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Logística 18 de outubro de 2016

Situação econômica do país faz atenção se voltar para a logística colaborativa

Conhecida por ser uma alternativa para otimizar tempo, dinheiro e recursos (renováveis ou não), a logística colaborativa consiste na parceria entre integrantes da cadeia de logística e suprimentos. São possíveis, inclusive, alianças entre fornecedores de produtos e serviços de setores distintos. Ela parte do princípio de que o Supply Chain funciona como uma corrente onde cada elo colabora para facilitar o trabalho do elo anterior e do elo posterior, deixando essa corrente mais rápida, mais segura e mais barata. Mais do que uma modalidade, é uma postura, já praticada nos Estados Unidos e no México, com resultados bem positivos. No Brasil ainda há desconfiança e insegurança por parte de muitos embarcadores.

O conselheiro da Abralog – Associação Brasileira de Logística, Marcello Sanaiote, afirma que uma simples mudança de processo no fluxo pode ser entendida como logística colaborativa, desde que envolva dois ou mais participantes da cadeia. Todos os tipos de operações têm oportunidades de mudanças, redução de custos e benefícios ambientais – na prática, os principais objetivos de processos compartilhados.

“Geralmente tem-se uma ideia errônea de que os Operadores Logísticos e as transportadoras são os únicos responsáveis em desenhar e implantar projetos de logística colaborativa, mas isso se deve a um simples fato: em função do know-how das operações de distintos clientes, torna-se mais fácil enxergar possibilidades de otimização entre suas cadeias”, expõe Sanaiote.

Segundo ele, a logística colaborativa não só pode como deve ser aplicada em quaisquer tipos de operações, inclusive por indústrias e prestadores de serviços logísticos de distintos segmentos. Muitos imaginam que ela esteja relacionada a projetos mirabolantes, fruto de parcerias entre grandes empresas multinacionais apresentadas em congressos e conferências. No entanto, está também nas coisas simples do dia a dia da cadeia logística.

A parceria entre companhias que atuam em segmentos distintos pode trazer resultados surpreendentes. “É preciso ter em mente que, muitas vezes, grandes melhorias e reduções podem estar embaixo de nosso nariz e a custo zero”, afirma Sanaiote.

A Transportadora Sulista (Fone: 41 3371.8200) já discutia esse assunto em 2013, quando pouco se falava sobre logística colaborativa. “Vemos que esta modalidade tem mais aceitação no mercado agora, em função das dificuldades enfrentadas com o agravamento da situação econômica do país. As empresas e seus fornecedores estão em busca de alternativas para reduzir custos e maximizar resultados com opções inovadoras para o nosso mercado como, por exemplo, operar de forma mais integrada com outras empresas, podendo ser até concorrentes, em alguns casos”, conta Josana Teruchkin, diretora executiva da Sulista, que hoje atua dessa forma com alguns clientes e tem recebido retornos positivos quando a proposta é feita e entende que o Brasil está mais bem preparado para projetos de logística colaborativa.

Por enquanto, a empresa tem poucos projetos já implantados, com clientes do segmento automotivo e metalmecânico e alguns em fase de prospecção/proposição do escopo para as partes envolvidas. As maiores restrições quanto ao uso do modelo, segundo Josana, são por parte de empresas concorrentes.

Num mercado cada vez mais acirrado, muitas companhias creditaram ao sigilo de informações os motivos para não realizarem uma logística colaborativa. Segundo muitas delas, compartilhar a logística poderia abrir para o mercado e, principalmente, aos concorrentes, informações competitivas e sigilosas. Para Josana, realmente é ainda muito comum a postura de priorizar a utilização de sistemas exclusivos e dedicados, para evitar a exposição de informações, processos e materiais sigilosos. “A necessidade de buscar sinergias que gerem sistemas com custos mais enxutos é fator de abertura para novos formatos. Para gerar real interesse, a economia deve compensar os riscos”, expõe.

Para ela, um dos maiores obstáculos para a “venda” de projetos como este é romper o paradigma do modelo que garante flexibilidade operacional. “A logística colaborativa exige integração com alto comprometimento das partes em atender o programado”, ressalta.

As cargas mais propícias para a modalidade são aquelas com mesma origem ou destino, que tenham boa sinergia quanto ao aproveitamento do frete retorno e as compatíveis com o equipamento de transporte disponível e/ou possíveis de serem transportadas em conjunto.

Benefícios e desafios
Na prática, a vantagem para o embarcador se resume em um melhor aproveitamento, trabalhando as sinergias operacionais entre os integrantes da cadeia, com redução de custos. Também há ganho ambiental, com menor emissão de gases poluentes, menos veículos sem necessidade nas estradas e, consequentemente, menos impacto.

Apesar de todos esses benefícios, Josana alerta para algumas dificuldades na utilização do sistema:
• Necessidade de planejamento cuidadoso do processo e compromisso de execução por parte das diferentes empresas participantes;
• Controle rígido para garantir o sincronismo das operações, atendimento das programações e realização do resultado de custos esperado;
• Transparência na forma de compartilhar os ganhos entre as empresas envolvidas.

Para a transportadora, as vantagens são maior rentabilidade através do aumento da taxa de utilização do veículo, redução dos tempos de espera, melhor produtividade dos ativos ao evitar que veículos rodem vazios e otimização de fluxos de transporte (impede o envio de vários ativos a um mesmo local de coleta/entrega).

Uma das desvantagens, de acordo com Josana, é apostar em um projeto de logística colaborativa contemplando um escopo determinado e, por algum motivo, um dos integrantes da cadeia desistir do projeto, ficando sob responsabilidade do Operador Logístico reativar condições para manter a operação ativa e viável economicamente.

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