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Distribuição 21 de maio de 2015

Setor supermercadista: os problemas nas entregas de mercadorias nos CDs ainda continuam

Estes problemas, conhecidos de longa data, incluem os longos tempos de espera para descarregamento e a destinação dos paletes – ou ficam retidos ou são devolvidos com defeito.

Quando se fala em logística no segmento supermercadista, vem à mente problemas como longos tempos de espera em CDs para o descarregamento e os “destinos” dos paletes nos CDs de supermercados, que podem ser retidos ou, quando devolvidos, são enviados os fora de padrão e/ou avariados. Com o desenvolvimento do setor, espera-se que tenha ocorrido um alinhamento nas demandas para que estes problemas sejam solucionados, aliado ao emprego de novas tecnologias. Mas, será que isto ocorreu?

Na opinião de Paulo Ricardo Colissi, gerente geral da área de dedicados e carga geral da JSL (Fone: 11 2377.7000) – cuja representatividade do setor supermercadista no faturamento da empresa, considerando o faturamento da área alimentícia mensurada no fechamento de 2014, é de 8,7% -, infelizmente estes problemas persistem.

Com relação aos problemas de tempo de espera em CDs para o descarregamento, ele diz que atualmente ocorre um desbalanceamento entre demanda versus consumo, sendo que existe uma concentração no mercado de até 60% do volume do embarcador na última semana do mês. Quanto aos paletes, Colissi diz que há retenção de paletes e canhotos e quando há retorno/devolução dos paletes, os mesmos estão fora de padrão e/ou avariados.

Rafael Ilan Bernater, gerente operacional da Kadima-KT&T Logística (Fone: 11 4141.2828), também diz que estes problemas persistem, apesar das melhorias ocorridas. “O tempo de espera nos CDs para descarregar ainda é um problema, a culpa é a falta de organização. Os motivos variam muito e são desde problemas com cadastro do produto, falta de arquivos XML, falta de espaço do armazém, overbooking por agendar mais veiculos para compensar transportadores faltantes ou de forma acidental, dado o grande número de variáveis nas operações. Falta comunicação entre fornecedor e supermercado.”

Sobre a atuação da empresa neste segmento, o gerente operacional informa que “por termos foco na operação de produtos de grande consumo, grande parte de nossos clientes tem o supermercado como seu principal canal de venda. No nosso transporte, atualmente, 100% de nosso volume do fracionado está voltado a entregas no pequeno e grande supermercadista. Nas cargas de lotação 60% está em entregas em grandes redes supermercadistas, como Wal-Mart e CBD. O setor supermercadista também está muito presente nas produções de Shrink-Pack de nossos clientes, onde, para se adequarem às exigências no recebimento ou para produzirem promoções do tipo leve3-pague2, embalam seus produtos com filme termoencolhivel, garantindo maior segurança aos produtos”.

Já o diretor de operações logísticas e portuárias da Santos Brasil (Fone: 13 2102.9000), Ricardo Molitzas, também lembra que ainda observa-se o problema de espera para descarga nos CDs. Segundo ele, o ideal é que todos os envolvidos neste fluxo tenham um alinhamento e uma gestão de agendamentos e programações para descarga e carregamento. Quanto aos paletes, “existe uma variedade muito grande de modelos e materiais para a confecção de paletes. Falta uma padronização entre os fabricantes. O fornecedor constrói os paletes para atender às suas necessidades. Mas há casos em que supermercados e CDs acondicionam os produtos em outros modelos, a fim de facilitar a armazenagem, gerando incompatibilidade”, avalia Molitzas.

De quem é a culpa?

Sobre quem provoca os maiores problemas neste segmento – os fornecedores de produtos ou os supermercados –, Colissi, da JSL, pondera que existe uma parcela dividida entre varejistas e fornecedores, pois se criou uma cultura de compra de produtos nos finais de mês para atrair a melhor política de descontos das indústrias, ocasionando a concentração de cargas nos finais de mês. “Deveria criar-se uma política diferenciada de descontos durantes as quatro semanas do mês e, com isso, o faseamento de entregas seria linear”, acredita o gerente geral da área de dedicados e carga geral da JSL.
Já Bernater, da Kadima-KT&T Logística, frisa que o problema não está exclusivamente no supermercado ou nos fornecedores, mas, sim, na comunicação entre ambos. “Quando o veiculo chega para descarga, todos os tramites fiscais e comerciais já devem estar concluídos, mas é de costume essa ‘renegociação’ ocorrer enquanto o veiculo já está na porta do CD para descarga”, diz.
Molitzas, da Santos Brasil, por seu turno, diz que é difícil apontar quem provoca problemas. “Avaliamos que algumas vezes cada um realiza as operações para atender à sua própria necessidade, podendo gerar incompatibilidade. Por isso, a importância da integração e da definição criteriosa de níveis de serviços, adequando as expectativas.”

