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Especial 21 de novembro de 2016

TI na logística: os “medos” quando se fala em automação nas áreas de armazenagem, movimentação e transporte

Representantes das empresas de TI também analisam porque estes “medos” existem e como acabar com eles.

Indústria 4.0, Internet das coisas e Big Data: assuntos que, principalmente na logística, são muito mais do que só tendências. Ao longo de toda a cadeia de criação de valor, as empresas interligam as suas instalações e os seus sistemas. Desde fornecedores, passando pelos prestadores de serviços de logística até as empresas de transporte, todos os processos da cadeia de suprimento são interligados e são monitorados constantemente. E isso gera muitos dados: de acordo com os cálculos mais recentes, o volume mundial de dados aumentará para 44 bilhões de Gigabytes até 2020. Isto é, dez vezes mais do que hoje.

“As informações se tornaram uma moeda importantíssima no setor: as empresas somente conseguem sucesso em longo prazo no mercado quando utilizam as informações de forma eficiente, por exemplo, para a otimização dos seus processos. Internacionalmente, as soluções inteligentes de logística já são aceitas e usadas. Quem se deixa intimidar pelas incertezas ainda existentes sobre esses desenvolvimentos, cedo ou tarde será ultrapassado pela concorrência global.”

Com está análise, Andreas Kiessling, Branch Manager da Ehrhardt+Partner Solutions Brasil (Fone: 11 3087.4400), nos leva ao foco desta matéria especial: quais são os maiores “medos” das empresas quando se fala em automação nas áreas de armazenagem, movimentação e transporte de materiais? Por que estes “medos” existem? Como acabar com eles?

Medos variados
Na visão de Jefferson Cescon, diretor comercial da ActiveCorp (Fone: 11 2229.0810), os principais medos são a escolha do fornecedor, o ROI (Retorno sobre o Investimento), equipe qualificada e a escolha da tecnologia mais aderente ao seu negócio.

Segundo Cescon, o ROI é uma das principais incertezas na hora de se investir em automação – as empresas precisam ter um bom planejamento, dimensionar a demanda e os recursos para atender a necessidades de armazenagem, movimentação e transporte dos produtos. “A tecnologia adquirida deve ser aderente às necessidades da empresa, tanto em funcionalidades quanto em preço, o nível de aderência permite a diminuição do tempo do projeto e os resultados acontecem mais rapidamente, quanto maior o tempo para implementar um projeto maior o risco.”

Ainda segundo o diretor comercial da ActiveCorp, o Modelo de comercialização SaaS (Software como Serviço) é uma forma inteligente de transformar custo fixo em custo variável. Neste modelo, a empresa não precisa investir em servidores, infraestrutura, mão de obra técnica de instalação, sistemas operacionais, banco de dados, entre outros, e passam a pagar o que consome. Neste modelo, o custo total de propriedade é muito menor e os riscos também. Além disso, o modelo SaaS permite atualizações sem custos adicionais, ou seja, a empresa se mantém atualizada sem precisar investir em atualização do software.

Outro ponto importante a considerar é a capacitação dos colaboradores nas novas tecnologias, obviamente qualquer mudança de processos requer algum tipo de treinamento e adaptação que geralmente trazem benefícios à empresa e aos colaboradores, desta forma a capacitação dos colaboradores para a utilização da tecnologia é tão importante quanto a escolha da melhor tecnologia. O projeto de implantação de novas tecnologias precisa de dedicação e planejamento para obter o máximo de resultados.

“A popularização dos smartphones e redes sociais ajudaram muito na capacitação de motoristas e operadores, atualmente a grande maioria faz algum uso de tecnologia, diminuindo muito a quantidade de treinamento necessário e para o menor índice de erros de usabilidade”, aponta Cescon.

Para contornar possíveis problemas é necessário procurar um fornecedor com capacitação, histórico de cases de sucesso e solidez no mercado.

Muitos empresários fazem a pergunta: “Qual o melhor software?”. A resposta é muito relativa, pois o melhor software depende da aderência e do fornecedor que mais se adapta à realidade da sua empresa, nem sempre o mais caro ou a marca mais conhecida é o melhor para sua empresa, porém um item que obrigatoriamente deve ser bem debatido é a tecnologia utilizada pelo desenvolvedor, já que existem tecnologias obsoletas no mercado. “Uma forma de descobrir se o software está acompanhando a evolução do mercado é perguntar de quanto em quanto tempo novas versões são lançadas. O momento atual do mercado requer ganho de produtividade, ou seja, fazer mais com menos, e para se obter ganho de produtividade é necessário investimento em tecnologia. Se continuar fazendo da mesma maneira, os resultados também serão os mesmos”, sentencia o diretor comercial da ActiveCorp.

