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Conteúdo 27 de outubro de 2008

A César o que é de César, a Deus o que é de Deus

A crise iniciada nos Estados Unidos, com os empréstimos subprime, vai trazer mudanças profundas em todo o mundo. Aliás, já está promovendo essas mudanças.

Os Estados Unidos provavelmente perderão o status de superpotência. Com toda a montanha de dinheiro que está para ser subtraída do Tesouro americano e despejada nos bancos e, conseqüentemente, no crédito, o governo dos Estados Unidos não terá a usual capacidade de investimento. Adicionalmente se está prevendo uma menor arrecadação de impostos pelo já estimado crescimento baixíssimo para 2008 e 2009. O que, aliás, não será privilégio apenas deles. Não é fácil, porém, tirar dos, com justa razão, orgulhosos americanos a sua expectativa de continuar sendo os líderes mundiais.

Nesse aspecto, a eleição americana merece uma análise. Qualquer que seja o eleito, podem acontecer duas coisas. Uma hipótese é que a situação piore ou fique  na mesma e após cinco anos esse novo presidente caia fora, julgado por incapacidade de resolver os problemas decorrentes, como: desemprego, menores salários, etc.

Outra é que, com a capacidade do povo americano e das empresas americanas de reação às adversidades, pode-se ter, de repente, uma economia crescente dentro desse período de cinco anos presidenciais. Nesse caso, por mais besteiras que o governo possa fazer no restante dos temas importantes, como saúde, tráfico de drogas, terrorismo, guerra, etc, a economia será o trunfo maior e poderá perpetuar o novo governante.

Essa história seria um “repeteco” do filme que estamos vendo passar em algumas economias latino-americanas, em especial, na Venezuela e aqui.

Por que será que o nosso presidente é muito respeitado fora do nosso País? Com certeza não pela eliminação das grandes pobrezas, com certeza não pelas mudanças esperadas tributárias, eleitorais, jurídicas, ou outras que ainda não apareceram, muito menos pelos seus amigos corruptos de partido. Mas sim pelo seu passado lutador e pela manutenção de um processo econômico que garantiu contratos e permitiu um processo de crescimento significativo.

Se o mesmo ocorrer nos Estados Unidos poderemos ter mudanças mais profundas nos processos liberais? Poderia ser definido um novo modelo neo-liberal, intervencionista?

Serão as novas regulamentações não só lá, mas em boa parte do mundo, uma forma nova de administração pública – privado das coisas privadas. Estatizações maiores ocorrerão como um “de volta para o passado”?

O que me chama a atenção é que, aparentemente, alguns países importantes não estão mostrando grandes crises, pelo menos no que se refere à quebradeira bancária. Falo especificamente do Canadá, vizinho maior da área de grande crise, com negócios dependentes dos americanos da ordem de 85% do total exportado. Claro que é lógica a expectativa de uma queda de negócios diante de um menor crescimento do vizinho, porém não vejo grandes alardes dessa banda de cima. O que será que está acontecendo?

Vamos agora a Inglaterra. O primeiro-ministro Gordon Brown, mais apagado que isqueiro sem gás, aparece e vira herói de repente, porque tomou algumas decisões importantes econômicas.

Se lê em todos os jornais que  Bush deixará um triste legado ao seu sucessor. Apesar de os USA serem um país democrático – presidencialista por excelência, não foi o presidente sozinho quem tomou todas as decisões, que marcaram as lamentáveis situações de política interna e de política externa. Todo o congresso americano é culpado. Culpado por aprovar e por reforçar proposta do Bush. Ou seja, assim lá quanto cá, o partido dominante parece sempre dominado pelo presidente  e não pelas reais necessidades internas ou pelos interesses verdadeiros externos.

O risco é se deixar de considerar as filosofias partidárias e se cair no culto ao indivíduo, como parece acontecer em boa parte da América Latina. Não estou aqui debatendo a capacidade de cada presidente em promover melhorias da qualidade de vida de seu povo. Estou sim propondo a discussão de um endeusamento de um ou de outro, por conta de resultados marcadamente econômicos.

Outra conseqüência esperada e perigosa é a redução de milhares de postos de trabalho na Europa, com conseqüente rejeição ainda maior aos imigrantes. Políticas imigratórias provavelmente serão revistas no sentido de minimizar fluxo de imigrantes para a força de trabalho.

Seria uma combinação perigosa e explosiva , essa de considerar imigrantes como inimigos e de dominação em momentos de crise grave por  líderes carismáticos que conseguem resolver os aspectos econômicos, e aí são iconizados como salvadores.
 

 

Fonte: PortoGente – www.portogente.com.br

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