Agronegócio enfrenta deficiências logísticas
De acordo com informações do consultor FOIL e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul – Famasul (Fone: 67 3326. 6211), Ademar Silva Junior, em 2007, 36% das exportações brasileiras foram feitas pelo setor do agronegócio, que foi responsável por 37% dos empregos gerados no país, nesse mesmo período. “O agronegócio, hoje, é o que sustenta a balança comercial brasileira”, comenta Carlos Chies, diretor de Supply Chain e Logística da Yara Brasil (Fone: 51 3230.1300).
Dessa forma, Silva Junior reivindica que os segmentos de grãos, carnes e sucroalcooleiro precisam de mais atenção, já que o Brasil é um país de dimensões continentais que sofre com gargalos quando a logística não é bem planejada. “Mais de 60% de toda a produção agrícola está sobre rodas, mas só temos 10% das estradas pavimentadas no Brasil. No Nordeste, Norte e Centro-oeste, falar em estrada é piada”, critica.
Ele conta que as áreas de plantação de grãos não aumentaram nos últimos 15 anos, só que a produção de milho e soja cresceu consideravelmente. Ele diz que a produção das carnes bovina, suína e de frango, além da produção de açúcar e álcool – que ainda é a granel no Estado de São Paulo, onde está concentrada a maior parte da produção nacional – também cresceram, mas a participação dos modais no setor do agronegócio ainda está muito longe do ideal.
Comparativo da participação dos modais no transporte de soja em grãos na exportação
Brasil | Argentina | Estados Unidos | |
---|---|---|---|
Hidroviário | 5% | 2% | 61% |
Ferroviário | 28% | 16% | 23% |
Rodoviário | 67% | 82% | 16% |
Segundo Silva Junior, da Famasul, 60,5% da produção do segmento é transportada pelas rodovias, 20,7% pelo modal ferroviário, 13,6% pelo aquaviário e apenas 0,4% pelo aeroviário. Para ele, estes números são absurdos, se comparados aos dados apresentados nos Estados Unidos, onde 59% das rodovias são pavimentadas, contra apenas 9,5% em nosso país. Silva Junior destaca, ainda, que no transporte de complexo de soja, por exemplo, enquanto o Brasil utiliza ferrovias para transportar 28% da produção, os norte-americanos utilizam 23%, com uma ressalta: a malha ferroviária deles é cerca de 10 vezes maior que a brasileira, o que mostra uma diferença astronômica. “O transporte ferroviário talvez seja o mais rentável para nós”, especula.
Como uma possível solução, o presidente da Famasul propõe o maior uso do transporte através de hidrovias, já que o Brasil conta com 12% da água doce do planeta. “O potencial de navegação do país é fantástico, um dos maiores do mundo”, destaca, fazendo em seguida um comparativo da eficiência dos modais: “60 caminhões equivalem a 15 vagões, que equivalem a uma barcaça”.
Para concluir, Silva Junior cita alguns dos principais gargalos da infraestrutura logística para o agronegócio brasileiro: precariedade das rodovias, excesso de burocracia, tributação, gestão deficiente dos portos, normas legais, sistemas de controle, multas de espera, falta de qualidade, sanidade e segurança, sistemas de navegação e pedágios, entre outros. “A logística para nós é fundamental, é sobrevivência. Quem tem de fazer a eficiência logística do país é o setor privado”, finaliza.