De fato, Alexandre Singer, diretor da unidade de logística da Maplink (Fone: 11 3047.8448), salienta que o receio tem a ver com mudanças na forma que as pessoas trabalham, nos processos, no custo, retorno de investimento e no tempo de implantação, já que durante o projeto os funcionários precisam continuar trabalhando. Singer aponta que, para minimizar esses efeitos, é preciso compreender que a integração dos sistemas de informação com a logística deve contar com produtos e soluções de fornecedores de referência, que ofereçam serviço de qualidade durante a implantação e no pós-venda.

Por seu lado, Marcos Cesar Fernandes, gerente comercial da BicData Serviços e Comércio de Equipamentos Eletrônicos (Fone: 11 2972.6416), lembra que, quando falamos em automatizar qualquer processo, as empresas já pensam em investimentos não só de valores, mas também de tempo. “Vejo que muitos investimentos em equipamentos, capacitação operacional e tempo gasto para ‘virar a chave’ dos processos antigos não são bem planejados, e isso é o que causa o ‘medo’ de automatizar um processo logístico, pois quase sempre são aplicados em processos críticos para a saúde da empresa e esses ‘medos’ existem, pois toda mudança gera insegurança.”

Para Fernandes, a solução é apresentar às empresas um planejamento íntegro desde o início, com uma homologação com tempo de maturação que se faz necessário para todos os processos, principalmente os críticos, até o decorrer de sua implantação com um pós-venda de excelência, com isso as empresas não terão dúvidas de que irão alcançar com êxito o tão sonhando ROI. “O maior receio das empresas quando se fala em automação nas áreas de armazenagem é o alto investimento em tecnologias. No modelo tradicional é necessário investimento em licenças de software com Capex, além dos custos de suporte e manutenção que são pagos anualmente, independente do volume e processos logísticos utilizados pela empresa”, completa Eduardo Fong, Sales Manager da Generix Group Brasil (Fone: 11 3032.2387).

Uma das questões a considerar quanto a automação, além de muitas vezes o alto custo envolvido, é a perda de flexibilidade. “A logística por si só passa por constante mudança, como passou com o comercio eletrônico e ainda passa e vai passar com a multicanalidade e o Omni Channel. Muitas vezes a automação representa um risco para possíveis adaptações ao mercado, especialmente em um país com um cenário instável como o Brasil”, salienta, agora, Thiago Casas, consultor de logística da Otimis Soluções em Tecnologia da Informação (Fone: 11 3027.4197).

Além disso, existem diversos níveis de automação – mais automatizadas e menos automatizadas – e sempre existem operações nos Centros de Distribuição que são feitas manualmente e que, em determinado ponto do processo, precisam se encontrar com a automação. “Isto representa um desafio que é garantir uma integração eficiente entre a automação e os demais processos no fluxo, além de adaptar novos processos para permitir a continuidade das operações na automação”, diz Casas.

A análise de Rodrigo Fávero, diretor executivo da Everlog do Brasil (Fone: 19 3186.2122), passa pela vertente econômica. Ele lembra que a automação nas áreas de armazenagem, movimentação e transporte de materiais não é algo novo, mas as melhores soluções do mercado ainda requerem altos investimentos de implantação e manutenção. Esses altos valores costumam ser um empecilho para a maioria das empresas brasileiras. Os benefícios da automação são enormes, mas, além da automação exigir uma mudança cultural e organizacional, o principal medo hoje em dia é com a situação econômica do Brasil.

Paulo Westmann, responsável por orientação técnica e gerente comercial da ZYXtech Mapatrans Tecnologia (Fone: 11 3253.3395), também fala do momento econômico. Segundo ele, todas as empresas buscam incessantemente a melhoria de produtividade, que significa “fazer mais gastando a mesma coisa” ou “fazer a mesma coisa gastando menos”. Em períodos recessivos, como os que vivemos, as empresas precisam gastar menos e para isso buscam alternativas dispensando pessoas e trocando fornecedores tradicionais por outros, nem sempre conhecidos ou com capacidade de trabalho comprovados. “Além de cortar pessoas e fornecedores tradicionais, as empresas procuram aportar tecnologia nos processos e, dessa forma, manter as margens dos produtos”, continua Westmann.

