Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Conteúdo 24 de abril de 2009

Ampliar é preciso

Gargalos logísticos. Filas intermináveis. Burocracia irritante. Fuga de cargas. Com estas expressões, você logo imagina que vamos falar sobre os problemas enfrentados pela maioria dos portos brasileiros, não é? Ledo engano. Estas reclamações expressam os incômodos provocados pelo transporte nacional de cargas aéreas. O transporte aéreo está temendo arcar com prejuízos incalculáveis por conta da crise mundial e tenta manter, a muito custo, a esperança de que o mercado reaja rápido e os próximos meses sejam dignos de voos em céu de brigadeiro.

Durante a Intermodal 2009, que aconteceu entre os dias 14 e 16 de abril, um painel específico sobre o setor chamou a atenção do público que visitou o evento em São Paulo. Nele, figuras expressivas do setor de transporte de cargas aéreas debateram as perspectivas para a área. E depois de duas horas de opiniões contundentes, a constatação foi parecida com a de outros modais: está na hora do Governo Federal aplicar políticas que atraiam empresas e permitam a elas desenvolver nossa infraestrutura para picos de movimentação de cargas em, quem sabe, o ano de 2010, em uma previsão otimista.

O modal aéreo foi o que sentiu com maior rapidez a recessão global iniciada no último trimestre de 2008. Porém, em episódios similares registrados anos atrás, o setor também foi o responsável pela primeira reação da cadeia logística brasileira. O fato de movimentar cargas de alto valor agregado também ajuda na expectativa por dias melhores.

Por isso que investir em infraestrutura logística é fundamental para garantir fluidez na movimentação de cargas e promover o desenvolvimento econômico. Uma possível solução encontra-se na ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos (Campinas/SP), ansiosamente aguardada não somente pela cidade, pela região, mas por todo o País.

Construído em 1960, Viracopos foi desenvolvido com pistas longas para servir de alternativa ao Aeroporto de Galeão- RJ. A ampliação deste grande equipamento urbano causa impacto de forma positiva na região como a atração de investidores, a geração de empregos diretos e indiretos, a movimentação da economia e a maior competitividade de exportadores e importadores. Sem contar que a ampliação, modernização e a readequação do aeroporto se apresentam como opções para minimizar a situação do transporte aéreo de cargas.

Em outubro de 2008, o governo publicou a resolução do Conselho Nacional de Desestatização (CND) sobre a privatização de Viracopos, o segundo maior terminal de cargas do país. Segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim a idéia é transformá-lo no “grande aeroporto de São Paulo”.

Em meio à crise, em fevereiro deste ano, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, garantiu, em evento realizado em Campinas, que o projeto de ampliação iria sair do papel mesmo com a crise econômica internacional.  Com suas declarações, ela contradisse os rumores de que a crise poderia “engavetar” o projeto que será realizado com recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.

Estudos avaliam que os impactos econômicos gerados pelos aeroportos podem extrapolar os limites espaciais da sua área de entorno e impactar regiões mais extensas, como cidades ou mesmo regiões, já que muitas empresas fornecedoras de serviços e produtos necessários às atividades aeroportuárias podem localizar-se fora das suas imediações.

A ampliação de Viracopos também irá induzir mudanças dos sistemas de transportes nas regiões metropolitanas do Estado. Uma vez que um dos objetos da ampliação é o de desafogar a movimentação excessiva em outros aeroportos importantes, como Congonhas e Guarulhos.

Os investimentos do PAC já existem para a ampliação de Viracopos. Estamos apenas aguardando ansiosos que as obras tenham início, pois defendemos a capacidade de Campinas de abrigar estas ampliações, pelos inúmeros motivos já citados, inclusive a proximidade de Viracopos com a capital paulista. Agilizar o início das obras significa desafogar o fluxo aéreo na Região Metropolitana de São Paulo e oferecer novas e modernas opções para escoamento da nossa produção. O que não é apenas uma questão de investimento e sim de garantir o desenvolvimento, de pensar no futuro.

Navegar é preciso. Voar também.

Luciano Rocha é presidente da ABEPL (www.abepl.org.br)

Enersys
Savoy
Retrak
postal