A importância da gestão de custos na Segurança Empresarial
por Gilmar Castro*
Abril de 2022 – Desde 2017, quando, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a falta de segurança custou R$ 365 bilhões ao País, algo em torno de 5,5% do PIB, o Brasil passou por uma mudança de governo e o mundo foi assolado por uma pandemia e uma guerra. Tudo isso criou impacto nas economias mundiais.
Apesar da falta de um estudo recente, sabemos que os recursos são sempre escassos. Por isso, é preciso que as empresas possuam uma gestão responsável, austera e voltada para os resultados, mesmo que, nem sempre seja possível a comprovação adequada. Os motivos são diversificados, dada à complexidade do tema, e incluem desde o aumento na criminalidade pela sazonalidade, a segmentação e regionalização do negócio, a inexistência de metodologia e indicadores de mensuração das perdas, a situação financeira da empresa, o enfrentamento de concorrência desleal ou predatória e a economia do país, entre outros.
É diante desse cenário que a formação orçamentária da área de Segurança Empresarial ou Prevenção de Perdas é realizada sem um respaldo ou amparo técnico e com foco, na maioria das vezes, na redução de custos. E, durante o decorrer do ano, esse gerenciamento pode cometer algumas falhas, desde a inutilização do recurso, que naturalmente deixou de ser investido em outra área ou falta de previsibilidade com temas inerentes às atividades do dia a dia, como treinamento, desenvolvimento de tecnologia, despesas com viagens e gerenciamento de crises, entre outros.
Há casos ainda mais graves, comprometendo o resultado de uma área ou da empresa simplesmente pela falta de visibilidade a longo prazo. Algumas das principais situações são: dispensar funcionários sem um estudo de correlação da atividade, papéis e responsabilidades e, ainda, deixar de considerar os limites dos avanços tecnológicos, que nem sempre são aptos à substituição do profissional de segurança; delegar as áreas de gestão de suprimentos e, ou, compras sem uma avaliação da capacidade técnica e do capital social do provedor para suportar uma eventual crise econômica ou grau de confiança creditícia, responsabilidades previdenciárias e outros acordos contratuais.
Os provedores de serviços da atividade de segurança privada também possuem responsabilidades ao estimular que alguns executivos ou representantes comerciais tenham foco apenas na meta para faturar seus prêmios. Sendo assim, subtraem recursos e materiais importantes para chegar ao menor preço e vencer o pleito, reduzindo ainda margens de lucros, operacionais e administrativas, o que compromete os resultados da empresa a médio ou longo prazo e, obviamente, coloca a segurança da empresa e das pessoas em risco.
Por outro lado, o tomador de serviço, na busca do menor preço, desconsidera a empresa melhor qualificada tecnicamente, os riscos diversos, a legislação associada à prestação dos serviços e a ausência de auditoria ou fiscalização que garantam a ética, o compliance e a idoneidade do processo de seleção.
Não se pode deixar de citar que a segurança patrimonial, a prevenção de perdas e o gerenciamento de riscos no transporte consomem recursos tecnológicos que, nos últimos anos, aceleraram as possibilidades de resolução de problemas otimizando os investimentos em recursos humanos em todos os níveis hierárquicos da estrutura organizacional. Sistemas com algoritmos e a Inteligência Artificial puderam ajudar na diminuição de tempo e na quantidade de pessoas necessárias para a execução de atividades.
No transporte de cargas, os veículos podem ser dotados de tecnologias que permitem o monitoramento e o acompanhamento em tempo quase real, desestimulando o furto, roubo ou desvio de carga. Essa mesma tecnologia permite, por meio telemetria avançada, diminuir as despesas como a manutenção veículo e os combustíveis e corrigir o comportamento inseguro do motorista, resultando ainda em diminuição com pagamento de prêmios do seguro e despesas médicas por decorrência de acidentes.
A aplicação de serviços como a gestão financeira, a auditoria e a implementação de programas de otimização de resultados na utilização dos recursos, assim como o cálculo e o prazo do ROI (Retorno de Investimento), são um conjunto de oportunidades que passam pelo funil de investimento da empresa e permitem ao empresário se dedicar ao negócio principal.
Quando corretamente empregados, contribuirão à saúde financeira da companhia, bem como ao desenvolvimento dos produtos ou serviços, à manutenção dos empregos e geração de contratações e ao pagamento de prêmios e doações por meio de parcerias com instituições, visando, desta forma, contribuir para uma sociedade mais segura e, ao mesmo tempo, igualitária.
*Gilmar Castro é consultor sênior na ICTS Security, empresa de origem israelense que atua com consultoria e gerenciamento de operações em segurança.