Por que estes “medos” existem? Nas grandes empresas e corporações existe o “orçamento” (Budget) que é a provisão de dinheiro que será gasto no exercício seguinte. Esse orçamento contempla o custeio das atividades e valores a serem investidos em modernização, inovação, novos processos e novas tecnologias.“O temor, se é que podemos usar essa expressão, é que há sempre a comparação entre o desempenho de uma empresa em cada um dos locais onde atua. Isso é feito comparando os valores com o dos concorrentes – no mesmo segmento de mercado – ou com a própria empresa em outros locais e regiões semelhantes”, explica Westmann.

Como acabar com este “medos”? O gerente comercial da ZYXtech responde: “executivos bem preparados e bem treinados planejam melhor e nos planos formulados nas bases locais ou regionais estão atentos para oportunidade de crescimento de mercado (aumento de demandas) ou da necessidade de manter no ritmo definido a travessia de períodos ruins em busca de melhores oportunidades futuras. Não existe fórmula mágica, mas, se diante de crises as empresas cortam os seus executivos mais bem preparados (e, portanto, os de melhores salários) os que permanecem têm dois medos: que o seu destino seja o mesmo dos seus chefes dispensados e que não vale a pena se expor com novas ideias e processos porque a empresa se propõe a ficar temporariamente ‘catatônica’ esperando melhorias no mercado e na economia”, finaliza Westmann.

Ricardo Gorodovits, diretor comercial da GKO Informática (Fone: 21 2533.3503), aponta que os “medos” podem ser divididos em dois grupos. Os receios associados a escolher uma solução que não se mostre eficaz e os receios associados à implementação de mudanças e quebras de paradigmas. “Na GKO, lidando muito com a área de transporte, estes receios se manifestam muitas vezes, implicando em processos decisórios mais lentos do que o que nos parece razoável, ou mesmo na falta de disposição de analisar os ganhos oferecidos na implantação/contratação de nossos produtos e serviços”, complementa Gorodovits.

Já Marcio Morari, diretor da MHA Sistemas (Fone: 11 5549.7321), também salienta que as novas tecnologias vão sempre provocar mudanças no ambiente social da organização e é difícil imaginar alguma inovação tecnológica que possa ser introduzida na empresa sem provocar algum efeito – a tecnologia faz parte do dia a dia das empresas e do nosso dia a dia em geral.

“A adoção de novas tecnologias muitas vezes leva a grandes alterações nas empresas. Essas mudanças podem se referir à estrutura organizacional, à alocação de recursos ou à distribuição de tarefas entre as pessoas. Podem ocorrer, também, mudanças de comportamento nas pessoas, com o surgimento de resistências e reações negativas”, adverte Morari.

Na mesma linha segue a análise de Wagner Eloy, diretor de Marketing e Vendas da OnixSat Rastreamento de Veículos (Fone: 43 3374.3822). Para ele, a automação nas áreas de armazenagem demanda um investimento de tempo, pessoal e dinheiro. Os processos podem sofrer transformações radicais e é exatamente esta transformação que pode gerar medo ou insegurança. O medo do desconhecido, da mudança é comum dentro das empresas, os gestores destas áreas precisam contornar esta situação e impulsionar a equipe para as mudanças, não permitindo que o medo paralise o crescimento e a transformação dos processos para algo que pode a vir a ser melhor.

Ainda de acordo com Eloy, é preciso ter em mente que a implementação de sistemas automáticos é uma reação às demandas de um cenário muito mais competitivo e com necessidades e expectativas diferentes e mais exigentes.

Em sua análise, Andre Miyajima, Business Consultant, especialista de soluções de Supply Chain Management da Infor Brasil (Fone: 11 5508.8800), elenca algumas preocupações quando se trata de automação em logística: velocidade da tecnologia: a preocupação com a obsolescência de uma tecnologia adotada; percepção de alto custo; e complexidade de integração com diferentes sistemas legados. “As razões para tanto podem ser má experiência anterior – iniciativas anteriores que podem ter levado a custos mais altos do que o previsto; tempo de implementação acima do planejado; e/ou dificuldade de manutenção do sistema implementado – e falta de planejamento do investimento, visão de benefícios e execução mal conduzida.”

