De carona na idéia
São Paulo se tornou um emaranhado de ruas repletas de veículos. Segundo o Detran, circulam 6 milhões de automóveis e caso não conhecêssemos o número de habitantes – 11 milhões – seria possível acreditar que existem mais carros do que pessoas em circulação.
Há algum tempo, o temor do paulistano eram as enchentes, que costumeiramente tumultuavam a volta para casa. Hoje, o número de veículos é tão grande que as vias já não suportam mais. É notório que temos mais carros em circulação do que espaço para transitar. E qualquer situação inesperada – vésperas de feriados, jogos de futebol, um acidente, veículos quebrados – pode alterar a rotina das vias e congestionar o tráfego.
Em 1997, foi instituída a Operação Horário de Pico ou Rodízio . Na época, foi memorável e é a estratégia fez com que a cidade fluísse um pouco melhor. Porém, com o número de carros existentes hoje, já não atende mais as expectativas.
A última novidade, para tentar minimizar o caos instaurado no trânsito paulista, foi o desenterro do projeto Carona Solidária , que visa, instruir ou induzir a população a dar caronas para pessoas que se originam e desembarcam em pontos comuns. Como conhecemos as características individualistas e o receio das pessoas com relação à segurança, o projeto pode até vingar, mas sem resultados positivos ao trânsito.
Não é isso que São Paulo precisa para voltar a ter mobilidade. O trânsito precisa de soluções imediatas para que a cidade comece a fluir melhor. Ações de como planejar e aumentar, num curto espaço de tempo, o transporte coletivo, seja ele público ou privado, são soluções que evitariam incômodos à população, proporcionaria economia, menos desgastes e também contribuiria para a preservação do meio ambiente.
Todo o investimento, para promover uma mudança de hábito da população, poderia ser canalizado para uma função mais adequada ao Poder Público que é fiscalizar. A simples fiscalização dos automóveis irregulares em circulação deve retirar, de imediato, cerca de dois milhões de veículos, o equivalente a 1 rodízio e meio.
A adoção da fiscalização, a racionalização do uso adequado dos corredores de ônibus e o incentivo ao uso do ônibus de fretamento, sem restrições de circulação, trarão resultados melhores e, aí sim, a carona solidária terá sentido. Por enquanto, é só mais uma daquelas medidas que dá mais manchete do que resultado.
Jorge Miguel dos Santos é assessor da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado de São Paulo
Fonte: www.dcomercio.com.br