A morte do atual modelo de Logística no Brasil
Mal falamos de Logística no Brasil (um pouco mais de dez anos) e rápidas e profundas transformações nas empresas poderão levar à extinção da área da forma como é vista atualmente. Talvez não devesse usar o termo “morte”, mas sim o “renascer” da logística.
A terceirização logística continuará avançando de forma avassaladora (mas mais consistente), desta vez calcada mais em tecnologia e processos, e menos fomentada pela ilusão de baixo custo, ampliando e aprofundando o vínculo com os Clientes, ao mesmo tempo em que proporcionará maior competitividade às empresas.
Ao ocupar a esfera tática e operacional, o Gerente de Logística e a sua equipe se verão “forçados” a se posicionar em um nível estratégico, envolvidos em ações de médio e longo prazo, e de alto impacto no resultado futuro das empresas (leia-se sua sobrevivência e crescimento). Aí a coisa “afunila” e menos pessoas serão necessárias. Grande parte do efetivo voltado à gestão e operação logística vestirá uma outra camisa, a camisa de um Operador Logístico. Estarão, portanto, do outro lado da mesa, transferindo conhecimento e “bagagem cultural” a essas empresas, promovendo um maior equilíbrio entre Embarcadores e Prestadores de Serviços em Logística e Transporte.
O foco estratégico, por sua vez, levará as empresas a enxergar a cadeia de materiais envolvendo não apenas os elos mais próximos, mas também os seus Fornecedores diretos e indiretos, Canais de Distribuição, Clientes, Clientes de seus Clientes e seus Parceiros. Daí em diante, a área receberá um novo nome, Supply Chain, um novo mundo, mais desafiador e complexo!
A necessidade de uma visão ampliada, mais próxima do mercado, poderá levar muitas empresas a fundir a área de logística com Vendas ou Marketing, alterando definitivamente (e radicalmente) o escopo da área, até então quase que totalmente voltado ao transporte, movimentação e armazenagem de matérias-primas, materiais em processo e produtos acabados.
O fato de a tecnologia de informação evoluir rapidamente e de se tornar mandatória para as empresas, talvez leve a uma outra interessante fusão: a do Gerente de Tecnologia com a do Gerente de Logística.
E empresas essencialmente industriais poderão promover a fusão entre Gerente de Logística e Gerente de Produção, estabelecendo uma ligação entre um “elo perdido” dentro do amplo conceito de Supply Chain Management.
Várias serão as metamorfoses possíveis. Mas com certeza, a área de Logística não será mais a mesma de outrora.
É importante que os profissionais da área, Operadores Logísticos, Transportadoras e Embarcadores atentem para esses fatos e que se antecipem às mudanças, pois muitas delas “despertarão” tarde demais!
Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria, Hunting e Treinamento em Logística Ltda