Ainda segundo Miyajima, para dirimir tais preocupações é preciso estudar os bons exemplos e casos: inovação tecnológica é necessária. A alta complexidade e a dinâmica dos negócios de hoje fazem com que a automação da área logística seja uma realidade para garantir eficiência do negócio. “Também é preciso passar de uma visão pura de custo somente para a de investimento: listar os benefícios, tanto da parte qualitativa quanto o ROI, instituir indicadores de performance e de negócios para monitorar a atividade e ter base de melhoria das operações”, completa o especialista da Infor Brasil.

Por seu lado, Cristiano Dias Tito, diretor de vendas da Globalstar no Brasil (Fone: 0800 979. 7890), salienta que, quando falamos de automação do Sistema de Gerenciamento de Armazenagem (WMS), é sempre importante analisar que estamos falando de profundas mudanças em um segmento consolidado e, talvez, resistente a estas alterações. “Certamente, há um imenso choque cultural por parte dos Operadores Logísticos, principalmente pela escassez de mão de obra qualificada, falta de disciplina corporativa e por conta do investimento inicial que, muitas vezes, pode ser alto”, adverte Tito.

No entanto – ainda segundo ele –, não podemos ignorar que esta é uma tendência natural por conta do avanço das tecnologias existentes e pela redução dos seus custos. “Quando a operação iniciar, não há que se pensar em não ter o máximo de automação possível. Mesmo nos cenários onde o foco é a migração e automação de uma operação já existente, temos transições cada vez mais suaves e menos onerosas.”

O diretor de vendas da Globalstar diz que, em geral, o retorno financeiro é cada vez mais curto por conta das grandes vantagens trazidas pelo processo de WMS. “Podemos destacar: melhores soluções aos desafios de armazenagem, localização e expedição de mercadorias e, claro, a principal vantagem do WMS – elevar a confiabilidade e diminuir os riscos por parte da empresa que o utiliza. Isso acontece porque a tomada de decisões fica muito mais ágil devido à otimização do espaço de armazenagem, melhoria da produtividade e melhor controle na saída e entrada de mercadorias. Com um serviço de nível muito superior, as reclamações por parte dos clientes diminuem, algo que também favorece a empresa.”

Anderson Ramos, especialista em softwares da OpenTech – Software|GR|Logística (Fone: 11 3266.6846), aponta os maiores “medos” das empresas em automatizar os processos de armazenagem: atraso na separação, pois com a implantação de novas tecnologias, haverá uma demora na movimentação das mercadorias, e com isso aumentará o custo de armazenagem; erro ao escanear mercadorias – independente da tecnologia que for usada para a leitura das etiquetas (coletor, RFID, EDI, Voice Picking, Mobile), podem ocorrer problemas na leitura da etiqueta, ou a mesma pode estar rasurada ou mal colocada; mercadorias sem etiquetas – onde o operador, muitas vezes sofrendo com a pressão para agilizar o processo, deixa de etiquetar alguns volumes e, com isso, corre-se o risco de ter uma conferência falha; separação incorreta – da mesma forma do item acima, devido à pressão do dia a dia, o operador acaba etiquetando as mercadorias de forma errada, e consequentemente, todo o processo de movimentação será falho; avaria de mercadoria e/ou equipamento – ao tentar ler a etiqueta e ao mesmo tempo tentar movimentá-la, o operador corre o risco de avariar a mercadoria, deixando a mesma cair ou pode danificar o coletor da mesma forma.

“Todos esses problemas existem devido ao início da automação dos processos há algumas décadas, quando tínhamos uma internet precária e coletores de difícil manuseio, atrelado ao alto investimento que deveria ser feito para automatizar toda a empresa. Para acabar com esses problemas, a empresa tem que buscar um software especializado em armazenagem para que possa ter confiança em todo o processo, desde a entrada da mercadoria, passando pela separação, endereçamento, conferência e saída. Atrelado ao software a empresa deve oferecer as melhores tecnologias do mercado para atender toda a automatização dos processos”, completa Ramos.

Paralisação da produção
Lucas Alencar, diretor de operações da Routing Systems Informática (Fone: 11 3819.1977), destaca que o maior medo sempre é a paralisação da produção, ou seja, do processo de faturamento. Para ele, toda proposta de mudança é encarada com desconfiança. No entanto, para se obter algum ganho, é necessário mudar o processo em uso.

