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Conteúdo 12 de setembro de 2008

Brasil perdendo gás e a Bolívia

O resultado do PIB brasileiro no segundo trimestre do ano realmente superou as expectativas. O crescimento de 6,1% é o sexto mais intenso desde 1991 (total de 66 trimestres). Como destaque, vale a pena enfatizar a expansão da agropecuária de 7,13% diante do segundo trimestre de 2007; o avanço de 5,7% da indústria; e de 5,5% dos serviços.

De acordo com esses números, o setor primário continua sendo o mais dinâmico da economia brasileira, o que é algo um tanto quanto inusitado para um país no século XXI. A explicação para o fenômeno  está no comércio internacional, com o Brasil estando bem posicionado no mercado de commodities. É uma situação, porém, que merece ser criticada, o que será eventualmente feito em outro artigo.

E continuando a olhar os números do PIB constatamos que o grande campeão de crescimento foi setor de intermediação financeira com 12,7%. Na verdade, os bancos vêm liderando a formação da riqueza nacional há seis trimestres, por conta da democratização do crédito ao consumidor, situação essa que vem sustentando a expansão do consumo das famílias (6,7%).

Mas quem realmente vem ganhando poder econômico nos últimos anos é o governo.  Veja que dado interessante: em termos anualizados, desde que o atual presidente assumiu o executivo, em 2003, o produto interno bruto nacional avançou 23,14%. No mesmo período, a arrecadação de impostos disparou em 32,19%. E esse comparativo mostra de forma precisa o peso do aumento da carga fiscal sobre o brasileiro.

Em outras palavras, quando os tributos sobem mais do que a formação de riqueza, isso quer dizer que, proporcionalmente, mais dinheiro sai do bolso dos cidadãos e empresas e vai na direção dos cofres públicos. E o fisco só não ganhou mais participação na economia brasileira no período em foco do que o sistema financeiro (expansão de 36,1%).

Sem dúvida, tais dados são, no mínimo, instigantes… mas ultrapassados.

É incrível, mas as condições conjunturais da economia que existiam até junho, já são bem diferentes agora, em meados de setembro. Nesse meio tempo, por exemplo, o juro básico (Selic) aumentou em 1,5 ponto percentual; o preço das commodities despencaram; assim como as principais ações da bolsa de valores. Enquanto isso, o dólar vem mostrando consistente rota de alta por conta de três fatores: queda do superávit da balança comercial; gandaia no déficit da balança de pagamentos do país; e perda de confiabilidade dos investidores externos no Brasil, que estão preferindo tirar seu dinheiro daqui, mesmo com o aceno de juros mais altos (ontem, dia 10 de agosto, a Selic subiu mais 0,75 ponto percentual).

Enfim, apesar das boas notas que a economia brasileira tirou no segundo trimestre do ano, o cenário para os próximos meses e ano que vem não é dos melhores. A crise internacional vai nos pegar e as distorções internas do Brasil vão se mostrar novamente latentes, por conta de um Estado que insiste no erro de gastar o que não tem em atividades que não acrescentam quase nada à capacidade e capacitação produtiva do país.

Então, o Brasil está verdadeiramente perdendo o gás. E por coincidência, na última quarta feira, quando uma seleção de futebol apática empatava com a Bolívia, os gasodutos vindos do país vizinho perdiam força de compressão em função de explosões provocadas por movimentos separatistas.

Aproveitando o ensejo, parece que as chances da cisão do país que ironicamente herda o nome do libertador da América espanhola (e que queria que o continente fosse um só país) são reais e crescentes.

Mas talvez assim seja melhor. Parece que o oeste andino não tem mais condições de diálogo com o leste do chaco e amazônico.

Respeitando o princípio que todo país defende para as outras nações, de auto-determinação dos povos, o desmembramento da Bolívia mostra ser justo e conveniente. Ainda mais porque poderemos apagar da história brasileira o vergonhoso empate com os bolivianos. Afinal de contas, não dá para levar chacota de um país que não existe mais.

E azar do PIB!

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