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Conteúdo 23 de novembro de 2009

A importância da rastreabilidade independente da tecnologia adotada

A rastreabilidade pode ser entendida como a capacidade de recuperação do histórico, da aplicação ou da localização de um item por meio de registros, sendo fundamental nos casos em que o impacto causado por incidentes envolvendo a segurança de produtos leva, além dos danos à saúde dos consumidores, à redução da confiança da população nos produtos, nos órgãos de fiscalização e nas empresas.

A sua aplicação baseia-se no cumprimento de determinadas funcionalidades entre diversos parceiros ao longo da cadeia de abastecimento para garantir a disponibilidade de informação para eventuais necessidades do consumidor ou cliente final.

Não podemos separar a rastreabilidade em processos logísticos, internos, de segurança e/ou de programas de qualidade, temos que considerá-la como parte integrante do todo processo de negócio, devendo fazer parte da estrutura organizacional e envolvendo diversas áreas da empresa, além de fornecedores, parceiros logísticos e comerciais, o que aumenta a complexidade da implementação de sistemas de rastreabilidade.

Após crises internacionais, com a doença da vaca louca, gripe aviária, bioterrorismo e problemas de falsificação e contrabando de produtos, o mercado internacional passou a preocupar-se com questões relacionadas à rastreabilidade.

Regulamentações específicas foram criadas para garantir a rastreabilidade de produtos envolvendo a aquisição de matéria-prima, fabricação, distribuição e comercialização. No setor de carnes, no qual o Brasil vem sofrendo restrições recentes para exportação por problemas no sistema de rastreabilidade nacional, estes regulamentos exigem que os países exportadores forneçam a identificação individual dos animais; o registro de todos os dados sobre criação, alimentação e vacinas; o passaporte animal e a manutenção, nas propriedades, de registros sobre as ocorrências relevantes na vida do animal. Do frigorífico, é exigida a etiquetagem dos cortes, que deve permitir a ligação entre os cortes e o animal que gerou estes cortes ou lote de animais.

Uma peça chave na implementação da rastreabilidade é a capacitação de colaboradores e parceiros. O domínio sobre regulamentações e legislações específicas devem fazer parte do conjunto de habilidades destes profissionais, juntamente com aspectos relacionados a gestão que devem contemplar no mínimo habilidades para mapeamento e análise de processos, gestão de crises, desenvolvimento de fornecedores e noções sobre sistemas de informação, logística e de produção.

Questões técnicas como sistemas de identificação, registro e captura de dados, são importantes. Existem diversas tecnologias que podem atender o objetivo. Por exemplo, tanto código de barras como o código eletrônico de produtos que utiliza a tecnologia de RFID são eficientes para a identificação do animal e cortes.

Guias de implementação e cursos foram criados por diversas organizações para auxiliar os profissionais na implementação destes sistemas. A GS1, organização internacional que padroniza e controla o uso de códigos de barras para identificação, automação e rastreabilidade de produtos e processos, dispõe de uma série de guias práticos e treinamentos com esta finalidade.

Empresas de sucesso enxergam a rastreabilidade como uma necessidade independente da tecnologia para cumprir regulamentações específicas ou requisitos de clientes. Nestas empresas a rastreabilidade de tornou uma ferramenta para a redução dos riscos ao consumidor, proteção da marca e gestão dos riscos relacionados à distribuição e consumo de produtos inadequados (insumos fora de especificação, problemas no processo de fabricação, alterações atípicas, adulterações, falsificações), o que melhora seus resultados e minimiza perdas e custos com eventuais recalls e indenizações.

O Brasil precisa agregar aos seus produtos padrões inquestionáveis de controles de qualidade e de rastreabilidade. Isto implica, porém, que todos os participantes das cadeias produtivas — fornecedores, fabricantes, distribuidores, operadores logísticos, varejistas e governo — trabalhem em conjunto. O uso da tecnologia da informação e a automação de processos são ferramentas fundamentais para garantir a confiabilidade dos sistemas de rastreabilidade. Esta é a receita de sucesso utilizada na Europa, que pode e deve ser aprimorada no Brasil.


Adriano Bronzatto – Assessor de Negócios da GS1 Brasil, associação sem fins lucrativos responsável pela padronização de processos de logística e rastreabilidade na cadeia de suprimentos e demanda.

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