“Automatizar um processo é reduzir erros e perdas, aumentar eficiência e produtividade. Pessoas normalmente resistem a mudanças por acomodação ou por medo do desconhecido ou de perder poder, etc. Faz parte intrínseca do ser humano. Para combater esses fatores, o projeto de implementação tem que conter uma fase de divulgação de todos os detalhes e como cada um será afetado em seu trabalho, assim como os benefícios decorrentes, para o colaborador e para a empresa”, ensina Alencar.

“Não são exatamente ‘medos’ que postergam os investimentos em automação nas áreas de armazenagem, movimentação e transporte de materiais. O que existe, na realidade, são alguns mitos e algumas práticas que têm se mantido apesar do evidente retorno sobre os investimentos quando realizados nessas áreas. O caminho para acelerar os investimentos nessas áreas e vencer esses mitos é evidenciar, para os gestores, os ganhos de produtividade, eficiência, qualidade, rastreabilidade e segurança da informação que as soluções de automação trazem para as empresas que aceitam o desafio de investir”, completa Daniel Bio, gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da SAP Brasil (Fone: 0800 888.9988).

João Paulo Boaretto, coordenador técnico de produtos da Sialog Software Solutions (Fone: 14 3604.2200), também diz que muitas empresas ainda ficam temerosas quando o assunto é automação de seus processos por dois motivos: medo de o investimento não ter o retorno esperado e medo pelo “novo”. Tudo que vai ocasionar uma mudança operacional, administrativa e até comportamental gera resistência do empresário, que muitas vezes pensa que “em time que está ganhando, não se mexe”.

Conciliado a essa mudança – ainda segundo Boaretto –, está o receio de um “alto” investimento em algo que eles desconhecem. Embora haja cases que apontem o sucesso e os benefícios, os empresários ainda temem perda de dinheiro e insatisfação.

“Uma alternativa para tranquilizar os empresários em relação à automação, que na maioria das vezes é necessária para otimizar os serviços da empresa, é indicar outras companhias que utilizam aquele serviço e que possam falar, com sinceridade, sobre os benefícios que foram adquiridos após a implantação. Outra forma de tranquilizar o cliente é sanando todas suas dúvidas, por mais simples que elas possam parecer, e apresentar simulações de como a solução será utilizada no dia a dia. Treinar os colaboradores de confiança da empresa para lidar com a solução também é uma opção para o empresário se sentir ‘seguro’ e entender que a automação age apenas em benefício da empresa e dos colaboradores”, aconselha o coordenador técnico de produtos da Sialog.

Carlos Valle, diretor do segmento de Logística e Manufatura da TOTVS (Fone: 0800 7098.100), avalia que os processos de armazenagem, movimentação e transporte de materiais são extremamente críticos na operação de qualquer empresa e muitas vezes representam gargalos, operando muito próximo do limite e, não raro, com improvisações. Este cenário gera muitos receios quando o assunto é automação. Receio de alterar uma operação que precisa funcionar em alta disponibilidade e aumentar ainda mais o gargalo, receio de adaptar os processos a fluxos e ferramentas mais formais e perder flexibilidade, receio do novo.

Por conta das particularidades de cada operação, é bastante comum as empresas se apoiarem em argumentos como “mas aqui é diferente”, sobrevalorizando as especificidades da sua operação, esquecendo que a despeito de existirem diferenças, existe muito mais semelhança e que sim, elas podem e devem se beneficiar de benchmarkings do mercado.

Existem muitos motivos para se investir em automação nos processos de armazenagem e movimentação de materiais, eles podem reduzir drasticamente os erros bastante comuns de trocas, o tempo de movimentação dos materiais, o tempo de inventário e aumentar o aproveitamento físico do espaço, expõe Valle.

Análise mais aprofundada
Luís Maurício Gardolinski, diretor da Startrade Ferramentas de TI para Logística (Fone: 41 3285.8825), separa as empresas em três grandes segmentos neste cenário, pois cada um destes tem percepção distinta do tema – “existe um quarto grupo em ascensão, que é o e-business, porém ele é, a meu ver, uma mescla de indústria e Operador Logístico”.

