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Especial 22 de março de 2017

Self storage: crescimento em 2016, com base nas consequências da crise econômica

Fechamento de empresas, mudanças de pessoas físicas, de profissionais liberais e de locais de trabalho acabaram por beneficiar o setor, no sentido de guarda de pertences dos mais diversos tipos.

Embora 2016 tenha sido reconhecido pelo pessimismo no cenário econômico, o setor de self storage obteve algumas vantagens deste cenário desafiador. Com a crise, muitas pessoas se mudaram, escolheram imóveis menores e optaram pelo self storage para guardar pertences que não cabiam mais nos novos imóveis. As empresas que fecharam, armazenaram a mobília no self storage até conseguirem se reposicionar. Quem decidiu arriscar a vida no exterior, viu no autoarmazenamento uma opção para seus objetos que ficaram no Brasil.

Além disso, o mercado brasileiro cresceu e a concorrência estimulou o aperfeiçoamento e a propagação do setor até então desconhecido.

O comentário é de Mônica Vialle, gerente de propriedade da D-Espaço Self Storage (Fone: 41 3090.3600), administrada pela DCL Real Estate.

Ainda segundo ela, no balanço do desempenho do segmento de self storage em 2016, também podem ser apontados alguns problemas.

“Entre eles – diz Mônica –, pode-se mencionar a falta de conhecimento do setor, que ainda precisa ser difundido entre a população média. Por exemplo: self storage é totalmente diferente de guarda móveis, pois traz mais valor agregado e uma série de benefícios e garantias que tornam a comparação desproporcional. Porém, esse desconhecimento do funcionamento real dos selfs faz com que o setor concorra com outras modalidades de armazenamento inferiores, que aproveitam o crescimento do mercado.”

Para o GuardeAqui Self Storage (Fone: 11 3797.3999), apesar da crise econômica, o ano de 2016 também foi positivo. “Primeiro porque oferecemos uma solução que consumidores e empresas precisam – espaços. Quando a economia vai bem, as empresas, principalmente, precisam de espaços para armazenar estoques e usar a logística de distribuição de seus produtos. Quando não vai bem, como aconteceu em 2016, nos procuram para guardar seus bens e arquivos por terem devolvido as salas que alugavam. Mesmo negócios que faliram ou saíram de operações físicas para se dedicar exclusivamente ao negócio virtual passaram a demandar pelos nossos espaços. Claro que essa é uma agenda triste, mas que demonstra a resiliência do nosso negócio. Preferimos entender que nossa solução ajuda as empresas e as pessoas físicas mesmo nos momentos de dificuldade. Outro ponto importante de 2016 é que o ano foi marcado por uma redução de preço de imóveis, o que também colaborou para nosso plano de expansão”, explica Allan Paiotti, CEO do GuardeAqui, num raciocínio igual ao da gerente de propriedade da D-Espaço.

Hans Scholl, sócio-fundador da MetroFit (Fone: 11 3777.8910), também diz ter identificado, em 2016, um crescimento na demanda para a solução de self storage – e isto pelo terceiro ano consecutivo – e que a permanência – prazo de locação – diminuiu minimamente. “Os preços de locação foram reduzidos, mas o segmento não sofreu tanto em comparação com outros do mercado imobiliário.”

Ainda de acordo com Scholl, o mercado de self storage está crescendo, liderado por empresas institucionais que têm várias operações, resultando em uma consolidação do mercado com aumento de qualidade do produto. “Através de grandes investimentos na área de marketing, identificamos um aumento no conhecimento da solução de self storage, mesmo sendo pequeno ainda no país”, diz o sócio-fundador da MetroFit.

Usuários
Como se pode notar pelos comentários, os usuários do self storage são tanto as pessoas físicas quanto as empresas.

“Historicamente, pessoas físicas são os maiores usuários de boxes individuais para locação. Seja para guardar artigos de uso sazonal ou por mudaram para imóveis novos, porém com área reduzida, o que naturalmente contribuiu para o crescimento de nosso setor. Novas atividades também passaram a fazer uso desse tipo de autoarmazenagem em 2016, incluindo startups, distribuidores de mercadorias (perfumes, peças, livros), profissionais da moda e do ramo artístico, além dos escritórios de advogados e empresas de contabilidade que, por exigências legais, demandam guarda de documento por longos prazos. As empresas envolvidas em eventos e congressos também passaram a utilizar o self storage pela facilidade e flexibilidade de aumento ou redução de boxes locados conforme a demanda”, avalia, agora, Edouard Moreau, administrador da Storage Guarda-Tudo (Fone: 11 5844.5757).

