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Conteúdo 8 de abril de 2012

André Miyajima, da Infor, analisa o Supply Chain

Quais os futuros passos que o mercado de Supply Chain Management dará para suprir a demanda logística brasileira nos próximos anos? Essa questão que está gerando especulações no mercado foi um dos temas da 1ª edição brasileira do SCM Innovation Forum, realizado pela Infor (Fone: 11 5508.8800) na Câmera Americana de Comércio – AMCHAM, SP, no último mês de março. Ali, e na presença de profissionais de empresas como Vale Fertilizantes e Rapidão Cometa, especialistas da Infor falaram sobre as principais tendências de SCM no mundo e de que maneira o Brasil e a logística realizada aqui poderão usufruir das inovações que estão por vir. Parte de uma programação que também será apresentada em outros países, onde a Infor possui clientes, o fórum contou com a presença de Ron Kubera, vice-presidente global, Supply Chain da Infor, e Alejandro Nieto, gerente de produto do SCM da companhia que levantaram os principais benefícios de se atuar com o bom planejamento de Supply Chain e falaram sobre as próximas estratégias de SCM da empresa, além de práticas recomendadas ao mercado para 2012.

Com as reflexões que circundam o segmento sobre como o país estruturará sua logística para suprir a demanda de uma sociedade nacional que consome cada ano mais, a revista Logweb realizou uma entrevista exclusiva com André Miyajima, especialista Sênior de SCM da Infor, para comentar sobre a atual situação do Supply Chain, quais as evoluções e o que ainda é necessário para que o país atue com plenitude nesse mercado.

Logweb: De que forma você vê o mercado de Supply Chain para 2012? Como está esse mercado globalmente e no Brasil?
Miyajima: Eu vejo o mercado de SCM bem promissor para 2012. Este cenário retrata uma tendência positiva de evolução deste mercado que já vem de alguns anos. De uma maneira geral, a realidade econômica que a maior parte dos países enfrenta no momento está direcionando as iniciativas de Supply Chain no mundo. As principais iniciativas de negócios para 2012 têm o SCM como denominador comum, no sentido de que é necessário enfrentar as dificuldades de complexidade crescente com rapidez e velocidade, redução de custos, alinhando processos de maneira mais eficiente, tudo isto, claro, orientado ao cliente. Se no resto do mundo a realidade é de dificuldade e preocupação com custos e processos enxutos, no Brasil a expansão de mercados e negócios demanda uma estrutura para acompanhar este crescimento econômico. Mas qualquer que seja o cenário, o Supply Chain está no foco das empresas e de seus investimentos.

Logweb: Quais as maiores mudanças desse mercado no país observadas por você nos últimos anos?
Miyajima: Houve, em geral, uma maior profissionalização das operações de Supply Chain, com evolução dos Operadores Logísticos, além da inclusão do assunto sustentabilidade nos processos, com redução de material, materiais poluentes e emissão de CO2. Um aumento maior nas regulamentações em termos de rastreabilidade tem contribuído nos esforços de melhoria de visibilidade e agilidade das empresas na cadeia de suprimentos. A mobilidade tem trazido velocidade nas informações, rastreabilidade nos processos e agilidade nas tomadas de decisão. Vejo, também, uma crescente inclusão do assunto S&OP nas empresas, este último com grandes impactos e resultados. Aliás, há pesquisas que indicam que as empresas que se sobressaem em S&OP ampliam em muito sua vantagem competitiva sobre as outras empresas em termos de métricas como: ciclos cash-to-cash, OTIF, margem de lucro e níveis de serviço.

Logweb: O segmento de Supply Chain no Brasil já está no mesmo patamar de países desenvolvidos, como os Estados Unidos?
Miyajima: A diferença entre os países já foi muito grande no passado. Mas nos últimos anos o Brasil tem avançado a passos largos com relação ao Supply Chain em geral. A gestão de logística e distribuição tem acompanhado a velocidade dos negócios, com o crescimento da demanda e a segmentação de mercado. Trabalhar com maior complexidade e dinâmica crescente se firmou como característica das empresas brasileiras. Por isso, o Brasil tem se destacado no Supply Chain, principalmente na questão de execução operacional. É claro que há pontos de oportunidade de melhoria ou atenção, como os custos logísticos, preocupação constante em qualquer lugar; comparado com os Estados Unidos, há uma diferença considerável, muito em função, também, da difícil estrutura logística brasileira. Mas há como melhorar os custos totais se pensarmos em atuar sobre o planejamento integrado da cadeia.