No primeiro segmento, Gardolinski coloca as transportadoras, que, segundo ele, veem o investimento em tecnologia como necessário, porém como um grande fardo, pois preferem investir em veículos, que trazem retorno mais rápido ao seu negócio. Em geral demoram mais para absorver as tecnologias, preferindo aguardar sua “banalização” e o efeito São Tomé (ver prá crer): se o concorrente já está usando e deu certo, investe.

No segundo segmento, o diretor da Startrade coloca os Operadores Logísticos, que veem o investimento em tecnologia como essencial à sobrevivência do negócio, porém sempre comparam o investimento à eficiência gerada para redução de custos, principalmente com a mão de obra usada nos processos, muitas vezes optam por não investir em novas tecnologias por entender que o uso intensivo de mão de obra no processo ainda é mais barato no médio prazo que o investimento necessário.

“Por último, estão as indústrias. Este é o grupo de empresas que no momento está mais investindo em melhorias na logística integrada, por entender que esta é das últimas fronteiras para a busca de melhorias rápidas com grande potencial de economias, portanto é o grupo mais aberto a investimento e novas tecnologias.”

Ainda de acordo com Gardolinski, estes “medos” existem pela própria filosofia dos negócios em si, e sua inserção no processo logístico, portanto ele é natural e, em alguns casos, bem vindo, pois investir mal em tecnologia é uma das causas do temor da própria tecnologia. Sempre fica a pergunta, “será que estou preparado para ela?”. Quanto mais caminhão uma transportadora tiver, mais clientes pode atender, a tecnologia é um coadjuvante… Quanto mais eficiente um Operador Logístico for, mais clientes poderá atender, a tecnologia passa a ser fator chave, juntamente com a mão de obra, em quantidade ou bem capacitada. A indústria fica neste mesmo patamar do Operador Logístico, não adianta produzir se não disponibilizar a mercadoria em tempo.

“Não vejo outra forma de acabar com o medo que não seja pela educação continuada, formação de mão de obra qualificada e evolução tecnológica constante, que levará a novos questionamentos e medos”, profetiza o diretor da Startrade.

Outro representante do setor que também faz uma análise mais abrangente é Milton Nagamine, gestor comercial da Store Serviços de Automação (Fone: 11 3087.4400). Ele foca em duas situações. Primeiramente os “medos” antes da decisão de implementar a automação e, posteriormente, os “medos” após ter decidido pela implementação

Antes da decisão de implementar a automação – Para responder a esta pergunta, é preciso contextualizar, pois não podemos responder quais “medos” existem, sem considerar fatores como: porte da empresa, se capital nacional ou externo, segmento de atuação, atuação no mercado nacional ou também no mercado internacional, portfólio de produtos, maturidade da empresa em aplicação de tecnologia em automação, capital humano que a empresa dispõe, ranking no segmento em que atua, nicho de mercado, entre outros.

“Tudo isso está mais sob o controle da empresa. Mas um fator que gera muita insegurança é o atual nível de confiança do empresário no governo que gera maior ou menor da intensidade do ‘medo’”, diz Nagamine.

Outro ponto é o investimento necessário para a automação dos processos operacionais em um momento em que as empresas estão em crise ou com receitas baixa.

Com tudo isso – diz o gestor comercial da Store – o ROI torna-se menos atraente ao empresário que então posterga a decisão de investimentos. Muitas vezes também encontramos situações em que empresas simplesmente acham que não precisam automatizar e somente o fazem porque os clientes deles estão exigindo.

Após a decisão de implementar a automação – Uma das grandes preocupações das empresas é o não cumprimento do cronograma traçado, acarretando grandes prejuízos financeiros e impactos negativos na sua imagem no mercado.

Outra situação é abortar o projeto de automação no meio da implementação ou mesmo implementado de tal forma que gere muito mais atividades que acabem resultando na parada da operação ou causando perda de produtividade que impacte na entrega dos produtos.

Por último, o aspecto financeiro que foi feito no investimento e não se obteve o retorno desejado.

“Por que estes medos existem?”, pergunta Nagamine.

Antes da decisão de implementar a automação – Sem sombra de dúvida, os cenários político (corrupção), econômico (nove trimestres seguidos de queda do PIB) e fiscal (PEC, reformas trabalhistas, previdenciário, etc.) desfavoráveis assustam muito os empresários.