Mônica, da D-Espaço, também aponta os segmentos que mais usaram o Self Storage em 2016. “Tivemos 30% das nossas locações destinadas às empresas e 70% a pessoas físicas. Destacam-se aqueles clientes que procuram o espaço para guardar estoque e documentos, enxoval de crianças e móveis da casa. As empresas são mais calculistas e procuram o self pelo custo-benefício, cientes da necessidade de otimização do espaço; já os residenciais buscam organização da casa e mais conforto à família.”

Paiotti, do GuardeAqui, por seu lado, aponta que a maior procura por estes serviços, em 2016, veio de empresas de pequeno porte, que buscaram redução de custos para armazenar imobiliário, estoque e documentação após entregarem suas salas. Há também os casos de quem deixou a operação física para se concentrar no e-commerce. “Um nicho novo também é o de franquias de shopping center, especialmente de quiosques, que estão usando o GuardeAqui como estoque para seus produtos”, diz o CEO da empresa.

Scholl, da MetroFit, salienta que em razão do prolongamento da crise econômica, varejistas e lojistas foram forçados a achar uma solução flexível e imediata para resolver inúmeros problemas relacionados ao espaço, como aumento de estoque, redução de área de venda, soluções logísticas mais eficientes, etc. “Pessoas jurídicas tendem a procurar uma solução mais rápida caso o seu negócio não esteja se desenvolvendo como previsto. Percebemos que a solução de self storage foi descoberta por empresários de diversos segmentos.”

Porém – continua o sócio-fundador da MetroFit –, em geral, a quantidade de pessoa física continua crescendo em uma velocidade maior ainda. “Grande parte dos clientes está passando por uma mudança na sua vida e precisa de uma solução imediata, flexível e sob medida.”

2017
Quais as perspectivas para o setor neste ano que se inicia?

“Seguindo a tendência de expansão do setor e do próprio conceito de autoarmazenagem, esperamos o aumento da procura dos clientes por novas opções para armazenagem, o que se mostra uma tendência da modernidade, já que as pessoas viajam mais e têm mais mobilidade também. São comuns as transferências de cidade em razão do trabalho, os intercâmbios e, também, a tendência de compartilhamento da vida moderna. Notamos isso tanto nos escritórios compartilhados, quanto no compartilhamento do transporte e das casas. O self faz parte desta nova forma de viver, sem burocracia, com mais liberdade e praticidade. As pessoas não querem mais ficar presas a um lugar ou a uma dívida, mas terem a opção de investir naquilo que precisam pelo tempo que acharem necessário. Entre os desafios, imaginamos que com o crescimento do setor e surgimento de novas marcas, a concorrência mais acirrada vai gerar uma disputa por preços”, aposta Mônica, da D-Espaço.

Também otimista, Paiotti, do GuardeAqui, diz que o setor deve continuar crescendo este ano em um ritmo bastante parecido com 2016. “Como a economia começa a dar os primeiros sinais de recuperação, a ‘agenda negativa’ deve ser superada e esperamos que aumente a procura por empresas que estão investindo, aproveitando a melhora do câmbio para formar estoques de produtos importados. A partir do segundo semestre, como aconteceu em outros momentos de recuperação econômica, essa ‘agenda positiva’ já deve se materializar. Já recebemos consultas, por exemplo, de empresas que pretendem realizar reformas e vão precisar armazenar seu mobiliário, equipamentos e arquivos. E também esperamos por um aumento de consumo nas grandes cidades, o que torna o self storage um ponto estratégico na gestão logística.”

Sobre os fatos que, em 2017, podem influenciar no desempenho do setor de self storage, o CEO do GuardeAqui salienta que tudo começa a partir da expectativa dos agentes econômicos. As pesquisas de mercado apontam que, finalmente, devemos superar a recessão e crescer algo como 1% ou mais. “O real tem se valorizado frente ao dólar e notamos o controle inflacionário. Isso deve estimular o comércio, especialmente de produtos importados. Além disso, notamos que há um ciclo do Banco Central de reduzir os juros e um enorme esforço da equipe econômica em preservar o equilíbrio fiscal. Isso tende a reduzir o custo do capital, estimulando o consumo e o investimento. Se confirmando esse cenário, 2017 tende a ser um ano positivo.”