Logweb: Há diferenças nos processos de Supply Chain desenvolvidos no Brasil e no exterior? Quais são essas diferenças?
Miyajima: Em vista da infraestrutura, a utilização dos modais na malha logística no Brasil e no exterior define a diferença mais marcante nos processos de Supply Chain. No Brasil, iniciativas privadas para escoamento de materiais e produtos tentam ampliar as alternativas de transporte ferroviário e cabotagem, enquanto que a utilização de matriz de transportes no exterior é bem mais balanceada e eficiente, principalmente nos Estados Unidos. Custos logísticos e gargalos operacionais continuam caracterizando negativamente o Brasil, e isto dificulta muito a vida nas empresas.

Logweb: O que ainda é necessário ser desenvolvido no Brasil para que o segmento cresça com mais vigor?
Miyajima: Falando sobre as empresas, creio que a máxima Pessoas-Processos-Tecnologia se aplica bem neste caso. Profissionais de mercado com experiência e capazes de inovar são formados ao longo do tempo, e há atualmente uma demanda maior do que a capacidade do mercado de suprir tal quantidade de pessoas; investir nesse pessoal é essencial. Além disso, é importante que as empresas vejam a integração entre as áreas dentro de um conceito maior de planejamento tático, sendo este o elo entre o estratégico e o operacional. O S&OP é um exemplo bem claro desta nova realidade. Por fim, observar que há soluções tecnológicas à disposição que efetivamente alavancam as empresas. Há um mundo muito além do tradicional MRP que permite avanços enormes no Supply Chain das empresas.

Logweb: Como você avalia o estágio atual das empresas brasileiras no que se refere ao SCM?
Miyajima: Em geral, as empresas brasileiras têm conseguido driblar as dificuldades da logística nacional, o que lhes tem garantido experiência e rapidez da parte operacional. Não é fácil, problemas ocorrem na execução, seja na armazenagem, distribuição ou transporte, mas de alguma forma as empresas têm trabalhado forte para entregar o produto nas condições acordadas. O que as empresas agora estão se indagando internamente entre suas diversas áreas é: toda esta operação está trazendo qual resultado para a empresa como um todo? Como poderia ser mais rentável? Quais os cenários para que a empresa alcance redução de custos totais da cadeia, respeitando os níveis de serviço com meus clientes? Qual o melhor mix de produção que maximize meus resultados, principalmente os financeiros? Perguntas como estas são respondidas na adoção de um processo de planejamento integrado – o S&OP – e é neste ponto em que as empresas brasileiras estão atualmente no SCM.

Logweb: Quais os maiores desafios para as empresas brasileiras adotarem efetivamente a gestão da cadeia de abastecimento?
Miyajima: A palavra que indica um desafio é a mesma que produz os benefícios: integração. Em um primeiro momento, estamos falando em consenso entre áreas que geralmente se duelam, como comercial e operações. Mas é importante entender que a colaboração neste nível traz resultados compensadores; quanto mais acurada a informação de entrada da cadeia, menos oscilações eu vou ter ao longo das minhas operações até o meu fornecedor. Além disso, trabalhar para que os planos estratégico, tático e operacional façam sentido entre si também é uma necessidade na gestão efetiva da cadeia de abastecimento. E para termos integração dentro deste ambiente, é necessário que a direção da empresa entenda a importância deste conceito e seja a direcionadora de mudança para esta mentalidade para toda a organização.

