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Conteúdo 29 de janeiro de 2008

A Santa Ceia evocada por Lula

Recentemente, especulávamos sobre o que teria levado Lula a declarar "estar atingindo a perfeição". Por quê? E no quê? E atribuíamos essa sua impressão a um fato objetivo que justificaria qualquer um por se sentir assim: o de um simples operário aposentado chegar à presidência da República. Daí para diante, iniciando sua tournée pelo mundo, diante da pompa e circunstância com que era recebido nos mais altos círculos do poder mundial, já sendo um homem perfeito, ele só poderia crescer em obesidade do ego, inflado pelo narcisismo. E foi o que aconteceu. A cada aparição sua em público, dava a impressão de que para seus ouvintes e espectadores apenas sacudia os dedos, enquanto na realidade estava se admirando no espelho de si próprio. E com a reiteração dessa prática foi se inflando a tal ponto que passou a levitar. E já era impossível saber em que alturas ele se achava.

Ao baixar do empíreo para o augusto salão onde se viu ladeado pela multidão excelsa dos 37 ministros, que nomeara como os principais dignatários de sua corte, sentiu um tal arrebatamento que não encontrou outra expressão para se manifestar se não denominando aquilo de Santa Ceia.

Obviamente, a designação não tinha qualquer cabimento. A Santa Ceia ocorrera uma única vez na história, há mais de dois milênios. Sequer nos semblantes e nas vestes os ministros tinham qualquer aparência apostolar. Os apóstolos eram apenas 12 e os ministros 37. Entre os apóstolos havia um Judas, mas na reunião ninguém foi beijar a face do mestre. Mas se é que uma reunião ministerial era mesmo uma Santa Ceia, embora sem comida nenhuma à vista, quem seria aquele que a convocara?

Obviamente, Lula estava brincando, o que nos confere o direito de brincar também, mesmo não sendo presidente de república nenhuma. Justamente por isso, é que podemos brincar em relação a um acontecimento que deveria se revestir da maior seriedade e não passou de uma chanchada.

Na realidade, o que se passou nessa reunião ministerial não foi propriamente, como ela deveria ser, um ato administrativo para o qual um presidente convoca seus ministros com a finalidade de definir objetivos, estratégias e entrosamento dos diferentes ministérios no que for decidido fazer. Lula é provavelmente o presidente que convocou o menor número de reuniões com seus ministros, que formam o escalão superior das decisões políticas e administrativas do governo. Essas, no governo Lula são tomadas off-line pela cúpula do PT.

E mesmo nessa reunião, o que fez foi mandar os ministros conversarem entre si, como se o papo entre aqueles ministros pudesse adequadamente substituir uma reunião do corpo ministerial. Passava-lhes um pito por uma deficiência que não era deles, pois reunião ministerial depende de uma convocação presidencial. E após a fala presidencial e alguns tópicos gerais abordados sumariamente, passou-se em seguida a conversar sobre política com "p" minúsculo, para saber que partidos e que personagens levariam o quê.

Vá lá que se releve esse modo de "governar". Cada um dá o que tem. E Lula desde o início declarou que não sabia de nada, não estava nem aqui e até continuou preferindo, como sempre esteve, passear pelo no mundo de Aero-lula e pontificar messianicamente. Provavelmente, é também o presidente que mais tempo passou fora do País.

As falas e atos de um adulto são produto de sua formação. E essa formação, no que tem de essencial e dominante, é influenciada pelos que foram seus mestres, modelos, gurus. O guru de Lula foi Fidel Castro, a quem visitou em Cuba durante muitos anos sucessivos. No dia 15 deste mês, Lula foi a Cuba, pela segunda vez como presidente do Brasil, e entrevistou-se com Fidel. A entrevista durou duas horas e meia, durante as quais Fidel falou por duas horas e Lula por 30 minutos.

No Brasil, a mídia deu pouca divulgação ao fato, mas a entrevista foi divulgada pela principal imprensa mundial na íntegra. Fidel começou por declarar que Lula não era um revolucionário extremista e, em seguida, passou a uma preleção claramente marxi-comunista. Lula, que usava uma gravata vermelha, declarou entre outras coisas: "Eu sou da geração que é apaixonada pela revolução cubana. Eu tenho carinho especial pelo Fidel. Visito Cuba desde 1985 e estou torcendo para o Fidel ter uma recuperação extraordinária."

E aí está, no testemunho dos próprios personagens, uma das possíveis explicações do que sucedeu na reunião ministerial. O marxi-comunismo mesclado com o engajamento religioso produz coisas assim. O que subsiste de mais relevante dessa reunião é a gafe da comparação de uma reunião de políticos com a Santa Ceia, gafe que os psicólogos chamariam de ato-falho, que é uma expressão do eu profundo quando o ego escapa ao controle do superego e faz uma besteira ou confessa uma bobagem qualquer.

Mencionar a Santa Ceia num ato mundano, se não chega a ser um sacrilégio é pelo menos um pecado mortal. Que pensará ou dirá a maioria do eleitorado católico de Lula, se tivesse alguma coisa a dizer, ou as autoridades eclesiásticas, que o ajudaram.a galgar a presidência?

Já estávamos acostumados às suas abobrinhas, mas a menção à Santa Ceia não é uma abobrinha. É uma jaca. E de bom tamanho.
 

Fonte: www.dcomercio.com.br

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