O que pode atrapalhar o setor – ainda segundo Paiotti – são os fatores externos, a economia internacional, mas não parece que esse é um problema mais sério de curto prazo. A economia brasileira está passando por ajustes e isso deve repercutir no aumento do emprego, dos investimentos e do consumo, o que certamente trará benefícios ao setor.

Scholl, da MetroFit, também acredita que uma agressiva redução da taxa de juros poderia viabilizar a retomada do aumento de alavancagem do investimento imobiliário e turbinar ainda mais a expansão do segmento de self storage. A crise no mercado imobiliário, que se manifesta em poucas transferências de bens reais, continua favorecendo a oportunidade de adquirir imóveis por um preço atraente sem ter de disputar com outros potenciais compradores. Porém – continua o sócio-fundador da MetroFit –, a lenta retomada da economia impacta negativamente as operações em andamento por causa da falta do fator de “mudança”. A mudança na vida das pessoas físicas ou jurídicas é a maior impulsionadora para a solução oferecida pelas empresas de self storage.

“O ano de 2017 oferece, como 2016, vários desafios. Por um lado, muitas empresas e profissionais precisam se ajustar e se adaptar a uma nova e temporária realidade econômica. Assim, tem sido comum empresas buscarem espaço temporário para guardar equipamentos e móveis, ou profissionais liberais que guardam seus estoques, pertences e materiais de trabalho. Por outro lado, as oportunidades pontuais e a revolução tecnológica nos remetem a um ambiente digital de captação de interessados em nossos boxes, bem como em comunicação rápida e segura”, completa Moreau, Guarda-Tudo.

Novos nichos de mercado
Dada a expansão do segmento, novos nichos de mercado devem ser acrescentados aos já existentes.

Para Mônica, da D-Espaço, estes novos nichos devem ser formados pelo e-commerce e por empresas com pequeno estoque.

”Acreditamos que haverá um crescimento maior do segmento de e-commerce, algo já notado em 2016 e que deve se intensificar em 2017. Há um ciclo de expansão em novos polos de negócios, novos modelos de comercialização online e que demandam por soluções para estocagem e distribuição. Além disso, prestadores de serviços também passaram a demandar mais pelo nosso mercado, especialmente profissionais liberais que atuam nas áreas de tecnologia da informação e precisam de espaços para armazenar peças de informática. Eu diria que o e-commerce será um nicho muito forte esse ano”, aponta Paiotti, do GuardeAqui.

Já na visão de Scholl, da MetroFit, a retomada de expansão de alguns grandes varejistas pode resultar em empreendimentos híbridos que juntam operações/prédios de self storage com as dos varejistas. Outra oportunidade é a busca por aumento de eficiência da área ocupada por vários tipos de proprietários, abrindo espaços para self storage coocupar imóveis existentes com áreas ociosas.

Inbox Guarda Tudo e Pronto Espaço unem-se para a criação da SS Self Storage
A Inbox Guarda Tudo e a Pronto Espaço, duas tradicionais empresas do mercado de self storage, anunciam a fusão das suas atividades e a criação da SS Self Storage (Fone: 11 5541.9478). Com três unidades na capital paulista, a SS Self Storage já nasce com potencial para expansão imediata, em imóveis próprios, de 35% da sua área locável. Ao longo deste ano, a empresa ainda pretende inaugurar unidades em cidades com mais de 500 mil habitantes. A receita para o crescimento da SS Self Storage baseia-se na identificação e conversão de imóveis com as características adequadas para a atividade de armazenamento, atração de investidores que dispõem de instalações vagas em seus portfólios e parcerias com fundos de capital interessados em diversificar. Este último trabalho está a cargo de Marcelo Andrade, empreendedor e consultor de empresas especializado na área de gestão de negócios, fusões e aquisições – também atuou como diretor de multinacionais nos setores industrial e de bens de consumo. “Ainda abriremos espaço para a entrada de outros operadores de self storage que buscam ganho de escala e maior abrangência geográfica”, afirma Flavio Del Soldato Jr., diretor da Inbox Guarda Tudo. Com essa estratégia, a SS Self Storage terá condições de crescer em um setor hoje marcado pelo avanço de competidores ligados a fundos de investimento. “São empresas que dispõem de muitas unidades e grande capacidade de divulgação”.

Solução para a falta de espaço
De acordo com a Associação Brasileira de Self Storage – ASBRASS, operam atualmente no Brasil 216 unidades, que oferecem 390.000 m² de área locável. O Estado de São Paulo concentra o maior número de self storages (103), seguido por Rio de Janeiro (24) e Paraná (14).

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