrência e emitir laudo das condições reais da estrutura", ensina.

Organização

De acordo com AfiMiguel Filho, diretor comercial industrial da Scheffer Logística e Automação (Fone: 42 3239.0700), o uso adequado das estruturas de armazenagem garante maior confiabilidade, pois as cargas estão armazenadas em posições fixas e organizadas, e não empilhadas como em casos sem estruturas. "Isto facilita tanto a busca por uma determinada carga, como garante maior segurança para retirá-la da posição, não existe a necessidade de fazer relocamento de cargas. A carga estará em uma posição onde não há contato com outras, visando a garantir sua integridade e uma maior segurança operacional", diz.

Nas palavras de Piccinin, da Isma, o uso das estruturas de armazenagem define claramente os "espaços" destinados à armazenagem, circulação de equipamentos de movimentação e de pessoas. Essa definição de espaços permite que se diga onde e quando um determinado produto foi armazenado, viabilizando o total monitoramento do processo, além de diminuir a quantidade de movimentações que automaticamente reduz o índice de materiais danificados pela operação.

E, já que o assunto é segurança, Dal´Col e Grachinhski, da Águia, recomendam a instalação de protetores de colunas, guard rails e outros acessórios que atuem de forma a preservar a integridade da estrutura.

Por que os acidentes ocorrem?
Certa vez, Alexandre, da Bertolini, teve a oportunidade de presenciar a operação de um Centro de Distribuição e ficou chocado ao constatar como os operadores sofrem pressão para o cumprimento das metas diárias.

Ele conta que havia uma pessoa com um microfone que a todo instante alertava sobre o tempo e a quantidade de paletes que faltava movimentar para cumprir a meta. "Essas atitudes geram uma pressão enorme no operador e, por isso, as operações ficam suscetíveis a erros e acidentes", avalia.

Outras causas de acidentes citadas pelos entrevistados são:

Distrações e imprudência dos operadores;
Falta de treinamento;
Falta de manutenções corretiva e preventiva;
Estruturas de armazenagem já comprometidas, por exemplo, peças tortas e/ou amassadas que ainda não foram substituídas;
Impacto da empilhadeira com a estrutura, que pode acarretar um efeito "dominó";
Projetos inadequados dos equipamentos para a utilização que foi prevista;
Paletes condenados ou fora de especificação;
Empilhadeiras com sistema hidráulico deficiente ou com vazamentos;
Elementos com capacidade de carga inferior ao utilizado;
Estruturas fora das especificações e mal fixadas;
Excesso de carga horária dos funcionários.
Proteções para colunas portapaletes também são importantes

Quando se fala em segurança nas estruturas de armazenagem, as proteções para colunas portapaletes também são fundamentais.

Porém, não existem normas definidas para a construção destas proteções. "Mas, os detalhes de projetos construtivos geram resistências muito distintas entre as proteções", diz Alberto Mieli, diretor da Travema (Fone: 11 3831.8911).

Ele também informa que ainda é fundamental o revestimento de elastômero na parte interna dos protetores para absorção de impactos sobre a coluna em caso de arrancamento da proteção. "Além disso, também é importante o tipo de fixação, já que há uma grande diversidade dos chumbadores no mercado, que proporcionam grandes diferenças nas cargas de arrancamento e cisalhamento dos chumbadores aplicados", diz Mieli.

Sobre a segurança, o diretor da Travema informa que seria necessário que as empresas usuárias de portapaletes efetuassem uma revisão total de todas as colunas a cada 90 dias, e que essa revisão fosse feita por elementos especializados em análise de risco das proteções e das colunas. "A garantia contra riscos patrimoniais e pessoais deve ser feita no projeto de instalação, pois existem diversos tipos de proteção que devem ser especificadas para áreas diferentes, considerando-se o risco de colisão em cada uma delas, resultando numa correta relação custo-benefício", completa.

Mieli também lembra que o valor agregado na correta análise e proteção das estruturas sempre vai trazer benefícios ao usuários, evitando paralisações no fluxo de movimentação.

Sobre o treinamento, ele finaliza dizendo que deve ser considerado o treinamento constante e ininterrupto de todos os elementos envolvidos na operação, como o principal fator na redução de acidentes.

Há preocupação com segurança?

A segurança deveria ser um item que agrega valor para os clientes no momento da aquisição de produtos de armazenagem e movimentação de cargas. Isso porque ninguém em sã consciência quer colocar seus colaboradores ou armazenar seu produto em condições de risco, conforme declaram Dal´Col e Grachinhski, da Águia.
"Quando um cliente adquire uma estrutura de armazenagem, ele entende que está foi concebida com a observância das normas e dentro de padrões de segurança. Daí a importância de se buscar no mercado fornecedores confiáveis", afirmam os profissionais.

Mas, para alguns entrevistados, não é bem assim que acontece. Segundo Alexandre, da Bertolini, no Brasil ainda prevalece o menor preço para a tomada de decisão. "É uma questão cultural".

De acordo com Otaviani, da Longa, segurança deveria ser o item mais importante. "Ninguém tinha que comprar equipamentos sem especificações técnicas, principalmente nos dias de hoje, quando a Internet está presente até em um prato de arroz, sem contar que empresas idôneas dispõem de corpo técnico para orientar os compradores. Acontece que na maioria das vezes o preço fala mais alto", expõe.

Piccinin, da Isma, concorda. "Infelizmente, são poucos os clientes que demonstram essa preocupação", diz. Ele somente observa esta preocupação quando os produtos armazenados são perigosos (explosivos, tóxicos, corrosivos) ou com alto valor agregado.

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