Mais problemas

Já que estamos avaliando os problemas do setor, há outros? Quais?
Colissi, da JSL, aponta: restrições de entrega, fracionamento de cargas, grande número de SKU´s e mão de obra. “Além do já citado tempo de espera nos CDs para descarregar, poderíamos apontar, ainda como problemas do setor supermercadista, os altos preços de descarga e os impostos”, completa o gerente operacional da Kadima-KT&T Logística.
Finalizando esta questão, Molitzas, da Santos Brasil, lembra que, como esse segmento inclui produtos de alto valor agregado, eles precisam de cuidados diferenciados no transporte e na armazenagem.

Exigências dos produtos

Os participantes desta matéria especial também indicam quais produtos desse segmento exigem determinadas precauções quanto à higiene no transporte e armazenagem, bem como com a rapidez no transporte, mantendo a integridade do produto. E de que maneira a empresa busca atender a essas demandas.
“100% de nosso atendimento tem como exigência interna a higiene. Produtos como os congelados e refrigerados exigem ainda mais atenção, tendo em vista que armazenamos e distribuímos em temperaturas controladas e com um target, este formado a partir de estudos e exigência dos clientes para que o produto não sofra avarias. Também temos preocupação com contaminação cruzada, para que o produto não chegue ao cliente com alguma anomalia que afete a política de qualidade dos alimentos”, explica Colissi, da JSL.
Bernater, da Kadima-KT&T Logística, destaca que, como a maioria dos produtos que atendem o setor supermercadista envolve alimentos, as precauções quanto à higiene têm início em bons procedimentos que garantam a limpeza, de forma a manter os locais limpos e organizados de acordo com os princípios de BPA – Boas Práticas de Armazenagem. “A KT&T desenvolveu, junto com grandes empresas, como Kellogg´s, Mead Johnson, J.Macedo e Diageo, o seu BPA e está autorizada por todas a produzir seus packs promocionais e armazenar seus produtos, garantindo, além da limpeza, exigentes controles quanto aos lotes e vencimentos. No transporte é importante sempre seguir as agendas fornecidas pelo cliente e garantir a limpeza no interior dos baús, para isso é muito importante ter um check list de carregamento”, diz o gerente operacional da Kadima-KT&T Logística.
Concluindo esta análise, Molitzas, da Santos Brasil, enfatiza que os produtos de cosmético, perfumaria e higiene pessoal, por exemplo, mantêm-se em alta no Brasil, que figura entre os principais mercados consumidores para estes segmentos no mundo. “Esse cenário positivo exige uma logística eficiente. Como o consumo é mais rápido que a produção, o índice de entregas de cargas no prazo determinado costuma ser o principal influenciador para o segmento supermercadista na escolha de Operadores Logísticos, a fim de evitar o desabastecimento das gôndolas. No caso de serviços de transportes rodoviários, procuramos atender ao crescimento da demanda com o aumento da produtividade das frotas. Neste ano, lançamos um novo sistema que monitora o tempo médio para caminhões chegarem ao seu destino, contribuindo com o aumento do nosso indicador de entregas no prazo”, explica o diretor de operações logísticas e portuárias da Santos Brasil.

Tendências

Já se referindo às tendências para transporte, armazenagem e distribuição nesse setor, Colissi, da JSL, diz que, para distribuição seria o modelo de atendimento com maior fracionamento de cargas e ressuprimento de lojas semanal, devido à criação de lojas em bairros que não possuem áreas para estocagem de produtos. Para armazenagem – ainda segundo o gerente geral da área de dedicados e carga geral da JSL – a tendência seria a criação de unidades de armazenagem em grandes centros para uma entrega com lead time reduzido e unidades com menor volume de entrega, além de atendimento via transit point ou cross-docking.
Por sua vez, Molitzas, da Santos Brasil, acredita que a tendência é a concentração de serviços em um único fornecedor, a fim de gerar redução de custos e maior eficiência. “De maneira convergente, Operadores Logísticos devem verticalizar cada vez mais a infraestrutura e os serviços para atender aos setores mencionados, valorizando o uso de frotas próprias de caminhões, na área de transportes, e mão de obra vinculada à empresa”, completa ele.

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