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Conteúdo 11 de maio de 2009

Caos em Cubatão

Apesar da retração na economia mundial, muitos congestionamentos já foram registrados neste ano nos acessos viários ao Porto de Santos. É uma história que se repete nesta época de escoamento da safra, sem que as autoridades se sensibilizem e busquem uma solução definitiva para o problema. E vejam que a economia não passa por uma boa fase. Imaginem, então, se o País estivesse a crescer 10% ao ano, como se sonhava antes que estourasse a bolha da especulação financeira que atirou o mundo na recessão.

Quem se dirige por estes dias ao Porto de Santos pela Via Anchieta, muitas vezes, pode ser surpreendido por um congestionamento na chegada ao Rodopark, um dos pátios reguladores de carretas do complexo portuário, na confluência da Rodovia Cônego Domênico Rangoni (antiga Piaçaguera-Guarujá) com a Rua Plínio de Queiroz, em Cubatão.

O Rodopark tem 400 vagas, o que lhe dá capacidade de receber por dia de 700 a 900 caminhões, em razão da rotatividade, mas já chegou a receber mais de mil. Basta um terminal falhar na chamada para a liberação de descida de carretas em direção ao Porto para que o caos se instale no local. E as acusações começam a ser trocadas pelos responsáveis pela movimentação.

Por que isso ocorre? A resposta é óbvia: o governo do Estado não fez a sua parte, que consistiria na ampliação da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, já que está evidente que essa estrada de ligação entre Piaçaguera e Guarujá não acompanhou o crescimento da movimentação de cargas em direção ao lado esquerdo do Porto de Santos.

É verdade que o Estado, atendendo a reclamações da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), construiu recentemente um viaduto no quilômetro 262 daquela rodovia para acabar com o cruzamento com a estrada de ferro. Depois de investimentos de R$ 41 milhões, o viaduto foi inaugurado no dia 18 de dezembro de 2008 e a expectativa era que contribuísse para a fluidez do tráfego, permitindo livre acesso na transposição de 400 metros de extensão sobre a linha férrea, inclusive em dias de tráfego intenso, em fins de semana e feriados prolongados.

Mas isso só ocorreu em parte. O que hoje está evidente é a necessidade de se construir marginais naquela rodovia, desde a Via Anchieta até os terminais portuários de Guarujá, passando pelo Pólo Industrial de Cubatão e pela área onde estão os pátios reguladores de carretas.

Construída sobre o mangue, a antiga Piaçaguera-Guarujá foi inaugurada em meados de 1970 e é considerada a primeira estrada flutuante do País. Obra extremamente difícil em razão dos obstáculos impostos por um terreno movediço, tornou-se alvo de críticas, em razão de seu alto custo. Já os defensores do empreendimento argumentavam que o mangue tinha de ser vencido a qualquer preço e que a obra representava valiosa experiência para a engenharia nacional.

De fato, é grande sua importância econômica e estratégica, uma vez que liga o continente à Ilha de Santo Amaro e permite o aproveitamento do cais de Conceiçãozinha, além de possibilitar acesso rápido ao terminal marítimo da Petrobras e à Base Aérea de Santos. Só isso já justifica que ganhe marginais em toda a sua extensão, pois hoje só dispõe de um quilômetro de via adicional na altura do viaduto do quilômetro 262, com largura de dez metros no sentido Guarujá-São Paulo.

Essa providência se tornou mais urgente na medida em que novos pátios de contêineres foram instalados nos últimos tempos na área do
Rodopark e do Ecopátio. E a infraestrutura viária não acompanhou os investimentos privados. O resultado é que, sem espaço, muitos caminhoneiros optam por manobras irregulares, piorando ainda mais o trânsito, sem que haja fiscalização que dê jeito.

É de lembrar também que o município de Cubatão sofre com a lentidão no sistema viário que liga o Pólo Industrial ao Porto de Santos. Na verdade, a população da cidade fica isolada quando ocorrem os congestionamentos em trechos cubatenses da Via Anchieta e da Rodovia Cônego Domênico Rangoni porque os principais pontos de acesso ficam fechados pelas carretas.

Portanto, está na hora de a Secretaria de Estado dos Transportes olhar com atenção para as necessidades do Porto de Santos e construir marginais na Rodovia Cônego Domênico Rangoni. Caso contrário, a situação só vai piorar, quando a atual fase de retração for superada.
 
Milton Lourenço – Diretor-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e diretor-administrativo do Centro de Logística de Exportação (Celex)
fiorde@fiorde.com.br
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