Logweb: Quais os passos para uma empresa que pretenda integrar sua cadeia de abastecimento?
Miyajima: São vários os pontos, mas para citar alguns primordiais podemos falar sobre: fazer um bom planejamento de demanda; balancear os planos comerciais com os planos operacionais; introduzir um componente financeiro nos planos da empresa; planejar e gerir com eficiência as operações de armazenagem e distribuição; trabalhar com indicadores ao longo da cadeia e no planejamento.

Logweb: Quem deve ser o líder de um projeto de integração de uma cadeia de abastecimento?
Miyajima: Estamos falando basicamente da necessidade da empresa de ter todas as áreas integradas dentro de um só planejamento. É uma forma de comunicação e liderança em termos táticos, além de ter relacionamento entre os objetivos de longo e curto prazo. Neste nível tático, deve haver trânsito entre a direção da empresa e as decisões que afetam o dia a dia nas operações. Neste sentido, a figura deste gestor tem vários nomes: Gestor de Operações, Gestor de Supply Chain, Gestor de Planejamento e Logística Integrada. Qualquer que seja o nome, o importante é ressaltar que esta não é uma figura isolada: o diretor de Supply Chain tem a responsabilidade de criar as condições entre a alta direção para que o planejamento integrado do Supply Chain seja estabelecido; e uma equipe deve suportar a condução do planejamento integrado ao longo do tempo.

Logweb: Como as ferramentas (TI) podem contribuir para uma cadeia de abastecimento integrada?
Miyajima: Nos últimos anos, foram sendo desenvolvidas e aprimoradas diversas soluções no mercado. Posso dizer que há atualmente um alto grau de amadurecimento destas soluções que podem suportar muito bem as necessidades de uma gestão integrada do Supply Chain. Em primeiro lugar, há ferramentas de Planejamento de Demanda (Demand Planning) que auxiliam muito na definição dos inputs mais importantes do planejamento integrado, não somente com curvas de previsões através de técnicas estatísticas poderosas, mas também com recursos de análise fina e colaboração, que permitem a elaboração de planos efetivos e, sobretudo, mais acurados, de demanda. Além disso, todo o planejamento operacional da cadeia pode ser realizado atualmente com o apoio de ferramentas de Planejamento Avançado (APS, Advanced Planning Systems). Estes sistemas substituem os tradicionais sistemas baseados em MRP, pois levam em consideração no seu cálculo as restrições e limitações de planejamento da cadeia (não somente de produção), são muito mais rápidos na velocidade de resposta e dão como resultados planos de distribuição, produção, compras, estoques simultaneamente após uma única rodada do sistema. É um avanço muito grande em relação aos ERP/MRP tradicionais, e eu digo que é o motor do planejamento integrado. Agora, é necessário que esta ferramenta seja aderente à realidade e o ambiente que a empresa atua. Não se pode colocar um APS estruturado para indústria discreta dentro de uma empresa química ou de alimentos, caso contrário, o planejamento integrado do Supply Chain da empresa pode ficar comprometido e até colocá-lo em risco. E, falando sobre planejamento integrado, há soluções que possibilitem a gestão do ciclo de planejamento de S&OP das empresas, com a possibilidade de elaboração de cenários para tomada de decisão, integração entre os planos das áreas envolvidas com integridade de dados, visibilidade financeira, relatórios executivos e KPIs, suporte ao processo com workflows e tarefas, rastreabilidade de todas as informações. Não há como trabalhar o S&OP com planilhas, e já há atualmente sistemas preparados para tal finalidade. Outras ferramentas auxiliam em outros níveis do Supply Chain. Por exemplo, no nível estratégico há soluções de desenho da cadeia (Network Design) que avaliam se todos os elementos da cadeia estão bem posicionados e suprindo de maneira eficiente ou se alguma mudança é necessária (abertura de um armazém em determinada localização, por exemplo). No nível operacional, há ferramentas de otimização do sequenciamento de produção que trazem melhorias de eficiência e utilização dos recursos da fábrica; além das ferramentas de gestão avançada de estoques (WMS), tratando o inbound, manuseio e outbound com técnicas modernas de radiofrequência e voz, crossdocking e transloading, gestão de pessoal, kitting e planejamento em ondas; e planejamento e gestão de transportes com roteirização (TMS).
 

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