“Os juros altíssimos praticados pelos bancos inibem qualquer iniciativa de financiamento para melhorar os processos operacionais, modernização de suas instalações e expansão da empresa. Muitas vezes a própria empresa não está preparada para fazer esse upgrade, pois também teve de ajustar a sua mão de obra à demanda de mercado e teve que cortar pessoal, e entre eles profissionais experientes.”

Também por desconhecimento das diversas tecnologias existentes e os investimentos estarem cada vez mais acessíveis e a custos menores, o empresário acaba desestimulado a fazer a automação – continua o gestor comercial da Store.

Outro fator muito importante é o fato de não ter uma pessoa que levante a bandeira da automação e seja o patrocinador deste projeto na empresa.

Após a decisão de implementar a automação – Porque uma solução de automação envolve muitas variáveis que podem impactar na implementação, como, por exemplo, layout do depósito, infraestrutura, equipamentos de armazenagem e movimentação, banco de dados, software, operadores capacitados, etc. Qualquer não conformidade ou configuração inadequada pode causar impactos no projeto.

Outro fator pode ser o cálculo do ROI que foi feito não levando em considerações todos os recursos envolvidos e quantidades necessárias ou também caso o cronograma do projeto leve mais tempo do que foi planejado.

“Como acabar com estes medos?”, coloca Nagamine.

Antes da decisão de implementar a automação – Como os processos de armazenagem, movimentação e transporte de materiais são pontos críticos, pois a logística tem que ser muito bem azeitada porque envolve o atendimento à demanda do mercado e este tem que ser eficaz, deve-se desenvolver um plano de ação para automatizar os processos visando aumentar a produtividade naquelas atividades.

Como nem sempre o quadro de colaboradores domina todo o leque de tecnologias existente, é de bom alvitre contratar uma boa consultoria para apoiar o desenvolvimento deste trabalho, além de ter uma patrocinador que levante essa bandeira e trabalhe arduamente para a implementação da automação.

“A utilização de um WMS flexível com alto nível de parametrização, muitas funcionalidades com acesso através da internet e que apresente Dashboards e indicadores de performance (KPI) é imprescindível para que se alcance a logística, permitindo uma boa gestão do Centro de Distribuição”, diz o gestor comercial da Store.

Após a decisão de implementar a automação – Para eliminar ou minimizar esses “medos” é imprescindível que uma equipe faça a Gestão do Projeto e que utilize uma sólida metodologia de implementação.

Nagamine explica que o gestor responsável pelo projeto deverá fazer uma reunião de kick-off convocando todas as áreas envolvidas – operações, tecnologia, comercial, faturamento, fiscal, etc. – informando ou reafirmando qual o escopo do projeto, definindo os key-users por departamento, as responsabilidades das pessoas e prazos e, principalmente, obtendo o comprometimento das equipes.

“As reuniões para acompanhamento do projeto devem ocorrer com frequência pré-definidas de acordo com o status e o porte do projeto. Também devem ser relacionados possíveis riscos e definidos os planos de ação (mudanças de rumos do projeto)”, completa o gestor comercial da Store.

Normalmente, as pessoas já ouviram falar que a instalação de outra empresa tenha sido um enorme desastre. Ou, então, ficam em dúvida sobre como poderia justificar um investimento tão “alto”. Ou, ainda, acham que o perfil dos seus inventários, seus processos manuais e a demanda dos clientes são muito variáveis para serem gerenciados de outra forma que não seja a manual.

“Alguns mitos são comuns quando se fala sobre automação de armazéns e podem ser derrubados com fatos: a automação possui mais do que um único nível, e a maioria deles não é ‘pesada’. Pense na automação como tendo quatro níveis de complexidade crescente: Nível 1: Implantação de um sistema de gerenciamento de armazéns (WMS); Nível 2: Soluções mecanizadas, como esteiras transportadoras, estações de separação, impressão e aplicação de etiquetas e separação de pedidos por camada; Nível 3: Instalações com sistemas AS/RS e software de controle de armazém (WCS) para direcionar a operação de equipamentos em linha com o WMS; Nível 4: Instalações novas, totalmente automatizadas e de alta velocidade que incluem uma combinação de AS/RS de alta densidade, sistemas transportadores e de sortimento, paletização e despaletização automatizada, WCS e WMS”, finaliza André Fragali, Software Solution Manager da viastore systems (Fone: 19 3305.4100).

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